CONSEQUÊNCIAS DECORRENTES DO USO DE FÁRMACOS ANOREXÍGENOS COMO CONTROLE DA OBESIDADE

Publicado em 03/01/2023 - ISBN: 978-85-5722-522-0

Título do Trabalho
CONSEQUÊNCIAS DECORRENTES DO USO DE FÁRMACOS ANOREXÍGENOS COMO CONTROLE DA OBESIDADE
Autores
  • Anna Paula De Melo Alencar Lima
  • Murillo Penze Cardoso
  • Mirian Benito
  • Jeniffer Michelline de Oliveira Custódio
  • Janaina Michelle Oliveira do Nascimento
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Nutrição
Data de Publicação
03/01/2023
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/conigran2022/497898-consequencias-decorrentes-do-uso-de-farmacos--anorexigenos-como-controle-da-obesidade
ISBN
978-85-5722-522-0
Palavras-Chave
Obesidade, Fármacos anti-obesidade, Anorexígenos, Inibidores de Apetite e Redução de Peso.
Resumo
Já não é segredo que o alarmante crescimento do sobrepeso e obesidade a nível mundial, promovidos pela inatividade física e/ou sedentarismo e alimentação desequilibrada e inadequada tornou-se motivos de imensa preocupação. Mudanças no comportamento alimentar, que interpreta como saudáveis substâncias alimentícias ultraprocessadas e com valores bem expressivos de calorias, gorduras, açúcares e aditivos químicos, que leva os indivíduos a equivocada ideia de estarem consumindo algo nutritivo, prático e de rápido preparo, sem considerar que tais produtos estão longe de serem alimentos saudáveis e que podem propiciar prejuízos a saúde e seu consumo constante são uns dos fatores responsáveis por este aumento expressivo no índice de obesidade considerada atualmente como epidemia que afeta tanto nações desenvolvidas ou em desenvolvimento, atingindo, crianças, adultos e idosos, ricos e pobres, de ambos os gêneros (FERREIRA; GOMES, 2009), e precursora do aumento e agravamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) como hipertensão, diabetes, doenças coronárias e outras. Estima-se que na Europa 10 a 25% da população esteja obesa e nos estados Unidos esta prevalência sobe para quase 30%. No Brasil, cerca de 40% dos adultos estão acima do peso e 10% são obesos de fato. Assim, a obesidade tornou-se um problema de saúde pública mundial, superando a desnutrição e as doenças infecciosas (SILVA et al., 2017). Nos últimos anos, observou-se que o enfrentamento e implementação de medidas preventivas para o controle da obesidade vêm ganhando apoio de órgãos nacionais e internacionais (CAISAN, 2014). Assim, em 2011 o governo brasileiro, por intermédio da Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (CAISAN), instituiu um comitê intersetorial com apoio do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA) e da Organização Pan Americana de Saúde/ Organização Mundial de Saúde para debater ações de prevenções e combate a obesidade. O objetivo ao tratar um indivíduo acometido de obesidade é proporcionar-lhe melhor qualidade de vida com foco direcionado na obtenção da boa saúde, propiciando-lhe assim a redução dos riscos de doenças relacionados à obesidade, que poderá levar o obeso a morte (PAUMGARTTEN, 2011). O enfrentamento da obesidade proposto pelas estratégias governamentais deverá oferecer um acompanhamento com equipe multidisciplinar, para que o indivíduo seja acompanhado por diversos profissionais e não cometa nenhum ato que possa ser considerado abusivo esperando que resultados imediatos ocorram, pois na incansável busca para se conquistar o que recebeu a denominação de “corpo perfeito” e sair da condição de sobrepeso ou obesidade muitas pessoas fazem sacrifícios quase que inimagináveis sem atentar-se ao principal que é a qualidade da saúde, e sem considerar que para haver uma real e definitiva inversão desta condição, mudanças nos hábitos de vida deverão fazer parte de sua rotina diária tais como alimentação mais equilibrada e saudável e a prática de atividades físicas (CAISAN, 2014). Somado as dietas da moda, o uso de fármacos conhecidos com anorexígenos vem aumentando consideravelmente ao longo dos anos no mundo. E de acordo com o relatório divulgado pela Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (JIFE), órgão subordinado a Organização Mundial de Saúde (OMS), só no Brasil o uso dessa classe farmacológica aumentou em 500% desde 1998 (FELTRIN et al. 2009). O uso desta ferramenta para o controle da obesidade apresenta-se como uma promessa de resultados fáceis e rápido, porém, diferentemente da intervenção nutricional e do exercício físico os usos dos fármacos anorexígenos podem trazer como efeitos colaterais consequências ainda mais relevantes que a própria obesidade. Assim, em face do exposto este trabalho teve como objetivo descrever com base na literatura cientifica as consequências do uso dos fármacos anorexígenos autorizados no Brasil para o controle da obesidade. METODOLOGIA: Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, do tipo revisão integrativa da literatura. Este método de pesquisa permite a incorporação de evidências experimental e não experimental, de modo a integrar os resultados. Para guiar a revisão integrativa, formulou-se a seguinte questão norteadora: O uso de anorexígenos como controle da obesidade é um tratamento seguro? Quais seriam as possíveis consequências do seu uso? Para seleção dos artigos foram utilizados os seguintes descritores: Obesidade; Fármacos anti-obesidade; Anorexígenos; Inibidores de Apetite e Redução de Peso. Os critérios de inclusão utilizados neste estudo foram: artigos indexados na base de dados Literatura Latino-Americana em Ciências de Saúde (LILACS), na Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e no Google Acadêmico e disponibilizados no idioma português, sem limite de tempo. Serão excluídos os artigos que não atenderem os critérios de inclusão e os que não apresentarem a sua versão completa. O levantamento bibliográfico foi realizado entre agosto e setembro de 2021 e análises foram desenvolvidas no período de setembro a outubro de 2021. Por se tratar de uma revisão de literatura, não necessitou da aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Considerando todos critérios de inclusão e exclusão foram encontrados 11 artigos que compuseram de forma satisfatória os resultados desta pesquisa. A abordagem de tratamento farmacológico como controle da obesidade encontra-se em constante evolução, todavia, sua eficácia sempre esteve em incessante julgamento motivado pelo fato de sua prescrição, na maioria das vezes, ser feita de forma prematura e generalizada, desacreditando as formas primárias de tratamento como exercícios físicos e nutrição adequada (MANCINI, HALPERN 2002). De acordo com Organização Mundial de Saúde (OMS) mais de 50% de todos os medicamentos são prescritos e vendidos de forma incorreta, além de que na mesma proporção os usuários também fazem seu uso de forma equivocada (WANNMACHER, 2010). Introduzidos no mercado mundial na década de 50, os anorexígenos anfepramona, mazindol e femproporex foram os primeiros fármacos aprovados para o tratamento/controle da obesidade, trazendo a simbologia de saúde, beleza, bem-estar físico, mental e comportamental. Na década de 90, foi incorporada ao grupo dos anorexígenos, a sibutramina após sua aprovação pelo Food and Drug Administration (FDA) e somente em 2008 este fármaco foi registrado no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Em 2011 os medicamentos os Anfepramona, Femproporex e Mazindol tiveram a comercialização cancelada no país (MANCINI, HALPERN 2002; MELO, OLIVEIRA 2011). Segundo Melo, Oliveira (2011) o Brasil é um dos maiores consumidores de medicamentos anfetamínicos, chegando um consumo de 23,6 toneladas anuais, o que em consumo diário seria 9,1 doses de anorexígenos por mil habitantes. Assim, fatores como uso abusivo, erros relacionados à venda sem prescrições por farmácias e internet (mercado ilegal) contribuíram para o consumo desenfreado desses fármacos. Paumgartten (2011) ressalta que o tratamento farmacológico deveria ser reservado com exclusividade para pacientes obesos cujo Índice de Massa Corporal (IMC) se encontra acima dos 30kg/m² e que não conseguiram obter bons resultados advindos de abordagens comportamentais como reeducação alimentar aliada a prática de atividades físicas anteriormente experimentadas. Em consonância, Mancini e Halpern (2002) mencionam que o tratamento com fármacos deve ser considerado um coadjuvante de uma nutrição adequada aliada a exercícios diários visto que se não houver mudança nos hábitos de vida envolvendo dieta balanceada e exercícios físicos, tão logo encerre sua administração poderá ocorrer a recuperação do peso eliminado e o aparecimento ou ressurgimento de patologias. Silva, Santana; Martins (2021) ressaltam que além dos efeitos colaterais provocados em curto prazo como irritabilidade, boca seca, ansiedade, taquicardia, inquietação, insônia e até delírios, existem ainda as consequências decorrentes do tratamento após o seu término, onde todos os efeitos imediatos como aumento da autoconfiança e da exacerbada atenção chegam ao fim, propiciando a partir de então sensações de irritabilidade e estado de nervosismo, criando um ciclo vicioso que leva o paciente a consumir estes fármacos em quantidades superiores às prescritas. O aumento da dose do medicamento inicialmente adotada poderá ocasionar consequências ainda mais severas como alucinações, midríase, retenção urinária, nefrite intersticial aguda, trombocitopenia hepática entre outras podendo levar o paciente a morte (CLORIDRATO DE SIBUTRAMINA [BULA], 2011; SILVA, SANTANA, MARTINS, 2021). A ocorrência da automedicação e o consumo abusivo dos fármacos anoréxicos gera uma grande discussão com intuito de criar mecanismos de controle na fabricação, comercialização e prescrição desses medicamentos (FORTES, GUIMARÃES, HAACK, 2015), visto que, as escolhas das condutas clínicas assim como o correto uso de medicamentos impactam diretamente nos resultados obtidos. Dessa forma o sucesso do tratamento terapêutico dependerá dos procedimentos adotados pelo profissional e do uso criteriosamente correto pelo usuário (WANNMACHER, 2010). Infelizmente, sabe-se que o uso de fármacos emagrecedores também acontece fora do contexto clinico, de forma clandestina e não entram nas estatísticas, neste tipo de consumo esses medicamentos são utilizados para uso recreativo e para fins estéticos (SILVA, SANTANA e MARTINS, 2021). Esses fármacos quando usados sem prescrição médica e voltados para fins que não seja o emagrecimento, produzem efeitos que em um primeiro momento podem parecer benéficos, como a sensação de aumento da força física e o aumento do estado de alerta, porém o consumo destes fármacos apresenta diversos efeitos colaterais, podendo causar vício, quadro que se agrava há medida em que a automedicação se torna indiscriminada (MELO, OLIVEIRA, 2011, apud SILVA, SANTANA, MARTINS, 2021). Diversos estudos revelam que tratamento farmacológico associado a modificações comportamentais, alimentação saudável, atividade física regular e acompanhamento psicológico, teve um resultado muito superior na perda de peso quando comparado ao tratamento utilizando fármacos anorexígenos de forma isolada (WADDEN, et al, 2005, apud OLIVEIRA, VASCONCELOS, 2012). Os pacientes que fazem uso de fármacos anorexígenos necessitam de um acompanhamento médico específico, uma vez que estes fármacos possuem ação que vai além da redução do apetite, como ação excitatória no sistema cardiovascular e no sistema nervoso central. Esse fator tem como consequência o aumento da frequência cardíaca, elevação da pressão arterial, dilatação da pupila, ação bronco dilatadora, esvaziamento da bexiga e intestinos, aumento da atenção e da autoconfiança, insônia e forte necessidade de movimento, agressividade, ansiedade, angústia, inquietude e pânico (UTRILLA, P. 2000, apud OLIVEIRA e VASCONCELOS, 2012). Somente as consequências até aqui elencadas são suficientes para que se perceba que a relação riscovsbenefício para este tipo de tratamento desfavoreça sua indicação principalmente sem um profissional orientando/coordenando (OLIVEIRA e VASCONCELOS, 2012). CONSIDERAÇÕES FINAIS: Como mecanismos de controle da obesidade constantemente nos deparamos com novidades que prometem resultados rápidos e definitivos, porém quase sempre sem embasamento científico, o que culmina em resultados superficiais, insatisfatórios e por vezes perigosas a saúde do indivíduo. As drogas apresentadas como anti-obesidade, embora apresentem resultados de certa forma satisfatórios durante seu uso, quando usadas de forma isolada não garantem avanços no controle da doença já instalada, pois seu uso não gera por vezes modificações comportamentais no estilo de vida. REFERÊNCIAS: CAISAN. Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional. Estratégia Intersetorial de Prevenção e Controle da Obesidade: Recomendações para Estados e Municípios. Brasília, DF. CLORIDRATO DE SIBUTRAMINA: [bula de medicamento] capsulas gelatinosa. Responsável técnico Dr. Ronoel Caza de Dio -. S. B. do Campo/SP: EMS S/A, 2011. Disponível em:https://www.ems.com.br/arquivos/produtos/bulas/bula_cloridrato_de_sibutramina_monoid rat ado_10787_1516.pdf. Acesso em: 11 set. 2021. FELTRIN, A. C. et al. Medicamentos Anorexígenos – Panorama da Dispensação em Farmácias Comerciais De Santa Maria (RS). Saúde, Santa Maria; 35(1):46-51, 2009. HALPERN, A.; MANCINI, M. C. O Tratamento da Obesidade no Paciente Portador de Hipertensão Arterial. Rev. Bras. Hipertens. 2000. MELO, C. M.; OLIVEIRA, D. R. O Uso de Inibidores de Apetite por Mulheres: Um Olhar a Partir da Perspectiva de Gênero. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 16, n. 5, p. 2523- 2532, 2011. OLIVEIRA, J. P.; VASCONCELOS, R. B. O Impacto dos Atos Regulatórios da Agência Nacional de Vigilância Sanitária Sobre a Dispensação de Psicotrópicos Anorexígenos. Rev. de Divulg. Cient. Sena Aires, 2012. PAUMGARTTEN, F. J. R. Tratamento Farmacológico da Obesidade: A Perspectiva da Saúde Pública. Editorial • Cad. Saúde Púb. 27 (3), 2011. SEGAL, A.; FANDIÑO, J. Indicações e Contraindicações para a Realização das Operações Bariátricas. Rev. Bras. Psiq. 24 (Supl. 3): 68-71, 2002. SILVA, R. C. N.; SANTANA, C. A.; MARTINS, T. S. Uso dos Anorexígenos, Seus Riscos e Farmacologia para o Tratamento da Obesidade. Rev. Cient. Multidisc. Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 04, Vol. 01, pp. 124-140. Abril. ISSN: 2448-0959, 2021. WANNMACHER, L. Condutas Baseadas em Evidências sobre Medicamentos Utilizados em Atenção Primária à Saúde. HÓRUS – Sistema Nacional de Gestão da Assistência Farmacêutica. 2010 WADDEN, T. A. Ensaio randomizado de modificação do estilo de vida e farmacoterapia para obesidade. N Engl J Med; 353: 2111–20, 2005.
Título do Evento
3º CONIGRAN - Congresso Integrado UNIGRAN Capital 2022
Cidade do Evento
Campo Grande
Título dos Anais do Evento
Anais do 3º CONIGRAN - Congresso Integrado da UNIGRAN Capital 2022.
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

LIMA, Anna Paula De Melo Alencar et al.. CONSEQUÊNCIAS DECORRENTES DO USO DE FÁRMACOS ANOREXÍGENOS COMO CONTROLE DA OBESIDADE.. In: Anais do 3º CONIGRAN - Congresso Integrado da UNIGRAN Capital 2022.. Anais...Campo Grande(MS) Rua Abrão Júlio Rahe, 325, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conigran2022/497898-CONSEQUENCIAS-DECORRENTES-DO-USO-DE-FARMACOS--ANOREXIGENOS-COMO-CONTROLE-DA-OBESIDADE. Acesso em: 06/05/2025

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