VALIDAÇÃO DO EQUIPAMENTO DE SUPORTE RESPIRATÓRIO EMERGENCIAL E TRANSITÓRIO DO TIPO “AMBU AUTOMATIZADO”, ATRAVÉS DO EXAME DE GASOMETRIA

Publicado em 03/01/2023 - ISBN: 978-85-5722-522-0

Título do Trabalho
VALIDAÇÃO DO EQUIPAMENTO DE SUPORTE RESPIRATÓRIO EMERGENCIAL E TRANSITÓRIO DO TIPO “AMBU AUTOMATIZADO”, ATRAVÉS DO EXAME DE GASOMETRIA
Autores
  • Andressa Ewelyn Mauro De Campos Nantes
  • SONIA APARECIDA VIANA CÂMARA
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Biomedicina
Data de Publicação
03/01/2023
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/conigran2022/495758-validacao-do-equipamento-de-suporte-respiratorio-emergencial-e-transitorio-do-tipo-ambu-automatizado-atraves-d
ISBN
978-85-5722-522-0
Palavras-Chave
“Ambu Automatizado”, Gasometria, Respiração, Ventilação Mecânica.
Resumo
VALIDAÇÃO DO EQUIPAMENTO DE SUPORTE RESPIRATÓRIO EMERGENCIAL E TRANSITÓRIO DO TIPO “AMBU AUTOMATIZADO”, ATRAVÉS DO EXAME DE GASOMETRIA NANTES, Andressa Ewelyn Mauro de Campos ¹; CÂMARA, Sonia Aparecida Viana ² Palavras-chave: “Ambu Automatizado”, Gasometria, Respiração, Ventilação Mecânica. Introdução: Ventiladores mecânicos (VM) são equipamentos de suporte à vida muito utilizados em centros de tratamento intensivo (CTI) cujo adequado funcionamento tem implicação direta na segurança e efetividade do tratamento. Por outro lado, também são fontes de risco para os pacientes no caso de mau uso ou desempenho inadequado, podendo gerar a ocorrência de eventos adversos (URIBE, 2011). Aliado a grande demanda de respiradores para atendimentos emergenciais e de transporte em setores emergenciais de hospitais e clínicas, ocorre a necessidade de os profissionais da área de saúde ficar manuseando o “ambu” durante várias horas, para não levar o paciente a óbito por dificuldade respiratória. Este procedimento manual, além de cansativo é passível de erros. A ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, emitiu a RESOLUÇÃO - RDC Nº 386, DE 15 DE MAIO DE 2020 que pela primeira vez, definiu os critérios e os procedimentos para obtenção da Anuência Excepcional para Fabricação, Comercialização e Doação de Equipamentos de Suporte Respiratório Emergencial e Transitório do tipo "Ambu Automatizado" (BRASIL, 2020). Em Campo Grande / MS, a empresa Leventronic Tecnologia e Inovação em Produtos para a Saúde, foi uma das poucas empresas do país que desenvolveu um modelo de equipamento nos moldes desta resolução, e encontra-se agora em fase final de homologação. Foi realizado laudos clínicos emitidos por dois médicos, especialistas nas áreas de anestesiologia e terapia intensiva, com experiência comprovada em terapia intensiva. Desta forma, esta pesquisa tem como objetivo comprovar a segurança e qualidade do uso do Equipamento de Suporte Respiratório Emergencial e Transitório do tipo "Ambu Automatizado", através de amostras de sangue arterial que foram coletados durante a pesquisa clínica em humanos, realizando exame de gasometria (testes do nível de saturação de oxigênio, pressão parcial do gás carbônico e pH do sangue) a cada hora de ventilação. A gasometria arterial (GA) é um exame que permite a avaliação da condição respiratória e metabólica, sendo uma das formas mais comuns de investigação clínica em casos emergenciais e de cuidados críticos. É utilizada para medir as concentrações de oxigênio e também avaliar o distúrbio do equilíbrio ácido-base, da oxigenação do sangue arterial e da ventilação alveolar. A gasometria arterial mensura os valores de potencial de hidrogênio (pH), determinando assim o grau de acidez, neutralidade ou alcalinidade do sangue; a pressão parcial de gás carbônico (PaCO2) indica a eficácia da ventilação alveolar; o oxigênio (PaO2) indica a eficácia das trocas de oxigênio entre os alvéolos e capilares pulmonares; o íon bicarbonato (HCO3), participa do processo do sistema tampão; saturação da oxi-hemoglobina (SpO2); excesso de bases (BE) indica o grau de retenção ou excreção de bases pelo organismo (FREITAS et al., 2020). Esses parâmetros sofrem variações em função de ventilação mecânica, por isso a importância dessa pesquisa, que mostrará a segurança e qualidade da respiração através do uso do equipamento de Suporte Respiratório Emergencial e Transitório do tipo "Ambu Automatizado", evitando o desenvolvimento de quadros clínicos graves de hipóxia, acidose ou alcalose, entre outros. Objetivos: Esta pesquisa teve como objetivo, validar o Equipamento de Suporte Respiratório Emergencial e Transitório do tipo "Ambu Automatizado”, através de exames de gasometria, avaliando a oxigenação adequada do paciente, assim como a excreção de gás carbônico, alterações de pH, comprovando assim os benefícios da automação. Materiais e métodos: Trata-se de uma pesquisa de campo experimental, visando analisar e validar o equipamento LEVEN67 para homologação junto a ANVISA, visando o atendimento ou não a requisitos considerados como mínimos e essenciais. A avaliação do desempenho do equipamento foi feita com testes em humanos, realizados no Pronto Socorro da Associação Beneficente de Campo Grande, área vermelha, em pacientes que necessitavam de suporte ventilatório. Foram escolhidos 4 pacientes para serem incluídos na pesquisa. Os dados coletados de cada paciente foram: idade, sexo e a causa da manutenção da ventilação mecânica. Estes pacientes foram ventilados pelo ventilador LEVEN67 durante um período máximo de 3 horas. Os sinais vitais: frequência cardíaca, saturação periférica de O2 (oxigênio), PCO2 (Concentração máxima de dióxido de carbono no final de uma respiração) e PAM (Pressão Arterial Média), foram tabelados a cada hora, juntamente com os dados da ventilação e parâmetros gasométricos. Para avaliação da ventilação, foi coletada amostra de sangue arterial para realização do exame de gasometria a cada hora de ventilação, através dos seguintes parâmetros: PaO2, PaCO2, SatO2, pH, Bicarbonato, BE (base excess). E dosado os eletrólitos Na e K e glicemia. O projeto foi submetido ao comitê de ética, na plataforma Brasil, obtendo o parecer nº 4.498.761 de acordo com a Resolução CNS Nº 466 de 12 de dezembro de 2012 e a Norma Operacional Nº 001, de setembro de 2013/CNS. Resultados: Foram selecionados quatro pacientes, dentre eles três do sexo masculino e um do sexo feminino, com idade média de 64 anos, com desvio padrão de ±11,21 anos, que aguardavam a disponibilidade de um ventilador convencional e/ou um vaga em um leito de CTI ou Centro Cirúrgico, com as seguintes patologias clínicas: Paciente 1, do sexo masculino, 53 anos, etilista crônico, bebe todos os dias há mais de 30 anos, foi diagnosticado com quadro de hipopotassemia, gastroenterocolite aguda e DHE grave (distúrbios hidroeletrolíticos). Deu entrada no hospital com insuficiência respiratória e PCR (parada cardiorrespiratória) por 28 minutos. Paciente 2, do sexo masculino, 63 anos, diagnosticado com neoplasia de comportamento incerto ou desconhecido das meninges cerebrais, meningioma de goteira olfatória e perda total da visão temporal com solicitação para risco cirúrgico. Paciente 3, do sexo feminino, 63 anos, etilista crônica, diagnosticada com quadro de mal epilético, histórico de hipotireoidismo, disfunção renal e uso diário dos medicamentos: levotiroxina 25 mcg e alopurinol 300 mg. Paciente 4, do sexo masculino, 80 anos, diagnosticado com hipertensão arterial crônica, coronariopata, síndrome cardiorrenal tipo II, FAARV (fibrilação atrial de alta resposta ventricular), pneumonia bacteriana não especificada, insuficiência hepática, IAM (infarto agudo do miocárdio), e faz uso diário dos medicamentos: anlodipina, AAS, clopidogrel, sinvastatina, metoprolol, HCTZ e metildopa. A mediana da FiO2 ideal foi de 55,3% (IQ 5%-75%). Essa FiO2 foi significativamente menor que o da FiO2 basal (74,5%). A PaO2 e PaCO2 foram significativamente menores durante a utilização da FiO2 ideal. Entretanto, nenhuma diferença signifi¬cativa foi observada em relação à SaO2. Do total de pacientes estudados, 50% apresentaram uma PaO2 menor durante a utilização da FiO2 ideal. Discussão: Na análise dos resultados e parâmetros ventilatórios, no paciente 1 foi possível notar que no início da ventilação, o paciente tinha uma perfusão com alto nível de pressão parcial de CO2 (PaCO2 de 77 mmHg) apresentando acidose respiratória, tornando-se necessário a troca dos parâmetros inicialmente configurados. Estas modificações resultaram numa melhor expelição de CO2 no sangue (PaCO2 de 77 mmHg para 64 mmHg) nas duas primeiras horas de ventilação. A avaliação do pH medido pela gasometria mostrava uma acidose respiratória nas 3 horas de ventilação devido ao quadro de hipopotassemia, gastroenterocolite aguda, DHE grave (distúrbios hidroeletrolíticos) e PCR (parada cardiorrespiratória), terminando na última hora com uma acidose respiratória compensada por uma alcalose metabólica na tentativa de equilibrar as desordens ácido-base do sangue. O paciente 2, através da análise dos resultados e parâmetros ventilatórios, foi possível avaliar que na admissão do mesmo, a gasometria da primeira hora, apresentou valores de nível de pressão parcial do oxigênio muito elevada (PO2 288 mmHg), com quadro de hiperoxia e bicarbonato acima da faixa ideal (HCO3 de 27,3 mmHg). A fim de corrigir este quadro, foi ajustado os parâmetros ventilatórios da FiO2, na tentativa de diminuir a PO2 sem prejudicar a PCO2. Diante destas alterações foi possível notar uma melhora no quadro do paciente em relação a PO2 de 288 mmHg, diminuindo para 185 mmHg, terminando na última hora de ventilação com uma alcalose mista, na tentativa de equilibrar as desordens ácido-base do sangue. Nos resultados analisados do paciente 3, foi possível verificar através da gasometria que apresentava acidose metabólica. A FiO2 foi ajustada com o objetivo de diminuir a PO2, com resultado de 154 mmHg na primeira hora de coleta, diminuindo para 124 mmHg. Garcia (2011) e Guyton (2011) demonstraram que um quadro se agrava para acidose metabólica em casos de paciente diabético descompensado com acúmulo de ácidos graxos ou em paciente com problemas renais onde há perda excessiva de bicarbonato de sódio ou um consumo excessivo dessa base. Tal fato confere com o caso clínico do paciente 3, onde foi relatado disfunção renal e uso diário de alopurinol 300 mg. Já o paciente 4, todos os parâmetros de configuração utilizados no equipamento foram aplicados a fim de auxiliar na recuperação do equilíbrio ácido-básico, porém o quadro clínico (acidose respiratória, desequilíbrio eletrolítico) e a idade avançada do paciente interferiram significativamente na resposta desejada ao equipamento. O exame da gasometria arterial indica a elevação de oxigênio, pois repercute nos níveis elevados de dióxido de carbono. Em caso de níveis menores que 25 mmHg de PaCO2 ocasionará uma vasoconstrição com predomínio nos vasos cerebrais. Convulsões, confusão e ansiedade são sintomas de hipocapnia, originando quadros psiquiátricos ou neurológicos. Tal fato sugere que as observações feitas pelos autores, estão de acordo com o quadro clínico do paciente 4, que sofria de pneumonia bacteriana não especificada e uso contínuo de medicamentos devido a outras condições crônicas de agravos a saúde. Para manter o equilíbrio de CO2 no paciente 4, a FR (frequência respiratória) foi aumentada de 13 irpm para 19 irpm, para maior mobilização de ar por minuto, e na avaliação do pH medido, notou-se uma leve melhora, de 7,20 e finalizando com 7,28. O principal achado desse estudo foi que a redução da FiO2 de 74,5% para um valor suficiente para garantir uma SpO2=98%, não alterou o padrão respiratório e não provocou alterações clínicas significativas relacionadas a hipóxia nos pacientes que utilizaram o equipamento de suporte respiratório emergencial e transitório do tipo “ambu automatizado” (LEVEN67). Entretanto, houve uma diferença significativa entre o valor da FiO2 basal e o valor da FiO2 ideal para cada paciente. A implicação clínica desses achados é a de que é possível reduzir a FiO2 sem comprometer a relação PaO2 / FiO2, assegurando as trocas gasosas. O estudo teve como limitação o numero de amostras reduzidas, o que impossibilitou a realização de uma análise estatística. Conclusão: O estudo possibilitou uma maior compreensão para avaliação do desempenho do Equipamento de Suporte Respiratório Emergencial e Transitório do tipo "Ambu Automatizado", através de amostras de sangue arterial que foram coletados durante a pesquisa clínica em humanos, realizando exames de gasometria a cada hora de ventilação, tornando-se uma ferramenta importante na elucidação diagnóstica. A avaliação do desfecho clínico mostrou que apesar do quadro clínico grave dos pacientes, a ventilação utilizada pelo equipamento LEVEN67, conseguiu melhorar significativamente os parâmetros ventilátórios, mantendo uma oxigenação adequada, comprovando os benefícios da ventilação de forma positiva e satisfatória. Referências Bibliográficas: BRASIL (a). Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). RESOLUÇÃO - RDC Nº 386, DE 15 DE MAIO DE 2020. Define os critérios e os procedimentos extraordinários e temporários para obtenção da Anuência Excepcional para Fabricação, Comercialização e Doação de Equipamentos de Suporte Respiratório Emergencial e Transitório do tipo "Ambu Automatizado". Brasília. Maio. 2020. Disponível em: https://www.in.gov.br/web/dou/-/resolucao-rdc-n-386-de-15-de-maio-de-2020-258335933. Acesso em: 13 ago. 2021. FREITAS, M. A. dos S; MELO, J. L. et al. Princípios analíticos da gasometria arterial. Revista RBAC, Fortaleza - CE, Brasil. DOI: 10.21877/2448-3877.202100898, 19 nov. 2020. Disponível em: http://www.rbac.org.br/artigos/principios-analiticos-da-gasometria-arterial/ . Acesso em: 13 ago. 2021. GARCÍA M.M. Disturbios del estado ácido-básico em el paciente crítico. Acta Med Per, v.28, n.1, p. 46-55, 2011. Acta méd. peruana [Internet], v. 28, n. 1, p. 46-55, 2011. Disponible en: http://www.scielo.org.pe/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1728-59172011000100008&lng=es. Acesso em: 04 set. 2021. GUYTON A.C, HALL J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 12ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. URIBE, J. R. L. Desempenho de ventiladores mecânicos em centros de tratamento intensivos: Considerações metrológicas. 166 f. Tese (Mestrado em Engenharia Biomédica) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: http://www.peb.ufrj.br/teses/Tese0149_2011_10_11.pdf. Acesso em: 13 ago. 2021.
Título do Evento
3º CONIGRAN - Congresso Integrado UNIGRAN Capital 2022
Cidade do Evento
Campo Grande
Título dos Anais do Evento
Anais do 3º CONIGRAN - Congresso Integrado da UNIGRAN Capital 2022.
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

NANTES, Andressa Ewelyn Mauro De Campos; CÂMARA, SONIA APARECIDA VIANA. VALIDAÇÃO DO EQUIPAMENTO DE SUPORTE RESPIRATÓRIO EMERGENCIAL E TRANSITÓRIO DO TIPO “AMBU AUTOMATIZADO”, ATRAVÉS DO EXAME DE GASOMETRIA.. In: Anais do 3º CONIGRAN - Congresso Integrado da UNIGRAN Capital 2022.. Anais...Campo Grande(MS) Rua Abrão Júlio Rahe, 325, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conigran2022/495758-VALIDACAO-DO-EQUIPAMENTO-DE-SUPORTE-RESPIRATORIO-EMERGENCIAL-E-TRANSITORIO-DO-TIPO-AMBU-AUTOMATIZADO-ATRAVES-D. Acesso em: 19/05/2025

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