ANÁLISE DOS SIGNOS CULTURAIS E IDENTIDADE REGIONAL NO ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL A PARTIR DA ABORDAGEM SEMIÓTICA DE CHARLES SANDERS PIERCE

Publicado em 03/01/2023 - ISBN: 978-85-5722-522-0

Título do Trabalho
ANÁLISE DOS SIGNOS CULTURAIS E IDENTIDADE REGIONAL NO ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL A PARTIR DA ABORDAGEM SEMIÓTICA DE CHARLES SANDERS PIERCE
Autores
  • Raoni Ramires Figueiredo
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Interdisciplinaridade/Interprofissionalidade
Data de Publicação
03/01/2023
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/conigran2022/502452-analise-dos-signos-culturais-e-identidade-regional-no-estado-do-mato-grosso-do-sul-a-partir-da-abordagem-semiotic
ISBN
978-85-5722-522-0
Palavras-Chave
Etnicidade; Signos culturais; Identidade sociocultural; Semiótica; Simbolismo Regional.
Resumo
(i)Introdução: A identidade cultural de um povo, é carregada de simbolismo, ou signos, que traduzem aspectos marcantes e singulares ao grupo de origem. O reconhecimento desta linguagem, refere-se a determinada época, região, povo e delimita características etnográficas importantes para a diferenciação e compreensão de determinada comunidade e contexto sociocultural (BOURDIEU,2006). O diálogo interdisciplinar da semiótica com as ciências sociais, antropologia, geografia, folclore, turismo, apresentam estudos valiosos para o entendimento e construção das relações de reconhecimento, pertencimento, identificação, significação e valorização cultural. Na geografia, os estudiosos começaram a usar essas categorias para esclarecer como as pessoas entendem o espaço, a paisagem e o território (JACKSON, 1989; JONES, 2020). Identidades coletivas, estão ancoradas à determinada materialidade geográfica, este aspecto deve ser considerado como uma contribuição para o desenvolvimento de uma semiótica social das identidades coletivas (MONTORO, MORENO BARRENECHE, 2008). No estado do Mato Grosso do Sul, a geografia e os aspectos físicos contribuem para a construção de imagens e símbolos que em grande parte remetem à natureza, a fauna e a flora da região. Estes símbolos ou signos estão presentes nos diversos meios, no artesanato feito com matéria-prima natural e local, na gastronomia, nas confecções de vestuário folclórico, em monumentos. Entre eles, estão a Arará Canindé, o Tereré, os Ipês, a onça pintada, o Pantanal, a cerâmica indígena, juntamente à iconografia Terena, Kadiwéu e Kinikinawa, o Sobá, a Sopa Paraguaia, danças folclóricas, a Viola-de-cocho, a Estação N.O.B. – Noroeste Brasil, a Pensão Pimentel, construções históricas da rua 14 de Julho, os Córregos Prosa e Segredo, entre outros signos que compõe a formação identitária do povo natural. (ii)Objetivo: Analisar os símbolos popularmente reconhecidos nos costumes, história, fauna e flora, do Mato Grosso do Sul, valendo-se da abordagem semiótica pierceana. (iii)Metodologia: A abordagem da pesquisa possui caráter qualitativo, de natureza básica e de procedimento bibliográfico. Por se tratar de um tema vastamente estudado, foi levado em consideração a bibliografia existente, pesquisas, artigos, teses, dissertações, relatórios, dados e registros históricos. Através da pesquisa e levantamento de informações, realizadas nas plataformas Google acadêmico e Scielo, os dados encontrados permitiram, reconhecer a conexão entre, os símbolos às esferas culturais e a identidade regional do Mato Grosso do Sul. (iv)Resultados: De acordo com a semiótica, de Charles Sanders Pierce (1839-1914), os signos estabelecem uma linguagem e devem ser interpretados como signos, quando relacionados a elementos naturais e culturais. A linguagem estabelecida pelos mesmos, está geralmente, significada nas formas sociais de produção que implicam na identidade cultural do grupo, comunidade, cidade e região (DUNCAN, 1995; CALIL, 2020). Durante a segunda metade do século XIX, a semiótica desenvolveu, de acordo com sua tradição, uma abordagem voltada para significados de conteúdo complexo, imersos nas práticas cotidianas, que podem ser significativas para quem as realiza (FLOCH, 1990). Este conteúdo é a base de expansão da Semiótica para o entendimento da experiência humana, de uma forma ampla (LANDOWSKI, 2012). A cultura se destaca como um processo social, construtivo e educativo. Originalmente do termo colere, do Latim, significa cuidar, cultivar e crescer. Pode ser definida por seus elementos imateriais e materiais, representados nas crenças, ideias, religiosidade, arquitetura, artesanato, fauna, flora, folclore, danças, músicas e gastronomia. Ao longo da história, grupos sociais pré-históricos, primitivos, foram identificados e são valorizados por sua produção cultural. As primeiras peças criadas pelo homem datam do período neolítico (6.000 a.C.) e evoluíram em peças cerâmicas, utensílios domésticos rústicos, desenhos rupestres, artefatos de utilização religiosa, para caça, defesa de território, adornos, dentre uma infinidade peças e registros de atividades desenvolvidas em um período específico e marcante para a humanidade. O conhecimento construído pelas civilizações antigas se tornou referência para todos os campos do conhecimento, considerando a atual produção do homem contemporâneo e evolução. Tendo por base estudos antropológicos e sociológicos, a cultura é sensível a uma rede compartilhada de símbolos, significados e valores, construídos por uma sociedade. Compreendendo o conhecimento gerado pelo contato diário do homem com seu semelhante, em busca de resoluções expressas por suas tradições, costumes e hábitos, temos como resultado a Cultura Popular, ou como os estudiosos do folclore a denominam, Cultura Espontânea (SIGRIST, 2008). Influenciada prioritariamente pela ação do indivíduo, ou seja, o homem em sua vivência social, atuante pelo seu trabalho, vestuário, alimentação, lazer, dialeto, moradia e relação com aspectos naturais da região onde habita. A reflexão sobre a identidade regional, relaciona a produção de determinada comunidade ou grupo social e o conhecimento transmitido por gerações, ao campo da cultura popular, e consequentemente ao folclore. Palavra de origem inglesa constituída dos termos: folk que significa: povo e lore que significa: saber - saber do povo. Na compreensão de alguns estudiosos, o artesanato e o folclore, podem ser associados à cultura tradicional, expressão legitimada pela Carta de Recomendação de Paris (UNESCO, 1989, p.2) que define a cultura tradicional e popular “como o conjunto de criações que emanam de uma comunidade cultural fundadas na tradição, expressas por um grupo ou por indivíduos e que reconhecidamente respondem às expectativas da comunidade enquanto expressão de sua identidade cultural e social; as normas e os valores se transmitem oralmente, por imitação ou de outras maneiras. Suas formas compreendem, entre outras, a língua, a literatura, a música, a dança, os jogos, a mitologia, os rituais, os costumes, o artesanato, a arquitetura e outras artes”. Dessa forma, é possível dizer que existe uma considerável preocupação em reproduzir os símbolos culturais no cotidiano e na produção da comunidade. Podemos reconhecê-los na culinária, vestuário, no teatro, artes plásticas, e reforçam a cultura local e por meio dessas expressões a experiência de pertencimento é intensa, para todos os indivíduos que participam do processo. (v)Discussões: Através da análise da pesquisa realizada pelo OBSERVEMS - Observatório de Turismo e Eventos de Mato Grosso do Sul, do curso de turismo da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (2018), cujo material desenvolvido objetivou a identificação dos símbolos de maior representatividade na cultura do estado. Foi possível compreender um cenário que persiste por décadas para a cidade de Campo Grande, como um destino de trânsito, de onde se chega ou se parte, das cidades do interior, estados próximos ou países vizinhos. Um dos aspectos positivos desta centralidade, referente também a importância de capital do estado, é o posicionamento geográfico e riqueza em diversidade, pois encontram-se com fluência, todos os símbolos de representatividade do estado, e formação cultural identitária. Os resultados apresentaram um direcionamento cientifico, confirmando a percepção de reconhecimento, que sempre habitou a esfera popular. Pode-se identificar alguns signos comuns na cultura sul-mato-grossense. Estes símbolos culturais são frequentes no cotidiano do nativo da cidade de Campo Grande e interior do estado e consequentemente na experiência do visitante e do turista. (vi)Considerações Finais: É inegável a importância dos signos culturais e inter-relação a produção cultural e manifestações artísticas latentes no cotidiano da comunidade. O conjunto de todos os símbolos e significados, compõe a verdadeira riqueza dessa comunidade. A comunicação entre os grupos habitantes de determinada região e a disseminação dos conhecimentos gerados através do tempo, promovem a unicidade e o sentimento de pertencimento. O indivíduo que reconhece seus símbolos tem a pretensão, subjetivamente de reivindicar pelo que lhe é socialmente atribuído. As reivindicações identitárias de um indivíduo podem ser ou não aceitas pelo grupo que ele pretende representar. (BARTH, POUTIGNAT, STREIFF-FERNART, 1998). (vii)Referências: BARTH, Fredrik. Grupos étnicos e suas fronteiras. In: POUTIGNAT, P. & STREIFF-FENART, J. Teorias da etnicidade; seguido de grupos étnicos e suas fronteiras. São Paulo: Ed. UNESP, 1998. BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. 9. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006. CALIL, Lucas. Semiótica das estruturas sociais. Estudos Semióticos, 16(2), 2020. p. 56-80. DUNCAN, Carol. Civilizing Rituals: inside public art museums, editado pela editora Routledge, de Nova York, em 1995. FLOCH, Jean-Marie. Sémiotique, marketing et communication. Paris: Presses Universitaires de France, 1990. HALL, Stuart; DU GAY, Paul. Questions of Cultural Identity. London: SAGE, 2011. JACKSON, Peter. Maps of Meaning. Introduction to Cultural Geography. London: Routledge, 1989. p. 46. JONES, Reese. Categories, borders and boundaries. Progress in Human Geography, 33(2), 2008. p. 174 -189. LANDOWSKI, Eric. Sociossemiótica: uma teoria geral do sentido. Galáxia, n. 27, 2014. p. 10-20. MONTORO, Juan Manuel; MORENO BARRENECHE, Sebastián. Towards a social semiotics of geo-cultural identities: theoretical foundations and an initial semiotic square. Estudos Semióticos [online], volume 17, número 2. Dossiê temático: “A Semiótica e a cultura”. São Paulo, agosto de 2021. p. 121-142. Disponível em: www.revistas.usp.com.br/esse . Acesso em: 05/05/2022. OBSERVEMS, A imagem do destino turístico Campo Grande. Observatório de Turismo e Eventos de Mato Grosso do Sul, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS). 2018. SIGRIST, Marlei. Chão Batido: a cultura popular em Mato Grosso do Sul: folclore e tradição. 2º edição -Campo Grande, 2008. TICCIH, Carta de Nizhny Tagil, 2003. Acesso: www.ticcihbrasil.org.br/cartas/carta-de-nizhny-tagil-sobre-o-patrimonio-industrial/, em 05/05/2022. UNESCO, Carta Recomendação de Paris, 1989. p. 02. Iphan – Instituto do Patrimônio Histórico Artístico e Cultural Nacional. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/226. Acesso em 12/05/2022.
Título do Evento
3º CONIGRAN - Congresso Integrado UNIGRAN Capital 2022
Cidade do Evento
Campo Grande
Título dos Anais do Evento
Anais do 3º CONIGRAN - Congresso Integrado da UNIGRAN Capital 2022.
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

FIGUEIREDO, Raoni Ramires. ANÁLISE DOS SIGNOS CULTURAIS E IDENTIDADE REGIONAL NO ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL A PARTIR DA ABORDAGEM SEMIÓTICA DE CHARLES SANDERS PIERCE.. In: Anais do 3º CONIGRAN - Congresso Integrado da UNIGRAN Capital 2022.. Anais...Campo Grande(MS) Rua Abrão Júlio Rahe, 325, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conigran2022/502452-ANALISE-DOS-SIGNOS-CULTURAIS-E-IDENTIDADE-REGIONAL-NO-ESTADO-DO-MATO-GROSSO-DO-SUL-A-PARTIR-DA-ABORDAGEM-SEMIOTIC. Acesso em: 10/07/2025

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