LACERAÇÕES PERINEAIS ESPONTÂNEAS EM PARTOS ATENDIDOS POR ENFERMEIRAS OBSTETRAS

Publicado em 08/05/2018 - ISSN: 2595-3834

Título do Trabalho
LACERAÇÕES PERINEAIS ESPONTÂNEAS EM PARTOS ATENDIDOS POR ENFERMEIRAS OBSTETRAS
Autores
  • Kéllida Moreira Alves Feitosa
  • Gleiziane Peixoto Da Si
  • SImone Santos e Silva Melo
  • Rafaella Araújo Correia
  • Erika Maria Alves da Silva
  • Eduardo Neves Corte Real de Andrade
Modalidade
Tema Livre
Área temática
Prêmio Madre Marie Domineuc (melhor trabalho área de Assistência de Enfermagem Obstétrica e Perinatal)
Data de Publicação
08/05/2018
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/cobeon/67292-laceracoes-perineais-espontaneas-em-partos-atendidos-por-enfermeiras-obstetras
ISSN
2595-3834
Palavras-Chave
Períneo; Parto Normal; Humanização da assistência ao parto.
Resumo
Introdução: as lesões perineais espontâneas são caracterizadas como a perda da continuidade tecidual que envolve o assoalho pélvico durante a passagem do feto no canal de parto. Os traumas perineais são classificados em graus de lacerações, de acordo com a profundidade de acometimento1. No Brasil a cada ano, aproximadamente 1,5 milhões de mulheres sofrem algum tipo de trauma perineal durante o parto normal, em razão de lacerações perineais espontâneas ou de episiotomia, estando sujeitas a morbidades associadas a este trauma2. Baseando-se em pesquisa americana que analisou dados de 2.819 mulheres que deram a luz espontaneamente entre os anos de 2000 e 2005, autores concluíram que a prevalência e a gravidade da lesão perineal foram significativamente menores nos partos assistidos pelas enfermeiras3. Os fatores que influenciam o tipo e a frequência do desfecho perineal inclui a escolaridade materna, altura do períneo, duração do segundo estágio do parto, infusão de ocitocina, posição no parto, puxos dirigidos, manobras de proteção perineal, entre outros2. Diante de tais evidências faz-se necessário um levantamento minucioso da ocorrência de laceração perineal em partos normais atendidos por enfermeiras obstetras, com o intuito de elencar os critérios que poderão estar associados a sua ocorrência. Objetivo: avaliar a ocorrência de lacerações perineais espontâneas em partos atendidos por enfermeiras obstetras. Métodos: Foi realizado um estudo de corte transversal, descritivo, com abordagem quantitativa, realizado nos meses de outubro e novembro de 2016, no Hospital e Maternidade Petronila Campos, localizado no município de São Lourenço da Mata, em Pernambuco. Trata-se de uma maternidade de baixo risco, que dispõe de cinco leitos de pré-parto, 25 leitos de puerpério, com uma média de 163 partos por mês e um total de 1.960 partos por ano, com o enfoque à assistência integral, humanizada e multidisciplinar ao parto e pós-parto, com destaque para a atuação dos enfermeiros obstetras na assistência ao parto normal. Os dados foram coletados por meio da análise em prontuário de mulheres que tiveram partos normais e que atenderam aos critérios de inclusão do estudo. Foi utilizado como instrumento para coleta de dados um formulário estruturado, contendo as informações pertinentes para a realização da pesquisa. Os critérios de inclusão foram: mulheres de risco habitual, com idade gestacional de 37 a 42 semanas, gestação de feto único, que tiveram partos normais no local de estudo, atendidas por enfermeiras obstétricas. Foram excluídas do estudo as mulheres que tiveram partos normais ou cesarianas atendidas por médicos. Os dados foram tabulados em um banco de dados e analisados pelo programa Microssoft Excel 2010. O estudo atendeu às determinações do Conselho Nacional de Saúde 466/2012, iniciado somente após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, sob nº 1.708.640/2016. Resultados: No período do estudo obteve-se uma amostra de 129 prontuários de mulheres que tiveram partos normais assistidos por enfermeiras obstetras, com idades que variaram de 14 a 46 anos, com o predomínio da faixa etária de 14 a 24 anos em 61,2% e da cor parda em 65,8%. A maioria era primípara (35,6%), com idade gestacional entre 37 a 39 semanas (58,1%). A ocorrência de laceração foi de 90,6%, com predomínio da ocorrência de laceração de primeiro grau em 72,1% e a inexistência de lesões de 3º e 4º graus e episiotomia. Os partos assistidos em posições verticalizadas ocorreram em 78,1%, sendo utilizada ocitocina em 10,8% dos partos. Em pesquisa realizada em um Centro de Parto Normal (CPN), identificou-se que adolescentes com menos de 15 anos e mulheres com idade acima de 40 anos apresentaram menos traumas perineais. Lesões de segundo grau ocorreram com maior frequência em mulheres com idade de 20 a 25 anos. Estudo incluindo 6.365 partos normais identificou que as multíparas foram as que menos apresentaram lacerações perineais (5,3%), enquanto 14,9% das primíparas apresentaram o trauma perineal1. De acordo com estudo realizado em 2008 não há evidências de que a realização de episiotomia seja necessária para a prevenção de tocotraumatismos fetais em prematuros. Todavia, mulheres em trabalho de parto com idade gestacional inferior a 37 semanas possuem 2,3 vezes mais chance de sofrerem algum tipo de lesão perineal4. Em nosso estudo destaca-se o uso de ocitocina para estimular o trabalho de parto. O uso da ocitocina sintética intraparto é uma prática adotada com frequência para acelerar o parto ou corrigir desvios da contratilidade uterina quando as contrações são ineficazes. Entretanto, existe divergência quanto ao seu uso rotineiro e há evidencias científicas que mostram o aumento do risco de trauma perineal com uso de ocitocina5. As taxas de períneo intacto são maiores nas mulheres que adotam posições não supinas (sentadas, semi-sentada, de cócoras) durante o parto do que as que adotam a posição supina. Assim, a posição vertical no parto é uma das estratégias para a redução do trauma perineal, do edema de vulva e da episiotomia. Em contraponto, estudo desenvolvido no Centro de Parto Intra-Hospitalar do Hospital Geral de Itapecirica da Serra, com amostra de 820 prontuários de mulheres com parto normal assistido por enfermeiras obstétricas, a taxa de lacerações foi de 73,5%4 Já um estudo carioca, que analisou dados de 1.023 partos normais assistidos por enfermeiras obstetras, observou que, em 49,6% dos partos, ocorreu laceração perineal ocasional, predominando laceração de primeiro grau (67,3%), seguida de laceração de segundo grau (31,2%) e de terceiro grau (1,5%), o que se assemelha ao estudo atual6. Apesar das controvérsias sobre a necessidade de reparo de lacerações perineais superficiais ou de pequena extensão, a maioria dos autores concorda que as lacerações que atingem o plano muscular devem ser suturadas após o parto5. Conclusão: Foi evidenciada uma elevada ocorrência de lesões perineais espontâneas, apesar do reduzido uso de ocitocina e da posição litotômica no parto. Destaca-se ausência de lacerações de 3º, 4º grau e de episiotomia, lesões com potenciais complicações associadas à recuperação do assoalho pélvico. Portanto, faz-se necessário mais estudo que investigue os fatores associados às lacerações perineais para a redução de sua ocorrência. Contribuições e/ou implicações para a enfermagem obstétrica: Acredita-se que estudos dessa natureza possam subsidiar melhorias para a atuação de enfermeiros obstétricos no cenário de assistência ao parto normal, de modo a incentivar a redução de procedimentos invasivos, como o uso de ocitocina sintética e o incentivo às posições verticais no momento do parto, no intuito de diminuir a ocorrência de lacerações perineais espontâneas. Referências: 1. Riesco MLG; Costa ASC; Almeida SFS; Basile ALO; Oliveira SMJV et al. Episiotomia, laceração e integridade perineal em partos normais: análise de fatores associados. Rev. Enferm. UERJ; 19/ (1): 77-83, jan-mar 2011. 2. COLACIOPPO, P. M; RIESCO, M. L. G. Anestesia local no reparo do trauma perineal no parto normal: estudo comparativo da eficácia da solução anestésica com e sem vasoconstritor. 2015 (Mestrado em Enfermagem). São Paulo (SP): Escola de enfermagem da universidade de São Paulo/ EEUSP, 2015. 3. Lewis L; Hofmeyr GJ; Styles C et al. Maternal positions and mobility during first stage labour. Cochrane Database of Syst Rev. 2013(8). 4. Amorim MM; Katz L. O papel da episiotomia na obstetrícia moderna. Revista Feminina. 36 (1): 47-54, jan. 2008. 5. Silva FM; Oliveira SM; Bick D; Osava RH; Tuesta RF; Riesco ML. Risk factors for birth-related perineal trauma: a cross-sectional study in a birth centre. J Clin Nurs. 2012; 21 (15-16): 2209-18. 6. Pereira AL; Dantas F. Assistance characteristics of normal deliveries attended by obstetrical nurses. Rev. Enferm UFPE on line. v. 6, n. 1, p. 76-82, 2012.
Título do Evento
X COBEON - Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal
Cidade do Evento
Campo Grande
Título dos Anais do Evento
Anais do Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

FEITOSA, Kéllida Moreira Alves et al.. LACERAÇÕES PERINEAIS ESPONTÂNEAS EM PARTOS ATENDIDOS POR ENFERMEIRAS OBSTETRAS.. In: Anais do Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal. Anais...Campo Grande(MS) CCARGC, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/cobeon/67292-LACERACOES-PERINEAIS-ESPONTANEAS-EM-PARTOS-ATENDIDOS-POR-ENFERMEIRAS-OBSTETRAS. Acesso em: 04/09/2025

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