A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA SEGUNDO A VISÃO DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS

Publicado em 08/05/2018 - ISSN: 2595-3834

Título do Trabalho
A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA SEGUNDO A VISÃO DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS
Autores
  • Yasminn Kaiber
  • Ana Luiza de Oliveira Carvalho
  • Vivianne Mendes Araújo Silva
Modalidade
Comunicação Coordenada
Área temática
Enfermagem Obstétrica e Neonatal fazendo a diferença no cenário nacional
Data de Publicação
08/05/2018
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/cobeon/63794-a-violencia-obstetrica-segundo-a-visao-dos-enfermeiros-obstetras
ISSN
2595-3834
Palavras-Chave
Enfermagem obstétrica, Violência contra a mulher, Tocologia
Resumo
Com o advento da medicalização do parto, a mulher passou de sujeito a objeto e de protagonista a coadjuvante, se comportando como submissa aos profissionais de saúde, agora responsáveis por conduzir esse momento¹. Segundo a OMS² em 1996 e o Ministério da Saúde (MS)³ em 2011, a enfermagem obstétrica é a profissão mais adequada dentro da proposta de humanização do processo de parto e nascimento, principalmente no tocante à minimização dos índices de intervenções desnecessárias e violências, além de garantir uma assistência que valoriza a mulher e suas singularidades 4. Objetivos: Descrever a violência obstétrica durante o trabalho de parto e parto e discutir a prática da enfermagem obstétrica no processo de mudança na assistência ao parto e diminuição da violência obstétrica, na visão dos enfermeiros obstetras. Trata-se de um estudo exploratório, descritivo, com abordagem qualitativa. Os dados foram coletados a partir de uma entrevista semiestruturada, com auxílio de um instrumento com perguntas abertas e fechadas, a fim de atender os objetivos propostos. O instrumento de coleta foi dividido em duas partes: a primeira com dez questões para caracterizar o perfil do (a) enfermeiro (a) obstetra, abordando: sexo, idade, cor, formação e tempo de trabalho na obstetrícia e no setor. A segunda parte possui cinco perguntas abertas, a fim de investigar a percepção dos (as) enfermeiros (as) acerca da violência obstétrica (seu conceito, exemplos e vivência) e possíveis contribuições da enfermagem obstétrica na mudança do cenário do parto. As entrevistas foram analisadas conforme a técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin 5. A pesquisa foi realizada em um Hospital Maternidade no Município do Rio de Janeiro. Esta Instituição está integrada ao programa da Rede Cegonha e tem sido uma unidade de referência em parto humanizado no município do Rio de Janeiro. Disponibiliza uma série de métodos não farmacológicos para alívio da dor durante o trabalho de parto, garante a presença de acompanhante à gestante desde a admissão até sua alta e de uma doula durante o trabalho de parto e parto, estimula a livre posição da mulher, dentre outras práticas recomendadas pela OMS e MS. Para este estudo, utilizou-se como critério de inclusão profissionais enfermeiros obstetras admitidos e atuantes na Instituição há, no mínimo, noventa dias. Este critério se justifica pelo fato de que o período corresponde a um mínimo de adaptação à Maternidade, além de satisfazer ao tempo básico de experiência. Foram excluídos da pesquisa o (s) coordenador (es) do (s) setor (es), os (as) enfermeiros (as) obstetras que estavam de licença ou de férias, ou ainda, os (as) que não se encontraram exercendo seu cargo durante o momento da coleta de dados e uma enfermeira obstetra por ser coautora deste trabalho. Desta forma, estavam aptos a participar deste estudo dezessete profissionais, porém, 15, de fato, foram entrevistados e aceitaram participar do estudo. Tratando-se de uma pesquisa científica com seres humanos, foram obedecidos os trâmites exigidos pela Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. O projeto foi previamente submetido ao devidos Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, para avaliação e autorização, para posteriormente se iniciar a coleta de dados, além de uma carta de autorização para entrada em campo e outra de anuência da unidade enviados ao diretor da instituição. Com aprovação do comitê de ética em pesquisa contendo o seguinte número de protocolo: 1.506.519. Todos os participantes convidados para fazer parte do estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), em duas vias, que apresenta informações referentes a pesquisa e que garantem o sigilo e o anonimato do entrevistado. Participaram do estudo 14 enfermeiras e 01 enfermeiro, com tempo de atuação na obstetrícia entre menos de 01 ano e mais de 06 anos. O tempo de atuação na unidade apresentou variação entre menos de 01 ano a no máximo 04 anos. Com relação a formação em obstetrícia, 09 dos entrevistados fizeram a pós-graduação na modalidade de residência e 06 como especialização; em outras áreas da enfermagem, constatou-se que 08 possuem pós-graduação (lato sensu), 01 possui pós-graduação (lato sensu) e mestrado e 06 não possuem outra formação. Na análise foram identificadas 502 unidades de registro e, neste artigo, foi analisada a categoria de maior representatividade e suas referidas subcategorias. Os entrevistados enfatizaram a dificuldade de tomar uma atitude frente a violência obstétrica, ainda mais quando esta é realizada por outra categoria profissional, o que por sua vez os levou ao sentimento de impotência. Foi também explicitado nas falas o receio de sofrer alguma forma de retaliação caso houvesse um posicionamento contra a violência obstétrica presenciada. Quando compartilharam a violência presenciada, utilizaram expressões que demonstraram sentimentos de indignação, reflexão, revolta, impotência e incômodo. Cabe destacar que a autonomia do usuário em relação a tomada de decisões referentes a assistência prestada é uma questão que vem sendo amplamente discutida, haja vista a divergência de opiniões acerca da temática nos âmbitos jurídico e ético, que por muitas vezes decidem em favor dos detentores do saber cientifico em detrimento da vontade do cliente. Diante de todos os fatores expostos tanto nas falas dos entrevistados quanto nesta discussão, infere-se que é unânime a compreensão de que a violência obstétrica, enquanto conceito, fere direta e majoritariamente a autonomia feminina e que a enfermagem obstétrica, por conta de sua formação profissional, que preconiza e respeita a autonomia de cada usuário enquanto cidadão e individuo, apresenta sentimentos contrários e negativos frente a esse cenário de violência. Soma-se ao que foi supracitado, o relato dos participantes com relação à dificuldade que ainda há de trabalhar em equipe, principalmente no que diz respeito a lidar com condutas que não são consideradas adequadas ou que são de fato uma violência obstétrica. Conforme explicitado pelos mesmos, o pensamento de que há a impossibilidade de questionar, debater e criticar a conduta de outros profissionais com relação a violência obstétrica gera o sentimento de impotência profissional. É necessário que haja mais estudos abordando tal temática, para que seja possível ampliar a percepção da enfermagem obstétrica acerca da violência obstétrica. Além disso, será possível também, por meio de mais pesquisas referentes ao assunto estudado, compreender a motivação da atuação destes profissionais diante de casos de violência obstétrica, promover novas reflexões e gerar mudanças positivas para a atuação desta categoria profissional.
Título do Evento
X COBEON - Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal
Cidade do Evento
Campo Grande
Título dos Anais do Evento
Anais do Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

KAIBER, Yasminn; CARVALHO, Ana Luiza de Oliveira; SILVA, Vivianne Mendes Araújo. A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA SEGUNDO A VISÃO DOS ENFERMEIROS OBSTETRAS.. In: Anais do Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal. Anais...Campo Grande(MS) CCARGC, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/cobeon/63794-A-VIOLENCIA-OBSTETRICA-SEGUNDO-A-VISAO-DOS-ENFERMEIROS-OBSTETRAS. Acesso em: 19/05/2025

Trabalho

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