A IMPORTÂNCIA DA BIOCONSTRUÇÃO NO CONTEXTO AMBIENTAL MUNDIAL

Publicado em 03/01/2023 - ISBN: 978-85-5722-522-0

Título do Trabalho
A IMPORTÂNCIA DA BIOCONSTRUÇÃO NO CONTEXTO AMBIENTAL MUNDIAL
Autores
  • Vivianne Maria De Freitas
  • Renata Benedetti Mello Nagy Ramos
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Arquitetura e Urbanismo
Data de Publicação
03/01/2023
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/conigran2022/502350-a-importancia-da-bioconstrucao-no-contexto-ambiental-mundial
ISBN
978-85-5722-522-0
Palavras-Chave
Arquitetura sustentável, Bioconstrução, Sustentabilidade.
Resumo
(i) Introdução: Catástrofes ambientais estão cada vez mais recorrentes no contexto ambiental mundial, com a ação humana acarretando intensificando-os a níveis exorbitantes, o que vem incitando as diversas áreas do conhecimento a encontrarem técnicas suficientemente eficientes a fim de atenuar os impactos ambientais negativos, reparar o que foi danificado e prevenir possíveis novos desastres. Na esfera da Arquitetura, uma das técnicas utilizadas para amenizar tais impacto é a bioconstrução, uma modalidade da arquitetura e da construção civil cujo princípio é reunir tecnologias milenares e inovadoras para garantir a sustentabilidade não só do processo construtivo, mas também do período pós-consumo de casas e apartamentos. (ii) Objetivo: O presente trabalho tem o objetivo de reconhecer as diversas técnicas da bioconstrução como benefício à recuperação e preservação do meio ambiente. (iii) Metodologia: A abordagem da pesquisa é qualitativa de natureza básica, tendo como enfoque a interpretação do objeto de estudo e dando maior importância ao seu contexto. Trata-se de uma pesquisa descritiva, de caráter teórico-conceitual. Tem-se como base de pesquisa, a consulta bibliográfica em livros, teses, dissertações e TCC’s, utilizando as bases de dados Google Acadêmico, Scielo, Catálogo de Teses e Dissertações da Capes, entre outras. (iv) Resultados: A construção civil faz parte da vida social desde os primórdios de sua existência. As técnicas primitivas utilizavam matérias-primas naturais, como a madeira, a pedra e o barro, sendo necessário apenas moldá-las de acordo com sua necessidade de utilização. Com o desenvolvimento da ciência, o crescimento populacional e a constante expansão dos centros urbanos, apareceram novas necessidades de construção, às quais exigiam materiais com melhores propriedades físicas, capazes de vencer maiores vãos com uma maior resistência e durabilidade. O surgimento de novas técnicas de construção, como o cimento e o concreto armado, geraram um grande avanço socioeconômico mundial, mas também geraram um consumo descontrolado de matéria-prima. Este avanço colocou a construção civil como uma das indústrias mais poluentes, responsável por consumir mais da metade da matéria-prima produzida no planeta e produção de resíduos sólidos e líquidos, contribuindo cada vez mais para a intensificação das catástrofes ambientais na atualidade. Uma construção é considerada sustentável quando for propícia ao clima local e ter orientação em relação aos ventos, ao sol, às chuvas e à vegetação; respeitar a topografia local, bem como seu entorno; usar materiais e técnicas de construção sustentáveis e limpas; realizar o tratamento de dejetos líquidos e sólidos, reintroduzindo-os aos ciclos naturais da região; e plantar vida vegetal para a purificação do ar externo e interno. Sendo assim a bioconstrução pode ser descrita como um sistema construtivo de apropriação de materiais naturais e/ou industrializados, analisando os impactos ambientais de todo o ciclo de vida, desde a extração até o processamento pós-consumo. Alguns exemplos de técnicas da bioconstrução são o COB (A palavra COB vem de uma raiz do Inglês Antigo que significa "um caroço ou massa arredondada"), a taipa de mão, o solocimento e o hiperadobe. O COB consiste em uma técnica construtiva que consiste em moldar as paredes com as mãos e utiliza como materiais: argila, areia e palha. Sua mistura é a prova de fogo e altamente resistente a abalos sísmicos, além de servir como massa térmica. Os materiais são misturados com os pés, criando uma massa homogênea e plástica que será moldada. Após a mistura, são feitas bolas de argila alocadas uma a cima da outra e sendo moldadas pela pessoa que está construindo. Sendo uma técnica que permite o uso da criatividade, existe a possibilidade de criar parte do mobiliário da casa modelando-os da mesma forma que as paredes foram modeladas. A taipa de mão, também popularmente chamada de pau-a-pique ou taipa de sebe, foi trazida para o Brasil pelos portugueses. É muito utilizada nacionalmente, especialmente em áreas rurais. Essa técnica consiste na construção de um quadro de galhos: os verticais são cravados no chão e os horizontais são encaixados ou amarrados nos verticais, este quadro é preenchido por uma trama de galhos ou de bambus. Uma vez que a trama é montada, a localização das portas e janelas é aberta. O próximo passo deverá ser a construção do telhado, que protegerá as paredes do sol e da chuva, sendo que o beiral deve ter entre 50 centímetros e 1 metro. Para a etapa final da construção das paredes deve se preencher os buracos da trama com argila, sendo que a terra utilizada deve ser arenosa para não trincar. Para isolar as paredes do solo e ter maior durabilidade, podem ser feitas fundações de pedra ou concreto e executadas em valas onde são instaladas paredes de taipa. Compondo paredes leves, uma casa de dois andares pode ser construída com boa construção em madeira. O solo cimento é popularmente utilizado em residências em forma de tijolo prensado, feito de areia, cimento e água. Os tijolos dessa técnica não são queimados como os tijolos comuns, portanto não consomem combustíveis durante a sua fabricação, gerando menos impacto sobre o meio ambiente. Além de economizar com o custo ambiental e econômico do transporte, já que pode ser fabricado no canteiro de obras utilizando matéria-prima local, também cessa o desperdício de material em obra, já que os tijolos quebrados podem ser moídos e reaproveitados. Depois de fabricados e curados, os tijolos de solocimento podem ser usados normalmente, como tijolos comuns. As instalações hidráulicas e elétricas também são executadas do mesmo modo que nas construções convencionais. Não é necessário revestir as paredes feitas com solocimento, mas compete fazer uma pintura de impermeabilização, para aumentar sua durabilidade. O hiperadobe é uma técnica construtiva que utiliza a terra local e sacos de Raschel, utilizado geralmente em embalagem de frutas e legumes. O Raschel é um plástico que permite maior atrito entre as partes, exercendo a função de chapisco para o reboco e não necessitando do arame farpado para amarração. A primeira coisa a ser feita na construção com hiperadobe é a fundação. Esta pode ser de pedra, se disponível no lugar, de concreto, ou até mesmo de terra compactada. A fundação deve ser um pouco mais larga que a parede a ser construída, além de também deixar a parede de terra alguns centímetros acima do nível do solo, assim ela não absorverá umidade. Os sacos são preenchidos com solo e passam por um processo de compressão, que pode ser manual ou mecânico, para depois serem posicionados uns sobre os outros formando estruturas que servirão de paredes para a construção. As paredes têm uma grande resistência ao fogo, a oscilações de solo e impactos, além de proporcionar conforto termoacústico. Como exemplo de construção sustentável e ambientalmente responsável tem-se o Projeto M & B, localizado em Serra Grande/BA, desenvolvido no ano 2016 e projetado pelo escritório Irina Biletska & Gonzalo Nadal. Situado em uma fazenda que segue princípios sustentáveis, o projeto de 170m² faz o uso de várias técnicas construtivas sustentáveis, como: hiperadobe, terra compactada, tijolo ecológico, bambu, aquecimento solar, captação de água pluvial, saneamento ecológico e teto verde. A combinação de paredes de hiperadobe com telhado verde cria uma considerável massa térmica, deixando a casa fresca mesmo nos dias mais quentes. Além disso, a abertura no telhado verde permite a ventilação e iluminação natural em toda casa. Na finalização, foram usadas tintas de argila, que mantém o nível de umidade saudável. As madeiras e os bambus utilizados foram obtidos no próprio terreno. Por fim, as águas cinzas são tratadas em círculos de bananeiras e as águas negras são destinadas para a fossa de evapotranspiração, além de utilizar um sistema híbrido (elétrico e solar) para o aquecimento da água. (v) Discussão: Verçoza (2000, apud LACERDA, 2021) aponta sobre o desenvolvimento das técnicas construtivas desde os primórdios da sociedade. Agopyan (2013, apud LACERDA, 2021) fala sobre os avanços tecnológicos, seus números e impactos mundiais. Pinto e Neme (2014, apud VIEIRA, 2020) mostram suas considerações sobre as características que uma construção deve ter para ser considerada sustentável, enquanto a Revista Shewc (2012) conceitua a bioconstrução, suas tecnologias utilizadas e seus benefícios à população e ao meio ambiente. O Ministério do Meio Ambiente (2008) explica os conceitos de COB, Taipa de mão, Solocimento e Hiperadobe e suas devidas formas de execução. O site de Irina Biletska traz as informações sobre o projeto e a construção do Projeto M & B. Sendo assim, é notório que existe uma vertente da arquitetura minimamente poluente e com baixos impactos ambientais, porém ainda com pouca notoriedade e investimentos. Essa área, além de trazer benefícios incontáveis ao meio ambiente, também é capaz de reconectar a humanidade com a natureza e contribuir para uma melhor qualidade de vida. Visto isso, é fato que um dos principais contribuintes para o aumento de catástrofes ambientais, juntamente com as tecnologias construtivas ambientalmente irresponsáveis, é a desinformação da existência, da eficiência e da segurança de técnicas construtivas sustentáveis. (vi) Considerações finais: Por fim, espera-se que este trabalho além de conscientizar sobre a importância e os impactos positivos de uma arquitetura sustentável ao meio ambiente, também dê os conhecimentos básicos sobre algumas das várias técnicas de bioconstrução como forma de incentivo à conciliação da sustentabilidade e a construção civil. (vii) Referências AGOPYAN, V. Construção Civil consome até 75% da matéria-prima do planeta. Globo Ciência. 2013. Disponível em: http://redeglobo.globo.com/globociencia/noticia/2013/07/construcao-civil-consomeate-75- da-materia-prima-do-planeta.html. LACERDA, Henrique Ribeiro. A BIOCONSTRUÇÃO COMO ALTERNATIVA VIÁVEL PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. 2021. 71 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia Civil, Universidade Tecnológica Federal do Paraná (Utfpr), Pato Branco, 2021. OBATA, Sasquia Hizuru; GHATTAS, Michel Habib. BIOCONSTRUÇÃO: a forma básica para a sustentabilidade das construções. Shewc: XII Safety, Health and Environment World Congress, São Paulo, v. 12, n. 1, p. 148-152, jul. 2012. Disponível em: http://copec.eu/congresses/shewc2012/proc/works/032.pdf . Acesso em: 16 de maio de 2022. VERÇOSA, Enio. Materiais de construção. Porto Alegre. Editora da UFRS. 2000 VIEIRA, Luzia Isabella Santos. BIOCONSTRUÇÃO E PROJETO SOCIAL: centro comunitário para famílias em vulnerabilidade de presidente venceslau. 2020. 71 f. TCC (Graduação) - Curso de Arquitetura e Urbanismo, Centro Universitário Antônio Eufrásio de Toledo de Presidente Prudente, Presidente Prudente, 2020. Disponível em: http://intertemas.toledoprudente.edu.br/index.php/ArqEng/article/view/8962 . Acesso em: 15 maio 2022.
Título do Evento
3º CONIGRAN - Congresso Integrado UNIGRAN Capital 2022
Cidade do Evento
Campo Grande
Título dos Anais do Evento
Anais do 3º CONIGRAN - Congresso Integrado da UNIGRAN Capital 2022.
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

FREITAS, Vivianne Maria De; RAMOS, Renata Benedetti Mello Nagy. A IMPORTÂNCIA DA BIOCONSTRUÇÃO NO CONTEXTO AMBIENTAL MUNDIAL.. In: Anais do 3º CONIGRAN - Congresso Integrado da UNIGRAN Capital 2022.. Anais...Campo Grande(MS) Rua Abrão Júlio Rahe, 325, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conigran2022/502350-A-IMPORTANCIA-DA-BIOCONSTRUCAO-NO-CONTEXTO-AMBIENTAL-MUNDIAL. Acesso em: 08/05/2025

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