A PSICOTERAPIA SÓCIO-HISTÓRICA FRENTE AO SOFRIMENTO PSÍQUICO DOS UNIVERSITÁRIOS

Publicado em 30/12/2020 - ISBN: 978-65-5941-071-2

Título do Trabalho
A PSICOTERAPIA SÓCIO-HISTÓRICA FRENTE AO SOFRIMENTO PSÍQUICO DOS UNIVERSITÁRIOS
Autores
  • Joyce Laís de Oliveira do Nascimento
  • Mateus Fortuna Lourenço dos Santos
  • Jeferson Renato Montreozol
Modalidade
Comunicação oral (Resumo expandido)
Área temática
Psicologia
Data de Publicação
30/12/2020
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/conigran2020/249407-a-psicoterapia-socio-historica-frente-ao-sofrimento-psiquico-dos-universitarios
ISBN
978-65-5941-071-2
Palavras-Chave
Sofrimento Psíquico, Universidade, Saúde, Psicoterapia sócio-histórica.
Resumo
Devido à crescente quantidade de pessoas inseridas no ambiente universitário que apresentam sintomas de estresse e alto nível de ansiedade, decorrente da excessiva demanda de estudos, é viável pensar pela perspectiva da Psicologia Sócio-Histórica, possibilidades que tornem essa experiência mais acolhedora. No atual momento, uma das principais discussões da Psicologia é o Suicídio, Depressão e afins. Neste sentido, tem-se apresentado diversos estudos sobre os mesmos, oportunizando a discussão da presença destes na academia, pois, a mesma exige uma extensa dedicação do discente, podendo desencadear um sofrimento psíquico ao mesmo, proporcionando uma ocasião para o diálogo pautado na abordagem sócio-histórica, considerando que a mesma apresenta uma escassez de estudos nesse contexto. Os objetivos são: discutir como a psicoterapia Sócio-Histórica pode auxiliar no desenvolvimento de processos de saúde frente ao sofrimento psíquico desenvolvido por acadêmicos no ambiente universitário; apresentar os vieses da psicoterapia Sócio-Histórica; discorrer sobre como os processos de saúde constituem-se no indivíduo; discutir os fatores do ambiente universitário que podem acarretar sofrimento psíquico aos estudantes e suas maneiras de enfrentamento do mesmo. A metodologia utilizada foi a pesquisa qualitativa e bibliográfica utilizando-se do método dialético, que fornece as bases para uma interpretação dinâmica e totalizante da realidade, sendo importante para a presente pesquisa, no sentido de compreender os diversos componentes na constituição do sofrimento psíquico no acadêmico. O instrumento utilizado é Revisão de Literatura, realizado a partir da Análise de Conteúdo, sendo importante para melhor entendimento teórico do assunto. Os resultados obtidos pela pesquisa foram de um estudo realizado com 17 acadêmicos - 7 homens e 10 mulheres - do 4° e 5° ano do curso de Psicologia da Universidade Federal de São Paulo, Campus Baixada Santista, foi identificado como os potencializadores do estresse decorrentes da vida acadêmica: “volume de temas de estudo, complexidade da matéria, frequência de avaliações, preocupação quanto ao futuro e desempenho acadêmico, alta expectativa parental” (BONIFÁCIO et al., 2011, p.16). Portanto, estudos indicam que a população universitária, está suscetível a apresentar algumas psicopatologias resultantes do acúmulo de estímulos estressores na academia, sendo conjecturado que cerca de 15 a 25% dos universitários irão apresentar algum transtorno mental durante sua formação, como os transtornos depressivos, transtornos ansiosos e elevados níveis de estresse. Desta forma, é possível notar que aspectos da vida acadêmica podem impactar na saúde mental dos universitários, resultando em elevada taxa de transtornos mentais nessa população (ARIÑO e BARDAGI, 2018). Demais pesquisas pontuam que as crenças dos estudantes sobre a sua própria capacidade (autoeficácia) influem em algum nível sobre a saúde mental. Baixos níveis de autoeficácia referem-se à dificuldades pessoais, como sentimentos de tristeza, angústia, negatividade e instabilidade emocional (ARIÑO e BARDAGI, 2018). No entanto, pessoas que apresentam alto nível de autoeficácia, tendem a ter comportamentos mais proativos, empregando estratégias de enfrentamento das dificuldades e implicando menor vulnerabilidade ao esgotamento físico e emocional proporcionado pelas problemáticas cotidianas da vida universitária. Contudo, os resultados obtidos subsidiaram a discussão de que esses desafios vivenciados por esta população podem causar estresse e consequentemente o sofrimento psíquico no acadêmico, o que acaba por implicar em seus processos de saúde, considerando que o sofrimento pode ser visto como um adoecimento mental. Desta forma, Mori e González (2012, p.140) partem de uma concepção de saúde “que se constitui pelo social, assim como pelas diferentes necessidades e pelos processos individuais que estão organizados nessa experiência, e, do mesmo modo, o adoecimento também é demarcado pelo social, não apenas um processo individual”. De acordo com González Rey (2004a apud REY e MORI, 2012, p.141) A saúde não deve ser associada a estado de normalidade, é um processo no qual a pessoa participa de forma ativa na qualidade de sujeito; A saúde é uma expressão plurideterminada (combinam-se fatores genéticos, sociais, psicológicos), e seu curso não é decidido pela participação ativa do homem de forma unilateral. A saúde deve ser considerada processo permanente que integra o social, o cultural e a história diferenciada das pessoas e das sociedades. Assim como a saúde é uma expressão plurideterminada, a doença também o é. Ou seja, o processo de adoecimento mental e/ou físico combina-se com fatores de diversos contextos da vida do sujeito, de forma a ser constituído subjetivamente, tornando a experiência vivida de adoecer uma realidade subjetiva, articulando sentidos que o sujeito atribui não somente no momento atual, mas de sua vivência histórica no mundo. E esse processo de adoecimento também é influenciado pelas diferentes crenças, emoções e representações que o sujeito obteve em outras áreas de vida que modificam a maneira de aceitação do processo e formas de lidar e enfrentar, visando melhor qualidade de vida para o mesmo. “Desse modo, os processos relacionados à saúde estão comprometidos com as diferentes representações de um momento histórico com relação ao tema e também com os processos de sentido produzidos pelos diferentes indivíduos ao se confrontarem com o adoecimento” (REY e MORI, 2012, p.148). Nesta perspectiva, de que cada processo é subjetivo, as maneiras de enfrentamento do sujeito são de acordo com os recursos que sua realidade lhe oferece, sejam materiais, sociais ou psíquicas. Portanto, a sua adaptação a esse processo pode impactar nos seus processos de subjetivação, considerando que sua condição foi modificada. Neste sentido, “ser sujeito da doença não significa que a pessoa negue sua condição, mas que, ante um processo que muitas vezes a limita, não perca seu interesse pela vida. Ser sujeito da doença é uma expressão de ser sujeito perante a vida que toma novas formas diante da emergência da enfermidade” (REY e MORI, 2012, p.149). Por meio da composição do sofrimento psíquico dos universitários constituído como um processo de adoecimento, “é necessário conhecer e intervir sobre essa realidade, para que os estudantes universitários possam vivenciar o período de formação superior sem adoecer em decorrência de fatores acadêmicos” (ARINO e BARDAGI, 2018, p.50). Portanto, é possível compreender que o mesmo é multideterminado a partir da interação do sujeito com o meio, condizente com a visão de Vygotsky que utiliza-se do materialismo histórico dialético para explicar que “os processos psicológicos superiores têm sua origem nas relações sociais, assim, entende que o sujeito não é um mero receptáculo, mas é produtor e produzido pelo contexto em que vive.” (CARVALHO e LIMA, 2013, p.156). Neste sentido, o plano psicológico, pode ser entendido partindo dos aspectos individual, cultural e social. Conforme os trabalhos de Vygotsky e Luria (1999 apud AIRES, 2006), por meio do discurso o processo de função interpsicológica, que é a compartilhada entre duas pessoas, transforma-se em função intrapsicológica de forma a organizar a ação humana, regendo assim seus princípios de comportamento, de forma que o sujeito não mais age impulsivamente, mas sim orientado por uma “rede semântica interna” (AIRES, 2006, s/p). Dessa maneira, é possível entender que o discurso é formado por sistemas simbólicos, que exercem papel fundamental na constituição de significados compartilhados, tendo como principal instrumento a linguagem, pois é essa que consente “interpretações de objetos, eventos e situações do mundo circundante” (LIMA e CARVALHO, 2013, p.157). A linguagem ocupa um lugar central na teoria de Vygotsky, considerando que é o que desencadeou o surgimento do pensamento verbal, além de ser um sistema simbólico de todos os grupos culturais. É, a partir dela, que o “biológico se torna sociohistórico” (LIMA e CARVALHO, 2013, p.157). Portanto, ela desempenha um papel crucial no contexto da psicoterapia nesta abordagem, pois, tanto o paciente quanto o psicoterapeuta se utilizam da linguagem, além deste componente ser o “elemento mais importante na sistematização da percepção, porque as palavras são elas próprias, um produto do desenvolvimento sócio-histórico” (AIRES, 2006, s/p). “Sendo assim, a psicoterapia é inerente à atividade do psicólogo clínico e de todos aqueles que, de alguma forma, trabalham em saúde [...] Trata-se de uma modalidade importante de intervenção em Psicologia diante do sofrimento humano” (LIMA e CARVALHO, 2013, p.157). Nessa perspectiva, o psicólogo em uma compreensão psicoterapêutica na abordagem sócio-histórica, entende como causas do sofrimento do sujeito não sendo somente as individuais, mas também de modo dialético com seu contexto social, histórico, econômico e político possibilitando novos entendimentos e formas de enfrentamento da sua realidade (LIMA e CARVALHO, 2013). À vista disso, Bock (2007 apud LIMA e CARVALHO, 2013, p.159) afirma que os psicólogos que atuam nessa vertente trabalham para romper os processos de fragilização no sujeito, já que a saúde psicológica do sujeito está na possibilidade de enfrentar cotidianamente seu contexto, interferindo nele, construindo soluções para os conflitos que se apresentam. O psicólogo, por exemplo, intervém na busca da construção de sentidos, isto é, nos registros que o sujeito faz do seu contexto, registros esses que podem ser as fontes de sua fragilidade. Por conseguinte, conclui-se que o psicólogo atua como um mediador para com o paciente, pois, age nomeando e auxiliando na identificação dos problemas do sujeito, visando e construindo juntamente com o mesmo, novos sentidos para a situação, portanto, tem uma função educativa e interativa também em determinadas práticas. O que neste contexto, pode auxiliar o acadêmico a identificar as raízes de suas dificuldades em relação aos eventos estressores, ajudando-o a olhar e reconhecer este processo, de forma a construir maneiras de enfrentar a problemática. Portanto, o psicoterapeuta exerce o papel de Outro em sua relação com o paciente, de modo que o social para o sujeito se constitui através de suas relações sociais, e suas representações, sendo estas internalizadas, auxiliando na constituição de sua personalidade (AIRES, 2006). Sendo assim, no setting terapêutico o psicólogo irá retirar do paciente que está em sofrimento psíquico, “o prognóstico de que suas dificuldades são causas intrínsecas e isoladas em si mesmas” (LIMA e CARVALHO, 2013, p.159) REFERÊNCIAS BONIFACIO, Shirlei de Paula et al . Investigação e manejo de eventos estressores entre estudantes de Psicologia. Rev. bras.ter. cogn., Rio de Janeiro , v. 7, n. 1, p. 15-20, jun. 2011. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-56872011000100004&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 04 setembro 2019. ARINO, Daniela Ornellas; BARDAGI, Marúcia Patta. Relação entre Fatores Acadêmicos e a Saúde Mental de Estudantes Universitários. Psicol. pesq., Juiz de Fora , v. 12, n. 3, p. 44-52, dez. 2018 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1982-12472018000300005&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 06 setembro 2019. LIMA, Paula Márcia de; CARVALHO, Carolina Freire de Carvalho de. A Psicoterapia Sócio-Histórica. Psicol. cienc. prof., Brasília , v. 33, n. spe, p. 154-163, 2013. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932013000500015&lng=en&nrm=iso>. acesso em 27 agosto 2019. AIRES, Joaquim Maria Quintino. A abordagem sócio-histórica na psicoterapia com adultos. Psicol. Am. Lat., México , n. 5, fev. 2006 . 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Título do Evento
CONIGRAN 2020 - Congresso Integrado UNIGRAN Capital
Cidade do Evento
Campo Grande
Título dos Anais do Evento
Anais do CONIGRAN 2020 - Congresso Integrado UNIGRAN Capital
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

NASCIMENTO, Joyce Laís de Oliveira do; SANTOS, Mateus Fortuna Lourenço dos; MONTREOZOL, Jeferson Renato. A PSICOTERAPIA SÓCIO-HISTÓRICA FRENTE AO SOFRIMENTO PSÍQUICO DOS UNIVERSITÁRIOS.. In: Anais do CONIGRAN 2020 - Congresso Integrado UNIGRAN Capital. Anais...Campo Grande(MS) UNIGRAN Capital, 2020. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conigran2020/249407-A-PSICOTERAPIA-SOCIO-HISTORICA-FRENTE-AO-SOFRIMENTO-PSIQUICO-DOS-UNIVERSITARIOS. Acesso em: 21/07/2025

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