ENLUTAMENTO E TEMPORALIDADE: A PATOLOGIZAÇÃO DO SENTIR NA ERA DA TÉCNICA.

Publicado em 02/12/2024 - ISBN: 978-65-272-0873-0

Título do Trabalho
ENLUTAMENTO E TEMPORALIDADE: A PATOLOGIZAÇÃO DO SENTIR NA ERA DA TÉCNICA.
Autores
  • Beatriz de Castro Lira
Modalidade
RESUMO (práticas profissionais ou estudos teóricos)
Área temática
Sofrimento psíquico na atualidade e Psicopatologia Fenomenológica
Data de Publicação
02/12/2024
País da Publicação
Portugal | Portugal
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/congresso-internacional-de-psicologia-fenomenologico-existencial/890910-enlutamento-e-temporalidade--a-patologizacao-do-sentir-na-era-da-tecnica
ISBN
978-65-272-0873-0
Palavras-Chave
luto; clínica fenomenológica; psicopatologia
Resumo
O presente trabalho visa refletir a experiência do luto na prática clínica de base fenomenológica a partir de um atendimento realizado no Plantão Psicológico da Clínica Escola da Unifavip Wyden. Trata-se de uma mulher de 62 anos que se queixava da permanência angustiante da dor do luto por seu companheiro, com quem conviveu desde os seus 15 anos de idade. Apesar de experienciar a dor da perda de amigos e familiares, agora o misto de tristeza e saudade advindos dessas perdas somavam-se à onipresente ausência do companheiro que fez parte de sua vida por 47 anos. Em seu relato, a frustração de não haver superado tamanha dor encontra suporte nas cobranças externas: enquanto seus filhos e netos buscam seguir com suas rotinas, também cobram para que a matriarca da família “siga em frente” e busque ajuda psicológica. Aqui, já é perceptível que à clínica psicológica é socialmente atribuído o papel de cessar as dores que não cabem ser sentidas em outros espaços. Assim ela o faz. Porém, depara-se com um projeto de superação no qual é proposta a superação de seu luto em um mês. Diante da impossibilidade de realização deste feito, a frustração: ela relata saber do tempo de luto ideal e que a persistente angústia que rondava seus dias há três anos já possivelmente havia se tornado algo “doentio”, nomeado pela mesma como “luto patológico”. Essa afirmativa nos faz retomar a temporalidade atrelada à normalidade e como esta definição recai sobre os afetos dos sujeitos na era da técnica, fazendo do espaço clínico um modelador de sentimentos normatizados, sem que haja espaço para sentir o que, de fato, o atravessa. As reflexões acerca do luto a partir da perspectiva fenomenológica vão ao encontro deste imperativo. Enxergar o luto como uma etapa a ser superada (de preferência, o mais breve possível), é escapar ao acolhimento do paciente em sua singularidade, enquadrando sua forma de sentir em moldes externos. É ignorar que “falar de morte e luto, é falar de vida, cuidado, encontro entre humanos, perdas, dor, ressignificação e abertura de possibilidades”, conforme mencionado por Cândido Jerônimo Flauzino. A partir da fenomenologia, portanto, é possível pensar uma clínica na qual o profissional da psicologia caminhe com o olhar atento a como os sentimentos advindos da perda se mostram, entendendo os modos dessa existência como ela é, e não como gostaríamos que fosse (FEIJOO, 2022).
Título do Evento
Congresso Internacional de Psicologia Fenomenológico-Existencial
Cidade do Evento
Lisboa
Título dos Anais do Evento
Anais do Congresso Internacional de Psicologia Fenomenológico-Existencial: Reflexões sobre os fundamentos e a práxis clínica: entre a ciência e a arte do saber-fazer
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

LIRA, Beatriz de Castro. ENLUTAMENTO E TEMPORALIDADE: A PATOLOGIZAÇÃO DO SENTIR NA ERA DA TÉCNICA... In: Anais do Congresso Internacional de Psicologia Fenomenológico-Existencial: Reflexões sobre os fundamentos e a práxis clínica: entre a ciência e a arte do saber-fazer. Anais...Rio de Janeiro(RJ) Instituto NUCAFE, 2024. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/congresso-internacional-de-psicologia-fenomenologico-existencial/890910-ENLUTAMENTO-E-TEMPORALIDADE--A-PATOLOGIZACAO-DO-SENTIR-NA-ERA-DA-TECNICA. Acesso em: 03/06/2025

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