O DIAGNÓSTICO DE CÂNCER: UMA DISCUSSÃO SOBRE OS ASPECTOS PSICOLÓGICOS.

Publicado em 03/01/2023 - ISBN: 978-85-5722-522-0

Título do Trabalho
O DIAGNÓSTICO DE CÂNCER: UMA DISCUSSÃO SOBRE OS ASPECTOS PSICOLÓGICOS.
Autores
  • Márcia Andréia Lescano Ibanes
  • Elaine Cristina da Fonseca C. Pettengill
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Psicologia
Data de Publicação
03/01/2023
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/conigran2022/498166-o-diagnostico-de-cancer--uma-discussao-sobre-os-aspectos-psicologicos
ISBN
978-85-5722-522-0
Palavras-Chave
Palavras-chave: Câncer. Sofrimento. Aspectos Psicológicos. Qualidade de Vida.
Resumo
Marcia Andreia Lescano Ibanes – marcia_ibanes@hotmail.com Prof.ª Mestre Elaine Cristina Da Fonseca C. Pettengill - elaine.pettengill@unigran.br O DIAGNÓSTICO DE CÂNCER: Uma discussão sobre os aspectos psicológicos INTRODUÇÃO: O câncer é considerado a segunda maior causa de óbitos no Brasil, e, por sua tendência de crescimento nos últimos anos, tornou-se uma questão de saúde pública (BRASIL, 2020). O aumento crescente no número de casos de câncer nos últimos anos justifica o presente estudo, uma quantidade de 522.212 a aproximadamente 260.000 mortes por ano no Brasil. Conforme Diehl e Tavares (2019), a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, em 2030, pode-se esperar 21,4 milhões de novos casos de câncer e 13,2 milhões de mortes pela doença no mundo. Ao receber o diagnóstico do câncer o paciente oncológico passa pela percepção da finitude da vida, onde se torna muito presente mitos e fantasias em torno da doença e do tratamento. De acordo com Farinhas, Wendling e Dellazzana-zanon (2013), ao comparar a reação do paciente com diagnóstico de câncer com pacientes de outros diagnósticos, sabe-se que o paciente de câncer demonstra impactar-se emocionalmente em razão do medo da dor, do sofrimento, da morte e fantasias em torno do tratamento. Diante do diagnóstico, a família e o paciente passam por diversas experiências e situações que não faziam parte do seu cotidiano até então, fazendo consultas, passando por especialistas e realizando diversos exames, aspectos geradores de um grande desequilíbrio e alterações que acabam por afetar diretamente o comportamento da família nos processos diferentes das fases evolutivas da doença (DIOSSENA; ZACHARIAS, 2017). Este processo atinge diretamente a qualidade de vida não somente do paciente em tratamento, mas também da família pois desenvolvem-se vários sentimentos que são manifestados de formas diversas sendo sentimentos de raiva e revolta, descrença e até mesmo negação, produzindo adaptações na relação dos membros da família, resgatando sentimentos que até então não eram expostos antes do processo de adoecimento (DIOSSENA; ZACHARIAS, 2017). OBJETIVO: discutir sobre o impacto psicológico do diagnóstico de câncer. METODOLOGIA: Trata-se de pesquisa de revisão bibliográfica, com buscas nos principais indexadores e bases de dados científicos: Scielo (Scientific Electronic Library), Pepsic (Portal de Periódicos Eletrônicos de Psicologia) e PubMed. Os descritores utilizados foram: “Câncer”, “aspectos psicológicos” e “qualidade de vida”. Como critérios de inclusão, foram utilizadas 10 publicações, entre essas 6 artigos e 4 livros que corresponderam ao período de publicação dos últimos 10 anos e que apresentaram informações acerca dos impactos psicológicos que acometem pacientes oncológicos. Os estudos que não corresponderam aos critérios apresentados foram excluídos, totalizando 12 publicações, entre esses 10 artigos, 1 livro e 1 TCC. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Frente o diagnóstico de câncer, Aguiar (2019) refere que o paciente experimenta o luto relacionado a diversas perdas, como a perda das expectativas e projetos de vida que deverão ser temporariamente interrompidos, adiamento na realização de alguns sonhos, mudança na percepção que tinha de si mesmo, como no caso do câncer que é diagnosticado numa fase da vida em que o sujeito necessita da afirmação de suas capacidades, força e até de seus atributos físicos para sentir-se seguro quanto à sua autoestima, sua identidade e autoconceito, como a adolescência (ERIKSON, 1950-1982). Por outro lado, o diagnóstico de câncer pode ser percebido por alguns sujeitos como uma oportunidade transformadora, de crescimento psicológico, lidando com esse diagnóstico de forma a manter o otimismo, concentrando-se na busca por alternativas de melhor solucionar o quadro em que se encontra, buscando informações sobre a patologia e colaborando com considerável disposição com a equipe médica que os acompanham (DOSSENA E ZACHARIAS, 2017). A prática da religiosidade pode funcionar como um fator de proteção à saúde mental diante de intenso estresse emocional, doença física, a possibilidade da morte e as experiências de luto (SILVA, 2020). É possível, mesmo tendo superado a doença e não havendo mais risco de morte, que o paciente tenha que conviver por vários anos adotando todos os cuidados para a estabilização ou controle da doença, levando-o a perceber o câncer como uma doença crônica e que tende a gerar prejuízos à sua qualidade de vida em razão dos medos e preocupação com uma recidiva. (AGUIAR, 2019). Em pesquisa realizada com mulheres que obtiveram o diagnóstico de câncer de mama e com o objetivo de compreender os efeitos psicológicos do tratamento oncológico, Silveira et al. (2021) identificaram alterações emocionais como ansiedade, preocupação, irritabilidade e depressão. A dor é uma experiência muito presente na vida de grande parcela dos pacientes de câncer (30% a 40% dos pacientes), e 70% a 80% vão sofrer de dores moderadas a intensas em estágios avançados da doença, conforme Tavares e Diehl (2019). O fenômeno da dor tem sido compreendido como uma experiência que afeta não apenas o corpo, mas também o bem-estar psicológico e a subjetividade dos pacientes (TAVRARES; DIEHL, 2019). Neste processo, que pode por muitas vezes ser longo, tanto o paciente quanto a família, precisam estar amparados por profissionais qualificados, sensíveis, treinados e com o emocional disponível para estar ao lado oferecendo o suporte necessário. (TAVRARES; DIEHL, 2019). O sofrimento psicológico relacionado ao diagnóstico de câncer é difuso e mal delineado, ocasionando muitas das vezes Incômodo físico, emocional, social e financeiro, este desconforto é tanto para o paciente quanto para os seus familiares, assim comprometendo a qualidade de vida do doente e de seus cuidadores (TAVRARES; DIEHL, 2019). Não obstante ao diagnóstico do paciente, está o impacto referente à sua família pois, não é somente o paciente que pode por sua vez desenvolver ansiedade e medo frente ao diagnóstico do câncer, pois sua família também é impactada e pode vir a sofrer sérias mudanças de comportamento em razão por exemplo do uso de estratégias psíquicas desadaptativas diante desta experiência, como a projeção da raiva (adotando uma postura de revolta contra a doença, contra os profissionais da saúde, contra o sistema público de saúde) ou a negação dos riscos aos quais o paciente está suscetível em razão da doença. A projeção e a negação como mecanismos de defesa do ego diante de ameaças à sua integridade, foram descritos por Melanie Klein em seus estudos (SEGAL, 1975). O papel do psicólogo é ajudar o paciente oncológico na compreensão do momento presente. O paciente que é acompanhado em psicoterapia tem uma melhora na sua qualidade de vida, pois desenvolve recursos psicológicos para lidar com as angustias relacionadas ao quadro, ao tratamento e todas as mudanças que estão acontecendo em sua vida em razão da doença. Assim, podemos compreender que muitas atitudes positivas podem ser assumidas tanto pelo paciente como por sua família quando é possível intervenções psicológicas no processo de tratamento do câncer, como maior envolvimento e intimidade dos familiares com o paciente, reorganização da dinâmica familiar para uma interação mais harmônica e equilibrada, em termos de parcerias, apoio e suporte psicológico entre seus integrantes, maior disponibilidade psicológica para o adequado enfrentamento de problemas, contribuindo dessa forma para um ambiente mais confortável emocionalmente ao paciente. A psicoterapia individual visa promover o contato do paciente com suas fantasias, medos, ansiedades, sentimentos e emoções que não consegue lidar, favorecendo o seu ajustamento e bem-estar (FARINHAS; WENDLING; ZANON, 2013). CONSIDERAÇÕES FINAIS: Diante dos altos índices de novos casos de câncer e as possíveis mortes ao longo dos próximos anos relacionadas a este quadro clínico, estudos voltados à compreensão e discussão sobre as ansiedades, fantasias e estratégias psicológicas adotadas para lidar com seus medos e os diferentes lutos experimentados pelo paciente e seus familiares, são cada vez mais necessários e de grande contribuição para os profissionais da saúde e a sociedade como um todo. Os resultados desta pesquisa mostram que, frente o diagnóstico de câncer, o paciente fica impactado emocionalmente e experimenta diferentes tipos de sentimentos como o medo de sofrer e de morrer, com inúmeros pensamentos que geram por sua vez ansiedades que vão por si só comprometer seu bem-estar e sua qualidade de vida. Os pensamentos giram em torno de como será a vida a partir desse diagnóstico, os possíveis desafios e sofrimentos que vai precisar enfrentar ao longo do tratamento, a repercussão que tudo isto terá sobre sua família, preocupações com sua condição financeira, se pode vir a falecer, entre outros anseios. Neste momento de sua vida, o paciente de câncer vai precisar de um espaço para a manifestação e organização de seus sentimentos, de modo que esta experiência que causa tantas inseguranças, possa ser melhor enfrentada e assimilada, protegendo-o assim de psicopatologias que venham a ocorrer em comorbidade com o câncer. Este espaço para o contato com os próprios sentimentos e ansiedades, nem sempre pode ser encontrado no ambiente familiar, tendo em vista que a família também fica sensibilizada emocionalmente com o diagnóstico do paciente, com dificuldades para administrar as próprias angústias e medos relacionados a este diagnóstico, e assim não consegue oferecer ao paciente o suporte psicológico que ele está precisando. Dessa forma, torna-se imprescindível o acompanhamento de um psicólogo para auxiliar o paciente e a família no enfrentamento desta experiência e no estabelecimento de estratégias psíquicas que promovam o ajustamento e o bem-estar. Palavras-chave: Câncer. Sofrimento. Aspectos Psicológicos. Qualidade de Vida. Referências: AGUIAR, M. A. F.; GOMES, P. A.; ULRICH, R. A.; MATUANI, S. B. (Org.) Psico-oncologia: caminhos de cuidado. Summus editorial, São Paulo, 1 ed., 2019. AGUIAR, M. A. F. Psico-oncologia: assistência humanizada e qualidade de vida. Em: AGUIAR, M. A. F.; GOMES, P. 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Título do Evento
3º CONIGRAN - Congresso Integrado UNIGRAN Capital 2022
Cidade do Evento
Campo Grande
Título dos Anais do Evento
Anais do 3º CONIGRAN - Congresso Integrado da UNIGRAN Capital 2022.
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

IBANES, Márcia Andréia Lescano; PETTENGILL, Elaine Cristina da Fonseca C.. O DIAGNÓSTICO DE CÂNCER: UMA DISCUSSÃO SOBRE OS ASPECTOS PSICOLÓGICOS... In: Anais do 3º CONIGRAN - Congresso Integrado da UNIGRAN Capital 2022.. Anais...Campo Grande(MS) Rua Abrão Júlio Rahe, 325, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conigran2022/498166-O-DIAGNOSTICO-DE-CANCER--UMA-DISCUSSAO-SOBRE-OS-ASPECTOS-PSICOLOGICOS. Acesso em: 03/07/2025

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