CORRELAÇÃO ENTRE PADRÕES ALIMENTARES E O DESENVOLVIMENTO DE ARTRITE PSORÍASICA (APS): EVIDÊNCIAS E REFLEXÕES

Publicado em 04/08/2021 - ISBN: 978-65-5941-292-1

Título do Trabalho
CORRELAÇÃO ENTRE PADRÕES ALIMENTARES E O DESENVOLVIMENTO DE ARTRITE PSORÍASICA (APS): EVIDÊNCIAS E REFLEXÕES
Autores
  • Luana Faria Silva
  • Juliana de Medeiros
  • Mariane Moreira Ramiro do Carmo
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Nutrição
Data de Publicação
04/08/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/conigran2021/365759-correlacao-entre-padroes-alimentares-e-o-desenvolvimento-de-artrite-psoriasica-(aps)--evidencias-e-reflexoes
ISBN
978-65-5941-292-1
Palavras-Chave
dieta inflamatória, obesidade, psoríase, dieta mediterrânea, estratégia nutricional
Resumo
A artrite psoríasica (APs) é uma doença imunomediada, crônica, inflamatória progressiva e destrutiva, ocorrendo em aproximadamente um terço dos pacientes com psoríase (RITCHLIN et al., 2017) ou menos frequente em casos isolados. A APs pertence ao grupo das espondiloartrite levando a acometimentos articulares com inflamação local onde os tendões e os ligamentos se fixam nos ossos (entesite) e à inflamação da coluna vertebral (espondilite) (YAMASHITA et al., 2019; BRASIL, 2021). Além de causar dores, inchaços e rigidez nas articulações, a APs aumenta substancialmente o risco de comorbidadescomo diabetes, hipertensão, obesidade, dislipidemia, doenças inflamatórias intestinais, disbiose intestinal, síndrome metabólica, uveítes (MYERS et al., 2020); PERES-CHADA e MEROLA, 2020)prejudicando a qualidade de vida e levando a consideráveis gastos com a saúde. Em adição, as inflamações inerentes à APs são mediadoras chaves para acelerar o progresso das doenças ateroscleróticas com subsequentes eventos cardíacos os quais por vezes podem ser fatais (PERES-CHADA e MEROLA, 2020). Estudos recentes mostram a relação do padrão alimentar pró-inflamatório com a causa e/ou com o prognóstico das doenças imunomediadas em geral e suas comorbidades associadas (MEYDANI et al., 2020). Dessa forma, considerando a alimentação como um fator modificável e capaz de modular os processos inflamatórios, torna-se importante conhecer a relação entre o padrão alimentar e a progressão da APs para de fato entender o papel da alimentação nesse processo na expectativa de propor estratégias nutricionais capazes de coadjuvar com a melhora dos sintomas inerentes à patologia. Assim, o objetivo do atual trabalho é identificar a relação entre o padrão alimentar com a causa e o progresso da artrite psoriásica e assim sendo, sugerir alimentos e/ou intervenções dietéticas capazes de colaborar com a melhora do processo inflamatório e com o bom prognóstico da doença. Metodologia: Foi realizada uma revisão da literatura fundamentada em artigos científicos atuais a partir de bases de dados idôneas usando as palavras chaves “psoríase” “artrite psoriásica” “psoriasis” “psoriatic arthritis” “mediterranean diet” “pro-inflammatory diet” “dietary interventions” “anti-inflammatory diet”. As consultas foram feitas nas bases de dados PubMed (via National Library of Medicine), Science Direct (Elsevier), Web of Science (CAPES) e nos comunicados da SBR (Sociedade Brasileira de Reumatologia). Como critérios de inclusão foram consideradas publicações dos últimos dez anos com informações relevantes e pertinentes ao tema. Como critérios de exclusão foram descartadas as publicações que antecedem aos dez anos e estudos sem fundamento teórico científico agregado. Resultados e Discussões: Após as buscas realizadas nas plataformas, foram selecionados 17 artigos científicos relevantes com a temática artrite psoriásica e padrão alimentar. As causas para o desenvolvimento da APs ainda permanecem indefinidas, porém, estudos apontam para a hereditariedade, para a predisposição do paciente psoríásico e para o fator ambiental (RITCHLIN et al., 2017; XIE et al., 2020). Dentre os fatores ambientais como o excesso de peso, traumas, tabagismo, estresse, depressão, uso de hormônios, entre outros, a obesidade e o sobrepeso ganha destaque sendo a principal causa exógena associada ao risco aumentado (a cerca de 6% para cada kg/m2 no IMC) de desencadear APs em pacientes já com diagnóstico de psoríase (XIE et al., 2020). Apesar de não se ter uma causa bem definida, uma explicação plausível, é a associação do estado “inflamatório” crônico e sistêmico do indivíduo obeso, com o aumento das citocinas inflamatórias fator de necrose tumoral a (TNF a), interleucinas (IL) IL-1, IL-6, IL-8, IL-17 e IL-23 e alteração no metabolismo de adipocinas, especialmente leptina e adiponectina, levando ao desenvolvimento de APs em indivíduos predispostos (MORONI, et al., 2020).Outros estudos recentes também afirmam a hipótese da obesidade e/ou sobrepeso ser o fator principal para o desenvolvimento da APs, bem como, para a gravidade da doença (BRIDGMAN et al., 2019; YAMASHITA et al., 2019). Atualmente, não há um consenso na literatura sobre o impacto do padrão alimentar e o progresso da APs, devido, principalmente, a diferença das metodologias empregadas entre os estudos, a dificuldade de avaliar e intervir nos hábitos alimentares e a diversidade entre os padrões alimentares dos pacientes com Aps (PHAN et al., 2018; RIDGMAN et al., 2019; YAMASHITA et al., 2019). Todavia, é sabido que as dietas com perfil anti-inflamatório auxiliam no bom prognóstico em doenças imunomediadas articulares como no caso da artrite reumatóide (MEYDANI et al., 2020) e na prevenção das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). A dieta com caráter anti-inflamatório melhor definida é a dieta com perfil mediterrâneo rica em fibras, frutas, verduras e legumes (FVL´s), contemplando gorduras mono e poli-insaturadas, proteínas com alto valor biológico, pescados, carboidratos integrais, alimentos in-natura e fontes de polifenóis, em detrimento aos alimentos açucarados, farináceos, gorduras saturadas e alimentos processados (BRASIL, 2020). Estudos demonstram o benefício anti-inflamatório das dietas com perfil mediterrâneo na redução de marcadores inflamatórios como a proteína C reativa circulante (PCR), IL-6, concentrações de adiponectina, implicando diretamente na diminuição do risco de patologias pró-inflamatórias como diabetes (SCHWINGSHACK, et al., 2015), cânceres (SCHWINGSHACKL e HOFFMANN, 2015), doenças ateroscleróticas (PHAN et al., 2018), entre outras. Por outro lado, o padrão inflamatório alimentar empírico baseado em alimentos (EDIP), está associado a níveis mais elevados de marcadores inflamatórios como o fator de necrose TNF- a, receptor 1 de TNF- a, Receptor 2 de TNF- a, aumento do PCR, IL-6 e adiponectina (TABUNG et al., 2018). De acordo com PHAN et al., (2018),a baixa adesão ao padrão de dieta mediterrânea tem efeitos pró-inflamatórios próximos aos observados para uma alimentação empírica levando ao aumento da chance de psoríase grave e das comorbidades associadas. Ademais, a correlação da gravidade da APs com a baixa adesão à dieta mediterrânea também tem sido relatada sugerindo o potencial benefício das propriedades anti-inflamatórias deste padrão alimentar (CASO et al., 2020). No que se refere à progressão da APs e fontes nutricionais, a APs axial compartilha de um mecanismo patogênico com DISH (Hiperostose Esquelética Idiopática Difusa) onde certos fatores, como os retinóides, podem agir nas células-troncos mesenquimais e acelerar a diferenciação e a ossificação de osteoblastos anormais da APs, agravando o quadro de hiperostose das enteses (BERTHELOT e MAUGARS, 2013; YAMASHITA et al., 2019). Essa hipótese pode ser a explicação do desenvolvimento e do agravamento da APs em Japoneses que mantêm uma dieta rica em ß-caroteno e níveis plasmáticos aumentados de vitamina A (YAMASHITA et al., 2019). Em relação às intervenções nutricionais e à progressão da APs, estudos mostram que as intervenções dietéticas são importantes coadjuvantes ao tratamento medicamentoso para adultos com APs, reduzindo a gravidade da doença. Nesse sentido, recomenda-se uma dieta com perfil mediterrâneo, perda de peso para pacientes sobrepesos e obesos, suplementação de Vitamina D, caso necessário, e dieta livre ou com teor reduzido de glúten (FORD et al., 2018). Ademais, dada a forte evidência de disbiose intestinal na APs, estratégias contemplando o uso de probióticos específicos implicam no equilíbrio da microbiota intestinal, na recuperação do intestino disbiótico, na produção de metabólitos imunomoduladores com posterior redução dos processos inflamatórios (MYERS et al., 2020), assim, possivelmente mais uma proposta para o tratamento dietoterápico de pacientes com APs. Considerações finais: Embora seja necessário estudos adicionais, o controle de peso é a principal estratégia nutricional a ser considerada para evitar o desenvolvimento e a gravidade de APs em pacientes com psoríase. Além do controle de peso, hábitos alimentares saudáveis com base no perfil de dieta mediterrânea demonstram ser estratégias promissoras para auxiliar na redução do processo inflamatório, na gravidade e prevenção do desencadeamento das comorbidades associadas implicando diretamente na melhora da qualidade de vida do paciente com artrite psoríasica. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1 BERTHELOT JM, LE GOFF B, MAUGARS Y. Pathogenesis of hyperostosis: a key role for mesenchymatous cells? Joint Bone Spine 2013; 80: 592–596. 2 BRASIL, Artrite Psoriásica, Cartilhas da Sociedade Brasileira de Reumatologia, acesso in <https://www.reumatologia.org.br/cartilhas>, dia 27.05.2021. 3 BRASIL. Sociedade Brasileira de Diabetes. DiretrizesdaSociedade Brasileira de Diabetes 2019-2020, 2020. 4 BRIDGMAN, A.C.; QURESHI, A. A.; LI, T. et al. Inflammatory dietary pattern and incident psoriasis, psoriatic arthritis, and atopic dermatitis in women: A cohort study. J Am Acad Dermatol, v. 80, n. 6, p.1682-1690, 2019 5 CASO. F.; NAVARINI, L.; CARUBB, F. Mediterranean diet and Psoriatic Arthritis activity: a multicenter cross sectional study. Rheumatology International, v. 40, p. 951–958, 2020. 6 FORD, A. R.; SIEGEL, M.; BAGEL, J. et al. Dietary Recommendations for Adults With Psoriasis or Psoriatic Arthritis From the Medical Board of the National Psoriasis Foundation A Systematic Review. JAMA Dermatol., v. 154, n. 8, p. 934-950, 2018. 7 MEYDANI, S. N.; GUO, W.; HAN, S. N.; WU, D. Nutrition and autoimmune diseases in: Present knowledge in nutrition, 11 ed. Beltsville: Academic Press, p. 549-568, 2020. 8 MYERS, N. B.; VIDHATHA, R.; STEPHANIE C.; QUINN T. A. T.; TINA B.; HSIN-WEN C.; WILSON, L. The gut microbiome in psoriasis and psoriatic arthritis Bridget. Best Practice & Research Clinical Rheumatology, v. 33, n. 6, 2019. 9 MORONI L, FARINA N, DAGNA L. Obesity and its role in the management of rheumatoid and psoriatic arthritis. Clinical Rheumatology, v. 39, p. 1039-1047, 2020. 10 PEREZ-CHADAA, L. M.; MEROLA, J. F. Comorbidities associated with psoriatic arthritis: Review and update. Clinical Immunology, v. 214, p. 9, 2020. 11 PHAN C, TOUVIER M, KESSE-GUYOT E, et al. Association between Mediterranean anti-inflammatory dietary profile and severity of psoriasis: results from the NutriNet-Sante cohort. JAMA Dermatol, v. 4, n. 9, p. 017-1024, 2018. 12 RITCHLIN C.T.; COLBERT R.A.; GLADMAN D.D. Psoriatic Arthritis. N Engl J Med, v. 09, n. 10, p. 957-970, 2017. 13 SCHWINGSHACKL, L.; HOFFMANN, G. Adherence to Mediterranean diet and risk of cancer: an updated systematic review and meta-analysis of observational studies. Cancer Med. v. 4, p. 1933-1947, 2015. 14 SCHWINGSHACKL, L.; MISSBACH B, KONIG J. et al. Adherence to a Mediterranean diet and risk of diabetes: a systematic review and meta-analysis. Public Health Nutr., v. 18, p. 1292-1299, 2015. 15 TABUNG, F. K, GIOVANNUCCI, E. L.; GIULIANINI. F. et al. An Empirical Dietary Inflammatory Pattern score is associated with circulating inflammatory biomarkers in a multi-ethnic population of post menopausa women in the United States. Journal of Nutrition, v. 148, n. 5, p. 771-780, 2018. 16 XIE, W.; HUANG, H.; DENG, X.; GAO, D.; ZHANG, Z. Modifiable Lifestyle and Environmental Factors Associated with Onset of Psoriatic Arthritis in Patients with Psoriasis: A Systematic Review and Meta-Analysis of Observational Studies, Journal of the American Academy of Dermatology, v. 84, n. 6, p. 701-711, 2020 17 YAMASHITA, H.; MORITA, T.; ITO, M. Dietary habits in Japanese patients with psoriasis and psoriatic arthritis: Low intake of meat in psoriasis and high intake of vitamin A in psoriatic arthritis. Journal of Dermatology, v. 46, n. 9, p. 759-769, 2019.
Título do Evento
2º CONIGRAN - Congresso Integrado UNIGRAN Capital 2021
Título dos Anais do Evento
Anais do 2º CONIGRAN - Congresso Integrado Unigran Capital
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SILVA, Luana Faria; MEDEIROS, Juliana de; CARMO, Mariane Moreira Ramiro do. CORRELAÇÃO ENTRE PADRÕES ALIMENTARES E O DESENVOLVIMENTO DE ARTRITE PSORÍASICA (APS): EVIDÊNCIAS E REFLEXÕES.. In: Anais do 2º CONIGRAN - Congresso Integrado Unigran Capital. Anais...Campo Grande(MS) Unigran Capital, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conigran2021/365759-CORRELACAO-ENTRE-PADROES-ALIMENTARES-E-O-DESENVOLVIMENTO-DE-ARTRITE-PSORIASICA-(APS)--EVIDENCIAS-E-REFLEXOES. Acesso em: 07/05/2025

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