MÉTODOS PARA IDENTIFICAÇÃO DE ADULTERAÇÃO NO AZEITE DE OLIVA NO BRASIL

Publicado em 04/08/2021 - ISBN: 978-65-5941-292-1

Título do Trabalho
MÉTODOS PARA IDENTIFICAÇÃO DE ADULTERAÇÃO NO AZEITE DE OLIVA NO BRASIL
Autores
  • Victória Maria Ramos Salomão
  • Jade Alexandra Silva Name
  • Rebeca Casa Grande Macedo
  • Andreia de Oliveira Massulo
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Biomedicina
Data de Publicação
04/08/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/conigran2021/364509-metodos-para-identificacao-de-adulteracao-no-azeite-de-oliva-no-brasil
ISBN
978-65-5941-292-1
Palavras-Chave
Olea europaea L.; Fraudes em alimentos; Legislação de alimentos.
Resumo
Introdução: No Brasil, de acordo com a Instrução Normativa 01/12 do Ministério da Agricultura (BRASIL, 2012), azeite de oliva é o produto obtido somente do fruto da oliveira (Olea europaea L.) excluído todo e qualquer óleo obtido pelo uso de solvente, por processo de reesterificação ou pela mistura com outros óleos, independentemente de suas proporções. Ou seja, o produto é obtido por processos mecânicos ou físicos, como lavagem, decantação, centrifugação e filtração, sem a utilização de solventes e /ou outros processos químicos, preservando seus valores nutricionais e sensoriais (BARROS, et al., 2018; HOMMA, 2019). A cultura do consumo do azeite de oliva e incrementação do mesmo na culinária brasileira foi incluída graças ao período de colonização e imigração europeia. Este ingrediente tem uma importância considerável pois, além de ser uma fonte para a economia, é um produto que pode proporcionar benefícios à saúde, por ser rico em ácidos graxos monoinsaturados, como o ácido oleico e baixo em saturados. Por conta disso, há diversas pesquisas e discussões para estabelecer parâmetros analíticos cada vez mais sensíveis que confirmem a qualidade do produto comercializado (GOLINELLI, et al., 2013; AUED-PIMENTEL, et al., 2017). Em consequência do aumento de seu consumo no Brasil, este produto se tornou um dos principais importados, que agrega um alto valor no produto tornando-o propenso a adulterações criminosas para fins lucrativos (HOMMA, 2019). De acordo com Valério (2015) as fraudes podem ser classificadas em três tipos: 1) fraude por alteração: relacionada às modificações operadas nos caracteres organolépticos, estado sanitário ou conteúdo nutritivo, onde o vendedor, sabendo que o produto se encontra em condições impróprias, efetua ou ordena a sua comercialização; 2) fraude por adulteração: quando o alimento é privado em forma parcial ou total, de seus elementos úteis ou característicos, substituídos ou não por outros inertes ou estranhos, adicionado de aditivos não autorizados ou submetidos a tratamento para dissimular ou ocultar alterações da qualidade de matéria-prima ou defeitos de elaboração; 3) fraude por sofisticação: variante da falsificação, a fraude ocorre com maior dose de argúcia. As fraudes em alimentos não são recentes, nem raras. No Brasil essa prática vem sendo utilizada por empresas que visam receber maiores lucros, pela utilização de ingredientes mais acessíveis ou procedimentos que procuram ocultar ou mascarar as más condições estruturais e sanitárias dos produtos. A legislação determina que o azeite de oliva não pode possuir outros óleos em sua composição (BRASIL, 2012). Ações como essa podem lesionar o consumidor, uma vez que o produto pode vir a possuir uma alteração como a adição de outros óleos alergênicos (HOMMA, 2019), além do dano físico, há também o dano material, já que foi vendido à vítima um produto fraudado. Objetivo: Realizar um levantamento bibliográfico das metodologias analíticas para identificação de fraudes do azeite de oliva, assim como citar os principais óleos utilizados para a fraude deste produto no Brasil. Metodologia: Foi realizada uma revisão bibliográfica, utilizando as bases de dados do Scientific Electronic Library Online (Scielo), Google Acadêmico e normas técnicas nacionais sobre o assunto, publicadas pelo Ministério da Agricultura e Agência Nacional de Vigilância Sanitária, utilizando as palavras-chaves azeite de oliva e fraude, considerando publicações entre os anos de 2005 a 2021, no idioma português. Resultados e Discussões:A Instrução Normativa 24/18 (BRASIL, 2018) estabelece os limites de tolerância de parâmetros físico-químicos, para a classificação do azeite de oliva em: virgem/ extra virgem, azeite e refinado, tais como: composição de ácidos graxos, composição de esteróis, estigmastadieno e diferença de EC42. O azeite de oliva extra virgem é obtido na primeira prensagem de azeitonas frescas com estado de maturação adequado, considerado de melhor qualidade e teor máximo de acidez de 0,8%. Outros azeites de oliva, com valores maiores de acidez, são classificados como azeite virgem. Há também categorias de qualidade inferior como o azeite refinado e o lampante. Muitos trabalhos realizados no Brasil e no mundo mostraram uma alta incidência de adulterações no azeite de oliva e óleos importados (AUED-PIMENTEL, et al., 2008). A adição de outros óleos vegetais de menor valor comercial é a adulteração mais comum, principalmente em azeites enlatados no Brasil (VALÉRIO, 2015). Em um estudo de revisão, foi demonstrado que entre 18 tipos diferentes de óleos, o óleo de soja foi dito como o mais utilizado nas fraudes, presente em 25% dos trabalhos avaliados, assim como óleos de girassol, milho e avelã, este, utilizado devido características químicas similares ao azeite de oliva: ácido oléico como o principal ácido graxo, o ß-sitosterol como o principal esterol e baixa quantidade de tocoferóis (HOMMA, 2019). Essas adulterações saem dos padrões de pureza determinados pelos órgãos internacionais os quais devem ser fiscalizados no Brasil (AUED-PIMENTEL, et al., 2008). Ademais, necessitam-se métodos analíticos para a identificação destas fraudes. Dentro desses, podem-se citar (a) para a adulteração em azeite de oliva com a adição de outros óleos: PCR, PCR-CE-SSCP, CG-MS com SIMCA, PLS e GA, Espectroscopia de IV, Espectrometria de massas com ionização electrospray (ESIMS) associada às técnicas quimiométricas (detecta e quantifica), RT-PCR utilizando marcadores de DNA. (b) Para identificação de óleo de soja misturado ao azeite: Espectroscopia de IV com PLS (prevê a porcentagem de óleo de soja), Espectroscopia Raman. (c) Verificação do perfil e quantidade de ácidos graxos: CG-FID com PCA (perfil), CG-FID (determinação e quantificação de ácidos graxos trans, composição de esteróis e álcoois alifáticos e estigmastadieno),HPLC-ESI-MS (triglicerídeos), PCR-CE, HPLC-ESI-Q-ToF (fase reversa em caracterização e quantificação das diferentes classes de ácidos graxos e acilgliceróis), CFS acoplada ao QToF-MS com PCA (detecta triclicerois). (d) Adulteração nos compostos: HPLC-DAD (utiliza da análise de fenólicos para detectar essa adição de novos compostos), PLS e PCA (para azeite extra virgem) (GOLINELLI, 2013; VALDERRAMA, 2014; ALVES, 2018; VALÉRIO, 2015; MODOLO, 2007; HOMMA, 2019; TONIN et al, 2018). Considerando o alto valor agregado do azeite de oliva e a importância nutricional do produto, observa-se, diante do exposto, que as metodologias para detecção de fraudes são constantemente atualizadas, empregando técnicas com maior sensibilidade na identificação de substâncias, para a caracterização do produto em atendimento à legislação vigente. Considerações finais: Com este trabalho, pode-se concluir que o azeite de oliva é um dos principais alvos de fraude alimentícia e possui adulterações que variam desde mais fáceis de detecção para mais sofisticadas, isso se dá por este possuir alto valor agregado, por conta do seu perfil de ácidos graxos considerados benéficos para a saúde. A principal adulteração vista neste trabalho foi a adição de óleos menos nobres como o óleo de soja. Foram encontradas diversas técnicas analíticas empregadas nos laboratórios, aperfeiçoadas para garantir uma boa sensibilidade. Porém, apesar de todo o avanço científico e legislativo para este assunto, a adulteração de azeite de oliva é ainda muito comum e o monitoramento deve ser constante, para garantir ao consumidor a oferta de um produto de qualidade. Referências ALVES, Junia de Oliveira et al. Espectrometria de massas com ionização electrospray (ESI-MS) e métodos quimiométricos: caracterização de azeite de oliva (extra virgem e puro) e outros óleos vegetais e quantificação de óleos adulterantes em azeite de oliva extra virgem. 2010. 80 f. Tese (Mestrado) - Curso de Química Analítica, Departamento de Química, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2010. Disponível em: <https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/SFSA-87YNTT#:~:text=Neste%20trabalho%2C%20a%20espectrometria%20de,azeite%20de%20oliva%20extra%20virgem>. Acesso em: 22 maio. 2021. AUED-PIMENTEL, Sabria et al. Determinação da diferença entre o valor real e o teórico do triglicerídeo ECN 42 para a detecção de adulteração em azeites de oliva comercializados no Brasil. Química Nova, São Paulo, v. 31, n. 1, p. 31-34, 2008. Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422008000100006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 04 abr. 2021. AUED-PIMENTEL, Sabria et al. Fraude em azeites de oliva do comércio brasileiro: avaliação pelo perfil de ácidos graxos, diferença do ECN 42 e parâmetros de qualidade. Vigilância Sanitária em Debate, São Paulo, v. 5, n. 3, p. 84-91, 2017. Disponível em: <https://visaemdebate.incqs.fiocruz.br/index.php/visaemdebate/article/view/983>. Acesso em: 03 abr. 2021. BRASIL. Instrução Normativa nº 01/2012. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Brasília, jan 2012. 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VALDERRAMA, Patrícia. Espectroscopia Uv-Vis e Método Quimiométrico na Avaliação de Adulterações e Fraudes em Azeite de Oliva Extra Virgem. REBRAPA, Curitiba, v. 5, n. 2, p. 32-40, 2014. Disponível em: <https://periodicos.utfpr.edu.br/rebrapa/article/download/3447/pdf>. Acesso em: 22 maio. 2021. VALERIO, Daniele Cerri. Desenvolvimento de método para determinar adulteração de azeite de oliva com óleo de canola por espectroscopia no infravermelho médio associada à calibração multivariada. 2015. 48 f. TCC (Graduação) - Curso de Tecnologia em Processos Químicos, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Toledo, 2015. Disponível em: <https://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/15864/2/adulteracaoazeiteoliva.pdf>. Acesso em: 04 abr. 2021.?
Título do Evento
2º CONIGRAN - Congresso Integrado UNIGRAN Capital 2021
Título dos Anais do Evento
Anais do 2º CONIGRAN - Congresso Integrado Unigran Capital
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SALOMÃO, Victória Maria Ramos et al.. MÉTODOS PARA IDENTIFICAÇÃO DE ADULTERAÇÃO NO AZEITE DE OLIVA NO BRASIL.. In: Anais do 2º CONIGRAN - Congresso Integrado Unigran Capital. Anais...Campo Grande(MS) Unigran Capital, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conigran2021/364509-METODOS-PARA-IDENTIFICACAO-DE-ADULTERACAO-NO-AZEITE-DE-OLIVA-NO-BRASIL. Acesso em: 22/05/2025

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