PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE SÍFILIS EM GESTANTES NO MUNICÍPIO DE CAMPO GRANDE- MATO GROSSO DO SUL

Publicado em 04/08/2021 - ISBN: 978-65-5941-292-1

Título do Trabalho
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE SÍFILIS EM GESTANTES NO MUNICÍPIO DE CAMPO GRANDE- MATO GROSSO DO SUL
Autores
  • Natalina Dos Santos Alves Silva
  • Maura Figueira
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Enfermagem
Data de Publicação
04/08/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/conigran2021/353589-perfil-epidemiologico-de-sifilis-em-gestantes-no-municipio-de-campo-grande--mato-grosso-do-sul
ISBN
978-65-5941-292-1
Palavras-Chave
Sífilis, Epidemiologia, Gravidez, Enfermagem
Resumo
Introdução: A sífilis insere-se dentro das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) sendo causada pela bactéria Treponema pallidum transmitida sexualmente e verticalmente da gestante infectada não tratada ou tratada incorretamente para o feto durante qualquer período da gestação. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) avalia-se que 6 milhões de pessoas são infectada todo ano. “Apesar de possuir agente etiológico bem definido, formas conhecidas de transmissão e tratamentos com excelentes índices de cura, nota-se ainda índices elevados de incidência da doença” (DAMASCENO et al.; 2014, p. 89). Os dados de sífilis no cenário brasileiro apresentam uma alta elevação nos últimos anos. A assistência no pré-natal de qualidade é a medida mais eficaz para o diagnóstico e tratamento da sífilis na gestação e consequentemente a diminuição da incidência de sífilis congênita. O profissional enfermeiro atuante na atenção básica de saúde, assim como, a equipe dos profissionais precisa estar atualizada quando a temática e aos manuais de orientações para manejo dos casos. Dados do Ministério da Saúde em 2018 revelam que Campo Grande apresentava como a segunda capital do País com maior número de notificação de Sífilis adquirida, a taxa nacional no referido ano era de 75,8 casos a cada 100 mil habitantes enquanto no Município foi de 282,4 a cada 100 mil habitantes. Em relação a sífilis na gestação, Campo Grande também ultrapassou a média nacional ocupando a terceira colocação entre as capitais brasileiras. Quando não diagnosticada e tratada corretamente, no pré-natal, pode ocorrer a transmissão vertical para o feto ainda no período gestacional ou no momento do parto favorecendo os casos de Sífilis congênita, representando um agravante de saúde na população materno-infantil. Diante destes condicionantes surgiu o interesse em explorar e descrever como se dá o perfil epidemiológico dos casos de Sífilis em gestantes em Campo Grande- MS. Objetivos: descrever o perfil epidemiológico da sífilis em gestantes no município de Campo Grande no período de 2010 a 2020 destacando a prevalência de casos de sífilis gestacional no município; identificar a ocorrência de casos quanto a idade gestacional, faixa etária, escolaridade, raça ou cor, classificação clínica e esquema de tratamento prescrito, assim, como abordar a assistência do enfermeiro no pré-natal à gestante com sífilis gestacional. Metodologia: a pesquisa é descritiva-exploratória com abordagem quantitativa utilizando-se dados secundários da plataforma “Indicadores da Sífilis” que é alimentanda com dados provenientes do Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Foi realizado o download dos dados estatísticos que está disponível na própria plataforma. As variáveis coletadas foram: idade gestacional, faixa etária, escolaridade, raça ou cor, classificação clínica e esquema de tratamento prescrito, do ano de 2010 a 2020. A análise dos dados aconteceu por meio do programa computacional Microsoft Excel® versão 2010. Resultados: Entre os anos de 2010 e 2020, houve 3.699 casos de sífilis gestacional notificados no município. O maior número de casos ocorreu no ano de 2018 (n=695). Entre as gestantes, 52,55% (n=1.944) estavam na faixa etária de 20 a 29 anos, declararam-se pardas 55,93% (n=2.069); dessas 36,25% (n=1.341) estavam com a idade gestacional no 1º trimestre; 26,79% (n=991) tinham ensino fundamental incompleto e em relação a classificação clínica, 44,36% (n=1.641) estavam na fase latente da doença. Sobre o esquema de tratamento 94,83% das gestantes com sífilis foram tratadas com penicilina, gestantes que receberam outro esquema de tratamento representou um percentual de 0,27%, 99 gestantes (4,56%) não receberam tratamento para infecção e 0,32% dos casos foram ignorados. Discussão: O estudo demostra que no perfil epidemiológico da sífilis gestacional no município de Campo Grande prevaleceu gestantes com idade gestacional no 1º trimestre, na faixa etária de 20 a 29 anos, com ensino fundamental incompleto, pardas e com a doença na fase latente. Dados presentes neste estudo estão em consonância com outras pesquisas realizadas no Brasil. Em relação a raça/cor tem-se que 55,93% eram pardas, sendo que dados semelhantes a esses foram encontrados no estudo conduzido por Silva et al (2019) na cidade de Teresinha (PI), na qual, 71,65% eram da raça/cor parda. Corrobora, também, com o achado do estudo na cidade de Cariri (CE), onde 84,4% dos casos foram na raça/cor parda (MIRANDA et al.; 2020). Quanto a faixa etária em Campo Grande (MS), prevalecem o maior número de casos na idade de 20 a 29 anos com 52,55% (n=1.944) como ocorre em nível nacional nos estudos conduzidos na região nordeste por MIRANDA et al (2020) e SILVA et al (2019). Souza et al (2016, p. 101) elucida que “por ser o auge da fase reprodutiva, justifica um maior número de gestações nessa faixa etária”. No que refere a escolaridade os achados encontrados neste estudo apresentam predominância de gestantes com sífilis com baixo grau de instrução, e está de acordo com os demostrados por Souza et al (2018) na cidade de Macaé (RJ), na qual 17,65% (n=45) tinham o ensino fundamental incompleto. ‘Embora não seja uma doença restrita às camadas menos favorecidas, esses resultados sinalizam que pouca escolaridade e baixa renda podem ser marcadores importantes de pouco acesso aos serviços de saúde” (MAGALHÃES et al.; 2013, p.1115). Miranda et al (2020, p. 4) complementa que “a baixa escolaridade é um reflexo dos aspectos sociais e econômicos precários, o que pode influenciar diretamente na transmissão e aumento da incidência da sífilis na população e por conseguinte, dificultar a adesão deste público ao tratamento”. Sobre a idade gestacional a maioria das gestantes tiveram a descoberta da doença no primeiro trimestre 36, 25 % (n=1.341). Dados condizentes com os encontrados no Brasil, na qual, observou que, em 2019, a maior proporção das mulheres (38,7%) foi diagnosticada no primeiro trimestre (BRASIL, 2020). O Ministério da Saúde preconiza que os exames, para o diagnóstico da sífilis, sejam realizados no 1º trimestre, isto justifica este percentual, havendo uma captação precoce, porém 29,73% (n=1.100) tiveram o resultado no 3º trimestre quando é recomendado o segundo teste sorológico, o que demostra que uma parte das gestantes recebeu o diagnóstico tardiamente. Quanto a classificação clínica da doença, a maioria encontrava-se na fase latente. Isso corresponde a 44,36 % (n=1.641) e está em conformidade com o encontrado por Silva et al (2019) que demonstrou que 50,13% das gestantes foram classificadas na fase latente. Em oposição a esse resultado, está o estudo conduzido no sul do País, demostrou que 44% estavam na fase primária da doença, assim, como o de Cunha et al (2021) realizado em Maceió (AL) que em relação à classificação clínica da doença a prevalência foi de sífilis primária com 345 casos (26,8%). O esquema de tratamento prescrito começou a ser registrado na notificação a partir do ano de 2016 e novamente no ano de 2020 não houve registro. Essa falta de dados expõe uma falha, pois não há informações se todas as gestantes notificadas com sífilis estão sendo tratadas adequadamente. A penicilina é a única opção eficaz e segura para o tratamento da sífilis na gestação. Outro esquema de tratamento somente é indicado no caso se a penicilina não tiver disponível ou em caso de gestantes com alergia e a dessensibilização não for possível, porém nessas situações será necessária uma investigação ou notificação, e a realização do tratamento da criança para sífilis congênita (UFRGS, 2020). O pré-natal de qualidade é a principal ferramenta para diminuir a incidência de casos de sífilis na gestação e consequentemente a redução da forma congênita da doença. Hoje, a rede da atenção primária à saúde é a responsável pela prevenção, diagnóstico, tratamento e notificação da sífilis na gestação. O profissional enfermeiro tem um papel importante para reverter este cenário, sendo fundamental o profissional utilizar-se do conhecimento técnico-científico e dos recursos disponíveis para o acolhimento, condutas e orientações adequadas no momento da assistência do pré-natal. O Ministério da Saúde preconiza seis consultas de pré-natal no mínimo, intercalados entre profissionais, no pré-natal de baixo risco, sendo incluso o enfermeiro. Este é o momento oportuno para o profissional realizar as condutas pertinentes. Os profissionais devem realizar ações de atenção integral e de promoção da saúde, prevenção de agravos e escuta qualificada das necessidades dos usuários em todas as ações, proporcionando atendimento humanizado e viabilizando o estabelecimento do vínculo (BRASIL, 2013). Considerações finais: Ainda que a pesquisa demostre dados do município do Campo Grande (MS) ao fazer a comparação com os estudos a níveis nacionais, os mesmos, demonstram seguir os padrões de Campo Grande. São necessárias condutas que permitam a prevenção, o diagnóstico e o tratamento em tempo oportuno, para que deste modo não ocorra uma nova epidemia de sífilis no País, o que chegou a ser considerada pelo Ministério da Saúde no ano de 2016. Mesmo no ano de 2020 ter ocorrido uma queda no número de casos, há uma grande preocupação devido as subnotificações que podem ocorrer devido o momento atual de pandemia relacionado a COVID-19, na qual os serviços de saúde passam por readaptações em seus processos de trabalho. O diagnóstico e o tratamento da sífilis na gestação durante o pré-natal é um importante caminho para a diminuição da incidência de casos, assim como para o impedimento da sífilis congênita, consequência da sífilis na gestação, um outro grande impasse na saúde pública. A capacitação dos profissionais de saúde, principalmente do enfermeiro da atenção primária, assim como, ações com a população são passos importantes para o controle da doença. Referências: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim epidemiológico – Sífilis. Brasília, 2019. Disponível em: &lt; http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2019/boletim-epidemiologico-de-sifilis-2019 &gt;. Acesso em: 28 agos, 2020. DAMASCENO, A. B. A.; MONTEIRO, D. L. M.; RODRIGUES.; et al. Sífilis na gravidez. Revista HUPE, Rio de Janeiro, v.13, n.3, p.88-94, 2004. LOUREIRO, M. D. R.; CUNHA, R. V.; IVO, M. L.; et al. Sífilis em gestações e transmissão vertical como problema de saúde pública. 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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia. TelessaúdeRS (TelessaúdeRS-UFRGS). TeleCondutas: Sífilis: versão digital 2020. Porto Alegre: TelessaúdeRS-UFRGS, 2020. Disponível em https://www.ufrgs.br/telessauders/teleconsultoria/0800-644-6543/#telecondutas-0800. Acesso em: 30 agos, 2020.
Título do Evento
2º CONIGRAN - Congresso Integrado UNIGRAN Capital 2021
Título dos Anais do Evento
Anais do 2º CONIGRAN - Congresso Integrado Unigran Capital
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SILVA, Natalina Dos Santos Alves; FIGUEIRA, Maura. PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE SÍFILIS EM GESTANTES NO MUNICÍPIO DE CAMPO GRANDE- MATO GROSSO DO SUL.. In: Anais do 2º CONIGRAN - Congresso Integrado Unigran Capital. Anais...Campo Grande(MS) Unigran Capital, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conigran2021/353589-PERFIL-EPIDEMIOLOGICO-DE-SIFILIS-EM-GESTANTES-NO-MUNICIPIO-DE-CAMPO-GRANDE--MATO-GROSSO-DO-SUL. Acesso em: 19/06/2025

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