A EXAUSTÃO EMOCIONAL DE MÃES DE CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA).

Publicado em 04/08/2021 - ISBN: 978-65-5941-292-1

Título do Trabalho
A EXAUSTÃO EMOCIONAL DE MÃES DE CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA).
Autores
  • Tainá Dauzaker Cespedes
  • Carlos Arturo Valiente Filho
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Psicologia
Data de Publicação
04/08/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/conigran2021/365868-a-exaustao-emocional-de-maes-de-criancas-com-transtorno-do-espectro-autista-(tea)
ISBN
978-65-5941-292-1
Palavras-Chave
Exaustão emocional, Maternidade, Autismo, Saúde Mental.
Resumo
Introdução: A maternidade se caracteriza por ser um processo de grande valor e delicadeza, o processo de uma mãe com uma criança autista tem suas particularidades bem mais explicitadas, por inúmeros motivos, que vão desde o choque com o diagnóstico, do preconceito social, sobrecarga física à desordem nas relações intrapessoais da própria figura materna, entre muitas variantes que demonstram uma notável exaustão emocional e confusão dessas mães, que por muitas vezes não possuem a atenção necessária como carecidas de bem-estar emocional, ou até mesmo sujeitas à transtornos e déficit na sua saúde mental. Para assimilar as particularidades do processo materno para com uma criança atípica, é necessário conhecer a condição posta a estas crianças, o Transtorno do Espectro Autista (TEA), segundo a Associação Americana de Psiquiatria (2014), é uma condição diagnosticada com mais frequência (quatro vezes mais vezes) no sexo masculino em comparação com o sexo feminino, e é geralmente por volta dos 12 a 24 meses onde são reconhecidos os sintomas, com ressalvas para casos mais graves que podem ser notados antes dos 12 meses de vida. O TEA é caracterizado por ser uma condição/síndrome onde existem desordens do desenvolvimento neurológio que têm impacto nas manifestações comportamentais e em muitas áreas da vida comunicativa, afetiva e social do indivíduo, manifestando-se em um repertório restrito de interesses e atividades, além de se apresentar em forma de padrões repetitivos e estereotipias. (LOPES et al., 2019). A partir das necessidades da criança com TEA, entende-se que a mãe se encontra em um contexto situacional envolto de fatores estressantes e complexos, que demonstram a sobrecarga emocional e física enfrentada por estas. Objetivo: Pretende-se, portanto, identificar as condições emocionais que as mães de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) estão submetidas durante a vida cotidiana da maternidade para com um filho atípico, e como estas condições se expressam em determinados sentimentos e emoções que podem demonstrar uma exaustão emocional, sustentando as especificidades do percurso de cada mãe desde o diagnóstico a adaptação de sua rotina e sua organização mental, procurando entender os processos que levam à hipóteses que justificam porque essas mães são expostas a uma vulnerabilidade ao adoecimento físico e emocional (SILVA; RIBEIRO, 2012). Metodologia: Para tanto, foi realizada uma revisão narrativa de literatura por meio de buscas em bibliotecas virtuais e bases de dados (Scielo, Lilacs, Pepsci e BVS-Psi), com materiais datados do ano de 2008 ao atual ano 2021. Resultados e Discussão: Para situar o processo destas mães, é necessário entender o cenário da maternidade desde o período de gestação, onde nota-se a criação de muitas expectativas e um panorama simbólico de como o filho será, onde então surgem novos sentimentos e fantasias, principalmente quando se fala da primeira experiência gestacional da mãe, como exemplificado por Smeha e Cezar (2011). Com o nascimento do filho e o atraso no desenvolvimento, conforme vai sendo percebido, entra em confronto com as características e identificações que se espera desta criança, sendo assim, estas mães demonstram sentimentos de frustação e decepção, como evidenciado por Constantinidis, Silva e Ribeiro (2018). O nascimento de um filho é responsável por modificar a vida de um casal, em especial a vida da mãe, já que esta é afetada por vários fatores individuais e/ou ambientais, sendo o apoio, em principal do pai da criança um auxilio considerável para lidar com esta experiência (RAPOPORT; PICCININI, 2006), por isso é preciso afirmar que a parentalidade da mãe apresenta uma ainda maior dificuldade quanto à uma configuração monoparental, assim como apresentada por Ferreira e Smeha (2018), onde se propõe uma jornada dupla de trabalho, logo, muitas se sentem sobrecarregadas por possuírem a necessidade de prover o sustento financeiro e utilizar o tempo disponível para a atenção do cuidado singular que o filho com TEA demanda. Além dos fatores prévios ao nascimento da criança e a configuração da parentalidade exercida, leva-se em conta o processo de aceitar o diagnóstico do filho, salientado pelas entrevistas de Silva e Ribeiro (2012), demonstra-se que estas mães se contradiziam em momentos que afirmam e em outros negam que o filho é autista, também é exposto que procuram consultar muitos médicos na tentativa de ouvir que seu filho não possui autismo, pois acreditam que o diagnóstico é errôneo. Ademais, como citado, as particularidades do diagnóstico determinam um cuidado específico, e as dificuldades que a criança expressa são variadas, entre elas, a notada de forma significativa pelas mães é a da dificuldade de comunicação, onde muitas dessas crianças não fazem o uso da fala e quando o fazem apresentam-na com anormalidades. Rodrigues, Fonseca e Silva (2008) explanam que essa dificuldade demonstra prejuízos na sociabilidade, e para além, há um déficit social onde um prejuízo no reconhecimento e uso das emoções se faz presente, características essas que as mães notam de forma significativa, assim como essas características se apresentam como um desafio para as mães, como predito por Ferreira e Smeha (2018), o preconceito se mostra como uma questão que preocupa estas mães, pois se sentem expostas, já que os comportamentos imprevisíveis dos filhos podem acarretar julgamentos sobre como estas exercem sua maternidade. Em sua pesquisa, Aguiar e Pondé (2019) fizeram um apanhado de importantes fatores onde a vida da mãe pode ser afetada, em primeira instância é citado o impacto direto à saúde mental, quando estas mães apresentam ideações suicidas e homicidas, em conjunto a uma tristeza que beira a depressão, relatam que sentem-se sobrecarregadas, com tempo escasso para autocuidado e cuidado com sua saúde, em questão ao tempo passam em sua maioria cuidando do filho autista, não tendo tempo para outras atividades, tanto em sua rotina habitual, em quesitos de trabalho, quanto em planos acadêmicos, já que não há com quem deixar o cuidado do filho, sendo comprometido muitos elementos da vida ocupacional da mãe, as vezes mudando completamente a vida desta, também cita a esfera relacional das mães que possuem relacionamentos afetivos, é notável que possuir um filho autista pode contribuir com crises conjugais e até mesmo separação, apesar de o cônjuges possuírem algum tempo sozinhos é considerável que o espaço do casal é reduzido, é importante citar que alguns casais desistem de ter outros filhos, por medo de terem outra criança com a condição do TEA, por fim, as mães apresentam uma vida social muito afetada, por consequência de elas raramente saírem sem seus filhos, já que estes não tem com quem ficar, algumas mães relatam também, a angústia e constrangimento da discriminação da sociedade para com seus filhos. Rapoport e Piccinini (2016) discorrem sobre a importância do apoio social, como a contribuição do pai e dos avós, trazendo benefícios a curto e longo prazo em relação a maternidade, sendo auxiliadora em condições estressantes. Como considerado por Faro et al. (2019), os desafios dessas mães geram uma série de mudanças em suas vidas, notando assim, que há uma relação significativa entre o estresse e a sobrecarga, há também o fato de que mães que possuem uma família que apresenta mais suporte tendem a ter o efeito da sobrecarga mais neutralizado. Um ponto importante, e inevitável, dessa discussão é o agravamento dos impactos resultantes durante o período pandêmico a que estamos atravessando. Em estudo realizado por Chen, Chen, Li e Ren (2020), objetivou-se avaliar a saúde mental de pais de crianças com necessidades especiais, dentre elas autistas, durante o período de pandemia. Os autores identificaram que os impactos na saúde mental estão associados com o tipo de deficiência apresentado pela criança, sendo o sofrimento dos pais percebido e associado com filhos autistas. Estudo semelhante foi realizado por Althiabi (2021) na Arábia Saudita, evidenciou-se que a pandemia trouxe implicações diretas à saúde mental de pais, e em especial das mães, de crianças com autismo, dentre as quais: elevados níveis de ansiedade, depressão, perda de confiança e sentimento de inutilidade. Considerações Finais: A partir dos achados, faz-se possível identificar que pais, e em especial as mães, de crianças com autismo estão submetidas à intensa sobrecarga de estresse decorrente dos cuidados e atenção que um filho autismo demanda, resultando em impactos diretos sobre sua saúde mental, que se evidencia por elevados níveis de ansiedade, depressão, e sentimento de culpa e de inutilidade. Alerta-se para o agravamento destes impactos durante o período de pandemia, bem como a necessidade urgente do desenvolvimento de estudos em território nacional, bem como do desenvolvimento de estratégias e políticas públicas que tornem possível uma rede assistencial para auxiliar essas mães no enfrentamento dos desafios impostos por essa relação. REFERÊNCIAS AGUIAR, M. C. M.; PONDÉ, M. P. Parenting a child with autismo. J. bras. psiquiatr. v. 68, n.1, pp.42-47, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0047-2085000000223. Acesso em: 30 mai. 2021. ALTHIABI, Y. Attitude, anxiety and perceived mental health care needs among parents of children with Autism Spectrum Disorder (ASD) in Saudi Arabia during COVID-19 pandemic. Research in Developmental Disabilities, v. 11, abr. 2021, 103873. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.ridd.2021.103873. Acesso em: 26 mai. 2021. APA – Associação Americana de Psiquiatria. DSM-V: Manual Diagnóstico e estatístico de transtorno mentais. 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Título do Evento
2º CONIGRAN - Congresso Integrado UNIGRAN Capital 2021
Título dos Anais do Evento
Anais do 2º CONIGRAN - Congresso Integrado Unigran Capital
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

CESPEDES, Tainá Dauzaker; FILHO, Carlos Arturo Valiente. A EXAUSTÃO EMOCIONAL DE MÃES DE CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)... In: Anais do 2º CONIGRAN - Congresso Integrado Unigran Capital. Anais...Campo Grande(MS) Unigran Capital, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conigran2021/365868-A-EXAUSTAO-EMOCIONAL-DE-MAES-DE-CRIANCAS-COM-TRANSTORNO-DO-ESPECTRO-AUTISTA-(TEA). Acesso em: 30/06/2025

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