CONSULTA DE ENFERMAGEM À MULHER NO TERCEIRO TRIMESTRE DE GESTAÇÃO: RELATO DE CASO

Publicado em 08/05/2018 - ISSN: 2595-3834

Título do Trabalho
CONSULTA DE ENFERMAGEM À MULHER NO TERCEIRO TRIMESTRE DE GESTAÇÃO: RELATO DE CASO
Autores
  • Joyce Borges Ceballos
  • Hevelyn Souto Nunes
  • Patricia lima ávalos
  • Sandra L F Freitas
  • Caroliny Oviedo Fernandes
Modalidade
Comunicação Coordenada
Área temática
Referenciais teóricos e tecnológicos aplicados no cuidado da Enfermagem Obstétrica e Neonatal
Data de Publicação
08/05/2018
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/cobeon/68179-consulta-de-enfermagem-a-mulher-no-terceiro-trimestre-de-gestacao--relato-de-caso
ISSN
2595-3834
Palavras-Chave
Pré-natal, Consulta de Enfermagem, Diagnóstico de Enfermagem.
Resumo
Introdução: Cada trimestre da gestação tem um tempo definido e é marcado por grandes mudanças tanto para a gestante quanto para o concepto. Durante as consultas de pré-natal é possível identificar diagnósticos de enfermagem frente aos riscos que a gestante está exposta e mediante as queixas verbalizadas. Assim é possível realizar orientações efetivas para cada diagnóstico identificado. No terceiro trimestre que se inicia na 27º semana e vai até a 40º/41º semanas, a mulher apresenta alguns achados típicos decorrentes das mudanças hormonais e de adaptação do próprio corpo além do desenvolvimento do feto. Estes processos são fisiológicos e de evolução normal, tais como as contrações de Braxton Hicks, mudanças fisiológicas no sistema respiratório, urinário e gastrointestinal, além de adaptações psicossociais, sexuais, mudanças de humor e ambivalência¹. Durante este período vários sintomas podem influenciar de forma negativa na vida da mulher. Sobre o impacto no sistema urinário da gestante, nota-se que a polaciúria e a noctúria são prevalentes, estando associado à pressão exercida pelo útero gravídico sobre a bexiga, reduzindo consequentemente a capacidade vesical². O sistema respiratório é afetado já que o espaço disponível para abrigar os pulmões diminui à medida que o útero exerce pressão sobre o diafragma empurrando-o para cima, fazendo a gestante respirar mais rápido e profundamente. A constipação ocorre pelo esvaziamento gástrico lentificado e a diminuição da peristalse, devido à influência dos níveis de progesterona aumentados provocarem relaxamento da musculatura lisa. Por este motivo é reabsorvido mais água que o normal no trato gastrointestinal, levando a distensão abdominal e constipação intestinal¹. Frente a estas mudanças de evolução da gestação, é importante avaliar as sintomatologias, identificando os fatores que poderão amortecer os impactos físicos e estressantes¹. Objetivo: Identificar os diagnósticos e prescrições de enfermagem de uma gestante, no terceiro trimestre de gestação, nas consultas de enfermagem no pré-natal. Método: Trata-se de um relato de caso de todos os diagnósticos de enfermagem levantados nas consultas de enfermagem de uma gestante de risco habitual no terceiro trimestre atendida na Clínica Escola Integrada da UFMS durante as atividades práticas desenvolvidas por acadêmicos do 6º semestre do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) de agosto a outubro de 2017. A gestante foi devidamente informada do trabalho e assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Resultados: Ao total, a gestante compareceu à quatro consultas de enfermagem nas quais foram identificados dez diagnósticos de enfermagem reais e dois de risco, baseando-se na North American Nursing Diagnosis Association (NANDA) e na Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE), sendo eles: 1) Gestação de terceiro trimestre; 2) Conhecimento deficiente sobre o exame Papanicolau e autoexame das mamas, caracterizado por informações insuficientes; 3) Conforto alterado, caracterizado pela verbalização de cefaleia, náuseas, pirose e câimbra relacionada à gestação; 4) Padrão de sono prejudicado caracterizado por despertar não intencional relacionada à lombalgia; 5) Pirose atual; 6) Dor aguda caracterizada pelo relato verbal de lombalgia, relacionada ao aumento do volume uterino; 7) Tosse leve aguda; 8) Fadiga relacionada ao aumento de peso durante a gestação; 9) Risco de infecção do trato urinário e 10) Risco de glicemia instável relacionada a aumento de peso excessivo e gravidez. As principais intervenções de enfermagem prescritas foram: ensinar a gestante a realizar o mobilograma; orientar sobre a realização do Papanicolau e sua eficácia na detecção precoce do câncer do colo do útero, sobre o autoexame das mamas e sua importância na detecção de nódulos nas mamas e a importância do uso do preservativo nas relações sexuais para evitar o risco de infecções sexualmente transmissíveis (IST); recomendar à gestante que evite o consumo de café, chá preto, álcool, frituras, doces e alimentos com cheiro forte. A orientação para evitar o consumo de alimentos que possuem cafeína é pertinente devido ao seu efeito sobre o sistema nervoso central, pois a quantidade e a frequência em que é consumida pode resultar em alterações do metabolismo durante a gestação ou na programação fetal³. Além disso, a placenta e o feto não possuem enzimas responsáveis pelo metabolismo desse composto químico, podendo ocorrer baixo peso ao nascer, aborto espontâneo, retardo de crescimento uterino e aumento do risco de ruptura precoce das membranas4. Outra recomendação foi a de fracionar a dieta e aumentar a quantidade de refeições por dia, ingerindo uma menor quantidade de alimentos por refeição. Também explicou-se que as alterações posturais da gravidez, seguida das orientações quanto à correção da postura ao andar e sentar-se. Essa alteração postural é fisiológica, e ocorre devido ao aumento do volume uterino, sustentado-se na parede abdominal e o aumento no volume das mamas pesam no tórax, o centro de gravidade desvia-se para frente e, como consequência, o corpo projeta-se para trás, o que provoca a acentuação da lordose na coluna lombar ocorrendo a nutação do sacro desencadeada pela secreção de relaxina. Somando a essas alterações, tem-se a fadiga causada pelo aumento de peso e alterações posturais². Também houve o incentivo ao uso de sapatos baixos e confortáveis, e algumas recomendações, como repousar em decúbito lateral esquerdo, elevar os pés e usar travesseiros nas costas ao se sentar também foram feitas e demonstradas. Durante a gestação, tem-se o aumento de pressão nos capilares dos membros inferiores e deitar em decúbito lateral esquerdo faz com que o útero gravídico descomprima a veia cava inferior e o edema ceda, quando se trata do edema gravitacional². Outro destaque é a orientação quanto à realização de higiene íntima adequada, fazer a análise do exame de urina tipo I e a análise da glicemia de jejum. A partir da 30ª semana, a mulher mobiliza suas reservas energéticas buscando se adequar ao crescimento fetal. Dessa forma, ocorre o aumento da resistência periférica à insulina, resultando em hiperglicemia pós-prandial e hiperinsulinemia, influenciadas pela prolactina e pelo hormônio lactogênio placentário humano (hPL). Qualquer desequilíbrio no metabolismo de carboidratos pode ocasionar diabetes mellitus gestacional¹. Ainda, em relação à Infecção do Trato Urinário (ITU), é sabido que no período gestacional acontecem modificações anatômicas do trato urinário, como a dilatação das pelves renais e ureteres, e isso associado à redução do tônus vesical, contribui para a ocorrência da estase urinária e refluxo vésico-uretral, fazendo com que as infecções assintomáticas tornem-se sintomáticas. Adicionado a isso está a diminuição da capacidade renal em concentrar a urina, o que reduz a atividade antibacteriana do fluído, que passa a conter maiores quantidades de glicose, aminoácidos e produtos da degradação hormonal, sendo assim, a urina passa a ter um pH mais alcalino, auxiliando o crescimento bacteriano no trato urinário5. E, por fim, como é uma gestante que se encontra no terceiro trimestre, foi instruída a procurar a maternidade caso apresente: contrações dolorosas e rítmicas, diminuição ou parada dos movimentos fetais e perdas vaginais (tampão, líquido e sangue). Conclusão: As acadêmicas de enfermagem constataram que a consulta de enfermagem no pré-natal tem por objetivo acolher, orientar e atender a gestante e sua família em suas necessidades específicas e que, para o planejamento de todas as ações é indispensável que sejam identificados os diagnósticos de enfermagem. Contribuições para a Enfermagem Obstétrica: A consulta de enfermagem no pré-natal possibilita à gestante e sua família uma assistência especializada e individualizada, identificando precocemente os riscos existentes para a saúde da gestante e do feto. Também, através da educação em saúde, é possível contribuir para o empoderamento dessa gestante, o que proporciona maior autonomia e poder de decisão quando é submetida à assistência à saúde. Além disso, contribui para a consolidação e reafirmação da Enfermagem enquanto ciência, fortalece a autonomia do enfermeiro e proporciona maior reconhecimento da profissão pela população. Referências: ¹ CABAR FR, CODARIN, RR, BUNDUKI. V. Repercussões da gravidez no organismo materno. In: ZUGAIB, M. Zugaib Obstetrícia. 3ª ed. Barueri: Manole; 2016. 1329p. ² MONTENEGRO CAB, REZENDE FILHO J de. Ciclo gestatório normal. In: MONTENEGRO CAB, REZENDE FILHO J de. Obstetrícia fundamental. 13ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2014. 1885 p. ³ SOUZA RAG, SICHIERI R. Consumo de cafeína e de alimentos-fonte de cafeína e prematuridade: um estudo caso-controle. Cad. Saúde Pública. 2005; 21(6):1919-1928. 4 PACHECO AHRN, ARAUJO DMR, LACERDA EMA, KACG. Consumo de cafeína por grávidas usuárias de uma Unidade Básica de Saúde no município do Rio de Janeiro. Rev Bras Ginecol Obstet. 2008; 30(5):232-40. 5.BAUMGARTEN, MCS dos. et al. Infecção Urinária na Gestação: uma Revisão da Literatura. UNOPAR Cient Ciênc Biol Saúde. 2011; 13(Esp):333-42.
Título do Evento
X COBEON - Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal
Cidade do Evento
Campo Grande
Título dos Anais do Evento
Anais do Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

CEBALLOS, Joyce Borges et al.. CONSULTA DE ENFERMAGEM À MULHER NO TERCEIRO TRIMESTRE DE GESTAÇÃO: RELATO DE CASO.. In: Anais do Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal. Anais...Campo Grande(MS) CCARGC, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/cobeon/68179-CONSULTA-DE-ENFERMAGEM-A-MULHER-NO-TERCEIRO-TRIMESTRE-DE-GESTACAO--RELATO-DE-CASO. Acesso em: 20/06/2025

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