RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA EM STAPHYLOCOCCUS AUREUS: UMA ANÁLISE DE REDE DE GENES DE RESISTÊNCIA

Publicado em 04/08/2021 - ISBN: 978-65-5941-292-1

Título do Trabalho
RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA EM STAPHYLOCOCCUS AUREUS: UMA ANÁLISE DE REDE DE GENES DE RESISTÊNCIA
Autores
  • Nayra Laiz Mancuelho da Silva
  • Daniela Figueredo De Souza
  • RENATA MATUO
  • RHANANY ALAN CALLOI PALOZI
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Biomedicina
Data de Publicação
04/08/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/conigran2021/360995-resistencia-antimicrobiana-em-staphylococcus-aureus--uma-analise-de-rede-de-genes-de-resistencia
ISBN
978-65-5941-292-1
Palavras-Chave
Staphylococcus aureus, genes de resistência, antibióticos
Resumo
Introdução A bactéria Staphylococcus aureus é um microrganismo patogênico aos seres humanos, podendo causar diversas infecções. Com o uso desenfreado dos antibióticos, patógenos como S. aureus foram capazes de desenvolver grande resistência aos antibióticos existentes. A compreensão dos mecanismos que levam à resistência microbiana é de suma importância, uma vez que nas últimas décadas vem aumentando o número de espécies resistentes a antibióticos. O S. aureus adquire resistência a diversos antibióticos, e estes mecanismos estão relacionados a diferentes tipos de genes que podem ser transferidos entre cepas e espécies por meio de plasmídeos. Por este motivo, conhecer esses genes permite entender como os medicamentos atuam e no desenvolvimento de novas terapias. Objetivos Identificar genes de resistência a antibióticos da bactéria S. aureus e realizar uma análise de redes através de ferramentas de bioinformática. Além disso, serão identificados os fatores associados à virulência e multirresistência aos antibióticos do S. aureus à partir de revisão da literatura, caracterizada a função dos genes encontrados a partir de bancos de dados e realizado uma análise de rede de proteínas para compreender os processos biológicos. Materiais e métodos Trata-se de uma pesquisa analítica do tipo qualitativa e descritiva, onde foi consultados genes associados à resistência antimicrobiana em Staphylococcus aureus, por meio de revisão da literatura em bases de dados. As bases consultadas constituíram-se nas seguintes plataformas on-line: Google Acadêmico, Scielo e Pubmed, restringindo-se a trabalhos publicados entre os anos de 2015 a 2020, nas línguas portuguesa, inglesa e espanhola. Resultados e discussão Alguns mecanismos de resistência são predominantes em genes específicos. O primeiro mecanismo a ser discorrido é o efluxo de drogas. As bombas de efluxo são um método de transporte ativo que fornece um mecanismo de resistência a bactérias dependentes de energia presentes na membrana, que são capazes de bombear moléculas tóxicas para fora da célula. Os genes que possuem esse mecanismo são: argS, mepA, norA e norB, sendo que norB atua independente de norA, e é um dos fatores que confere resistência contra diversas quinolonas e compostos químicos. norB extrui norfloxacina, ciprofloxacina e brometo de etídio. Contribui também para o efluxo de tetraciclina (ABUSHAHEEN et al., 2020; CHRISTAKI et al.,2019). A modificação enzimática é um mecanismo de resistência que atua com a adição de grupos em um local específico dos antibióticos com o intuito de modificá-lo quimicamente e inativar os antibióticos, tornando-o incapaz de se ligar ao local alvo. Os genes que atuam dessa forma são femA catalisando a formação da ponte interpeptídica pentaglicina, que é característica do peptidoglicano S. aureus, femB, femX que atua catalisando a incorporação da primeira glicina da ponte interpeptídica da pentaglicina, fosB que confere resistência à fosfomicina catalisando a adição de um cofator tiol à fosfomicina e mnmE, que atua adicionando um grupo carboximetilaminometil na posição oscilante de certos tRNAs (ABUSHAHEEN et al., 2020). A alteração nos locais-alvo ocorre quando há substituição de um alvo de origem sensível a certos antibióticos por um alvo resistente a medicamentos. Pbp2 impede a ß-lactama de se ligar no sítio ativo específico, já o gene gyA atua substituindo um único aminoácido na região determinante da resistência às quinolonas, e o gyrB atua superenrolando negativamente o DNA circular fechado de fita dupla afim de modular a topologia do DNA e manter os cromossomos em um estado de subtração. O gene mecA é responsável por codificar PBP2a para resistência a ß-lactâmicos e o mecR1 compõe o complexo mec, que codifica recombinases da família invertase/resolvase que medeiam a integração específica do local do elemento (ABUSHAHEEN et al., 2020). A inibição da síntese de proteínas ocorre devido à diferença estrutural no ribossomo bacteriano e no ribossomo eucariótico. Assim, esses antibióticos podem inibir seletivamente o crescimento bacteriano. Algumas dessas mutações ocorrem na subunidade 50S do ribossomo bacteriano, onde os aminoácidos são unidos formando uma cadeia polipeptídica no centro da peptidil transferase. Além disso, a subunidade 50S contém um túnel de saída de peptídeo nascente que permitiu que a cadeia polipeptídica deixasse o ribossomo. Os genes que atuam nessa subunidade são rplV (mutação na proteína L22) e rplD (mutação na proteína L4) (ABUSHAHEEN et al., 2020). A rede apresentou 3 vias de interações gênicas. A primeira via possui sete genes em que ocorre interação. O gene central é o gyrA, que interage com gyrB, norA e argS. A correlação entre gyrA – gyrB foi determinada por meio textmining, experimentalmente determinado, co-expressão, co-ocorrência genética, fusões genéticas e genes vizinhos. Entre gyrA – argS as interações são genes vizinhos, co-expressão e textmining. Entre gyrA – norA, as interações apresentadas foram textmining e experimentalmente determinado. Já o gene gyrB, além da interação com gyrA também faz com agrS e norA, sendo as mesmas interações feitas por gyrA. As interações de gyrB com mnmE são genes vizinhos e textmining. norA realiza interações com gyrA e gyrB (já descritas) e também com mepA e norB. norA – norB possuem interação por serem genes vizinhos, co-ocorrência genética e textmining. Entre norA – mepA que são genes vizinhos, apresentam correlação por co-expressão e textmining. mepA além das interações descritas acimas tambpem faz interação com argS, sendo elas de genes vizinhos e textmining. A segunda via apresentou 6 genes. O gene femA é o que realiza mais interações, com femB, femx, pbp2 e com mecR1. A correção observada entre femA – femB foi por meio de bancos de dados curados, genes vizinhos, co-ocorrência genética, co-expressão, proteínas homólogas e textmining. femA – femX possuem as mesmas interações de femA – femB; femA – pbp2: co-ocorrência genética e textmining.; femA e mecR1: textmining. O gene femB além das interações com femA, realiza interações com femX, pbp2 e mecR1. femB – femX são proteínas homólogas, genes vizinhos, com co-ocorrência genética e textmining. femB – pbp2 apresentaram co-ocorrência genética e textmining.femB – mecR1: textmining. femX interage com femA e femB e com pbp2, sendo essa última interação de co-ocorrência genética e textmining. pbp2 como já relatado anteriormente interagem com femA, femB e femX, mas também realiza interação de textmining com mecR1. mecR1 constitui interações com as redes pbp2, femA e femB, e também com fosB, através de co-ocorrência genética e textmining. Essa foi a única interação feita por fosB. A última via é composta por 2 genes que interagem entre si, sendo eles rplV, rplD e rpsF. rplV – rplD são genes vizinhos, com co-ocorrência genética, co-expressão, experimentalmente determinado e textmining. rplV – rpsF apresentam co-expressão, experimentalmente determinado e textmining. As interações de rplD e rpsF são as mesmas de rplV e rpsF. mecA não realiza nenhum tipo de interação com os demais genes de resistência estudados. Conforme o descrito, é possível observar algumas características em comum nas vias. A primeira delas é que todas as interações possuem o tipo de interação textmining. As redes que possuem a interação de co-expressão possuem resistência a meticilina e/ou antibióticos macrolídeos. A primeira via possui 7 interações de genes vizinhos, sendo a interação mais notada depois das interações textmining, embora essa interação não seja a de maior relevância. A interação gyrA e gyrB é a única que realiza fusão, sendo ambas consagradas nas literaturas por serem específicas na resistência a quinolonas, fato comprovado no estudo experimental de Liang et al. (2019) com a fluoroquinolona. norA e norB também são genes de resistência a quinolonas, porém apenas norA interage com gyrA e gyrB, pois norB atua de forma independente de norA. Nos estudos de Otarigho e Falade (2018), norA e norB são genes cromossômicos que pertencem ao MFS e possuem diversidade genética. norA é visto sendo expresso na membrana que possui bomba de efluxo ativa de uma molécula hidrofílica, como quinolonas, o que justifica sua resistência a esse fármaco. Essa via é a que possui maior quantidade de genes que conferem resistência a múltiplas drogas. A segunda via possui ampla co-ocorrência genética entre as interações de femA, femB, femX e pbp2, e de fosB com mecR1. Na primeira rede a única co-ocorrência genética observada é na interação de gyrA e gyrB, e na terceira rede somente entre rplV e rplD. Possuem em comum a capacidade de resistência a meticilina, e o fosB resistência a fosfomicina. Nos estudos de El-Baghdady et al. (2020), foi determinado que os genes femA e femB conferem resistência a meticilina com estudo experimental usando técnicas de isolamento e identificação de MRSA, suscetibilidade a antibióticos, preservação de cepas de S. aureus, PCR e genotipagem. Porém no estudo de Yao et al. (2019) foi observado resistência a amoxicilina nos genes femA, femB e femX, seus estudos foram comprovados com as técnicas de análises de genes resistentes e PCR quantitativo em tempo real. A terceira via possui como característica seus domínios do rRNA 23S na subunidade 50S, por isso suas interações são restritas. No entanto, elas também possuem co-expressão entre si, os genes rplV e rplD são genes vizinhos e possuem co-ocorrência genética. Conferem resistência aos macrolídeos. Han et al. (2018) determinou um mecanismo de resistência de rplV através da inserção de repetição de vinte e sete nucleotídeos no gene, e com o estudo de Vestergaard, Frees e Ingmer (2019) é reforçado o mecanismo de resistência de rplV juntamente com rplD através de mutações nas proteínas L22 (rplV) e em L4 (rplD). O gene mecA é o único que não realiza nenhum tipo de interação. Apesar de ele ser o gene codificador de pbp2A, seu mecanismo de resistência não se limita apenas na meticilina, mas também possui uma grande capacidade de conferir resistência a maioria dos ß-lactâmicos, diferente dos outros genes que se encontram na rede. Vestergaard, Frees e Ingmer (2019) reforça que a aquisição do gene de resistência mecA é horizontal, e sua função mais relevante é codificar pbp2A, uma transpeptidase alternativa que possui baixa afinidade para a maioria dos antibióticos beta-lactâmicos, gerando resistência a todos os antibióticos da classe dos ß-lactâmicos. Conclusão O S. aureus está em constante evolução, de modo que vem surgindo cepas resistentes aos antibióticos atuais. Nesse estudo, observou-se através do desenvolvimento da rede de interação de proteínas 3 principais vias. Cada via observada possui genes que conferem resistência aos mesmos antibióticos, e mecanismos de resistência similares. O gene mecA não apresenta interação por não ter nenhum mecanismo de resistência semelhante aos outros genes. As interações de maior importância são as experimentalmente determinadas, e elas foram pouco observadas na rede. É necessário realizar outros experimentos para reforçar as interações apresentadas nesse trabalho, e com isso, contribuir para desenvolvimento de fármacos que burlam o sistema de resistência a antibióticos de S. aureus. Referências ABUSHAHEEN, M. et al., Antimicrobial resistance, mechanisms and its clinical significance. Disease-A-Month, jun. 2020. Elsevier BV. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S001150292030033X?via%3Dihub. Acesso em: 16 maio 2021. CHRISTAKI, E. et al., Antimicrobial Resistance in Bacteria: mechanisms, evolution, and persistence. Journal Of Molecular Evolution, 28 out. 2019. Springer Science and Business Media LLC.. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007/s00239-019-09914-3. Acesso em: 16 maio 2021. El-BAGHDADY, K.Z. et al., Prevalence of resistance and toxin genes in community-acquired and hospital-acquired methicillin-resistant Staphylococcus aureus clinical isolates. Iran J Basic Med Sci. 2020. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33149856/. Acesso em: 22 mar. 2021 HAN, D. et al., Twenty-seven-nucleotide repeat insertion in the rplV gene confers specific resistance to macrolide antibiotics in Staphylococcus aureus. Oncotarget, 25 maio 2018. Impact Journals, LLC. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5995244/. Acesso em: 22 mar. 2021. 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Título do Evento
2º CONIGRAN - Congresso Integrado UNIGRAN Capital 2021
Título dos Anais do Evento
Anais do 2º CONIGRAN - Congresso Integrado Unigran Capital
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Even3
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Como citar

SILVA, Nayra Laiz Mancuelho da et al.. RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA EM STAPHYLOCOCCUS AUREUS: UMA ANÁLISE DE REDE DE GENES DE RESISTÊNCIA.. In: Anais do 2º CONIGRAN - Congresso Integrado Unigran Capital. Anais...Campo Grande(MS) Unigran Capital, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conigran2021/360995-RESISTENCIA-ANTIMICROBIANA-EM-STAPHYLOCOCCUS-AUREUS--UMA-ANALISE-DE-REDE-DE-GENES-DE-RESISTENCIA. Acesso em: 30/06/2025

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