O ADOECIMENTO DO ENFERMEIRO PELO ESTRESSE AO SE DEDICAR AOS CUIDADOS AO PACIENTE

Publicado em 03/01/2023 - ISBN: 978-85-5722-522-0

Título do Trabalho
O ADOECIMENTO DO ENFERMEIRO PELO ESTRESSE AO SE DEDICAR AOS CUIDADOS AO PACIENTE
Autores
  • Déborah Soares Mendes
  • Janaina Michelle Oliveira do Nascimento
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)
Data de Publicação
03/01/2023
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/conigran2022/502301-o-adoecimento-do-enfermeiro-pelo-estresse-ao-se-dedicar-aos-cuidados-ao-paciente
ISBN
978-85-5722-522-0
Palavras-Chave
Enfermagem, Saúde Mental, Doenças Profissionais, Saúde do Trabalhador e Transtornos Mentais.
Resumo
Introdução: O contato diário entre o profissional da saúde e seus pacientes pode gerar situações em que desencadeie problemas psicológicos. A ausência de amparo aos profissionais da saúde, seja por falta de insumos necessários para a realização com eficácia de suas funções ou com a disponibilização de um ambiente saudável para trabalhar, agravam ainda mais os casos de adoecimento entre os profissionais da categoria. Nesse contexto, verificou-se a importância de realizar mais pesquisas específicas sobre o tema, levantamento de dados mais robustos e a promoção de discussão sobre a necessidade de se criar mecanismos mais efetivos para a redução do adoecimento do enfermeiro em seu ambiente de trabalho ou em decorrência deste. Objetivos: Identificar os fatores geradores de estresse em profissionais da área de enfermagem em âmbito hospitalar. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, do tipo revisão integrativa. Este método de pesquisa permite a incorporação de evidências na prática clínica. Foram cumpridas seis etapas pré-estabelecidas: definição do tema e da pergunta norteadora; busca na literatura; definição de critérios para categorização dos estudos que correspondam aos dados coletados (período de tempo; de critérios inclusão/ exclusão; escolha das bases de dados); avaliação dos estudos selecionados; análise e interpretação dos dados; apresentação dos resultados da revisão. A pesquisa foi orientada a partir da questão norteadora: “Quais os fatores geradores de estresse em profissionais da área de enfermagem no hospital, bem como: seus sinais, desenvolvimento no dia a dia e sintomas?”. A busca ocorreu no mês de março de 2022 em três etapas. Como critérios de inclusão: artigos completos disponibilizados, no período 2018 a 2021, em português, que tratassem da temática. Exclusão: fora do período, idioma inglês e espanhol, estudos duplicados. Para a busca dos artigos foram selecionados descritores de acordo com os Descritores em Ciências da Saúde (DECS): Enfermagem e Saúde Mental. Para desenvolvimento da pesquisa foi realizada uma busca minuciosa, nas bases de dados da Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências (LILACS). Na primeira etapa foram realizadas associações de descritores nas bases para a definição da escolha dos operadores booleanos a serem utilizados. A segunda etapa foi a busca e seleção dos estudos sobre a temática em cada base de dados utilizando os filtros. A terceira etapa foi a leitura de título e resumo para elencar os estudos de cada base e posterior exclusão de duplicados. Resultados: Da utilização dos critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados 6 artigos para representar este estudo. Foram selecionados 4 artigos na LILACS e 2 artigos na SCIELO. Para análise, os estudos foram separados por categoria temática de acordo com os objetivos propostos para resolução da questão norteadora: “Quais os fatores geradores de estresse em profissionais da área de enfermagem no hospital, bem como: seus sinais, desenvolvimento no dia a dia e sintomas?”. As categorias construídas tratam sobre “Condições laborais relacionadas ao aumento de problemas psicológicos”, “alta demanda da carga de trabalho” e “estresse ocupacional”. Discussão: O estudo demonstrou que, nos artigos relacionados para revisão, majoritariamente, as pesquisas foram realizadas em hospitais ou tratavam desse ambiente. Isso porque, conforme acentua Layla Thamm (2021), são considerados locais com maior risco ocupacional. De acordo com os artigos, revelou-se a necessidade de intervenção no ambiente de trabalho como medida de saúde. Na mesma linha, Layla Thamm (2021) aponta também que a ausência de autonomia concedida ao profissional da saúde, para que este possa organizar suas tarefas, está relacionada ao Burnout. Essa falta de autonomia, que possa permitir ao trabalhador a adequação de suas tarefas, evitando a alta demanda, e a consequente alta carga de estresse, corrobora com o adoecimento do trabalhador. Observou-se, também, que a constante exposição dos profissionais da saúde, em especial os trabalhadores de Enfermagem, a pacientes que estão em algum estágio avançado de câncer e sofrimento, seja pelo grau da enfermidade ou pelos efeitos colaterais dos tratamentos realizados, aumentam a probabilidade de desenvolvimento de fadiga por compaixão por estes profissionais. O convívio diário com essa realidade, faz com que os enfermeiros desenvolvam sentimentos e sensações negativas que podem interferir em diversos aspectos de sua vida, tendo em vista que, por vezes, criam laços interpessoais mais próximos com pacientes e familiares (RODRIGUES et al. 2021). Isso porque, o profissional participa do atendimento durante todo o processo de hospitalização, acompanhando-os desde a fase inicial da internação, compartilhando todos os traumas e sofrimentos de seus pacientes e familiares consigo mesmo. Criando assim um esgotamento emocional, fadiga por compaixão, sofrimento moral e pesar (RODRIGUES et al. 2021). É verificado ainda que a sobrecarga de trabalho e o medo de se contaminar, sobretudo, neste atual cenário pandêmico, com a COVID19, trouxe prejuízos a estabilidade emocional destes trabalhadores. Isso pois, o excesso de horas de trabalho, a falta de equipamentos para proteção individual e o consequente cansaço, fazem com que os profissionais percam a atenção e concentração para realizar os procedimentos necessários, tornando o ambiente de trabalho demasiadamente desgastante fisicamente e emocionalmente (MIRANDA et al. 2021). Os estudos analisados corroboraram para tal afirmação, identificando altas taxas de sintomas de ansiedade e depressão que se desenvolvem no dia a dia do atendimento de casos de COVID-19. Nessa linha, evidenciou-se na revisão que os principais sinais e sintomas envolveram ansiedade, depressão, estresse, esgotamento físico, esgotamento mental e insônia (MIRANDA et al. 2021). Demonstrou-se também que as cargas físicas e psicológicas, como a alta responsabilidade, limitação da autonomia profissional e carga de trabalho, são situações que podem desencadear o estresse no trabalho (RODRIGUES et al. 2020). Na análise, também foi possível verificar no estudo uma prevalência para a depressão, ansiedade, insônia e estresse (SOUSA et al. 2021). Demonstra-se, com este resultado, que os enfermeiros constituem grupo suscetível a desenvolver vários problemas psicológicos. Mapeando os trabalhos realizados sobre a temática, foi possível observar o previsível impacto negativo do ambiente de trabalho na saúde mentalidades dos profissionais de enfermagem. Nesse sentido, nos artigos selecionados para estudo, foram identificados, como parte do dia a dia da profissão do enfermeiro, as elevadas demandas de trabalho, emocionais e de esconder emoções como fatores prejudiciais a sua saúde. Depreende-se que as exigências laborais, a organização do trabalho, as relações sociais e liderança, interação trabalho-casa, saúde e bem-estar no local de trabalho, formam os principais fatores psicossociais da enfermagem. A falta de autonomia e altas demandas psicológicas também favorecem para colocar a categoria como uma das com maior risco de adoecimento. (CARNEIRO PESSOA POUSA; ROBERTO DE LUCCA, 2021). Neste ponto, é importante salientar que a falta de suporte e ausência de comunicação contribuem para a percepção, por parte do profissional, de que está se esforçando mais fisicamente, o ritmo de trabalho empenhado está mais intenso, os conflitos de atribuições nas equipes são frequentes e a desorganização, acarreta consequência negativa na saúde mental dos enfermeiros. Com isso, a sensação de que o gestor não contribui para uma melhora na qualidade da saúde dos profissional, também desencadeia o medo, em enfermeiros, de que também não possuem proteção social, porquanto em diversos momentos, estes profissionais de enfermagem, também sofrem com violência verbal, física e assédio moral e sexual em seu ambiente de trabalho. Logo, o suporte dos supervisores deve ser ampliado, pois conforme a revisão, a adoção dessa medida contribuiu positivamente na preservação da saúde mental dos profissionais de enfermagem (CARNEIRO PESSOA POUSA; ROBERTO DE LUCCA, 2021). Em seguida, por se tratar de condições habituais da própria atuação profissional, foi possível identificar estratégias que podem enfrentar e minimizar as consequências do estresse criado pelo trabalho no ambiente hospitalar (RODRIGUES et al. 2020). Dessa forma, analisando as estratégias apontadas, pontuou-se três medidas com o intuito de tratar ou minimizar os efeitos do adoecimento. A primeira recomendada, chamada de prevenção primária, foram as ações de apoio social, que evolve relacionar-se bem com colegas de trabalho, ouvir músicas e estar com amigos ou com a família. Outro ponto a se destacar é que, uma das medidas para diminuir o estresse ocasionado no exercício da profissão, é o profissional da enfermagem participar nas decisões para melhorar o ambiente de trabalho, criando mecanismos para reconhecimento de todo o processo de trabalho para evitar demandas excessivas e acúmulo de funções. Na prevenção secundária, o estudo recomenda a utilização de Práticas Integrativas e Complementares (PICs), a partir da prática de meditação, yoga, auriculoterapia e musicoterapia, para a diminuição do estresse ocupacional. Já na última estratégia, denominada prevenção terciária, o estudo aponta para a oferta de programas de assistência especial para os profissionais que já sofrem de distúrbios relacionados ao estresse (RODRIGUES et al. 2020). Portanto, torna-se necessário, conforme exposto anteriormente, que sejam adotas intervenções psicológicas junto a estes profissionais, adotando as práticas necessárias para que ocorra uma redução das consequências negativas que a carga emocional intensa, alta carga horária de trabalho e estresse laboral, trazem aos profissionais de enfermagem. Considerações finais: Foi possível evidenciar, com a pesquisa realizada, que os profissionais de enfermagem, devido aos fatos apontados como estresse no ambiente de trabalho, adoecem cada vez mais nos últimos anos. Verificou-se também o aumento de doenças psíquicas relacionadas ao estresse que também acometem os profissionais. O contato diário com essa realidade, faz com que os enfermeiros desenvolvam sentimentos e sensações negativas que podem interferir em diversos aspectos de sua vida, tendo em vista que, por vezes, criam laços interpessoais mais próximos com pacientes e familiares (RODRIGUES et al. 2021). Por isso, torna-se necessário estabelecer metas, ações de conscientização e treinamentos para os gestores, com o intuito de que seja oportunizada reestruturação de funções e cargas de trabalho para uma proteção efetiva dos profissionais de enfermagem (RODRIGUES et al. 2020). Nesse ponto, importante destacar que os resultados encontrados demonstram uma evolução da literatura no sentido de debate e fomentar essa área de pesquisa, buscando criar soluções para a prevenção do estresse no ambiente de trabalho, ainda que limitado devido à ausência de pesquisas específicas sobre o tema. Nesse sentido, demonstra-se a necessidade de que sejam promovidas novas pesquisas, a serem realizadas com os profissionais de cada setor de atuação da enfermagem, como Unidades Básicas de Saúdes, Unidades de Pronto Atendimento, Hospitais e Unidades de Terapia Intensiva, para que se possa ter uma amostragem individualizada por ambiente de trabalho. Referências: LAYLA THAMM, Jarruche; Mucci, Samantha. Síndrome de burnout em profissionais da saúde: revisão integrativa. Rev. bioét. (Impr.); 29(1): 162-173, enero-mar. 2021. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1251078 Rodrigues, Mariana de Sousa Dantas; Lucena, Pablo Leonid Carneiro; Lordão, Alana Vieira; Costa, Brunna Hellen Saraiva; Batista, Jaqueline Brito Vidal; Costa, Solange Fátima Geraldo da. Fadiga por compaixão em profissionais de enfermagem no contexto dos cuidados paliativos: Revisão de escopo. REME rev. min. enferm; 25: e1386, 2021. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1340544 Miranda, Fernanda Berchelli Girão; Yamamura, Mellina; Pereira, Sarah Salvador; Pereira, Caroline dos Santos; Protti-Zanatta, Simone Teresinha; Costa, Marceli Karina; Zerbetto, Sonia Regina. Sofrimento psíquico entre os profissionais de enfermagem durante a pandemia da COVID-19: Scoping Review. Esc. Anna Nery Rev. Enferm; 25(spe): e20200363, 2021. 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Artigo de Revisão • Acta Paul Enferm 34 • 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ape/a/xN45K97vHkRN6yB7MSSdsXm/
Título do Evento
3º CONIGRAN - Congresso Integrado UNIGRAN Capital 2022
Cidade do Evento
Campo Grande
Título dos Anais do Evento
Anais do 3º CONIGRAN - Congresso Integrado da UNIGRAN Capital 2022.
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

MENDES, Déborah Soares; NASCIMENTO, Janaina Michelle Oliveira do. O ADOECIMENTO DO ENFERMEIRO PELO ESTRESSE AO SE DEDICAR AOS CUIDADOS AO PACIENTE.. In: Anais do 3º CONIGRAN - Congresso Integrado da UNIGRAN Capital 2022.. Anais...Campo Grande(MS) Rua Abrão Júlio Rahe, 325, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conigran2022/502301-O-ADOECIMENTO-DO-ENFERMEIRO-PELO-ESTRESSE-AO-SE-DEDICAR-AOS-CUIDADOS-AO-PACIENTE. Acesso em: 14/06/2025

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