COMBINAÇÃO DE IMUNOTERAPIA E RADIOTERAPIA PARA TRATAMENTO DO CÂNCER

Publicado em 04/08/2021 - ISBN: 978-65-5941-292-1

Título do Trabalho
COMBINAÇÃO DE IMUNOTERAPIA E RADIOTERAPIA PARA TRATAMENTO DO CÂNCER
Autores
  • Alexandra Andrade Rosa
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Biomedicina
Data de Publicação
04/08/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/conigran2021/365937-combinacao-de-imunoterapia-e-radioterapia-para--tratamento-do-cancer
ISBN
978-65-5941-292-1
Palavras-Chave
anticorpos, câncer, imunidade, imunoterapia, radioterapia, tratamento.
Resumo
Introdução: Após a descoberta dos raios X em 1895, por Wilhelm Conrad Röntgen na Alemanha, sua utilidade clínica como meio de tratamento do câncer foi apreciada pela primeira vez. Junto com a cirurgia e a quimioterapia, a radioterapia (RT) continua sendo uma modalidade importante usada no tratamento do câncer (BASKAR et al., 2012).Nas últimas duas décadas, numerosos estudos pré-clínicos sugeriram que a eficácia da RT não se baseia apenas em seu efeito local citotóxico e antiproliferativo, mas também em sua ação sobre o sistema imunológico. Assim, a radiação ionizante, há muito conhecida por causar a morte célula localizada dentro do volume irradiado, parece capaz de induzir a regressão do tumor em áreas não irradiadas. Este fenômeno é chamado de “efeito abscopal” (BOCKEL et al., 2017).Hoje, o consenso crescente é que a combinação de RT com imunoterapia oferece uma oportunidade de aumentar as taxas de resposta abscopal, estendendo o uso da RT para o tratamento de doenças locais e metastáticas (NGWA et al., 2018). O sucesso da imunoterapia no tratamento de alguma forma de câncer encorajou muito os pesquisadores e médicos a combiná-la com outras terapias convencionais para melhorar ainda mais a eficácia. Uma dessas terapias, a radiação, é comumente usada para tratar muitos tipos de câncer, e sua combinação com a imunoterapia é considerada promissora. Espera-se que esta combinação tenha efeitos sinérgicos decorrentes do controle local e sistêmico do tumor, devido às interações únicas e intrigantes entre a radiação e o sistema imunológico (FREY et al., 2017).Objetivos: O objetivo deste trabalho será revisar na literatura os mecanismos da combinação de imunoterapia e RT para tratamento do câncer.Materiais e métodos: Trata-se de uma revisão bibliográfica, onde para tal, foram utilizadas as bases de dados online Scielo (Scientific Eletronic Library Online), Google Acadêmico e consultas em livros no período de 2010 a 2019, nas línguas portuguesa e inglesa.Resultados e discussão: À medida que os inibidores imunológicos estão se tornando tratamentos tradicionais contra o câncer, observou-se respostas inesperadas fora do campo (abscopal) em pacientes que recebem RT durante a imunoterapia. A imunoterapia baseia-se no ciclo de imunidade do câncer. Inicia-se com o sistema imune adaptativo, quando células de necrose e/ou apoptose liberam proteínas imunogênicas em uma pequena região do tumor, onde são reconhecidos como corpo estranho pelo sistema imune e são fagocitados pelas células dendríticas. Essas células ativam as respostas das células T citotóxicas específicas de tumor nos linfonodos, que voltam para o tumor e destroem as células cancerígenas. Isso faz com que novos antígenos sejam liberados e o ciclo recomeça (WALK et al., 2019).Barker e Postow, em 2014, revisaram a literatura demonstrando que dados pré-clínicos sugerem uma interação biológica entre RT e imunoterapia no tratamento do melanoma. e, portanto, a regressão da doença à distância do melanoma irradiado foi caracterizada, visualizando o “Efeito abscopal”, sugerindo ser um fenômeno imunomediado.Uma das potenciais modalidades de tratamento sistêmico do câncer é a adição de métodos imunoterapêuticos ao RT padrão, incluindo vacinas, citocinas e indutores de citocinas, transferência de células adotivas (células dendríticas, células NK, células T). Assim, efeitos biológicos induzidos por radiação no tumor poderiam tornar os tumores mais suscetíveis a respostas imuno-mediadas. A aplicação da vacina com vários adjuvantes imunoestimulatórios poderia promover a ativação de células T em direção a antígenos liberados pela RT. A introdução de novas tecnologias radioterapêuticas, como partículas de íons pesadas ou terapia de prótons, pode melhorar ainda mais os efeitos da imunoterapia (SHEVTSOV et al., 2019).Porém, é preciso se atentar para algumas formas de resistência das células a imunoterapia, Tan et al. (2020) faz um alerta sobre essa questão. Seu trabalho explica que as células tumorais podem evitar o reconhecimento e o ataque do sistema imunológico recrutando células regulatórias imunológicas, onde essas regulam negativamente a expressão do antígeno tumoral, liberam fatores inibitórios imunológicos e outros mecanismos de escape imunológico no hospedeiro, de modo a continuar e metástase. Esses mecanismos de resistência podem acontecer de várias formas, sendo elas: primária, adquirida, mecanismos externos e internos, autoneutralização das células tumorais, autoneutralização de células apresentadoras de antígeno e liberação de exossomos.Dessa forma, é válido utilizar a imunoterapia combinada à RT, pois segundo Tan et al. (2020) a imunoterapia possui diversos fatores que influenciam o sucesso da mesma. A imunidade humana, que possui relação com a genética e à microflora interna; a heterogeneidade intratumoral do antígeno tumoral, a quantidade de novos antígenos clonados, alvo de mutação de células tumorais, carga de mutação tumoral influenciam o resultado da imunoterapia; e por último temos os fatores ambientais (rotina, alimentação, uso de medicamentos etc.).Os danos no DNA que a RT provoca induzindo a apoptose, em conjunto com a fagocitose da imunoterapia, resulta em um tratamento eficaz no combate ao câncer. Feng et al. (2019) descreve em seu trabalho uma forma de imunoterapia através de pontos de verificação de fagocitose em combinação com radioterapia, onde foi observado que o CD47 interage com a trombospondina-1 (TSP-1), limitando a recuperação dos tecidos do estresse celular induzido pela exposição à radiação. Também foi observado que o bloqueio de CD47 conseguiu ser radioprotetor nas células endoteliais humanas irradiadas. Além de recrutar e contribuir para a sobrevivência das células T, a radiação contribui para a fagocitose de células tumorais por APCs. A exposição à radiação ionizante induz a translocação da CRT dentro das células tumorais do retículo endoplasmático para a membrana plasmática, atuando como um sinal para os fagócitos.A justificativa para realizar a combinação entre RT e imunoterapia é forte, no entanto, Mondini et al, (2020), afirmam que vários pontos ainda precisam ser abordados ou melhor elucidados, (a) quais são os melhores esquemas a seguir ao combinar RT com imunomoduladores; (b) como selecionar os melhores tipos de imunoterapia; (c) quais são os efeitos das imunoterapias em tecidos saudáveis; (d) quais biomarcadores são úteis para selecionar os melhores candidatos para imunoradioterapias; (e) como superar a resistência e aumentar o número de pacientes responsivos; e (f) como aumentar o número (ainda muito limitado) de respostas antitumorais sistêmicas que levam a um efetivo efeito abscopal.Conclusão A grande quantidade de dados relativos à combinação de imunomoduladores com radioterapia reflete o grande interesse da comunidade científica e médica sobre imunorradioterapia, pois os resultados apresentados demonstraram uma melhora significativa no quadro clínico do paciente, dessa forma, aumentando a qualidade de vida do paciente em tratamento. Porém, algumas situações devem ser estudadas com mais clareza para elucidar questões como algumas formas de resistência das células a imunoterapia, quais os melhores fármacos de imunoterapia para atuar em conjunto com a radioterapia, como isso influencia nos tecidos saudáveis e quais os melhores biomarcadores a serem utilizados na imunoradioterapia. Esses questionamentos devem ser melhor estudados, para que a imunoradioterapia se torne uma terapia de excelência para o tratamento de câncer.Referências Bibliográficas BARKER, C. A.; POSTOW, M. A. Combinations of radiation therapy and immunotherapy for melanoma: a review of clinical outcomes. Int J Radiat Oncol Biol Phys., v. 88, n. 5, p. 986-97, 2014. BASKAR, R. et al. Cancer and Radiation Therapy: Current Advances and Future Directions. Int J Med Sci, v. 9, n. 3, p. 193-9, 2012. BOCKEL, S. et al. Immunotherapy and radiotherapy. Cancer Radiother, v. 21, n. 3, p. 244-55, 2017. FENG, M. et al. 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Título do Evento
2º CONIGRAN - Congresso Integrado UNIGRAN Capital 2021
Título dos Anais do Evento
Anais do 2º CONIGRAN - Congresso Integrado Unigran Capital
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

ROSA, Alexandra Andrade. COMBINAÇÃO DE IMUNOTERAPIA E RADIOTERAPIA PARA TRATAMENTO DO CÂNCER.. In: Anais do 2º CONIGRAN - Congresso Integrado Unigran Capital. Anais...Campo Grande(MS) Unigran Capital, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conigran2021/365937-COMBINACAO-DE-IMUNOTERAPIA-E-RADIOTERAPIA-PARA--TRATAMENTO-DO-CANCER. Acesso em: 23/05/2025

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