RELATO DE EXPERIÊNCIA: ESTUDO DE CASO DOENÇA DE ALZHEIMER E DISBIOSE INTESTINAL EM IDOSA

Publicado em 30/12/2020 - ISBN: 978-65-5941-071-2

Título do Trabalho
RELATO DE EXPERIÊNCIA: ESTUDO DE CASO DOENÇA DE ALZHEIMER E DISBIOSE INTESTINAL EM IDOSA
Autores
  • Suely Cardoso Nunes
  • Keila Artigas Deiss
  • PATRICIA CINTRA
Modalidade
Comunicação oral (Resumo expandido)
Área temática
Nutrição
Data de Publicação
30/12/2020
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/conigran2020/248295-relato-de-experiencia--estudo-de-caso-doenca-de-alzheimer-e-disbiose-intestinal-em-idosa
ISBN
978-65-5941-071-2
Palavras-Chave
Alzheimer; Microbiota intestinal, Disbiose, Dieta Mediterrânea.
Resumo
Introdução: O uso das metodologias ativas tem sido base para a construção do conhecimento sendo utilizada cada vez mais, levando os docentes a estimular os discentes a construir o saber, por meio de pesquisa-ação que, além de compreender, visa intervir na situação, com vistas a modifica-la. Ao realizar a pesquisa por meio do estudo de um caso particular, que seja representativo de um conjunto de casos similares, é possível realizar um diagnóstico e propor mudanças para a situação pesquisada. O referido estudo é sobre uma idosa que apresenta Doença de Alzheimer. Objetivos: O objetivo do presente trabalho é avaliar o diagnóstico nutricional da paciente a fim de escolher a conduta nutricional mais adequada para a mesma e atender as recomendações nutricionais a idosos portadores de DA. Metodologia: Analise do estudo de caso descritivo, realizado no mês setembro/19, pesquisas em outras publicações cientificas em revistas, jornais e periódicos, relacionadas ao tema estudado, para inclusão nesta revisão. Resultados e discussões: M.M.L.P., 74 anos, sexo: feminino, acamada a 6 anos, viúva, aposentada por invalidez, natural de Piracicaba (SP), mora com a filha. Ela faz uso de prótese dentária e apresenta dificuldade de mastigação para alimentos muitos duros, tais como carnes e vegetais crus. Apresenta dificuldade de deglutir, diminuição da ingesta alimentar e fraqueza muscular. Distensão abdominal após se alimentar e constipação crônica. Nunca praticou atividade física. Ingere aproximadamente 1 litro de líquidos por dia (com espessante). Realiza quatro a cinco refeições ao dia em sua casa. Das refeições ofertadas, o almoço e o jantar são as mais frequentemente omitidas, fato bastante negativo, visto que essas são normalmente as refeições onde há o maior aporte calórico. Devido à sua alimentação via oral estar sendo insuficiente para suprir-lhe às necessidades energéticas e levando em consideração seu estado nutricional de desnutrição, foi necessário fazer uma gastrostomia no início de 2019. Desde então, a paciente passou a receber, via enteral, OSMOLITE PLUS HN (120 Kcal/100ml) na quantidade de 1000 ml/dia fracionada em 5 x 200 ml. A DA é uma patologia neurodegenerativa, crônica, progressiva que não tem cura. Sua característica é a excessiva deposição do peptídio ß-amiloide e emaranhados neurofibrilares no cérebro. A microbiota intestinal é um conjunto de microrganismos, que formam um sistema estruturado, como qualquer órgão, que realiza interações com seu hospedeiro, já a disbiose intestinal é um desequilíbrio da microbiota intestinal que produz efeitos adversos e prejudiciais à saúde do hospedeiro. Reduzindo a capacidade de absorção dos nutrientes e causando carências de vitaminas e este desequilíbrio é causado pela diminuição do número de bactérias boas do intestino e aumento das bactérias capazes de causar doenças. O processo de envelhecimento leva a modificações estruturais no intestino, como atrofia da mucosa intestinal e do revestimento muscular, que interferem na motilidade intestinal contribuindo para o surgimento da constipação. Diagnóstico Nutricional: Conforme dados antropométricos: Peso atual: 63 kg, Estatura: 1,71m, IMC: 21,55 kg/m2, a paciente está classificada com Desnutrição (IMC para idoso, OPAS 2001). O cálculo da Taxa de Metabolismo Basal (TMB), segundo Harris & Benedict (1919), é de 1207,40 kcal/dia e o Requerimento Energético Total (EER), segundo IOM (2005), considerando seu peso ideal com base no IMC 22 e Fator Injúria de 1,2, é de 2061,88 kcal/dia. Sua dieta habitual é: Café da manhã 8h: 100ml de café com leite adoçado, 1 fatia de pão de forma integral com 2 pontas de facas de manteiga; Lanche da manhã 9:30h: 90g de iogurte grego Itambé frutas; Almoço 11:30h: 2 colheres de sopa rasa de arroz branco, 1 colher de sopa de feijão, ½ colher de sopa de carne de panela, 1 colher de sopa de verdura(escarola) cozida. Jantar 20h: ½ prato fundo de sopa de legumes com carne liquidificada. Onde se verifica a ingesta oral habitual da paciente de 455,18 kcal/dia mais as 1200 kcal/dia da dieta enteral totalizam 1655,18 kcal/dia, ficando bem aquém das necessidades energéticas da mesma. Recomendações dietoterápicas: As necessidades energéticas para idosos segundo a diretriz da (BRASPEN, 2019) é de 30 a 35 kcal/kg/dia, na presença de doenças agudas ou crônicas a recomendação proteica varia entre 1,2 à 1,5g/kg/dia, podendo chegar a 2,0 g/kg/dia se houver alto catabolismo, fibra dietética 25g ao dia. Já as recomendações dos principais micronutrientes segundo as DRI´s são: cálcio (1200 mg/dia), ferro (8 mg/ dia), magnésio (420 mg/dia para homens e 320 mg/dia para mulheres), zinco (11 mg/dia para homens e 8 mg/ dia para mulheres), vitamina D (20 microgramas/dia), vitamina B12 (2,4 microgramas/dia) e vitamina C (90 mg/ dia para homens e 75 mg/dia para mulheres), desde que não haja nenhuma deficiência especifica. As mulheres idosas devem receber pelo menos 1,6 litros de líquidos ao dia, enquanto homens idosos devem receber pelo menos 2,0 litros de líquidos ao dia. Orientações Nutricionais: A vitamina C é essencial para a síntese de neurotransmissores, como a dopamina e noradrenalina, atua como antioxidante protegendo os neurônios contra o stresse oxidativo e é também necessária para reciclar a vitamina E para a sua forma antioxidante. Já a vitamina E é importante para o funcionamento dos neurônios, sendo um constituinte das membranas dos neurônios e um potente antioxidante. Por sua vez o selénio é um micronutriente que quando ligado a aminoácidos como a cisteína permite que estes se incorporem em selenoproteínas cuja função enzimática é fundamental para diminuir o stresse oxidativo, o que é particularmente relevante na prevenção e progressão da doença de Alzheimer. A homocisteína quando presente no tecido cerebral parece estar relacionada com a doença de Alzheimer através de mecanismos vasculares ou atuando como uma neurotoxina. O aporte insuficiente de vitaminas do complexo B, especialmente a B1 (tiamina), B2, B6, ácido fólico e vitamina B12 está associado a hiperhomocisteinemia e a défices cognitivos, sugerindo que estas vitaminas possam ter um papel preventivo em relação à patologia de Alzheimer. Vários estudos têm salientado que a vitamina D é importante para o normal desempenho cognitivo, visto que existem receptores de vitamina D localizados em áreas do cérebro responsáveis pelo planeamento, processamento e formação de novas memórias, assumindo deste modo um papel importante, especialmente para a população idosa. Deve-se ter precaução ao uso do alumínio, devido ao seu potencial neurotóxico quando presente no nosso organismo em excesso. O alumínio é encontrado frequentemente no cérebro de pessoas com Alzheimer. Para tentar minimizar a exposição ao alumínio deve-se evitar o uso frequente de utensílios de cozinha deste material e minimizar a ingestão de antiácidos, fermento em pó e outros produtos que contenham alumínio. Diante disso é indicado adotar um padrão alimentar adequado e algumas orientações importantes: Como a ingesta de alimentos probióticos e pre-bióticos para a modulação e rees¬truturação da microbiota intestinal e promoção de resistência gastrintestinal, alívio da constipação, como também, tratamento de alguns tipos de diarreias e melhor absorção de algumas vitaminas, como A, C, E, D, K, Ácido fólico, B12, B6, selénio, e ômega 3; Preferir o consumo de hortaliças, leguminosas, frutas e cereais integrais; Ingerir alimentos fontes de cálcio, vitamina E, vitamina B12. Atentar-se para a ingesta de água e chá regularmente, como forma de evitar a desidratação, muito comum em idosos, especialmente os portadores de DA. Preferir os alimentos inatura ou minimamente processados; minimizar a ingestão de gordura saturada e trans, moderar o consumo de carnes e laticínios, o sal e o açúcar; evitar alimentos ultra processados. Incluir alguma atividade física na rotina, pelo menos 3 vezes por semana, de acordo com orientação e supervisão de um educador físico e/ou fisioterapeuta; manutenção de uma rotina de sono apropriada, aproximadamente 7-8 horas por noite; realizar atividades mentais regularmente, que promovam novas aprendizagens, tipo musicoterapia 40 minutos por dia, 4-5 vezes por semana. Faça da refeição um momento simples e agradável, sem tensões, sempre que possível inclua-o nas atividades diárias, como preparações das refeições, para estimular todos os seus sentidos. Nem todos os alimentos precisam ser consumidos com talheres, se for atrapalhar a paciente, uma vez que muitos problemas alimentares são temporários e podem ir mudando à medida que a doença se agrava. No caso do uso de um multivitamínico, escolher aqueles que não contenham ferro, ou cobre, uma vez que alguns estudos sugerem que a ingestão excessiva de ferro e cobre pode contribuir para o desenvolvimento de problemas cognitivos. Conclusão: É comum as pessoas nas fases mais avançadas da doença perderem uma quantidade considerável de peso. As pessoas podem esquecer-se de como comer ou beber, ou podem não reconhecer os alimentos que lhes são servidos. Algumas pessoas tornam-se incapazes de mastigar e engolir corretamente, como a paciente em questão. Por todos estes motivos, muitas vezes é necessário recorrer a suplementos nutricionais. Se a paciente tiver dificuldades de deglutição ou não consumir alimentos ou bebidas ao longo de um período significativo de tempo, a sua saúde poderá ser afetada. Nesse sentido, ressalta-se a importância de uma boa alimentação para manter a homeostase intestinal, visto que é através da dieta que se obtêm os principais nutrientes necessários ao organismo pois a alimentação adequada e saudável poderá ser um fator protetor. No caso em questão verifica-se uma alimentação inadequada, visto que a mesma faz uso de uma dieta totalmente ocidentalizada, diferente do indicado para seu estado. Ressalto importância de ajustar a dieta oral da mesma, levando em consideração as orientações descritas aqui, bem como a inclusão da dieta do mediterrâneo para melhorar seu estado nutricional. Devido as complicações decorrentes da evolução da DA, é de extrema importância associar a dieta oral com a dieta enteral, para garantir à paciente, o aporte calórico adequado, a recuperação do seu estado nutricional e sair do estado de desnutrição. Não se deve interromper a alimentação via oral, para que o trato gastrointestinal seja mantido em constante funcionamento e especialmente seguir a conduta para tratamento da disbiose, a fim de recuperar a microbiota, o equilíbrio intestinal, aumentando sua capacidade de absorção dos nutrientes e diminuindo a carência de vitaminas. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA CONRADO, Bruna Ágata; SOUZA, Sinara Azevedo de; MALLET, Aline Cristina Teixeira; SOUZA, Elton Bicalho de; NEVES, Alden dos Santos; SARON, Margareth Lopes Galvão. Disbiose intestinal em idosos e aplicabilidade dos probióticos e prebióticos. Cadernos Unifoa. Volta Redonda, n. 36, p. 71-78, abr. 2018. Quadimestral. CORREIA, Andreia; FELIPE, Jessica; SANTOS, Alejandro; GRAÇA, Pedro (org.). Nutrição e Doença de Alzheimer. Programa nacional para a promoção da alimentação saudável. Lisboa: DGS - Direção Geral da Saúde, 2015. 78 p. CUPPARI, Lilian. Guia de nutrição: nutrição clínica no adulto. 3ª ed. São Paulo: Manole, 2016. DIRETRIZ BRASPEN DE TERAPIA NUTRICIONAL NO ENVELHECIMENTO Reprinted from: 3o Suplemento Diretrizes BRASPEN de Terapia Nutricional - Volume 34 - Páginas 2 a 58 - 2019 FERREIRA, Geyza Souza. DISBIOSE INTESTINAL: Aplicabilidade dos Prebióticos e dos Probióticos na recuperação e manutenção da microbiota intestinal. 23 f. 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Food Research Center (FoRc). Versão 6.o. São Paulo, 2017. Diponível em: <http://www.fcf.usp.br/tbca/>. Acesso em: 24 de março de 2020. VITOLO, M.R. Nutrição da Gestação ao Envelhecimento. 6ª Ed. Rio de Janeiro: Rubio, 2013.
Título do Evento
CONIGRAN 2020 - Congresso Integrado UNIGRAN Capital
Cidade do Evento
Campo Grande
Título dos Anais do Evento
Anais do CONIGRAN 2020 - Congresso Integrado UNIGRAN Capital
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

NUNES, Suely Cardoso; DEISS, Keila Artigas; CINTRA, PATRICIA. RELATO DE EXPERIÊNCIA: ESTUDO DE CASO DOENÇA DE ALZHEIMER E DISBIOSE INTESTINAL EM IDOSA.. In: Anais do CONIGRAN 2020 - Congresso Integrado UNIGRAN Capital. Anais...Campo Grande(MS) UNIGRAN Capital, 2020. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/conigran2020/248295-RELATO-DE-EXPERIENCIA--ESTUDO-DE-CASO-DOENCA-DE-ALZHEIMER-E-DISBIOSE-INTESTINAL-EM-IDOSA. Acesso em: 14/05/2025

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