DESIGUALDADE DE GÊNERO NO MERCADO DE TRABALHO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

Publicado em 03/01/2023 - ISBN: 978-85-5722-522-0

Título do Trabalho
DESIGUALDADE DE GÊNERO NO MERCADO DE TRABALHO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
Autores
  • MARIA ELISA DE LACERDA FARIA
  • Bianca Da Silva Muniz
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Psicologia
Data de Publicação
03/01/2023
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/conigran2022/502033-desigualdade-de-genero-no-mercado-de-trabalho-de-tecnologia-da-informacao
ISBN
978-85-5722-522-0
Palavras-Chave
desigualdade de gênero, tecnologia, trabalho
Resumo
INTRODUÇÃO: A presença da mulher no mercado de trabalho, mesmo sofrendo avanços nos últimos anos, ainda é uma questão delicada. Há muito a ser feito e mudado. De acordo com dados do governo brasileiro, em 2007 as mulheres representavam 40,8% do mercado formal de trabalho; em 2016, passaram a ocupar 44% das vagas. Esta realidade, ainda desequilibrada, é ainda mais acentuada em carreiras de tecnologia, conforme mostra a segunda edição do estudo Retrato de Desigualdade de Gênero em Tecnologia, da Revelo, plataforma de recrutamento digital. Com base em pesquisa bibliográfica, o mercado de trabalho compreende um espaço onde ocorrem transações entre trabalhadores e empregadores por meio de relações fundamentadas no trabalho, sendo este vendido pelo sujeito trabalhador ao empregador mediante pagamento de salário (OLIVEIRA; PICCININI, 2011). Este espaço é constituído por homens e mulheres, repetidamente sendo as diferenças entre eles hierarquizadas de forma desigual, onde o trabalho masculino acaba sendo colocado em posição superior ao feminino (CAPPELLE; MELO; SOUZA, 2013). Esse apontamento também é feito por Kanan (Kanan, 2010, p. 251) ao afirmar que “o trabalho da mulher, mesmo sendo idêntico ao realizado por um homem, tem, em muitas organizações, menor valor”. Já Scott (1990) explora a questão do gênero, argumentando que o termo gênero é utilizado para caracterizar as relações sociais entre os sexos, repudiando as justificativas biológicas que se deparam com um denominador comum para diferentes formas de subordinação. A autora ainda complementa afirmando que este vem a ser um apontamento das construções sociais acerca dos papéis inerentes aos homens e às mulheres, buscando desvendar a distinção entre prática sexual e papéis sociais. Isto porque, cabe reconhecer que o sexo é definido biologicamente, enquanto o gênero é construído sociologicamente (CALÁS; SMIRCICH, 2010).Além disso, há também dificuldade em crescer hierarquicamente dentro das organizações devido à presença de barreiras discriminatórias, as quais representam o fenômeno do teto de vidro (MENDES, 2017). Para contribuir com essa discussão, o presente trabalho visa responder a seguinte pergunta: Por que não há tanta representatividade feminina em cargos de liderança atualmente no mercado de trabalho de tecnologia? OBJETIVOS: O presente trabalho tem como objetivo geral analisar os fatores de recrutamento e seleção de uma empresa de tecnologia da informação de Campo Grande/MS em relação ao gênero. Para completar o levantamento dos dados, os objetivos específicos, sendo eles: Porque há uma presença menor de mulheres em carreiras de tecnologia; Descrever os fatores de recrutamento e seleção utilizadas pela empresa; Investigar se as mulheres recebem salários menores do que homens em carreiras de tecnologia; e Levantar se os recrutadores oferecem salários diferentes para homens e mulheres com a mesma experiência e qualificação. JUSTIFICATIVA: A justificativa desse trabalho ocorre devido à pouca representatividade da mulher em cargos de liderança, revelando desigualdade de gêneros e contestação de competência. Evoluiu-se muito com o passar dos anos, pode se dizer que as desigualdades entre os gêneros estejam desaparecendo diante de algumas valiosas conquistas femininas, mas a verdade é que essas desigualdades estão sendo naturalizadas por meio de discursos que reafirmam que esta é uma condição comum nas várias sociedades, ou mesmo se apresentando de maneira mais sutil aos olhos da sociedade (CAPPELLE et al., 2004; CALÁS; SMIRCICH, 2010). Mesmo com toda evolução, precisa melhorar a igualdade de talentos de gênero na ciência da computação, hoje esse mundo tech ainda é dominado por homens. Essa relação de gênero com relação a carreiras inicia-se na escola, quando meninas, muitas vezes desencorajadas a cursar disciplinas em exatas e ciências e a considerar um futuro em tecnologia. Como a tecnologia da informação é ensinada durante estes anos de formação também carrega certa responsabilidade, uma vez que pouco faz para engajar e despertar o interesse de ambos os gêneros. Muitas mulheres que decidem seguir uma carreira neste setor, muitas vezes são orientadas a ocupar posições voltadas ao atendimento ao cliente, devido ao mito de que as mulheres têm melhores soft skills. A escassez de trabalhos flexíveis também pode ser uma barreira para muitas mulheres que possuem compromissos familiares. Não pode relacionar a falta de profissionais nas áreas de software e web apenas com gênero, e sim, que existem em todo mundo empresas carentes de ambos sexos que sentem essa dificuldade em contratar e que não está relacionado a baixa representatividade de mulheres reduzindo este gap de habilidades. Dessa forma, o presente trabalho visa entender e/ou resolver a falta de atratividade de mulheres para o ramo tecnológico. METODOLOGIA: Para classificação do tipo da pesquisa, adotou-se a tipologia de Vergara, que classifica um estudo quanto aos fins e quanto aos meios. Quanto aos fins, a pesquisa é classificada como exploratória e descritiva. Realizou-se pesquisa exploratória acerca dos temas do mercado de trabalho na área de tecnologia e desigualdade de gênero, com o objetivo de proporcionar maior familiaridade com o problema e aprimorar ideias para modificar tal realidade. Quanto aos meios, a pesquisa é classificada como um estudo de caso, de natureza quantitativa e qualitativa, aplicado em uma empresa de tecnologia local, que identifica o quadro de funcionários, processo seletivo, cargos e salários. Foi realizado estudo descritivo e analítico de material coletado com identificação da equipe profissional de uma empresa de tecnologia, desenvolvedora de aplicativos, de porte médio no período de novembro de 2019, localizada na cidade de Campo Grande, MS que atende clientes nacionais e internacionais. RESULTADOS: Durante a realização do estudo de caso na empresa de tecnologia de Campo Grande/MS, foi identificado a população profissional. A empresa selecionada possui um total de 43 funcionários, gráfico 5, composta por desenvolvedores, gestores e CEOs. Idade média de 23 anos de idade, sendo mínima de 17 anos de idade e máxima de 34 anos de idade. Na composição por gênero, 32 homens e 11 mulheres. Na área de desenvolvimento tem 24 pessoas, sendo 21 homens (87%). Na área de gestão de projetos, 19 funcionários, sendo 8 mulheres e 11 homens. Na área de sócios, 3 sócios, sendo uma mulher. Com relação a faixa salarial, a informação varia de 1200 a 7000 reais, sendo a média para área de desenvolvimento e 4000 reais a média para a área de gestão de projetos, sem diferença em relação a gênero. Ou seja, na empresa não há desigualdade salarial referente ao gênero, na empresa é definido o salário referente ao cargo, independente de quem ocupá-lo. Foi levantado também com relação à escolaridade, vide gráfico 7, com os seguintes resultados: um mestrado (homem), um cursando mestrado (homem), 14 ensino superior (9 homens e 5 mulheres) e demais com ensino médio. Este tipo de pesquisa constitui uma amostragem por tipicidade. (Gil, 2008), constitui um subgrupo da população que pode ser considerado representativo para toda a população. DISCUSSÃO: A presença de menos mulheres nas áreas de tecnologia é uma constatação, de acordo com o Gender Gap Report, 72% dos profissionais de inteligência artificial são do sexo masculino. A mulher encontra diversas barreiras, quando decide estudar ou trabalhar com tecnologia, ela provavelmente terá que ser muito persistente e resiliente. As salas de aula dos cursos de tecnologia costumam ser majoritariamente formadas por homens brancos, ambiente que costuma ser locais machistas e misóginos, perpetuando a cultura que afasta mulheres da área. As mulheres dedicam, em média, 21,3 horas por semana a afazeres domésticos e cuidado de pessoas em 2018, quase o dobro do que os homens gastaram com as mesmas tarefas – 10,9 horas. É o que revela o suplemento Outras Formas de Trabalho da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, divulgado pelo IBGE. As mulheres são as que mais atuam nos serviços domésticos, cita-se preparar ou servir alimentos, arrumar a mesa ou lavar a louça, cuidar da organização da casa, cuidar dos animais domésticos, cuidar dos filhos, limpar e manter roupas e sapatos, limpar o domicílio, fazer compras e pesquisar preços. Esse cuidado com os afazeres da casa, principalmente para as mulheres, é imposto desde muito cedo, devido a crença que é a mulher que tem que realizar esse tipo de atividade, mesmo com aumento da participação dos homens a estatística é clara, mulheres trabalham quase o dobro para manter essa jornada. Em todo o trabalho foi identificado a desigualdade salarial entre gêneros na área de atuação em tecnologia da informação. Como mencionado nas pesquisas, é identificado cerca de 30% de diferenciação salarial, ou seja, é comprovado que as mulheres recebem 30% a menos que os homens, com os mesmos cargos e competências técnicas e comportamentais. Em contrapartida na empresa acompanhada, não há a comprovação da desigualdade salarial, na verdade, houve a evidência que a empresa não realiza a diferenciação entre os gêneros, e que seu cargos e salários são iguais independente do gênero, o que é de valor, são as capacitações e competências que cada candidato ou colaborador possui. CONCLUSÕES: O presente trabalho constatou a prevalência do gênero masculino na área de tecnologia de informação, predomínio de homens no cargo de liderança, maior escolaridade entre os homens. E não houve comprovação de diferença salarial em relação a gênero, mas sim em relação ao cargo. Possui evidências a ser mencionado a diferença salarial existente entre gêneros na área de tecnologia da informação, pautando no trabalho, quando mencionado a desigualdade entre os gêneros. Mas também evidencia que em algumas áreas do Brasil essa desigualdade mencionada não ocorre, e que está ocorrendo já uma desmistificação das diferenças de atuações entre gêneros, não podendo dizer que não se existe a desigualdade, mas que está havendo um avanço no sentido contrário ao mesmo.
Título do Evento
3º CONIGRAN - Congresso Integrado UNIGRAN Capital 2022
Cidade do Evento
Campo Grande
Título dos Anais do Evento
Anais do 3º CONIGRAN - Congresso Integrado da UNIGRAN Capital 2022.
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

FARIA, MARIA ELISA DE LACERDA; MUNIZ, Bianca Da Silva. DESIGUALDADE DE GÊNERO NO MERCADO DE TRABALHO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO.. In: Anais do 3º CONIGRAN - Congresso Integrado da UNIGRAN Capital 2022.. Anais...Campo Grande(MS) Rua Abrão Júlio Rahe, 325, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conigran2022/502033-DESIGUALDADE-DE-GENERO-NO-MERCADO-DE-TRABALHO-DE-TECNOLOGIA-DA-INFORMACAO. Acesso em: 15/05/2025

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