ADOLESCENTES INFRATORES E SUA ESTRUTURA FAMILIAR.

Publicado em 03/01/2023 - ISBN: 978-85-5722-522-0

Título do Trabalho
ADOLESCENTES INFRATORES E SUA ESTRUTURA FAMILIAR.
Autores
  • Paula Assis Soares
  • MARIA ELISA DE LACERDA FARIA
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Psicologia
Data de Publicação
03/01/2023
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/conigran2022/502254-adolescentes-infratores-e-sua-estrutura-familiar
ISBN
978-85-5722-522-0
Palavras-Chave
Adolescentes Infratores, Estrutura Familiar, Dinâmica Familiar.
Resumo
Segundo os autores Werner et al. (1993), Oetting e Donnermeyer (1998) e Schenker e Minayo (2003), atribuem importância fundamental para a família no envolvimento dos adolescentes na vida criminal. Segundo esses autores esta é uma instituição que desempenha um papel privilegiado na socialização primária, “cuja proposição principal é o asseguramento de comportamentos normalizados pelo afeto e pela cultura”. Tendo como objetivo apresentar de qual forma a falta de uma estrutura familiar pode influenciar nos Adolescentes infratores, através de uma pesquisa literária integrativa, sob as hipóteses de que: 1ª – a estrutura familiar tem grande importância sobre os adolescentes cometerem infrações - 2ª – A estrutura familiar tem importância sobre os adolescentes cometerem infrações, porém, não é o único motivo. Sendo utilizado o método de Literatura Integrativa, tendo este método como finalidade sintetizar resultados obtidos em pesquisas sobre um tema ou questão de maneira ordenada e abrangente. Resultados e Discussão: A reflexão acerca da estrutura familiar de um adolescente infrator é muitas vezes deixada de lado. A maioria das pessoas não se pergunta o motivo de o adolescente estar cometendo infrações, longe da escola. Um balanço realizado em 2018 pelo Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e das Medidas Socioeducativas do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), mostrou que em Mato Grosso do Sul haviam 206 adolescentes infratores apreendidos em Unidades Educacionais de Educação (UNEI), sendo 60 por internações provisórias. Já das adolescentes do sexo feminino, 11 estavam internadas por sentença e 4 com medida provisória. Desenvolvido através de pesquisas em sites da internet, sendo eles: Scielo e Google Acadêmico, utilizando os descritores Adolescente Infrator, Dinâmica Familiar e Estrutura Familiar, na língua portuguesa. Foram encontrados 63 artigos, realizada a análise dos resumos e incluídos os artigos que respondem à problemática levantada e excluídos os que não condiziam ou redigidos em outra língua. Foi possível identificar através deste trabalho, que a falta de uma estrutura familiar tem influencia direta no cometimento de atos infracionais dos adolescentes. O fato de ter familiares com envolvimentos passados atrelados a uso de drogas ou passagem policial anterior influencia, pois, como exposto pelos autores Minuchin e Fishman (2003), Reppold et al. (2005), a família é responsável por ser um modelo a ser seguido pelas crianças e adolescentes, tendo um comportamento seguindo de exemplo para os outros membros da família. Este trabalho abrange a perspectiva de que, adolescentes infratores cometem infrações por conta de todo o seu histórico familiar e de vida, fazendo assim, que isso os leve para o mundo das drogas e posteriormente cometa as infrações, ficando longe das escolas e muitas vezes indo parar em UNEIs. É importante que políticas públicas sejam criadas cada vez mais pelos governantes para que assim, a população em um geral se mantenha longe da vida criminal, das cadeias, das drogas e que tenham condições dignas de moradia e de vida, fazendo então, que o ciclo se rompa. Adolescentes cometem infrações há muito tempo, sendo um problema enfrentado não apenas pela nossa sociedade atual como também na época do Império Português. No decorrer dos tempos, pudemos perceber uma mudança de tratamento aos adolescentes que cometiam infrações: primeiramente, uma visão mais de discernimento, um juiz julgava se a criança – dos 7 aos 14 anos – tinha ciência do delito que estava cometendo. Caso sim, seria julgado como um adulto. Posteriormente, a legislação entendeu que a Justiça deveria ser educadora e ter a tentativa de recuperação do adolescente infrator. Vitta et al (2017), comenta que nessa época, a sociedade tinha uma preocupação maior com a chamada higienização das ruas. O propósito era fazer com que esses adolescentes marginalizados não estivessem no convívio da burguesia e estivessem cada vez mais afastados da sociedade. Uma espécie de “tapa olho”, pois essas pessoas não sendo vistas, o problema não existiria. Com o surgimento do ECA, foram criadas novas regras e leis mais rígidas, onde diz que adolescentes infratores, dependendo da infração devem ser internados em UNEIs. Nesses locais, o adolescente deve ter acesso a educação, porém, a realidade não é bem assim. Muitos não frequentam a escola pois não é dado a eles essa escolha. Valle (2003), traz em seu trabalho que vivemos em uma sociedade consumista, onde ter é melhor que ser. Sendo assim, o adolescente que não encontra em casa o que quer para ser aceito pela sociedade, vai em busca de encontrar o que não tem cometendo infrações. Essa realidade traz uma distorção de valores éticos e morais. Através disso, o adolescente que não é percebido na sociedade pois não tem poder de compra, é enxergado. Porém, ele é enxergado apenas como um adolescente problema, que comete infrações por querer e que deve ser retirado da sociedade, como antes. Atualmente, os relacionamentos são ditados pelo consumismo e individualismo, tendo os laços afetivos enfraquecimento. A pobreza já foi enxergada anteriormente como uma desestrutura familiar. Não é fácil conceituar o que seria uma estrutura familiar de um adolescente, pois, vivemos em uma sociedade com vários tipos e formas de famílias e não somente um pai, mãe e irmãos. Porém, na visão de Florsheim Tolan e Gorman-Smith (1998), uma condição de risco para o desenvolvimento do comportamento infrator é a monoparentalidade, ou seja, famílias cujo toda a fonte de renda, carinho e cuidado ficam sob responsabilidade de um genitor, sendo normalmente a mãe essa pessoa, já que isso faz com que os filhos fiquem em casa sozinhos expostos a possíveis más companhias. Na literatura encontrada, todos os autores foram unânimes: todos diziam que a família era a parte fundamental para o desenvolvimento de um adolescente infrator. Os resultados encontrados neste trabalho andam lado a lado do que foi dito anteriormente pelos autores, já que a literatura confirma a hipótese de que adolescentes cometem infrações por conta de sua estrutura familiar, porém, não sendo o único motivo, já que pudemos ver que a falta do capital também tem grande influência nas infrações. A importância do estudo se dá, pois através dele pudemos compreender o que leva os adolescentes a cometerem tais infrações e tentar preencher um vazio de novos estudos recentes a respeito do tema, buscando trazer conhecimento a respeito da estrutura familiar de um adolescente infrator. Para o futuro, é importante que mais autores chamem a atenção sobre o tema, realize pesquisas, escreva artigos e monografias. É preciso que a sociedade debata e discuta sobre adolescentes infratores e sua estrutura familiar, pois só assim chegaremos a uma forma de ajudar esse adolescente e essa família já estragada pelo tempo. Com educação de qualidade, acesso a saneamento básico, uma residência fixa, empregos, condições de compra, acesso a cultura, tudo o que todos os cidadãos têm direito, fazendo que assim, as histórias de vidas dessas pessoas sejam mudadas. Através dessa perspectiva, podemos concluir que adolescentes não entram na vida criminal apenas “por quererem”. Existe sempre algo por trás, sendo sempre do meio em que está inserido, vindo do social, seja da família, da falta de uma estrutura familiar ou apenas uma pressão invisível da sociedade que diz que para existirmos, precisamos consumir, ter o capital e possuir coisas. Vimos que atualmente vivemos em uma sociedade onde existem várias formas de família e não apenas mãe, pai e filhos. A relação do adolescente infrator com seus familiares têm bastante impacto no cometimento das infrações, já que a família é o primeiro grupo social que estão inseridos e um comportamento da família é seguido de exemplo para outro. É no ambiente familiar que se tem as primeiras relações e onde se adquire princípios morais e valores sociais. O objetivo deste trabalho foi concluído com sucesso, concluindo a hipótese de que: a estrutura familiar tem importância sobre os adolescentes cometerem infrações, porém, não é o único motivo. As limitações encontradas para a realização do estudo foi a escassez de artigos recentes sobre o tema, impedindo o conhecimento a respeito do que pensam os novos autores. É extremamente desejável que o Brasil invista em políticas públicas, oferecendo uma qualidade de vida e condições dessas famílias pobres terem acesso à educação e saúde de qualidade. É preciso que mudemos o jeito de pensar e de agir para que o futuro dessas famílias seja de esperança. Não é fácil fazer com que isso aconteça, já que como vimos, esse tratamento vem desde o tempo em que o Brasil ainda era colônia de Portugal. Porém, esforços não podem ser medidos para que isso aconteça e para que menos adolescentes cometam infrações. ALVES BARBOSA, I. M (2021). Adolescentes em conflito com a lei: políticas públicas e o acesso à inclusão social. Serviço Social Em Debate 4 (2). Recuperado de https://revista.uemg.br/index.php/serv-soc-debate/article/view/5691. Acesso em: 29/03/2022 CINTI, Conceição. 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Título do Evento
3º CONIGRAN - Congresso Integrado UNIGRAN Capital 2022
Cidade do Evento
Campo Grande
Título dos Anais do Evento
Anais do 3º CONIGRAN - Congresso Integrado da UNIGRAN Capital 2022.
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SOARES, Paula Assis; FARIA, MARIA ELISA DE LACERDA. ADOLESCENTES INFRATORES E SUA ESTRUTURA FAMILIAR... In: Anais do 3º CONIGRAN - Congresso Integrado da UNIGRAN Capital 2022.. Anais...Campo Grande(MS) Rua Abrão Júlio Rahe, 325, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conigran2022/502254-ADOLESCENTES-INFRATORES-E-SUA-ESTRUTURA-FAMILIAR. Acesso em: 22/05/2025

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