"ELE NÃO BATE, MAS..." UM ESTUDO SOBRE OS MOVIMENTOS SUTIS DA VIOLÊNCIA CONTRA MULHER NOS RELACIONAMENTOS AFETIVOS

Publicado em 04/08/2021 - ISBN: 978-65-5941-292-1

Título do Trabalho
"ELE NÃO BATE, MAS..." UM ESTUDO SOBRE OS MOVIMENTOS SUTIS DA VIOLÊNCIA CONTRA MULHER NOS RELACIONAMENTOS AFETIVOS
Autores
  • Dominique Oliveira Santos
  • Iara Oliveira Meireles - DOCENTE
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Psicologia
Data de Publicação
04/08/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/conigran2021/364666-ele-nao-bate-mas-um-estudo-sobre-os-movimentos-sutis-da-violencia-contra-mulher-nos-relacionamentos-afetivo
ISBN
978-65-5941-292-1
Palavras-Chave
Violência conjugal; Violência contra mulher; Violência afetiva
Resumo
O presente estudo constitui uma reflexão crítica sobre a sutileza das violências morais e psicológicas contra mulheres em relacionamentos afetivos, e a negligencia que passam por seus traumas não apresentarem lesões físicas. Sendo realizada uma breve alusão a historicidade da mulher e aos papeis que a elas eram submetidas. A violência contra a mulher é uma endemia histórica e pouco entendida como causa e consequência dos determinantes sociais, permanecendo naturalizado pela ordem patriarcal vigente na sociedade capitalista. Este documento tem como compromisso social da pesquisa a busca da conscientização do social sobre as diversas formas de violência afetiva, que se torna velado pela sutileza das agressões verbais de forma a afetar o psicológico e moral feminino, tendo assim controle sobre seus corpos, monitorando através da dependência; seus comportamentos e gostos. Nesta relação a mesma se sente fragilizada credibilizando seu agressor que a diminui em palavras, e a menospreza em comportamentos a excluindo de meios sociais, com a desculpa de amor e proteção. É necessário compreender sua relação para que assim possamos buscar meios de amenizar os traumas sofridos, possibilitando um recomeço a este feminino. A partir das informações coletadas, vivenciar um relacionamento abusivo causa danos à saúde psicológica da mulher, traduzida principalmente por constantes estados de tristeza, medo e ansiedade. Trata-se de um estudo quantitativo, onde os autores citados possuem a abordagem social, sendo utilizada a pesquisa bibliográfica e exploratória, realizando o levantamento em artigos científicos e livros que em sua grande maioria foram encontrados nos Bancos de dados virtuais/ Biblioteca virtual em saúde, com o recorte temporal de 2010 a 2019. O levantamento foi efetuado de maneira a evidenciar a política e cultura patriarcal socialmente imposta de forma histórica, no formato qualitativo e bibliográfica. No total foram 12 artigos selecionados, sendo eles 11 na área da psicologia e 1 na área de enfermagem, compreende-se que a enfermagem tem se mostrado uma área do conhecimento que tem produzido pesquisas científicas acerca da violência contra mulher em decorrência do número de mulheres que dão entradas as unidades básicas de saúde e prontos-socorros em busca de apoio. Neste sentido, optou-se por selecionar a produção científica da enfermagem como formas de contribuição em interface com o campo da Psicologia. Os estudos foram iniciados com os artigos “Prevenção a violência no namoro e promoção de habilidades de vida em adolescentes” “Violências simbólicas entre adolescentes nas relações afetivas de namoro” e “ Violência nos relacionamentos afetivos-sexuais entre adolescentes” Estes artigos observaram efeitos da intervenção preventiva sobre o enfrentamento à violência no namoro. Pois entende-se que atuar sobre a origem da violência, já no início dos relacionamentos configure-se a melhor forma de combatê-la ou minimizá-la, visando à prevenção da violência conjugal que pode ser definida como qualquer comportamento controlador ou dominação do parceiro, por artifícios psicológicos, físicos ou sexuais, concebendo sofrimento e danos para o desenvolvimento da saúde. (Cornelius & Resseguie, 2007). Já no escrito “Violência entre parceiros íntimos/ uma analise relacional” “Violência contra mulher e o feminismo: em defesa de uma clina politica” e “Gritos do silencio: a violência psicológica no casal”. Estes estudos observaram o modo como estas conjugalidade se estabelecem e se perpetuam, estima-se que cerca de 30% das mulheres vivenciam algum tipo de violência por parte de seus companheiros (Lamoglia e Minayo, 2009; Miranda, Paula e Bordin, 2010; Vieira, Perdona e Santos, 2011). Visto que as brigas conjugais apenas são identificadas após ocorrer violência física, ao passo que a violência que não envolve lesão física permanece desconhecido nas pesquisas científicas. A dificuldade no trato do assunto parte da própria definição conceitual, que se mostra inespecífica ou carente da real dimensão fenomenológica. Segundo Miranda (2010), Cortez (2010) e Ramos (2010) chegam a definir a violência psicológica como uma sucessão de ações e de comportamentos que visam degradar ou rejeitar a maneira de ser de uma outra pessoa. A perspectiva sistêmica, considerando o contexto cultural de uma sociedade patriarcal que demarca papeis esperados para homens e mulheres, os quais prejudicam ambos, focaliza nas interações conjugais, sendo uma substituição do diálogo, buscando comunicar algo que a verbalização não dá conta. Os artigos “A permanência de mulheres em situações de violência: considerações de psicólogas” Porto(2014) “Atividade reflexiva com mulheres que sofreram violência doméstica” Ramos(2010) “Violência contra a mulher: levantamento dos casos atendidos no setor de psicologia de uma delegacia para a mulher” Zucatti(2011) “A violência doméstica a partir do discurso de mulheres agredidas” Wasserman(2013) trouxeram um padrão de considerações sobre as vivências e motivações para a permanência de algumas delas nessas situações. Propiciando uma reflexão as mulheres sobre possíveis formas de enfrentamento das relações de violência e de suas consequências, desenvolvendo mudanças na sua realidade social. Por ultimo foram utilizados os dois materiais complementares citados a cima “Concorrência de violência física e psicológica entre adolescentes namorados do recife” Barreira(2013) “Violência contra a mulher: perfil dos envolvidos em boletins de ocorrência da Lei Maria da Penha” Griebler, C. N., & Borges, J. L. (2013) tendo como objetivo estimar a prevalência de perpetuação da violência física e psicológica, a prevalência de violência física entre os adolescentes entrevistados é de 19,9%, de 82,8% para violência psicológica e de 18,9% para a concorrência de violência física e psicológica. Os adolescentes que vivenciaram violência na comunidade e em relacionamentos de mais de um ano de duração apresentaram maiores chances de assim perpetuar violência psicológica. Após a inserção de todos estes fatos de uma história de violação e posse para com o feminino observa-se que na sociedade patriarcal, a mulher sempre foi controlada pelo homem, seja em sua imagem estética, ações, e até mesmo politicamente. Sendo o homem o dominador, aquele que definiria seus costumes, vestimentas, e até mesmo os cônjuges os quais posteriormente tomariam o lugar do pai, como um senso de propriedade. Através dos traços de violência e os padrões de abuso conjugal relatados pelas vítimas, observa-se a formação de um ciclo de abuso, ciclo este que quando compreendido pode ser utilizado como principal forma para começar a uma análise e entendimento do assunto, que através deste padrão é possível pontuar os principais comportamentos do agressor. Sobre o comportamento do agressor, não está apenas nos atos violentos, mas também nas diversas chantagens, seja emocional, psicológica, material dentre outras; mas também nas diversas formas em que o mesmo irá se sujeitar a enaltecer seus comportamentos agressivos, seja dizendo que vai mudar e melhorar, ou até mesmo ameaçando tirar a própria vida se vitimizando para que não ocorra a separação. Tendo em vista que estes conhecimentos terão de estar assimilados junto a todos estes aspectos, o profissional da psicologia deve ser paciente e cauteloso, visto que este processo terapêutico não é linear, pois a mulher que vivencia uma ralação abusiva, levará tempo para assimilar o ocorrido e assim ressignificar as cicatrizes deixadas pela agressão e submissão de seu relacionamento. Cabendo ao terapeuta encontrar manobras para que estas mulheres possam se emancipar valorizando suas vozes, não se sujeitando a desvalorização e as chantagens, e principalmente comportamentos agressivos, advindos de relacionamentos afetivos estruturados de forma abusiva. Contudo, apesar de ser um problema recorrente na história da humanidade, no próprio ato de escrever este trabalho, é notória a escassez de material publicado sobre o tema; não é necessário somente conscientizar estas vítimas de violência conjugal, mas também oportunizar a elas um meio de se libertarem, aprendendo a conviver com as cicatrizes. E da mesma forma conscientizar a sociedade, para que relacionamentos abusivos com traços sutis de violência, não se tornem silenciados e caiam no esquecimento, afinal não é por que uma agressão não deixou lesões visíveis que ela deixou de ser agressão. Referências ADONAI-COSTA, L. M.; DELL'AGLIO, D. D. (2009). Mulheres em situação de violência doméstica: vitimização e copinha. 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Título do Evento
2º CONIGRAN - Congresso Integrado UNIGRAN Capital 2021
Título dos Anais do Evento
Anais do 2º CONIGRAN - Congresso Integrado Unigran Capital
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SANTOS, Dominique Oliveira; DOCENTE, Iara Oliveira Meireles -. "ELE NÃO BATE, MAS..." UM ESTUDO SOBRE OS MOVIMENTOS SUTIS DA VIOLÊNCIA CONTRA MULHER NOS RELACIONAMENTOS AFETIVOS.. In: Anais do 2º CONIGRAN - Congresso Integrado Unigran Capital. Anais...Campo Grande(MS) Unigran Capital, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conigran2021/364666-ELE-NAO-BATE-MAS-UM-ESTUDO-SOBRE-OS-MOVIMENTOS-SUTIS-DA-VIOLENCIA-CONTRA-MULHER-NOS-RELACIONAMENTOS-AFETIVO. Acesso em: 17/06/2025

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