ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL REALIZADA POR ENFERMEIRO: PREVENÇÃO DE COMORBIDADES EVITÁVEIS NA GESTAÇÃO

Publicado em 08/05/2018 - ISSN: 2595-3834

Título do Trabalho
ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL REALIZADA POR ENFERMEIRO: PREVENÇÃO DE COMORBIDADES EVITÁVEIS NA GESTAÇÃO
Autores
  • Priscila Santos Alves Melo
  • Erika Maria Alves da Silva
  • ÍRIS NAYARA DE SOUZA INTERAMINENSE
  • Kéllida Moreira Alves Feitosa
  • Tarcila Lima Alcântara De Gusmão
  • Danielle Santos Alves
Modalidade
Tema Livre
Área temática
Prêmio Madre Marie Domineuc (melhor trabalho área de Assistência de Enfermagem Obstétrica e Perinatal)
Data de Publicação
08/05/2018
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/cobeon/63849-assistencia-pre-natal-realizada-por-enfermeiro--prevencao-de-comorbidades-evitaveis-na-gestacao
ISSN
2595-3834
Palavras-Chave
Cuidado pré-natal, Assistência de enfermagem, Prevenção.
Resumo
Introdução: O ciclo gravídico puerperal ocasiona diversas transformações em uma mulher física e emocionalmente. Nesse período, para que ela conduza a sua gestação de forma tranquila e adequada, é imprescindível que receba o apoio familiar, e sobretudo, um atendimento pré-natal que inspire a sua confiança, garantindo assim, todos os benefícios para a sua saúde e a do bebê1. Compreende-se por pré-natal um conjunto de procedimentos clínicos e educativos, ofertados a um grupo populacional específico, com o objetivo de promover a saúde e identificar precocemente problemas que possam causar danos à saúde da gestante e do bebê. Ao pré-natal também cabe o tratamento das intercorrências que possam acontecer nesse período, visando reduzir os impactos negativos sobre a morbimortalidade materno-infantil2. Entre os profissionais que executam o pré-natal, destaca-se o Enfermeiro que, por meio de seus conhecimentos e prática, atuará orientando a gestante e sua família, realizando consultas pré-natais de risco habitual. Este profissional solicitará exames de rotina, prescreverá medicamentos de acordo com o protocolo do Ministério da Saúde e implementará atividades educativas e preventivas3. A ausência de pré-natal de qualidade está intimamente ligada a maior taxa de morbimortalidade materna e perinatal1. Em países desenvolvidos, foi constatado que as perdas perinatais estão relacionadas às doenças de difícil prevenção, como malformações congênitas, descolamento prematuro de placenta e circulares de cordão2. Já nos países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, os óbitos perinatais prevalentes são por sífilis congênita e infecções urinárias, consideradas patologias passíveis de prevenção e/ou controle por meio de assistência adequada. Assim, compreendendo a necessidade emergente de inovar em ações educativas e preventivas de comorbidades evitáveis na no ciclo gravídico-puperperal e a importância destas durante este período para prevenção de agravos, denota-se a relevância deste estudo no sentido de evidenciar a relação entre a assistência pré-natal prestada por enfermeiro e as possíveis complicações apresentadas pelas gestantes. Objetivo: Descrever o acompanhamento pré-natal realizado por enfermeiro correlacionando com as complicações apresentadas por mulheres atendidas em um hospital terciário de referência obstétrica de Recife, Pernambuco. Método: Estudo quantitativo, descritivo e de corte transversal, realizado no período de setembro de 2015 à março de 2016 no setor do Alojamento Conjunto de um hospital terciário de referência para gestações de alto risco do estado de Pernambuco. A coleta de dados se deu por meio da consulta aos prontuários das puérperas internadas no referido serviço. Como critérios de inclusão admitiu-se prontuários de puérperas admitidas no alojamento conjunto, que estivessem no período do puerpério mediato (24 às 48h pós-parto), com no mínimo 80% das informações do prontuário preenchidas. Foram excluídos do estudo os prontuários de puérperas que receberam alta antes das 24 horas pós-parto e de puérperas que tiveram parto domiciliar ou foram transferidas de outras instituições para o referido local de pesquisa após o parto. Para obtenção dos dados, foi utilizado um questionário estruturado buscando-se informações sobre as características sociodemográficas, avaliação de risco gestacional, antecedentes familiares, pessoais e obstétricos, história da gestação e parto atuais além de dados da admissão obstétrica e das intercorrências obstétricas no pré-natal, parto e/ou puerpério. Para análise dos dados, foi construído um banco no programa EPI INFO, versão 3.5.2, por meio de dupla digitação e posterior validação e correção dos valores divergentes. O banco foi exportado para o software SPSS®, versão 18.0, em que foi realizada a análise. Para avaliar o perfil sociodemográfico, familiar, pessoal, clínico e obstétrico foram calculadas as frequências absolutas e percentuais e construídas as distribuições. Este estudo atende às normas da Resolução 466/12 do conselho Nacional de Ética em Pesquisa em Seres Humanos e obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Agamenon Magalhães, Recife-PE por meio do protocolo CAAE: 49603415.6.0000.5197. Resultados: De acordo com os dados referentes ao pré-natal, observa-se que 73,3% das consultas foram realizadas na Unidade Básica de Saúde (UBS), em sua maioria sendo atendidas por enfermeiro (63,6%). A média de consulta pré-natal realizada pelas mulheres foi de 6,49 consultas. Nessas consultas, as mulheres tiveram seu peso medido e sua pressão aferida em 66,1% das consultas. A altura de fundo uterino (AFU) e o batimento cardiofetal (BCF) foram aferidos em todas as consultas pré-natais. Em relação as patologias mais prevalentes durante a gestação e que necessitaram de internamento hospitalar foram as todas as doenças hipertensivas relacionadas (54%), infecções do trato urinário (15,2%), trabalho de parto prematuro (13,3%), ruptura prematura de membrana (8,5%), diabetes e oligoâmnio (7,9%) e por outras causas (18,8%). Cerca de 18 mulheres (10,9%) não apresentou nenhuma patologia no período gestacional. Discussão: O Ministério da Saúde, em seus manuais de pré-natal, aborda que o início precoce do pré-natal é essencial para a adequada assistência. Segundo a OMS, o número adequado de consultas a serem realizadas seria igual ou superior a oito9. Neste estudo, foi observado que o número ficou abaixo do preconizado. Evidências científicas indicam que quanto maior o contato das gestantes com os sistemas de saúde durante a gestação, menor a probabilidade de complicações durante a este período9. Observou-se que a prevalência de complicações foi maior entre as mulheres que haviam realizado de 4 a 6 consultas com o enfermeiro em unidade básica de saúde. A detecção das patologias apresentou uma relação diretamente proporcional neste evento visto que os estudos apresentam que quanto maior o número de consultas, menor a chance de desenvolvimento de complicações obstétricas. Estima-se que um quarto dos óbitos infantis e quase a totalidade das mortes maternas poderiam ser evitados se todas as mães realizassem o mínimo de consultas recomendadas, todos os exames laboratoriais básicos e recebessem atendimento adequado de desfecho da gestação10. Além disso, o acompanhamento adequado, em número e qualidade, está diretamente associada ao melhor resultado gestacional. Isto se expressa em termos de melhor crescimento intrauterino, maior peso ao nascer, menor ocorrência de prematuridade, de mortalidade neonatal e de adoecimento e morte entre mães e fetos11. Em relação as patologias mais prevalentes durante a gestação, observa-se que, em sua maioria, tratam-se de doenças evitáveis2. Orientações à gestante quanto a adoção de medidas preventivas como controle do ganho de peso, não fumar, reduzir a ingesta de sódio, evitar o consumo de álcool e diminuir a carga de trabalho, por exemplo, são efetivas na prevenção de comorbidades cardíacas12 – as mais frequentes no período gestacional, como a pré-eclâmpsia e a Hipertensão Arterial Sistêmica Gestacional (HASG). A Infecção do Trato Urinário (ITU) associada à gestação também configura-se como uma intercorrência prevalente no ciclo gravídico e observada neste estudo, podendo ser a causa de complicações materno-fetais graves tais como Trabalho de Parto Prematuro (TPP) e Ruptura Prematura de Membranas (RPM)13. Por tais motivos, o exame de urina é incluído na rotina de exames de pré-natal, sendo realizado no primeiro e terceiro trimestres ou quando a gestante apresenta alguma queixa urinária. Orientações sobre ingesta hídrica adequada, solicitação do exame, conscientização da gestante quanto a importância da realização do mesmo e o tratamento oportuno de possíveis ITU são atribuições do enfermeiro durante o pré-natal. Nesse contexto, observa-se que o papel clínico e educativo do profissional de enfermagem permanece pouco efetivo em relação à prevenção das complicações gestacionais evitáveis. Dessa forma, faz-se necessário uma maior atenção dos enfermeiros para a capacitação profissional na obstetrícia e o desenvolvimento de ações educativas que atendam à complexidade do ciclo gravídico-puerperal e suas possíveis comorbidades preveníveis13. Um acompanhamento mais efetivo desta população por parte dos profissionais da atenção básica pode, efetivamente, mudar o panorama de prevalências de comorbidades apresentadas pelas gestantes5. Conclusão: O estudo retrata que a maioria das mulheres atendidas na referida instituição teve seu pré-natal realizado por enfermeiro na atenção básica de saúde. Evidencia-se ainda que as principais complicações gestacionais apresentadas pelas mulheres estão em consonância com a literatura atual e são afecções que podem ser evitáveis ou minimizadas a partir da realização adequada do pré-natal, seja em relação ao número de consultas, da rotina de exames solicitados e/ou da educação em saúde implementada neste acompanhamento. Esta condição pode relacionar-se à necessidade de capacitação profissional ou a deficiência no fornecimento das informações necessárias à gestante, no que diz respeito a prevenção de comorbidades. O pré-natal realizado por enfermeiro apresenta-se como um instrumento de suma importância, principalmente no que tange a introdução de ações preventivas e promocionais à saúde das gestante. Nesse sentido, faz-se necessário que os profissionais da atenção básica estejam sempre realizando atualizações de seus conhecimentos, tornando-se aptos à realização dos procedimentos básicos recomendados pelo Ministério da Saúde para o alcance do pré-natal de qualidade. Contribuições para enfermagem obstétrica: A realização desse estudo visou, a partir do conhecimento da relação entre o pré-natal realizado pelo enfermeiro e as comorbidades apresentadas na gestação, subsidiar a construção de ações preventivas à saúde das gestantes, fortalecendo assim a prática obstétrica da enfermagem. Reforça-se aqui, a importância e necessidade de investimento dos enfermeiros em capacitação profissional e ações de educação em saúde visando a melhoria dos quadros de morbimortalidade materna e neonatal.
Título do Evento
X COBEON - Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal
Cidade do Evento
Campo Grande
Título dos Anais do Evento
Anais do Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

MELO, Priscila Santos Alves et al.. ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL REALIZADA POR ENFERMEIRO: PREVENÇÃO DE COMORBIDADES EVITÁVEIS NA GESTAÇÃO.. In: Anais do Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal. Anais...Campo Grande(MS) CCARGC, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/cobeon/63849-ASSISTENCIA-PRE-NATAL-REALIZADA-POR-ENFERMEIRO--PREVENCAO-DE-COMORBIDADES-EVITAVEIS-NA-GESTACAO. Acesso em: 10/09/2025

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