AÇÃO NEUROPROTETORA DA BERBERINA EM QUADROS DE ISQUEMIA CEREBRAL

Publicado em 04/08/2021 - ISBN: 978-65-5941-292-1

Título do Trabalho
AÇÃO NEUROPROTETORA DA BERBERINA EM QUADROS DE ISQUEMIA CEREBRAL
Autores
  • João Vitor dos Santos da Silva
  • Ana Paula Stefanello da Silveira
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Biomedicina
Data de Publicação
04/08/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/conigran2021/365941-acao-neuroprotetora-da-berberina-em-quadros-de-isquemia-cerebral
ISBN
978-65-5941-292-1
Palavras-Chave
ichemia; neuroprotector; berberin.
Resumo
Introdução: A Berberina é uma molécula alcaloide muito utilizada na medicina tradicional chinesa que apresenta diversos efeitos, entre eles os antioxidantes, antimicrobianos, hipoglicemiante em doenças como a diabetes resultante da resistência à insulina, hiperlipidemia entre outros. Ela pode ser encontrada em uma variedade de plantas, em algumas, em altas concentrações como por exemplo na Berberis aquifolium, Hydrastis canadensis, Berberis aristata. Além de não alterar as aminotransferases e nem ser associada a danos hepáticos, esse alcaloide geralmente apresenta apenas sintomas gástricos leves e passageiros como efeito colateral (LIVERTOX, 2020). Além das ações citadas, a berberina tem demonstrado em estudos um efeito neuroprotetor em quadros de acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico. A isquemia é um processo caracterizado pela redução do fluxo sanguíneo a um órgão ou parte dele, geralmente ocasionada pelo bloqueio de algum vaso ou queda no fornecimento sanguíneo oferecido por ele. Essa interrupção pode ser causada por êmbolos, placas de ateroma, compressão dos vasos e por outros fatores (KUMAR et al, 2016). Dados da OMS, demonstram o acidente vascular cerebral (AVC) como sendo a segunda maior causa da morte e terceira que mais causou invalidez no mundo em 2019. O mesmo pode ser dividido em isquêmico sendo responsável por 85% dos casos no Brasil e o hemorrágico, que ocorre através de ruptura do vaso e extravasamento sanguíneo no tecido cerebral (BRASIL, 2018).Objetivo: Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo avaliar o efeito neuroprotetor da berberina em isquemia cerebral in vivo. Metodologia:Foi realizada uma busca avançada de artigos na base de dados Pubmed. foram utilizadas as palavras chave: ichemia, neuroprotector e berberin. Os critérios de inclusão listam artigos experimentais de 2012 até 2021, em inglês, tendo como critério de exclusão, artigos que contivessem esses termos, porém seu conteúdo não contribuía com o objetivo do trabalho. Resultado e discursão: Em estudo realizado por Zhao et al (2021) verificou-se o efeito da berberina contra a apoptose em uma via que se inicia com estresse do retículo endoplasmático (ERE) após isquemia-reperfusão cerebral. Essa ativação ocorre posteriormente à uma dissociação entre a proteína GRP78 e CNPY2, essa última se une à proteína PERK e então induzem eventos que culminam na apoptose celular (HONG et al, 2017). Na análise, foram usados ratos divididos em quatro grupos onde o primeiro sofreu uma falsa operação, o segundo foi tratado apenas com berberina, o terceiro teve a artéria cerebral média bloqueada e o quarto que também passou pelo mesmo procedimento do terceiro grupo, mas recebeu o tratamento com berberina. A primeira avaliação estudou os efeitos na função neurológica, onde foram realizados testes de sensibilidade, equilíbrio, reflexo e exercícios. De acordo com o seu desempenho, os animais receberam uma pontuação de 0 até 18, onde uma nota baixa significa um melhor desempenho. No final dos testes, os animais que receberam berberina se saíram melhor nos experimentos e receberam uma nota inferior à nota do grupo sem tratamento. Para avaliação da quantidade de células apoptóticas e a expressão de proteínas envolvidas no ERE, foi feita a verificação do tecido neural 24 horas após o procedimento cirúrgico, e para isso, foram utilizadas técnicas como Western Blot, imunohistoquímica e ensaios de imunofluorescência. Como resultado, foi observado que o grupo operado e tratado com berberina apresentou significativa diminuição na contagem de células apoptóticas e, na expressão das proteínas ligadas com o ERE, quando comparados com os ratos que não receberam o tratamento. Em estudo feito por Maleki et al (2017) foi avaliada a proteção anti-inflamatória da berberina após isquemia em modelo animal, e como resultado, ao compararem o grupo que sofreu apenas isquemia com os animais que além do processo isquêmico receberam berberina, foi possível visualizar através da imunohistoquímica que os níveis de IL-1B estava aumentada no grupo isquemia, enquanto que o grupo isquemia tratado com berberina, apresentou uma redução bastante visível na expressão dessa citocina. Os autores também visualizaram que a quantidade de TNF? se apresentou bem menor no grupo tratado com berberina após a isquemia quando comparado com o grupo que não recebeu o tratamento. Ainda, a IL-10, responsável por efeitos anti-inflamatórios, foi encontrada em maior abundância no grupo tratado com berberina, mas se apresentou reduzida no grupo isquêmico. Outra alteração analisada foi o edema cerebral, ele é um dos fatores que aumenta a pressão intracraniana e, com isso, podem surgir consequências graves e fatais (FILHO, 2016). Quando verificado no grupo tratado com berberina, através do conteúdo de água cerebral, fica evidente um menor acúmulo de líquido em comparação com o grupo que não recebeu o tratamento. Também foram analisados os déficits neurológicos através da observação do comportamento dos ratos, sendo atribuída uma nota de acordo com ele, onde a maior significa mais déficits. O resultado obtido mostrou que após o processo isquêmico, o grupo de animais não tratado recebeu pontuações mais altas em comparação ao grupo tratado com berberina. O trabalho de Mia Kim et al (2014) apresenta outra via em que a berberina atuou inibindo a apoptose neural em gerbilos após a isquemia. Nele os autores estudaram a via fosfoinositídeo 3-quinase (PI3K) / proteína quinase B (Akt), onde a ativação de AKT, através da PI3K, culmina no funcionamento de fatores de transcrição que expressam sinais anti apoptóticos e de divisão celular (FILHO,2016). A análise desses dois componentes, realizada através de técnica de Western Blot, deixou evidente que a expressão de p-PI3K e p-AKT foi reduzida no grupo que passou apenas pelo processo isquêmico, enquanto os animais tratados com berberina apresentaram maior quantidade dessas proteínas. A proteína antiapoptótica BCL-2 e pró-apoptótica BAX também foram avaliadas no estudo através de western Blot e ao observar os animais tratados com berberina, a presença de BCL-2 foi superior à quantidade de BAX, diferente dos gerbilos sem tratamento, onde BAX se apresentou em maior quantidade. Esses dados também foram obtidos por Xiuxiu Lv et al (2012) onde observou-se a presença de BCL-2 em cardiomiócitos após isquemia e ainda, maiores níveis de BCL-2 no grupo tratado com berberina. O oposto também pode ser observado no grupo sem tratamento sendo visível a baixa presença dessa proteína. Outro dado investigado foi o citocromo c, também avaliado por Western Blot. A presença dessa pequena proteína se mostrou aumentada no grupo sem a administração de berberina e que passou apenas pelo processo isquêmico, mas foi detectada em menores níveis nos animais que passaram pelo mesmo processo, porém receberam doses de berberina. O citocromo c (cito-c) fica retido na membrana mitocondrial e só é liberado quando proteínas como BAX se inserem na superfície dessa organela permitindo, assim, a passagem do cito-c ao citoplasma celular, onde agora ele inicia a via intrínseca da apoptose (KUMAR et al, 2016). A memória de curto prazo dos gerbils também foi alvo de estudo do trabalho, onde foram treinados 14 dias após a cirurgia para ficarem sobre uma plataforma de 2,5 cm de altura durante 2 min e quando desciam dela recebiam uma punição. O tempo que os ratos levaram para descer e colocar as patas na grade foi chamado de latência e avaliado 15 dias após a cirurgia. O resultado obtido revelou que o tempo de latência foi maior no grupo tratado com berberina quando comparado com grupo que só sofreu a isquemia, assim, a isquemia impacta na memória de curto prazo de forma negativa, enquanto a berberina ameniza os impactos causados por ela nessa forma de armazenar informação. Conclusão: Como mostrado nos estudos, a berberina apresenta efeitos anti-inflamatórios ao amenizar a expressão de citocinas pró-inflamatórias e estimular a produção de elementos anti-inflamatórios, além de também inibir vias da apoptose. Esses achados mostram que a berberina atua em diferentes vias de sinalização promovendo um efeito neuroprotetor que impede a apoptose exagerada dos neurônios e, dessa forma, atenua os efeitos que a isquemia cerebral pode trazer. Essa proteção fica mais clara em testes que analisam as consequências neurológicas pós processo isquêmico, mostrando que o tratamento com berberina reduz os déficits causados pela isquemia, e dessa forma, pode ser usada como um forte aliado na recuperação neurológica após a isquemia cerebral. Referências LIVERTOX: Clinical and Research Information on Drug-Induced Liver Injury- Berberine. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK564659/>. Acesso em: 17 maio 2021 KUMAR, V. ; ABBAS, A. K.; ASTER J. C. Robbins e Cotran Patologia: Bases Patológicas das Doenças. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. OMS, Organização Mundial da Saúde. The global health observatory: Global Health Estimates Life expectancy and leading causes of death and disability. 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Título do Evento
2º CONIGRAN - Congresso Integrado UNIGRAN Capital 2021
Título dos Anais do Evento
Anais do 2º CONIGRAN - Congresso Integrado Unigran Capital
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SILVA, João Vitor dos Santos da; SILVEIRA, Ana Paula Stefanello da. AÇÃO NEUROPROTETORA DA BERBERINA EM QUADROS DE ISQUEMIA CEREBRAL.. In: Anais do 2º CONIGRAN - Congresso Integrado Unigran Capital. Anais...Campo Grande(MS) Unigran Capital, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conigran2021/365941-ACAO-NEUROPROTETORA-DA-BERBERINA-EM-QUADROS-DE-ISQUEMIA-CEREBRAL. Acesso em: 04/06/2025

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