SÍFILIS CONGÊNITA: PANORAMA DAS CARACTERÍSTICAS DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE CAMPO GRANDE/MS, BRASIL

Publicado em 03/01/2023 - ISBN: 978-85-5722-522-0

Título do Trabalho
SÍFILIS CONGÊNITA: PANORAMA DAS CARACTERÍSTICAS DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE CAMPO GRANDE/MS, BRASIL
Autores
  • Thailine Martins Rodrigues
  • Karina Alvarenga Ribeiro
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)
Data de Publicação
03/01/2023
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/conigran2022/502325-sifilis-congenita--panorama-das-caracteristicas-do-perfil-epidemiologico-de-campo-grandems-brasil
ISBN
978-85-5722-522-0
Palavras-Chave
Sífilis Congênita; Epidemiologia; Sistemas de Informação à Saúde
Resumo
RESUMO EXPANDIDO - ENFERMAGEM SÍFILIS CONGÊNITA: PANORAMA DAS CARACTERÍSTICAS DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE CAMPO GRANDE/MS, BRASIL Thailine Martins Rodrigues (012.1238@alunos.unigrancapital.com.br) Karina Angélica Alvarenga Ribeiro (karina.ribeiro@unigran.br) Introdução: A Sífilis, é uma infecção sistêmica, bacteriana, cujo agente etiológico é o Treponema Pallidum da subespécie pallidum. Trata-se de uma infecção crônica, curável e exclusiva do ser humano e caso não tratada pode evoluir em estágios de gravidades variadas acometendo diversos sistemas e órgãos do corpo. Sua transmissão ocorre por via sexual principalmente, contudo, nos casos de gestantes não tratadas ou tratadas de forma inadequada pode ocorrer a transmissão vertical. Ocorrências severas como abortamento, prematuridade, natimortalidade, manifestações congênitas precoces ou tardias e até a morte estão relacionadas a sífilis na gestação (BRASIL, 2020). Conforme estudo realizado no Brasil, a taxa de incidência de sífilis congênita, aumentou quase quatro vezes mais entre os anos de 2017 e 2018, passando de 2,0 para 9,0 casos/1000 nascidos vivos, tais dados demonstram a epidemia desta infecção no país e a necessidade de expansão da prevenção da transmissão vertical por intermédio de ações e serviços (RAMOS et al., 2022). Considerando que a Sífilis Congênita é um problema de saúde pública especialmente pelas altas taxas de morbimortalidade neonatal, observou-se a importância da realização deste estudo. Objetivos: Descrever o perfil dos casos notificados de sífilis congênita nos últimos 06 anos em Campo Grande, MS, Brasil, bem como identificar as características do perfil epidemiológico dessas notificações da Sífilis Congênita em Campo Grande/MS. Metodologia: Pesquisa em Banco de Dados. Metodologia: Pesquisa em Banco de Dados. A pesquisa foi orientada a partir da questão norteadora: “Quais são as características do perfil epidemiológico das notificações de Sífilis Congênita em Campo Grande/MS?”. Foi realizada uma pesquisa de abordagem quantitativa, do tipo analítico, descritivo, retrospectivo, realizada por intermédio da análise do banco de dados do DATASUS. Para obter a resposta da questão de pesquisa foram analisados dados presentes no DATASUS referentes aos casos notificados de sífilis congênita no município de Campo Grande/MS, no período que compreende os anos de 2016 a 2021. Dentre os casos notificados foram analisadas as variáveis, a saber: número de casos, raça, faixa etária, escolaridade da mãe, se houve a realização de pré-natal, se houve tratamento do parceiro e a classificação final do caso. Em relação aos descritores foram utilizados: Sífilis Congênita; Epidemiologia; Sistemas de Informação em Saúde, sendo que estes descritores foram selecionados a partir de consulta na plataforma de descritores DECS (Descritores em Ciências da Saúde). As associações utilizadas foram: ‘‘Sífilis Congênita’’ and ‘‘Epidemiologia’’ and ‘‘Sistemas de Informação em Saúde’’. Para discussão dos dados obtidos foram utilizados artigos científicos da base de dados da BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), utilizando o operador booleano ‘‘and’’ e foi utilizado como critério de inclusão: artigos em português, base de dados LILACS e MEDLINE e ano de publicação últimos cinco anos (2017-2022). Resultados: Foram identificados o total de 625 casos de sífilis congênita no período analisado, 51,1% dos casos em pardos, 96,6% dos casos diagnosticados até o 6º dia de vida, 46% das mães não possuíam o ensino médio completo e 72,16% das gestantes tiveram acesso ao pré-natal, foi identificado ainda a redução dos casos notificados no período de pandemia pela Covid-19. Discussão: O Boletim Epidemiológico da Sífilis do Ministério da Saúde no ano de 2021, informa que a notificação compulsória da sífilis congênita é obrigatória conforme portaria nº 542 de dezembro de 1986, e entre os anos de 2010 a 2020 o maior patamar de ocorrência da Sífilis Congênita ocorreu em 2018 com uma taxa de 9,0 casos para cada 1.000 nascidos vivos. O estudo de Silva et al. (2020) realizado com dados dos anos de 2007 à 2015 também aponta para um crescimento intenso dos casos de sífilis congênita no estado do Tocantins. Os dados de Campo Grande/MS referente a Sífilis Congênita seguem na mesma linha visto que, mesmo não havendo um crescimento linear, os anos de 2016 à 2018 demonstram a ocorrência crescente e o gráfico é seguido de um declínio do número de casos nos anos de 2020 e 2021. O decréscimo de casos nos últimos anos está demonstrado no Boletim Epidemiológico da Sífilis no Brasil no ano de 2021, que informa que essa redução é observada em quase todo o Brasil, contudo, pode estar relacionado a problemas nos sistemas de informações e ainda pode estar vinculada a pandemia pela Covid-19, visto que devido a concentração dos esforços dos profissionais frente ao período pandêmico pode ter levado a subnotificação (BRASIL, 2021). Frente a escolaridade da mãe do caso notificado o presente estudo demonstrou que a maior ocorrência dos casos de sífilis congênita ocorreu entre mulheres com menos de 08 anos de estudo sendo que 46% dos casos não possuíam o ensino médio, os dados se assemelham a outros evidências, como demonstra um estudo realizado sobre a sífilis congênita no estado do Tocantins entre os anos de 2007 a 2015, sendo que o mesmo evidencia que a maior parte dos casos ocorreu em mulheres com baixa escolaridade, sendo que em cerca de 75,2% dos casos a mãe apresentava apenas o ensino fundamental (SILVA et al., 2020). A baixa escolaridade leva a uma deficiência no entendimento sobre as medidas de prevenção e se torna um fator de risco para as doenças sexualmente transmissíveis (SILVA et al., 2020). Para Cavalcante et al. (2017), em uma pesquisa realizada sobre sífilis gestacional e sífilis congênita em Palmas/TO (Tocantins) as mulheres com sífilis são principalmente de baixa escolaridade e esse perfil é apresentado em outros estudos no Brasil e no mundo. Tais estudos demonstram a importância da necessidade da promoção de políticas públicas que visem acesso à educação, visto que este importante Determinante de Saúde que como já amplamente demonstrado pelos estudos, acarreta impactos negativos na saúde da população. O presente estudo identificou que a maioria das gestantes teve acesso ao pré-natal, cerca de 72,1% (451 casos), se por um lado esse indicador é importante pois demonstra que existe o acesso ao pré-natal, por outro lado ele demonstra que ainda existe uma lacuna em relação a uma adesão maciça ao pré-natal, bem como, alerta sobre a qualidade das consultas. É o que evidência Cabral et al. (2017) em sua pesquisa, o mesmo revela que o diagnóstico da sífilis no pré-natal é tardio, mesmo para gestantes em seguimento, visto que a maioria das gestantes não tem acesso aos exames conforme se preconiza (no cadastro e início do terceiro trimestre), e até mesmo pela falta do medicamento para tratamento nas unidades de saúde. Os dados coletados sobre a realização do pré-natal demonstram duas situações que devem ser vistas com critério pelos gestores e profissionais de saúde, a primeira delas é a ausência de pré-natal, visto que em mais de 24% dos casos registrados não houve acesso às consultas de pré-natal, tal dado preocupa visto a relevância que o pré-natal têm no contexto da atenção materno-infantil. Outra situação evidenciada é a ineficácia das consultas de pré-natal, haja vista que em 72,16% dos casos houve acesso as consultas de pré-natal, contudo, o desfecho da gestação culminou em sífilis congênita, o que leva a uma reflexão acerca da qualidade da atenção ao pré-natal. Em relação aos dados acerca do tratamento do parceiro, o presente estudo identificou que cerca de 47,6% não receberam o tratamento e 10,2% não havia essa informação. Esse dado converge com outros estudos que identificaram a mesma fragilidade, sendo que em um estudo realizado em um Hospital Universitário em Santa Cruz/RN, demonstrou que a minoria dos parceiros recebeu o tratamento e ainda identificou a fragilidade com um expressivo número de casos em que essa informação está ausente, mesmo sendo um campo da ficha de notificação/investigação do Ministério da Saúde desde 2004, levando a subnotificação e impacto negativo no planejamento das ações (CABRAL et al., 2017). Conclusão: Considerando que a sífilis congênita é um importante problema de saúde pública, o estudo permitiu a obtenção da resposta à questão norteadora de pesquisa, que buscou traçar o perfil das características da sífilis congênita no município de Campo Grande/MS. Foi possível identificar o quantitativo de casos registrados nos anos de 2016 à 2021, demonstrando o comportamento da ocorrência desta doença, bem como as características dos casos, cuja maior ocorrência se deu em pessoas pardas, de baixa escolaridade, que tiveram acesso ao pré-natal e em sua maioria o parceiro não recebeu o tratamento adequado, também foi possível observar que a maior parte dos casos são identificados até o sexto dia de vida do recém-nascido. Ressalta-se que os objetivos propostos pela pesquisa foram atingidos de forma plena. A falta de instrução e baixa escolaridade, conforme já apresentado é um dado relevante nesta pesquisa e remete a necessidade dos serviços de saúde em fomentar estratégias de ampliação de ações de educação em saúde junto à comunidade e no ambiente escolar, visto que a ocorrência da sífilis tem relação direta com escolaridade das gestantes. O que impressiona é que mesmo sendo um fator comum entre os diversos artigos que buscam a sífilis como objeto de estudo, pouco se observou de mudança em relação a esse indicador nos últimos anos, o que reflete na situação de saúde da população. Outro dado relevante, sendo este observado nos demais estudos é a questão do acesso ao pré-natal, pois ficou evidenciado que a maior parte dos casos notificados de sífilis congênita foi diagnosticado em mulheres que tiveram acesso ao pré-natal, e esse indicador aponta para fragilidade das consultas de pré-natal, com necessidade de melhor atenção dos serviços de saúde, tanto para o diagnóstico precoce como para o correto tratamento da mulher e parceiro, a fim de minimizar os impactos e desdobramentos negativos da sífilis congênita. Considerando que este estudo abrangeu a capital do estado de Mato Grosso do Sul, sugere-se a realização de novos estudos nas demais regiões do país não somente em relação a esta temática, como também estudos que aprofundem nos impactos do período de pandemia pelo Covid-19 nas notificações da sífilis congênita. Considerando a relevância da sífilis congênita como importante problema de saúde pública o estudo permitiu traçar o perfil das características da sífilis congênita, identificando a necessidade de melhoria na qualidade da assistência do pré-natal, fomento de ações de educação em saúde, bem como foi identificado alterações nas notificações devido ao período de pandemia pela Covid-19. Referências: ALMEIDA, Ana Beatriz Machado de; SILVA, Zilda Pereira da. Uso de linkage para análise de completude e concordância de óbitos por sífilis congênita na Região Metropolitana de São Paulo, 2010-2017: estudo descritivo. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 30(4):e2021167, 2021. DOI: 10.1590/S1679-49742021000400013 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) – Brasília: Ministério da Saúde, 2020. 248 p. BRASIL. Boletim Epidemiológico de Sífilis. Número Especial. Out. 2021 Ano V – n0 01 ISSN: 2358-9450. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/boletins-epidemiologicos/especiais/2021/boletim_sifilis-2021_internet.pdf>. Acesso em: 03 Mai. 2022. CABRAL et. al., Beatriz Távina Viana. Sífilis Em Gestante E Sífilis Congênita: Um Estudo Retrospectivo. Revista Ciência Plural. 2017; 3(3):32-44. Disponível em:<https://periodicos.ufrn.br/rcp/issue/view/732>. Acesso em 03 Mai. 2022. DOI: 10.21680/2446-7286.2017v3n3 CAVALCANTE et al., Patrícia Alves de Mendonça; PEREIRA, Ruth Bernardes de Lima; CASTRO, José Gerley Diaz. Sífilis gestacional e congênita em Palmas, Tocantins, 2007-2014. Epidemiol. Serv. Saude, Brasília, 26(2):255-264, abr-jun 2017. Disponível em:<https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-953320>. Acesso em 03 Mai. 2022. DOI: 10.5123/S1679-49742017000200003 DATASUS – Departamento de Informática do Sistema único de Saúde. Disponível em:<http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sinannet/cnv/sifilisms.def>. Acesso em 15 Abr. 2022. FURLAM et al., Tiago de Oliveira. Efeito colateral da pandemia de Covid-19 no Brasil sobre o número de procedimentos diagnósticos e de tratamento da sífilis. R. bras. Est. Pop., v.39, 1-15, e0184, 2022. DOI: 10.20947/S0102-3098a0184 RAMOS et al., Roberta de Souza Pereira da Silva. Análise espacial da mortalidade fetal por sífilis congênita no Município do Recife-PE-Brasil entre 2007 e 2016. Esc Anna Nery 2022. Disponível em: < https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1356223>. Acesso em 09 Abr. 2022. DOI: 10.1590/2177-9465-EAN-2021-0013 SILVA et al., Maria José Neres da. Distribuição da sífilis congênita no estado do Tocantins, 2007-2015. Epidemiol. Serv. Saude, Brasília, 29(2):e2018477, 2020. Disponível em: < https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1101124>. Acesso em 03 Mai. 2022. DOI: 10.5123/S1679-49742020000200017
Título do Evento
3º CONIGRAN - Congresso Integrado UNIGRAN Capital 2022
Cidade do Evento
Campo Grande
Título dos Anais do Evento
Anais do 3º CONIGRAN - Congresso Integrado da UNIGRAN Capital 2022.
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

RODRIGUES, Thailine Martins; RIBEIRO, Karina Alvarenga. SÍFILIS CONGÊNITA: PANORAMA DAS CARACTERÍSTICAS DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE CAMPO GRANDE/MS, BRASIL.. In: Anais do 3º CONIGRAN - Congresso Integrado da UNIGRAN Capital 2022.. Anais...Campo Grande(MS) Rua Abrão Júlio Rahe, 325, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conigran2022/502325-SIFILIS-CONGENITA--PANORAMA-DAS-CARACTERISTICAS-DO-PERFIL-EPIDEMIOLOGICO-DE-CAMPO-GRANDEMS-BRASIL. Acesso em: 03/06/2025

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