INTERVENÇÕES PAUTADAS NO MODELO TRANSTEÓRICO PARA MUDANÇA DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR

Publicado em 03/01/2023 - ISBN: 978-85-5722-522-0

Título do Trabalho
INTERVENÇÕES PAUTADAS NO MODELO TRANSTEÓRICO PARA MUDANÇA DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR
Autores
  • Juliana Maria Antenor dos Santos Pezzi
  • Juliana de Medeiros
  • Janaina Michelle Oliveira
  • Maria Izabel de Souza Nunes
  • Jeniffer Michelline Custódio
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Nutrição
Data de Publicação
03/01/2023
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/conigran2022/501516-intervencoes-pautadas-no-modelo-transteorico-para-mudanca-do-comportamento-alimentar
ISBN
978-85-5722-522-0
Palavras-Chave
modelo transteórico, comportamento alimentar, intervenções nutricionais
Resumo
Introdução: O comportamento alimentar leva em conta “o que comemos (produtos, estrutura dos pratos), como e com quem comemos (serviço, empresa), onde comemos (restaurantes, casa, escola, empresa, rua), quando comemos (horários, número de ingestões) e por que e para que (escolhas alimentares, funções, ideologia)” (ARNAIZ, 1994). No que diz respeito às intervenções nutricionais, para que o indivíduo adote novos e melhores hábitos alimentares e os mantenha, é necessário que haja mudança em seu comportamento alimentar. De acordo com Toral e Slater (2007), as intervenções tradicionalmente utilizadas partem do pressuposto de que os indivíduos já estão prontos para uma mudança de seu comportamento alimentar, o que se torna insustentável na maioria dos atendimentos. Nesse sentido, diversos estudos têm aplicado o Modelo Transteórico (MTT) como instrumento de compreensão do estado de prontidão do indivíduo para a mudança. Ele se fundamenta em quatro pilares: os estágios de mudança, considerados o seu eixo central, o equilíbrio de decisões, a autoeficácia e os processos de mudança (PROCHASKA; DICLEMENTE; NORCROSS, 1992). Dessa forma, acredita-se que o desenvolvimento de intervenções específicas para cada estágio de mudança pode proporcionar maior eficácia quanto à motivação dos indivíduos em adotar e manter o comportamento alimentar alterado (TORAL; SLATER, 2007). Objetivos: Identificar através de revisão de literatura os desfechos de intervenções pautadas no MTT para mudança do comportamento alimentar. Metodologia: Foi adotada a metodologia de revisão da literatura. Para a seleção dos artigos que compuseram a amostra foi utilizada a base de dados Google Acadêmico, utilizando os seguintes descritores: “intervenção nutricional”, “modelo transteórico” e “comportamento alimentar”. Foram utilizados artigos publicados entre os anos de 2010 e 2022, disponíveis em português. Os critérios de inclusão para os artigos foram: estudos que realizaram intervenção nutricional personalizada baseada no MTT. Foram excluídos: artigos de revisão, estudos em que o MTT não se aplica ao comportamento alimentar e estudos realizados em grávidas e lactantes. Resultados: Ao total, 75 artigos foram recuperados por meio da estratégia de busca empregada. Após análise de títulos, resumo e texto foram selecionados 9 artigos elegíveis para a composição da amostra. De cada estudo foram extraídas as seguintes informações: autor, ano do estudo, delineamento do estudo, população, idade, local de realização do estudo, comportamento alimentar alvo, tipo de intervenção, duração da intervenção e principais desfechos. Dos estudos incluídos, 54,54% (n=6) eram ensaios clínicos randomizados (FREITAS, 2015; DE MENEZES, 2012; BERTOLIN, 2010; BOFF, 2018; CHAVES; OYAMA, 2010; MENDONÇA, 2016), sendo que destes somente 3 eram do tipo controlado (FREITAS, 2015; DE MENEZES, 2012; MENDONÇA, 2016). O restante consistiu em 1 estudo piloto (FILGUEIRAS; SAWAYA, 2018), 1 ensaio clínico aberto (LUZ; SALOMON; FORTES, 2021) e 1 relato da experiência (BOFF et al., 2018). Ao total, 3.496 indivíduos foram incluídos com idade variando entre 10 e 65 anos, sendo que maioria deles era do sexo feminino, cerca de 76,54% (n= 2.676). Os comportamentos alimentares alvos das intervenções nutricionais analisadas variaram entre controle de peso (FREITAS, 2015; FILGUEIRAS; SAWAYA, 2018; BOFF et al., 2018; BOFF, 2018), diminuição do consumo de óleos e gorduras (DE MENEZES, 2012), aumento do consumo de frutas e hortaliças (BERTOLIN, 2010; MENDONÇA, 2016), melhora da qualidade da dieta com ênfase no aumento do consumo de frutas, vegetais e hortaliças (LUZ; SALOMON; FORTES, 2021) e mudança do padrão alimentar (CHAVES; OYAMA, 2010). As intervenções nutricionais avaliadas pelos estudos se utilizaram das seguintes estratégias nutricionais: aconselhamento nutricional individual (FREITAS, 2015), oficinas de educação nutricional (DE MENEZES, 2012; FILGUEIRAS; SAWAYA, 2018; LUZ; SALOMON; FORTES, 2021; MENDONÇA, 2016), materiais educativos impressos (BERTOLIN, 2010; MENDONÇA, 2016), encontros em grupo (BOFF et al., 2018), orientações interdisciplinares (BOFF, 2018), orientações e intervenções nutricionais por contatos telefônicos (CHAVES; OYAMA, 2010) e cartão postal com mensagens motivacionais (MENDONÇA, 2016). As intervenções nutricionais analisadas tiveram duração média de 5,66 meses, variando de 2 a 13 meses. Os principais desfechos consistiram em redução de peso corporal (FREITAS, 2015; DE MENEZES, 2012; FILGUEIRAS; SAWAYA, 2018; CHAVES; OYAMA, 2010), do índice de massa corporal (FREITAS, 2015; DE MENEZES, 2012; FILGUEIRAS; SAWAYA, 2018; BOFF, 2018; CHAVES; OYAMA, 2010), da circunferência da cintura (FREITAS, 2015) e da circunferência abdominal (BOFF, 2018). Adicionalmente, foram observadas redução do consumo de ácidos graxos saturados e poliinsaturados (FREITAS, 2015), do consumo de calorias e de alimentos ricos em gorduras (DE MENEZES, 2012; BOFF et al., 2018), além de aumento do número de porções de frutas, vegetais e hortaliças consumidas (LUZ; SALOMON; FORTES, 2021; MENDONÇA, 2016) e melhora em relação ao comportamento alimentar compulsivo (BOFF et al., 2018). Acerca dos pilares avaliados pelo MTT, houve movimentação do comportamento alimentar para o estágio de ação (FILGUEIRAS; SAWAYA, 2018; MENDONÇA, 2016), aumento da autoeficácia para regular hábitos alimentares frente a situações sociais (BOFF et al., 2018) e redução da percepção de barreiras para o consumo de frutas e hortaliças (MENDONÇA, 2016). Em relação à efetividade das intervenções realizadas, apenas um estudo (BERTOLIN, 2010) não obteve sucesso quanto a mudança do perfil de comportamento alimentar relativo ao consumo de frutas e hortaliças em adolescentes. Discussões: Observou-se que em alguns estudos os participantes do grupo intervenção foram alocados em subgrupos a partir de sua classificação nos estágios de mudança de comportamento. Freitas (2015) e De Menezes (2012) estratificaram suas participantes em dois grandes grupos, pré-ação (contemplando os estágios de pré-contemplação, contemplação e decisão) e ação (contemplando os estágios de ação e manutenção). Já Mendonça (2016) se utilizou de três subgrupos diferentes, pré-ação (estágios de pré-contemplação e contemplação), preparação (estágio de preparação) e ação (estágios de ação e manutenção). Luz, Salomon e Fortes (2021) direcionaram as intervenções somente para o grupo de pré-ação (contemplando os estágios de pré-contemplação, contemplação e decisão). Tais divisões foram feitas baseadas nas categorias dos processos de mudanças correspondentes ao estágio de mudança em que o participante se encontrava. De acordo com Liu et al (2018) esses processos de mudança podem ser classificados em cognitivos e comportamentais. Sendo que os cognitivos seriam mais úteis para indivíduos classificados nos estágios de mudança iniciais, pré contemplação, contemplação e preparação; e os comportamentais favoreceriam os indivíduos em ação e manutenção (FREITAS, 2015). Com relação aos pilares do MTT, De Menezes (2012), Bertolin (2010), Boff et al. (2018), Luz, Salomon e Fortes (2021) e Mendonça (2016) avaliaram os processos de mudança, equilíbrio de decisão e autoeficácia além dos estágios de mudança. Freitas (2015) e Boff (2018) avaliaram somente os estágios de mudança e os processos de mudança. Já Chaves e Oyama (2010) e Filgueiras e Sawaya (2018) avaliaram somente os estágios de mudança. No estudo de Freitas (2015) as intervenções nutricionais direcionadas ao grupo pré-ação visaram aumentar a consciência e motivação dos participantes acerca das consequências do excesso de peso e a importância da construção de uma alimentação saudável. Já as direcionadas ao grupo ação forneceram orientações mais densas sobre alimentação e nutrição, privilegiando os aspectos comportamentais. As intervenções elaboradas por De Menezes (2012) objetivaram aumentar a percepção dos participantes quanto aos benefícios do consumo saudável de lipídios e reduzir as barreiras para a mudança de comportamento. Ao final de seu estudo, Bertolin (2010) declarou que não obteve sucesso quanto a mudança do perfil de comportamento alimentar relativo ao consumo de frutas e hortaliças pelos adolescentes participantes. De acordo com a autora, o desfecho negativo se deve, em parte, à necessidade de inclusão de estratégias adicionais de motivação. Conclusões: Conclui-se que as intervenções pautadas no MTT apresentam desfechos positivos no que diz respeito à mudança do comportamento alimentar. Entre os principais resultados obtidos com as intervenções analisadas estão: redução de peso corporal e do índice de massa corporal, redução do consumo de alimentos ricos em gorduras, aumento das porções de frutas, vegetais e hortaliças consumidas e ainda, melhora em relação ao comportamento alimentar compulsivo. Verificou-se também que uma das principais vantagens da utilização do MTT é a personalização da intervenção para cada participante de acordo com seu estado de prontidão para a mudança comportamental. Referências ARNAIZ, Maria I. G. La transformación de la cultura alimentaria en la Catalunya urbana (1960-1990): Trabajos, saberes e imágenes femeninas [tesis]. Universitat Rovira i Virgili, septiembre de 1994. BERTOLIN, Maria N. T. A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o impacto de uma intervenção nutricional com materiais educativos baseados no Modelo Transteórico entre escolares em Brasília - DF. 2010. Tese (Doutorado em Nutrição) - Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. BOFF, Raquel de M. Efeito de uma intervenção interdisciplinar baseada no modelo transteórico de mudança de comportamento em adolescentes com sobrepeso ou obesidade. 2017. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2017. BOFF, Raquel de M. et al. O Modelo Transteórico para Auxiliar Adolescentes Obesos a Modificar Estilo de Vida. Trends in Psychology [online]. 2018, v. 26, n. 2, p. 1055-1067. CHAVES, Eliane C.; OYAMA, Silvia M. R. Modelo de intervenção telefônica na sensibilização de mudança do padrão alimentar. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, v. 23, n. 2, p. 136-143, 2010. DE MENEZES, Mariana C. Evolução dos estágios de mudança e do estado nutricional de mulheres mediante intervenção nutricional pautada no modelo transteórico para consumo de óleos e gorduras. Dissertação (Mestrado): Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Enfermagem. Belo Horizonte: 2012. FILGUEIRAS, Andrea R.; SAWAYA, Ana L. Intervenção multidisciplinar e motivacional para tratamento de adolescentes obesos brasileiros de baixa renda: Estudo piloto. Revista Paulista de Pediatria [online]. 2018, v. 36, n. 02, pp. 186-191. FREITAS, Patrícia P. de. Impacto de intervenção nutricional, pautada no modelo transteórico para controle de peso, na atenção primária: ensaio clínico controlado randomizado. Dissertação (Mestrado): Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Enfermagem. Belo Horizonte: 2015. LIU, Kien T. et al. Application of Transtheoretical Model on Behavioral Changes, and Amount of Physical Activity Among University’s Students. Front. Psychol. v. 9, 2018. LUZ, Cássia R.; SALOMON, Ana L. R.; FORTES, Renata C. Efeitos da Educação Alimentar e Nutricional sobre qualidade da dieta e comportamento alimentar de idosos. Comunicação em Ciências da Saúde, Brasília, v. 32, n. 01, 2021. MENDONÇA, Raquel de D. Efetividade da promoção do consumo de frutas e hortaliças no Programa da Saúde. 2016. Tese (Doutorado) - Escola de Enfermagem, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2016. PROCHASKA, James O.; DICLEMENTE, Carlo C.; NORCROSS, John C. In search of how people change: Applications to addictive behaviors. American Psychologist. 1992. v. 47, n. 9, p. 1102–1114. TORAL, Natacha; SLATER, Betzabeth. Abordagem do modelo transteórico no comportamento alimentar. Ciência & Saúde Coletiva. 2007, v. 12, n. 6, p. 1641-1650.
Título do Evento
3º CONIGRAN - Congresso Integrado UNIGRAN Capital 2022
Cidade do Evento
Campo Grande
Título dos Anais do Evento
Anais do 3º CONIGRAN - Congresso Integrado da UNIGRAN Capital 2022.
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

PEZZI, Juliana Maria Antenor dos Santos et al.. INTERVENÇÕES PAUTADAS NO MODELO TRANSTEÓRICO PARA MUDANÇA DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR.. In: Anais do 3º CONIGRAN - Congresso Integrado da UNIGRAN Capital 2022.. Anais...Campo Grande(MS) Rua Abrão Júlio Rahe, 325, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conigran2022/501516-INTERVENCOES-PAUTADAS-NO-MODELO-TRANSTEORICO-PARA-MUDANCA-DO-COMPORTAMENTO-ALIMENTAR. Acesso em: 21/05/2025

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