A MÚSICA COMO PROCESSO TERAPÊUTICO

Publicado em 04/08/2021 - ISBN: 978-65-5941-292-1

Título do Trabalho
A MÚSICA COMO PROCESSO TERAPÊUTICO
Autores
  • Raíssa Filártiga Adolfo
  • WATUCI DE OLIVEIRA DA SILVA
  • Débora Teixeira da Cruz
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Psicologia
Data de Publicação
04/08/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/conigran2021/362504-a-musica-como-processo-terapeutico
ISBN
978-65-5941-292-1
Palavras-Chave
Música e Psicologia, Musicoterapia, Desenvolvimento Humano, Memória.
Resumo
INTRODUÇÃO O tema abordado teve como objeto de estudo a música, utilizada como um processo terapêutico que é um recurso que possibilita resultados significativos durante o crescimento e desenvolvimento do ser humano. A escolha dessa temática se deu por conta da vivência musical, aplicada desde a infância no meio familiar. Observando como a música e a Psicologia podem se relacionar de forma positiva, foi que surgiu o interesse de unir essas duas vertentes, considerando o benefício e a compreensão psíquica no desenvolvimento humano. METODOLOGIA A pesquisa foi revisão bibliográfica, qualitativa e descritiva, utilizando referências publicadas entre 1992 e 2020, nas plataformas científicas como: Livros, Pepsic e Scielo. OBJETIVO Estudar como a música pode influenciar no desenvolvimento humano. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para este processo foi utilizado o filme “A Música Nunca Parou” de Jim Kohlberg (2011), baixado pela internet através do software uTorrent. O filme foi assistido seis vezes para análise dos resultados. O filme retrata a história de Gabriel Sawyer, um rapaz que desenvolveu um tumor no cérebro, após 20 anos longe de sua família. O hospital em que Gabriel se encontrava, ligou para seus pais informando-os sobre seu estado de saúde e assim eles se encontraram novamente. No decorrer do filme, apresentam-se momentos da infância e adolescência de Gabriel, na qual havia muita ligação com a música. Gabriel cresceu e montou uma banda de rock, o que fez com que seu relacionamento com seu pai piorasse. Devido aos conflitos, Gabriel resolveu sair de casa, e consequentemente, afastou-se da família. Conforme o objetivo geral deste estudo, observa-se que durante a infância existe a possibilidade de demarcar algo no desenvolvimento do ser humano. O pai de Gabriel, costumava brincar com ele fazendo um Quiz sobre música clássica, estimulando a memorização e habilidades cognitivas como: inteligência, memória e atenção. Segundo Crespi (2020), a plasticidade cerebral é a capacidade de reorganização estrutural do cérebro, preservando conexões neurais dos estímulos externos, reformulando as conexões estabelecidas pelos neurônios, com o intuito de conservar novos aprendizados e adaptá-los quando preciso. No hospital, o médico explicou aos pais de Gabriel que ele desenvolveu um tumor no cérebro, lesionando o lobo frontal, temporal posterior e o prosencéfalo, afetando o hipocampo, área que está ligada à formação de novas memórias. A memória recente de Gabriel ficou comprometida para novas informações. Segundo o médico, mesmo com a recuperação da sua função cognitiva, a memória pode não responder aos estímulos. Após a retirada do tumor, foram observadas sequelas e comprometimento das funções, como a percepção e aprendizagem de novas memórias. De acordo com Peretti (2019), a memória e a aprendizagem estão profundamente ligadas, pois é através da aprendizagem que a memória registra as informações adquiridas conforme as experiências vivenciadas. Diante disso, o ser humano busca se adaptar e mudar seu comportamento quando é submetido a novas experiências. Neste contexto, os pais de Gabriel decidiram colocá-lo em uma casa de repouso para auxiliar no seu cuidado. Certa noite, Gabriel se encontrava inquieto, sem conseguir dormir, então, uma das cuidadoras percebeu e tomou a atitude de colocar uma música em um radinho de pilhas com fones de ouvido, tentando acalmar Gabriel. Instantes depois, Gabriel começou a tocar a música no trompete, impressionando a todos, porque até o momento, ele não demonstrava melhora cognitiva. Notou-se na análise que a memória implícita estava preservada, porém de forma velada. A música serviu como estímulo para Gabriel relembrar uma habilidade aprendida. Conforme Cruz (2017), a memória de longo prazo é capaz de recordar acontecimentos passados ao longo da vida. Desse modo, a memória preservada de Gabriel se refere a memória episódica de longo prazo, pois ele teve recordações de certa habilidade (tocar trompete) que foi memorizada há muitos anos (quando tinha 7 anos). Com isso, os pais de Gabriel levaram esta notícia ao médico, que afirmou não ter notado mudanças significativas. Para o médico, seria difícil um resultado nas condições em que se encontrava, pois a recuperação de uma lesão cerebral pode levar meses ou anos, podendo nem recuperar. Em contrapartida, para a Psicologia, o trabalho de reabilitação nestes casos, não é baseado somente na melhora das funções cognitivas afetadas ou perdidas, mas sim em tudo que abrange a vida do paciente lesionado. Segundo Eickhoff et al. (2014) o objetivo do Psicólogo é auxiliar o paciente a se adequar a um novo estilo de vida de acordo com as possibilidades, buscando desenvolver novas aptidões, interesses e atividades diversificadas, com o intuito de proporcionar uma melhor qualidade de vida. Notando a alteração do comportamento de Gabriel frente a música, seu pai, Henry, foi em busca de algum estudo relacionado a música, e por meio de um artigo sobre a música e o cérebro realizado por Dianne Daley, Henry descobre a Musicoterapia. Então, Henry decidiu contratar Dianne para auxiliar Gabriel na recuperação de partes de sua memória. Logo no primeiro encontro, a musicoterapeuta utilizou a música que Henry acreditava ter sido recordada pelo filho ao tocar o trompete. Entretanto, nota-se que a reação de Gabriel ao ouvir a música foi de incômodo e inquietação, este comportamento se deu devido a insatisfação ao ouvir a música, pois não era a música recordada por ele nos dias anteriores, ou seja, devido à sua limitação cognitiva, ele expressou sua frustração através do seu comportamento. Posteriormente, Dianne descobriu que a música que Gabriel tocava no trompete, era na verdade uma música do “Beatles” que na introdução fazia referência a uma música clássica. Sabendo disso, Dianne levou o disco do “Beatles” com a música certa para Gabriel ouvir, e sua reação foi surpreendente, era como se seu estado mental fosse retomado, ele conseguiu interagir de forma saudável e empolgante, falou sobre suas bandas e músicas favoritas, relacionando-as com alguma fase de sua vida. Nesta perspectiva, percebeu-se que para Gabriel a música servia como um botão ativando suas memórias, pois quando a música tocava ele conseguia fazer associações a momentos do seu passado, como a vez em que ele perdeu o show da sua banda preferida, ou quando seus pais foram vê-lo tocar pela primeira vez, como também o dia em que ele saiu de casa após a discussão com seu pai. Todos esses momentos foram relembrados por Gabriel conforme as músicas tocadas nas sessões de musicoterapia. Diante disso, a musicoterapeuta fez uma análise de todas músicas comentadas por ele, conseguindo então, determinar especificamente a extensão da amnésia, neste sentido, as vivências recordadas com músicas dos anos 64 aos anos 70 estavam evidenciadas na memória de Gabriel, após esse período percebeu-se que a memória começou a falhar. De acordo com Santos (2016), nota-se que a associação de eventos ou fatos pessoais está diretamente relacionada ao vínculo emocional que essas lembranças trazem, pois é por meio das emoções que algo fica marcado na memória, seja uma emoção vivenciada de forma positiva ou negativa. Notou-se que perante a situação do filho, Henry optou por mudar seu comportamento como forma de estratégia, a fim de contribuir com a recuperação de Gabriel. Então, Henry fez a troca de todos os seus discos de música clássica, pelas músicas que Gabriel gostava de ouvir, e ao visitá-lo todas as manhãs, ouviam juntos diversos discos. Esse processo propiciou uma recordação dos momentos passados, firmando assim uma boa relação entre ambos. O que Henry não esperava é que essa alteração de comportamento traria resultados positivos não só para Gabriel, mas especialmente para si. Depois de entender todo o contexto da história de Gabriel, Dianne tem a ideia de utilizar um pandeiro como uma ferramenta para tentar fazê-lo memorizar um momento atual, ensinando a ele uma nova música, para posteriormente, fazê-lo relembrar sendo estimulado somente com o ritmo da batida no pandeiro. Aos poucos Gabriel foi aprendendo e obtendo resultados relevantes. Certa noite, Henry sofreu um ataque cardíaco, mas não desistiu de tentar recuperar o tempo perdido com o filho. Enquanto estava internado no hospital, Henry ouviu no rádio um sorteio de dois ingressos para o show do “The Grateful Dead", a banda preferida de Gabriel. Então, Henry ligou rapidamente, respondeu à pergunta do radialista e conquistou os ingressos, porém, era preciso que o médico de Gabriel autorizasse sua saída no dia do show, então, seus pais, juntamente com a musicoterapeuta, foram até o médico para tentar convencê-lo de como esta ação seria fundamental no tratamento de Gabriel. No fim, o médico compreendeu a iniciativa e deu a alta para Gabriel poder ir ao show com seu pai. Durante o show, eles se divertiram, Gabriel relembrou suas músicas preferidas, questionou a ausência de alguns integrantes da banda, mas seu pai explicou tudo. No fim do show, a banda tocou uma música nova, que eles nunca haviam ouvido, e então eles aprenderam e cantaram juntos a nova canção. Após o passeio, Henry deixou Gabriel de volta à casa de repouso, e ele agradeceu pelo melhor show de sua vida, emocionados se despediram e Henry foi embora. Dias depois, Henry veio a falecer e Gabriel sentiu muito a sua ausência. Em seu velório, Henry deixou como último desejo, que tocassem sua música preferida, a música que eles ouviram juntos pela primeira vez no show. Ao ouvir a música, Gabriel ficou visivelmente abalado, sua mãe sem entender, perguntou o que havia acontecido, e então, emocionado, Gabriel conta que foi junto ao seu pai, no show do “The Grateful Dead”, que eles ouviram esta canção pela primeira vez. Isto significa que Gabriel teve uma recuperação da memória recente, pois observou-se que houve uma associação positiva de uma música recentemente aprendida num momento atual de sua vida, concretizando o tratamento e tornando o processo terapêutico de extrema relevância, podendo identificar uma melhora significativa, bem-estar e qualidade de vida com a evolução de novos aprendizados. CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo permitiu constatar que a música correlaciona com o ser humano desde os tempos primórdios até o atual momento, sendo uma importante ferramenta no processo terapêutico, e de melhora da qualidade de vida durante todo o ciclo vital. Ademais, a música pode ser aplicada como estratégia para prevenir, readaptar e reabilitar pessoas, com o intuito de promover saúde e bem-estar. Conforme a pesquisa realizada, percebe-se que a música age diretamente no cérebro resgatando memórias, e consequentemente, minimizando os sintomas físicos e emocionais, além de contribuir significativamente no processo de desenvolvimento humano como um todo. Neste sentido, a música aliada à Psicologia, pode possibilitar inúmeros benefícios para todas as pessoas, tornando-se um excelente instrumento facilitador como um recurso terapêutico. REFERÊNCIAS A MÚSICA nunca parou. Direção de Jim Kohlberg. Produção de Julie W. Noll, Jim Kohlberg, Peter Newman, Greg Jhonson. Intérpretes: J.K. Simmons, Lou Taylor Pucci, Cara Seymour, Julia Ormond. Roteiro: Oliver Sacks, Gary Marks, Gwyn Lurie. Eua: Essential Pictures, 2011. (105 min.) CRESPI, L. Neurociências na Formação Docente Continuada: Valorizando o Desenvolvimento e a Aprendizagem na Primeira Infância. 2020. 213 f. Tese (Doutorado) - Curso de Educação em Ciências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2020. Disponível em: <https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/210807/001115652.pdf?sequence=1#page=100>. Acesso em: 06 fev. 2021 CRUZ, D.T. da. Um Estudo Com as Pirâmides Coloridas de Pfister Relacionando Afetividade e a Qualidade de Vida do Idoso com Doença de Alzheimer e o Cuidador Formal. 2017. (Tese de doutorado) Campo Grande – MS: Programa de Pós-Graduação em Saúde e Desenvolvimento na Região Centro-Oeste – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. 2017. Disponível em: < https://docplayer.com.br/54688646-Debora-teixeira-da-cruz.html>. Acesso em: 06 abr. 2021. EICKHOFF, P.C.; SCHNEIDER, N.;AOZANI, J.P. O Trabalho do Psicólogo com Pacientes em Reabilitação. 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Disponível em: <http://anais.est.edu.br/index.php/congresso/article/view/741>. Acesso em: 04 maio 2021.
Título do Evento
2º CONIGRAN - Congresso Integrado UNIGRAN Capital 2021
Título dos Anais do Evento
Anais do 2º CONIGRAN - Congresso Integrado Unigran Capital
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

ADOLFO, Raíssa Filártiga; SILVA, WATUCI DE OLIVEIRA DA; CRUZ, Débora Teixeira da. A MÚSICA COMO PROCESSO TERAPÊUTICO.. In: Anais do 2º CONIGRAN - Congresso Integrado Unigran Capital. Anais...Campo Grande(MS) Unigran Capital, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conigran2021/362504-A-MUSICA-COMO-PROCESSO-TERAPEUTICO. Acesso em: 09/05/2025

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