TRAÇADO URBANO DAS CIDADES DO CENTRO-OESTE AO LONGO DOS SÉCULOS XVIII E MEADOS SÉCULO XIX.

Publicado em 30/12/2020 - ISBN: 978-65-5941-071-2

Título do Trabalho
TRAÇADO URBANO DAS CIDADES DO CENTRO-OESTE AO LONGO DOS SÉCULOS XVIII E MEADOS SÉCULO XIX.
Autores
  • Giovane Chaparro
Modalidade
Comunicação oral (Resumo expandido)
Área temática
Arquitetura e Urbanismo
Data de Publicação
30/12/2020
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/conigran2020/270072-tracado-urbano-das-cidades-do-centro-oeste-ao-longo-dos-seculos-xviii-e-meados-seculo-xix
ISBN
978-65-5941-071-2
Palavras-Chave
Cidade, Centro Oeste, História Urbana, Forma Urbana, Traçado Urbano.
Resumo
INTRODUÇÃO O tema principal da pesquisa considerou a análise dos traçados urbanos ao longo do século XVIII e XIX, enquanto pré-existências da ocupação nesta parcela territorial, para alcançar esta busca e apresentação da temática somente foi possível graças à cartografia histórica, mais especificamente a análise das representações cartográficas da Capitania de Goiás e Mato Grosso produzidas a partir da segunda metade do século XVIII no contexto das relações luso-brasileiras. Nos propusemos compreender o processo de ocupação e o trânsito pelo território revelado pela cartografia urbana histórico. OBJETIVO Analisar os mapas históricos, disponíveis no formato de plantas, imagens e cartografia, que dizem respeito a urbanização ocorrida nesta região entre os séculos XVIII e XIX. Para tanto, tomamos como questão norteadora do trabalho: o que o conjunto de mapas pode revelar a respeito das características do traçado urbano ao longo dos séculos XVIII e meados do século XIX nesta porção do território nacional? Conforme nos aponta Harley (2005: p.81), o estudo cartográfico propõe um grande desafio de examinar, vasculhar, decodificar e traduzir as intenções expostas num mapa. Analisados individualmente, apresentam cenários com informações que sintetizam regiões específicas ou dimensões do território. Reunidos, evidenciam interações que inserem no contexto regionais, ganham sentido no conjunto, demonstrando um intercâmbio de conhecimentos na Capitania de Goiás e Mato Grosso. De fato, os mapas não são objetos moldados para um único objetivo, tampouco servem a um propósito, desta forma consideramo-nos como “imagens reciprocas usadas como mediadores de diferentes visões do mundo”. METODOLOGIA Do ponto de vista metodológico buscaremos, neste estudo, analisar os núcleos urbanos que originaram as cidades do Centro-Oeste no período especificado, visando a encontrar, de um lado, evidências de uma proposta de estrutura urbana e de políticas urbanas e, de outro, identificar as geratrizes de implantação e a estrutura da forma urbana 1 , através das preexistências nos espaços urbanos dos seus centros históricos, sejam eles traçado, ruas, quarteirões e lotes. Consideraremos inclusive a interpretação através do método de análise de evolução urbana de Souza e Müller 2 , o qual, baseasse nos antecedentes históricos, como fatores que atuam no processo da evolução urbana, os fatores locacionais, populacionais, econômicos e funcionais, que objetivam determinar os períodos, caracterizados por suas funções urbanas, em cada uma dessas cidades. [...] a metodologia aplicada trata objetivamente da análise do inter-relacionamento dos fatores populacionais, econômicos, socioculturais, político-institucionais e locacionais que atuaram sobre a cidade, sua região e demais regiões, em cada período da sua história, procurando destacar, de maneira particular, em cada um deles, as suas funções urbanas e, de maneira geral, suas perspectivas. Ainda, em cada um dos períodos, procurou-se caracterizar a estrutura física da cidade com as extensões urbanas, mudanças de usos do solo, alargamentos e aberturas de ruas, construções de equipamentos, etc.; como decorrência das alterações da estrutura socioeconômica. RESULTADOS O povoamento escasso do Centro-Oeste, que se elaborou dentro do ciclo do ouro e, depois, do ciclo do gado, e sua economia rudimentar, em especial por causa do isolamento e das comunicações difíceis, não favorecia o desenvolvimento de cidades muito avançadas e tão pouco expressivas, porém, os traçados urbanísticos estabelecidos a partir de meados do século XVIII e no decorrer do século XIX, foram extremamente significativos, ao ponto de justificar a transferência na nova sede nacional e, até mesmo, a construção da Nova Capital, tendo iniciado a partir de 1958. A política urbanizadora da Coroa Portuguesa entre os séculos XVIII e ao longo do século XIX, quando as cidades encontravam se consolidadas, falando especificamente da região do Centro-Oeste do Brasil, pode ser dizer que é decorrente do somatório das ações dos engenheiros militares, das legislações e das características próprias de ocupação de cada lugar, os quais nos conduzem, na maior parte, por uma implantação mais regular do que aquelas do início da colonização e se reflete nos traçados de suas cidades. Com relação à discussão da cidade colonial latino-americana, destacamos a preocupação com a regularidade do traçado, através das evidências cartográficas históricas, o que pode ser comprovado através de um dos casos, à cidade de Corumbá no estado de Mato Grosso do Sul (atual), apesar de nascer cercada por muralhas medievais em fins do século XIX, consiste de uma instalação sob traçado regular, o que Brenna (1997, p. 100) reforça em sua teoria “concernentes às novas instalações em plano regular” estão as cidades militares de fronteira, “cujos dados de suas origens estão nos arquivos históricos ainda inexplorados”, uma constatação verídica. Outro aspecto a ser considerado a respeito da utilização dos traçados regulares no Brasil no século XVIII, segundo Flexor (2004, p. 203-240) devido dois fatores, o primeiro refere-se às recomendações das Cartas Régias, nas quais, o “planejamento era mais escrito do que desenhado e as normas eram gerais para serem adaptadas a cada situação”, e o segundo foram as ações dos engenheiros militares, que, “não mudaram sua estrutura urbana apenas tornaram nas mais sofisticada”. No caso das terras recém conquistas do Centro-Oeste brasileiro, as povoações da primeira metade do século XVIII emergiram, sob orientações das Cartas Régias, como nos informa Santos (1998, p. 20), “estes documentos foram redigidos com base nas experiências de implantação de arraias e vilas das Minas Gerais. Sertanistas munidos de cartas régias, em busca de indígenas, minérios, mercês, privilégios e ofícios: esta talvez a imagem que melhor caracterize os colonos dos primeiros tempos do Cuiabá e de Goiás. ” Nos dois primeiros casos, identificamos a orientação no traçado irregular nos planos das vilas de Cuiabá e Vila Boa de Goiás, justificados pela ordem de implantação contidas nas Cartas Régias para que fossem edificadas próximas aos veios de água, que por sua vez estavam presentes às aluviões de ouro, esta mesma ordenança foi emitida para Vila Bela, porém, como observado a vila possui um traçado regular, possivelmente por orientação dos construtores responsáveis, neste caso, possivelmente associado a ordem de defesa do território, principalmente pela proximidade da fronteiro com a Coroa Espanhola. Praticamente em toda a faixa Oeste da colônia luso-brasileira, ocorreram a partir do século XVIII, disputas pelo território entre as Coroas Ibéricas, daí um dos fortes fatores que repercutiu no processo de urbanização, foi a disputa pela posse do território entre as duas Coroas, entremeado de invasões e recuos, fator que provocou uma forte reação militar na região. Na região Centro-Oeste no período da militarização foram implantados as seguintes fortificações seguindo os modelos estabelecidos pelos tratados mencionados, como: Forte de Coimbra (1775 e 1797), Plano da Praça de Nossa Senhora dos Prazeres do Rio Yguatemi (1774), Povoação de Albuquerque (1777) e Vila de Corumbá (1864), todas as vilas implantadas junto a faixa de fronteira com a Coroa Espanhola e seguindo as recomendações de traçado urbano fortificado e com trama regular, conforme as orientações dos comandantes responsáveis. As práticas urbanísticas, aqui expostas, explicam de imediato algumas das maneiras de desenhar um traçado urbano, isto é, podemos perceber a conformação das características dos traçados produzidos no decorrer do século XVIII e com continuidade no século XIX. Foram aspectos determinados como regras de implantação de uma cidade e são reflexos do período em que foram implantados. Associado às práticas urbanísticas descritas anteriormente, outra ação recorrente, como herança da cidade portuguesa medieval, presente tanto no traçado urbano da cidade portuguesa, como também em diversas cidades brasileiras é a conhecida por Rua Direita. As Ruas Direitas costumavam ser a rua principal de uma povoação onde se distribuíam os principais equipamentos urbanos. Pode-se presumir que fosse a rua longitudinal citada na primeira prática urbanística e que, muitas vezes, provinha de um caminho principal, como no caso de Vila Boa de Goiás, Cuiabá, Cáceres e Poconé, que foi definida por Sylvio de Vasconcellos (1979), como “estrada tronco”. CONSIDERAÇÕES FINAIS As vilas e cidades com traçados urbanos implantados no período colonial “tardio” no Brasil, correspondente ao século XVIII a meados do século XIX, apontam características mais do colonial inicial ou mais regularizadoras, dependendo da cidade observada, conforme o recorte estabelecido da região que abrange o Centro-Oeste brasileiro. Verificamos que, os planos das cidades fronteiriças, como: Corumbá, Albuquerque e Cáceres, apontam para um traçado regular, no qual aparecem nitidamente a hierarquia de vias em ruas e travessas. As quais na maior parte, asruas são paralelas à água (geratriz), assim como a face maior dos quarteirões e grande parte das testadas dos lotes. Há predominância do quarteirão retangular alongado no qual os lotes distribuem-se, na sua maioria, perpendiculares às suas faces mais alongadas, conforme o padrão tipo, sugerido nesta pesquisa. Os lotes seguem o padrão estreito e comprido com testadas pequenas e médias. Nos centros oriundos do traçado irregular, os quais seguiam as práticas urbanísticas coloniais iniciais, acomodados sobre as fontes de abastecimento de água e recursos comerciais, mantiveram a hierarquização em ruas e travessas, inclusive com as denominações de Rua Direita, conforme o plano pombalino, conforme pode ser comprovado nas cidades de Vila Boa de Goiás, Poconé e Cuiabá. Concluímos que, segundo uma prévia das análises, as práticas urbanísticas das origens das cidades no Centro-Oeste do Brasil, envolvem as duas principais vertentes de traçado urbano: a do colonial e a do traçado regular. Neste segundo, ressaltando, as duas fases associadas a fase pombalina e da ação dos engenheiros militares, formados pelos conceitos de cidades regulares. REFERÊNCIAS ARRUDA, Ângelo Marcos Vieira de. História da Arquitetura de Mato Grosso do Sul: origens e trajetórias. 1.ª ed. Campo Grande, MS: A.M.V. Arruda, 2009. BRENNA, Giovanna Rosso del. De la régularité relative: deux villes coloniales au Brésil du XVIe au XVIIIe siècle. In: MALVERTI, Xavier; PINON, Pierre. La ville regulière: modèles et tracés. Paris: Picard Éditeur, 1997. (p.99-109). FLEXOR, Maria Helena Ochi. A rede urbana brasileira setecentista: a afirmação da vila regular. In: TEIXEIRA, Manuel C. (Coord.). A construção da cidade brasileira. Lisboa: Livros Horizonte, 2004. (p.203-240). HARLEY, John Brian. The new nature of maps: Essays in the History of Cartography.Baltimore: The John Hopkins University Press, 2001. OLIVEIRA, Ana Lúcia Costa de. O PORTAL MERIDIONAL DO BRASIL: Rio Grande, São José do Norte e Pelotas no período colonial (1737 a 1822). 2012. 346p. Tese (Doutorado em Planejamento Urbano e Regional) Faculdade de Arquitetura, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. REIS FILHO, Nestor Goulart. Evolução urbana no Brasil (1550-1720). São Paulo: Livraria Pioneira Editora e Edusp, 1968. SANTOS, Antônio César de Almeida. Para viverem juntos em povoações bem estabelecidas: um estudo sobre a política urbanística pombalina. 1999. 259p.Tese (Doutorado em História) -Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná, Curitiba. TEIXEIRA, Manuel C.; VALLA, Margarida.; O urbanismo português... TEIXEIRA, Manuel C.; “Os Modelos Urbanos Portugueses da Cidade Brasileira”. Comunicação apresentada no Colóquio A Construção do Brasil Urbano, Convento da Arrábida – Lisboa 2000. “Urbanismo de origem portuguesa”. Disponível em: http://revistas.cerurban.com/numero3/artigos/artigo_07.htm. Acesso em 25 out 2018. VASCONCELOS, Sylvio. A arquitetura colonial mineira. Belo Horizonte: UFMG,1979.
Título do Evento
CONIGRAN 2020 - Congresso Integrado UNIGRAN Capital
Cidade do Evento
Campo Grande
Título dos Anais do Evento
Anais do CONIGRAN 2020 - Congresso Integrado UNIGRAN Capital
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

CHAPARRO, Giovane. TRAÇADO URBANO DAS CIDADES DO CENTRO-OESTE AO LONGO DOS SÉCULOS XVIII E MEADOS SÉCULO XIX... In: Anais do CONIGRAN 2020 - Congresso Integrado UNIGRAN Capital. Anais...Campo Grande(MS) UNIGRAN Capital, 2020. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conigran2020/270072-TRACADO-URBANO-DAS-CIDADES-DO-CENTRO-OESTE-AO-LONGO-DOS-SECULOS-XVIII-E-MEADOS-SECULO-XIX. Acesso em: 16/06/2025

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