TRANSTORNO DEPRESSIVO E FIBROMIALGIA. A IMPORTÂNCIA DOS NUTRIENTES: UM RELATO DE CASO

Publicado em 30/12/2020 - ISBN: 978-65-5941-071-2

Título do Trabalho
TRANSTORNO DEPRESSIVO E FIBROMIALGIA. A IMPORTÂNCIA DOS NUTRIENTES: UM RELATO DE CASO
Autores
  • PRISCILA DE BRITO WELTER
  • Letícia Mayra Carvalho Chessini
  • JOANA QUEIROZ DOS SANTOS LOPES
  • Heloisa Pincela Vasconcelos Lima
  • Geisyslaine Andréa Ribeiro
  • Mariane Moreira Ramiro do Carmo
Modalidade
Comunicação oral (Resumo expandido)
Área temática
Nutrição
Data de Publicação
30/12/2020
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/conigran2020/249345-transtorno-depressivo-e-fibromialgia-a-importancia-dos-nutrientes--um-relato-de-caso
ISBN
978-65-5941-071-2
Palavras-Chave
Depressão, Fibromialgia, Nutrientes.
Resumo
Introdução: Nas últimas décadas a depressão tem sido tema frequente na área da saúde e, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que 9,5% das mulheres e 5,8% dos homens passarão por um episódio depressivo num período de 12 meses, mostrando uma tendência ascendente nos próximos vinte anos (SOARES & CAPONI, 2011). A depressão é um sintoma importante sendo apontada como um dos sintomas mais frequentes em pacientes com Fibromialgia que é uma síndrome reumática que ocorre, predominantemente, em mulheres com idade entre 40 e 55 anos, caracterizada por dor musculoesquelética difusa e crônica e sítios dolorosos específicos à palpação. Frequentemente é associada à fadiga generalizada, distúrbios do sono, rigidez matinal, dispneia, ansiedade e alterações de humor, que podem evoluir para um quadro de depressão (SANTOS, 2006). A depressão é uma doença que pode levar a mudanças no peso, influenciadas por fatores específicos da doença, como alterações no apetite, na atividade física, ou pelo uso de antidepressivos (PEIXOTO et al., 2008). Os alimentos funcionais surgem para estes pacientes com depressão como um importante tratamento aliado aos demais, visto que determinados nutrientes têm um papel fundamental na gênese da depressão. O tratamento nutricional integra aos pacientes deprimidos uma melhora global na saúde do indivíduo (LAKHAN & VIEIRA, 2008). Para aumentar as chances de um tratamento bem sucedido, deve haver a intervenção precoce dos profissionais da saúde, (PORTER, 2007) entre eles o nutricionista. Objetivo: Dessa forma, o presente estudo propõe avaliar o papel de alguns nutrientes na depressão, bem como a importância do nutricionista no tratamento da doença. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, desenvolvido em 2019, em Campo Grande (MS) pelo curso de Nutrição do Centro Universitário Unigran Capital. Foi realizado a avaliação dos hábitos alimentares, do estado nutricional, dados antropométricos e exames clínicos da paciente, por meio da aplicação de anamnese nutricional. Resultados: Paciente R.L.P.V., 51 anos, sexo feminino e com índice de massa corporal (IMC) de 25,53 kg/m², sendo classificada como pré-obeso, segundo a Organização Mundial de Saúde (1997). A paciente procurou um psiquiatra, pois sentia muitas dores pelo corpo, fadiga, tristeza, irritabilidade, insônia, ansiedade e choro fácil. Foi diagnosticada com fibromialgia, transtorno de ansiedade e episódios de depressão. Em relação aos exames laboratoriais, a Vitamina D se encontra limítrofe com 29,9ng/mL, sendo o recomendado acima de 30ng/mL. Quanto aos hábitos alimentares, a paciente realiza em média cinco refeições por dia, com consumo regular de alimentos processados e ultraprocessados, tais como salgados, bolos, bolachas, sorvetes, refrigerantes e energético. Segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira (2014), deve-se priorizar o consumo de alimentos in natura ou minimamente processados, sendo a base ideal para uma alimentação nutricionalmente balanceada. Algumas das variedades desses alimentos são frutas, legumes, verduras, raízes, tubérculos, grãos, leites, ovos e carnes. Ademais, deve ser limitado o consumo de alimentos processados e evitar o consumo de ultraprocessados. Com base nos dados do perfil alimentar da paciente, foi realizado um planejamento alimentar conforme a necessidade nutricional e patológica. Foi proposto um cardápio com base nos nutrientes adequados que apontam o seu efeito benéfico como terapia cognitiva na depressão. Café da manhã: mamão, crepioca com queijo ricota, suco (couve, maçã, limão, gengibre); Colação: castanha-do-brasil e banana nanica; Almoço: arroz integral, feijão 50% grão e caldo, filé de frango, salada de alface e couve-folha, azeite de oliva e chia; Lanche da tarde: kiwi, nozes e chá verdes; Jantar: filé de tilápia, legumes (cenoura, brócolis, chuchu e vagem); Ceia: abacate com linhaça. Discussão: O consumo de alimentos nutricionalmente equilibrados e balanceados são de suma importância no combate a depressão, visto que apresentam um papel potencialmente benéfico no tratamento, atuando em vias metabólicas que são capazes de auxiliar na melhora do quadro. Estudos demonstram que a carência de alguns nutrientes, tais como magnésio, zinco, vitamina D, vitaminas do complexo B, principalmente piridoxina (B6), folato (B9) e cobalamina (B12), ômega-3 e também alimentos com aminoácido triptofano podem estar associados à depressão (SEZINI & GIL, 2014). Tais nutrientes são essenciais para aumentar o efeito terapêutico, são encontrados principalmente em sementes de abóbora, amêndoa, avelã, castanha-do-brasil, amendoim, nozes, pistache, pescados e frutos do mar, carnes e ovos, grãos de cereais, arroz integral, banana, sementes (linhaça, chia, cânhamo), folhas verdes escuras, leguminosas e óleos vegetais (COZZOLINO, 2016). O magnésio é um dos minerais mais essenciais no corpo humano, conectado à bioquímica cerebral e à fluidez da membrana neuronal. Uma variedade de sintomas neuromusculares e psiquiátricos, foi observada na deficiência de magnésio e há indícios que ele provavelmente tem influência nos vários sistemas associados ao desenvolvimento da depressão. Logo o magnésio tem papel importante para o tratamento da depressão (SEREFKO et al., 2013). Assim como o magnésio, o zinco também possibilita várias funções bioquímicas, ele é essencial para a atividade de centenas enzimas no organismo humano, além de estar envolvido na síntese proteica influenciando a divisão celular, expressão e transcrição genética (MAFRA & COZZOLINO, 2004). O zinco está presente em vesículas sinápticas de neurônios específicos e é um antagonista do receptor de glutamato, através da inibição do receptor N-metil-D-aspartato, ele é capaz de modular a transmissão de glutamato na fenda sináptica (NOWAK, SZEWCZYK & PILC, 2005). O aminoácido essencial mais estudado no âmbito da depressão é o triptofano. A associação entre o triptofano e o desenvolvimento da depressão é metabolicamente plausível, visto que este aminoácido é o único precursor da síntese da serotonina, um neurotransmissor implicado na fisiopatologia da depressão e também da melatonina, um hormônio que atua na regulação do sono (SENRA, 2017). Ademais, níveis de triptofano regulam os níveis periféricos centrais de serotonina através do eixo intestino-cérebro, que liga os centros emocionais e cognitivos do cérebro ao funcionamento periférico do trato digestivo. A serotonina é um elemento chave desse eixo, atuando como um neurotransmissor no Sistema Nervoso Central (SNC) e no Sistema Nervoso Entérico (SNE) (JENKINS et al., 2016). A associação entre baixos níveis de 25-hidróxi-colecalciferol e sintomas depressivos elevados sugere que a deficiência de vitamina D pode ser um fator de risco para a depressão. Uma das ações da vitamina D é induzir a expressão do gene sintetizador de serotonina, triptofano hidroxilase-2, enquanto reprime a expressão do triptofano hidroxilase-1. Tanto o triptofano hidroxilase-1 quanto o triptofano hidroxilase-2 desempenham um papel na síntese da serotonina (OLIVEIRA; HIRANI; BIDDULPH, 2017). Deficiência de vitaminas, principalmente as B6, B9 e B12, pode estar relacionada ao aparecimento de sintomas depressivos, pois essas vitaminas possuem um importante papel na via metabólica envolvida nos processos de síntese dos neurotransmissores no SNC, além de participarem do metabolismo da homocisteína (proteína que em altas concentrações aumenta significativamente a oxidação por radicais livres). A ingestão insuficiente dessas vitaminas é um fator de risco para a depressão, seja causando uma queda na síntese de neurotransmissores, seja gerando aumento na concentração de homocisteína (SKARUPSKI et al., 2010; DIMOPOULOS et al., 2007). Ácidos graxos poliinsaturados ômega-3, especialmente o ácido docosahexaenóico (DHA) e o ácido eicosapentaenóico (EPA), apresentam um efeito terapêutico na melhora da depressão (LIAO et al., 2019). Os EPA demonstram efeito neuroprotetor em pacientes com distúrbios neuropsiquiátricos, principalmente pelo fato de estarem associados ao aumento de N -acetil-aspartato no cérebro, um marcador da integridade neuronal (FRANGOU et al., 2007). Com relação a fibromialgia, vários autores reportaram os efeitos benéficos da alimentação sobre os sintomas de doenças reumatológicas, em especial da dieta vegetariana (BRAZ, 2011). Batista (2016) também menciona que as dietas vegetarianas parecem atenuar alguns sintomas da fibromialgia e esse fato pode ser devido ao seu baixo teor de gordura e proteínas, altos níveis de fibras, vitaminas C, betacaroteno, minerais (magnésio, potássio, zinco, selênio) e antioxidantes. Segundo Batista et al (2015) os micronutrientes como o cálcio (Ca) e o magnésio (Mg), são importantes nas contrações musculares, por ajudar a produzir espasmos musculares e impulsos nervosos. Evidências mostram que aumentar a ingestão de alimentos fontes de triptofano pode ser benéfico, pelo fato de esse aminoácido ser usado para sintetizar a serotonina. Silva (2017) menciona uma relação da fibromialgia com o estresse oxidativo, o que tornaria benéfica a terapia com nutrientes antioxidantes, como as vitaminas C, E o ß-caroteno. Considerações finais: Portanto, verifica-se que a nutrição pode auxiliar na prevenção e no tratamento da depressão e da fibromialgia, sendo alguns nutrientes de fundamental importância como: magnésio, zinco, ômega-3, vitamina D, vitaminas do complexo B e triptofano. Além disso, uma dieta vegetariana com baixo teor de gordura e proteínas, altos níveis de fibras, vitaminas C, ß-caroteno, minerais (magnésio, potássio, zinco, selênio) e antioxidantes, parecem ser benéficas para a Fibromialgia. Logo, o nutricionista tem um papel muito importante na prevenção e no tratamento dessas patologias ajudando na melhora do prognóstico dos pacientes. Referências: BATISTA, E.D et al. Avaliação da ingestão alimentar e qualidade de vida de mulheres com fibromialgia. Rev. Bras. Reumatol. vol.56 nº.2 São Paulo, 2016. BRASIL. Ministério da Saúde. Guia alimentar para a população brasileira. 2. ed., Brasília: Ministério da Saúde, 2014. BRAZ, A.S. Uso da terapia não farmacológica, medicina alternativa e complementar na fibromialgia. Revista Brasileira de Reumatologia, vol.51 no.3 São Paulo May/June 2011. COZZOLINO, S.M.F. Biodisponibilidade de nutrientes. 5. ed. rev. e atual. Barueri, SP: Manole, 2016. DIMOPOULOS, Nikolaos et al. Correlation of folate, vitamin B12 and homocysteine plasma levels with depression in an elderly Greek population. Clinical Biochemistry, [s.l.], v. 40, n. 9-10, p. 604-608, jun. 2007. FRANGOU, Sophia et al. Preliminary in vivo evidence of increased N-acetyl-aspartate following eicosapentanoic acid treatment in patients with bipolar disorder. 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Título do Evento
CONIGRAN 2020 - Congresso Integrado UNIGRAN Capital
Cidade do Evento
Campo Grande
Título dos Anais do Evento
Anais do CONIGRAN 2020 - Congresso Integrado UNIGRAN Capital
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

WELTER, PRISCILA DE BRITO et al.. TRANSTORNO DEPRESSIVO E FIBROMIALGIA. A IMPORTÂNCIA DOS NUTRIENTES: UM RELATO DE CASO.. In: Anais do CONIGRAN 2020 - Congresso Integrado UNIGRAN Capital. Anais...Campo Grande(MS) UNIGRAN Capital, 2020. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conigran2020/249345-TRANSTORNO-DEPRESSIVO-E-FIBROMIALGIA-A-IMPORTANCIA-DOS-NUTRIENTES--UM-RELATO-DE-CASO. Acesso em: 02/05/2025

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