ESTADO NUTRICIONAL E INFLAMATÓRIO DE PACIENTES COM TUBERCULOSE ANTES E DURANTE O TRATAMENTO

Publicado em 03/01/2023 - ISBN: 978-85-5722-522-0

Título do Trabalho
ESTADO NUTRICIONAL E INFLAMATÓRIO DE PACIENTES COM TUBERCULOSE ANTES E DURANTE O TRATAMENTO
Autores
  • Natally Covo Da Silva
  • Lucas de Melo da Silva
  • PATRICIA CINTRA
  • Janaina Michelle Oliveira do Nascimento
  • Jeniffer Michelline de Oliveira Custódio
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Nutrição
Data de Publicação
03/01/2023
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/conigran2022/501724-estado-nutricional-e-inflamatorio-de-pacientes-com-tuberculose-antes-e-durante-o-tratamento
ISBN
978-85-5722-522-0
Palavras-Chave
estado nutricional, proteínas inflamatórias, tuberculose.
Resumo
INTRODUÇÃO: A Tuberculose (tb) é um importante problema de saúde pública no Brasil e no mundo. A doença está entre as 10 principais causas de mortes globais e a principal causa de mortes por agentes infecciosos. (DALEY, 2019). Estima-se que cerca de 1,7 bilhões de pessoas esteja infectada com Mycobacterium tuberculosis sobre o risco de desenvolver a doença (WHO, 2018). No Brasil, em 2021, foram registrados 59,735 mil casos novos de tuberculose. Em 2021, o Estado de Mato Grosso do Sul notificou 988 casos, representando uma taxa de incidência de 34,9/100 mil habitantes. (MS, 2022). Vários são os fatores mencionados na literatura responsáveis por aumentar a suscetibilidade da população de um país ou região e favorecer o desenvolvimento do bacilo, entre eles estão: o nível socioeconômico, condições de moradia e higiene, falta de cobertura de serviços de saúde e o estado nutricional do individuo. (GUIMARÃES et al, 2018). No Brasil mais de 50 milhões de brasileiros vivem na linha da pobreza, o maior percentual de pobreza está concentrado na região nordeste do país. (IBGE, 2020). Evidências experimentais apontam que a má nutrição é importante fator de risco para reativação da tuberculose e mortalidade do indivíduo. (GUPTA et al, 2009). O risco relativo de tuberculose é cerca de quatro a cinco vezes maiores em grupos com menor de índice de massa corporal do que grupos com IMC normal ou com pelo menos 10% de sobrepeso. (EDWARDS, 1971). OBJETIVO: Este trabalho tem como objetivo avaliar o estado nutricional e inflamatório de pacientes com antes e durante o tratamento. MATERIAIS E MÉTODOS: Trata-se de um estudo analítico, longitudinal. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (CEP – UFMS) sob número 1.345.541. O presente projeto de pesquisa foi desenvolvido com base no trabalho de doutorado intitulado “Análise Comparativa de zinco, cobre, ferro e selênio, estresse oxidativo, TSH e T4 livre em pacientes com doenças infecciosas crônicas” realizado com pacientes que foram admitidos no serviço de doenças infecciosas e parasitárias do Hospital Universitário “Maria Aparecida Pedrossian”, Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Foram convidados para participar da pesquisa todos os pacientes que foram atendidos no local e período do estudo e apresentaram os seguintes critérios de inclusão: ser adulto com idade entre 18 a 59 anos de qualquer sexo, ter tuberculose em atividade e não ter realizado qualquer tratamento antes da admissão ao serviço, critérios de exclusão: pacientes com imunodeficiência, portadores do vírus HIV ou que utilizam imunossupressores e idosos com 60 anos ou mais. As amostras dos pacientes convidados para participar desta pesquisa foram coletadas e armazenadas. As coletas aconteceram no momento da admissão do paciente ao serviço (T0) e após um mês de tratamento (T1). Os dados foram lançados em planilhas de Excel e analisados por meio de programas estatísticos. A comparação de variáveis categóricas entre grupos foi feita pelo teste exato de Fisher. Um valor de p menor do que 0,05 foi considerado estatisticamente significante. Os dados antropométricos (altura e peso) foram obtidos no momento da coleta de sangue. A aferição da altura foi realizada utilizando o antropômetro de campo, com escala em centímetros (cm). O peso foi determinado utilizando a balança antropométrica ou digital, disponíveis em todas as unidades de internação. Antes da aferição, as balanças foram calibradas para zero. Pacientes sem possibilidade de se locomover até a balança fixa, mas em condições de permanecer em pé ao lado do leito, foram pesados em uma balança digital portátil. Para aferição do peso, o individuo permaneceu em pé, sem calçados, com roupas do hospital e com bexiga vazia. O índice de Massa corporal (IMC) será calculado dividindo o peso corporal (Kg) pelo quadrado de altura (m²). O IMC foi classificado de acordo com o critério da Organização Mundial da Saúde em baixo peso (&lt; 18,5 kg/m²), eutróficos (18,5-24,9 kg/m²) e obesos (=30,0 kg/m²) para indivíduos acima de 18 anos. (WHO, 1997). As amostras de sangue para os exames laboratoriais: albumina e globulinas, proteína C reativa (PCR), hemoglobina foram obtidas pela punção venosa em tubos de coleta a vácuo para sorologia com gel separador. Os valores considerados normais pelo fabricante foram: albumina de 3,5 a 5,5g/dL, globulinas de 1,8 a 4,4 g/dL, PCR de 0 até 5,0mg/L e hemoglobina de 13,5 a 17g/dL. RESULTADOS E DISCUSSÕES: No total, 19 pacientes foram admitidos com diagnóstico de TB no hospital universitário e convidados para participar da pesquisa (TCLE). No entanto, 1 paciente foi a óbito no primeiro mês da pesquisa e 3 pacientes não retornaram no primeiro mês, permanecendo 15 pacientes na pesquisa com média de idade de 38 anos, 66% do sexo masculino. À admissão, 53% dos pacientes referiram emagrecimento maior do que 10% e não houve mudanças após um mês de tratamento. O estado nutricional é um dos principais moduladores da resposta imune e tanto a deficiência de macronutrientes como de micronutrientes pode contribuir para uma resposta ineficaz do hospedeiro (WERNECK et al, 2011). O processo infeccioso pode colocar organismo ao um estado de hipercatabolismo, com alta depleção de reservas de nutrientes e perda de peso grave. (PEREIRA, 2003; TALON; PEREIRA, 2010). Proteína C reativa (PCR) é um dos marcadores da resposta de fase aguda (RFA) pois, sua concentração no plasma é correspondente com a evolução e intensidade do processo patológico, quadros infecciosos e inflamatórios (PEPYS, 2003). No presente estudo, os níveis de PCR revelaram-se significativamente elevados no momento da admissão (73,3%) achado semelhante ao de outros estudos realizados na Coreia e no Brasil em pacientes com tuberculose (MORAES et al., 2014; CHOI et al., 2015). Estudos em pacientes com tuberculose demonstraram que a PCR pode não só ajudar no diagnóstico de TB como também ser um marcador de persistência de baciloscopia positiva após um mês de tratamento ou de controle de cura (CHOI et al., 2015). Os níveis de PCR diminuíram significativamente após um mês de tratamento, mas persistiram ainda altos quando comparados aos valores de referência. De acordo com a OMS a anemia é definida quando o número de glóbulos vermelhos ou concentração de hemoglobina dentro deles está abaixo do normal (WHO, 2001), 50% das causas de anemia são por deficiência de ferro decorrente da dieta insuficiente desse mineral. A inflamação crônica está entre os demais fatores determinantes para a anemia. (WHO, 2012). A anemia é comum na tuberculose e essa associação na maioria dos casos é leve e solucionada com o tratamento anti-TB (LEE et al, 2006). Segundo as diretrizes da OMS a anemia é definida quando os níveis de hemoglobina estão abaixo de 13 g/dl para homens e menor que 12 g/dl para mulheres (OMS, 2011). No presente estudo (26,6%) dos pacientes apresentaram anemia no momento da admissão, não houve mudanças significativas no primeiro mês de tratamento. A albumina é um biomarcador da função hepática. E sua concentração diminui na presença de infecções crônicas como, por exemplo, a tuberculose (BISASO, K.R et al, 2014). Os níveis de albumina e globulina dos pacientes com tuberculose do estudo não apresentaram alterações na admissão e primeiro mês de tratamento. CONCLUSÃO: Nossos resultados mostraram níveis de PCR aumentados na admissão do paciente e não foi observada nenhuma melhora significativa no estado nutricional durante o tratamento. No entanto, o tratamento da tuberculose é mais prologando, dura no mínimo seis meses, o que poderia explicar a persistência de altos níveis de PCR mesmo após um mês de tratamento. Essas observações indicam a presença de atividade inflamatória nos pacientes do estudo e se constitui numa variável que pode ser útil no controle de cura (MENDES et al., 2017). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BISASO, K. R, et al. Caracterização das alterações da concentração plasmática de albumina em pacientes com TB/HIV em terapia antirretroviral e antituberculose. In silico pharmacology, v. 2, 2014. Disponível em: <https://doi.org/10.1186/s40203-014-0003-9>. Acesso em: 20.03.2022. 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Título do Evento
3º CONIGRAN - Congresso Integrado UNIGRAN Capital 2022
Cidade do Evento
Campo Grande
Título dos Anais do Evento
Anais do 3º CONIGRAN - Congresso Integrado da UNIGRAN Capital 2022.
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SILVA, Natally Covo Da et al.. ESTADO NUTRICIONAL E INFLAMATÓRIO DE PACIENTES COM TUBERCULOSE ANTES E DURANTE O TRATAMENTO.. In: Anais do 3º CONIGRAN - Congresso Integrado da UNIGRAN Capital 2022.. Anais...Campo Grande(MS) Rua Abrão Júlio Rahe, 325, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conigran2022/501724-ESTADO-NUTRICIONAL-E-INFLAMATORIO-DE-PACIENTES-COM-TUBERCULOSE-ANTES-E-DURANTE-O-TRATAMENTO. Acesso em: 08/05/2025

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