TUBERCULOSE NA GESTAÇÃO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

Publicado em 08/05/2018 - ISSN: 2595-3834

Título do Trabalho
TUBERCULOSE NA GESTAÇÃO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Autores
  • MONA LAURA DE SOUSA MORAES
  • TANIA MARIA RIBEIRO MONTEIRO DE FIGUEIREDO
  • JESANA SÁ DAMASCENO MORAES
  • Suzana Almeida Farias Benicio de Arruda Crispim
Modalidade
Comunicação Coordenada
Área temática
Desafios para o cumprimento do terceiro Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU
Data de Publicação
08/05/2018
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/cobeon/63608-tuberculose-na-gestacao--uma-revisao-integrativa
ISSN
2595-3834
Palavras-Chave
Tuberculose; Gestante.
Resumo
INTRODUÇÃO A Tuberculose (TB) persiste. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) cerca de 3,2 milhões de mulheres foram acometidas pela TB no mundo, no ano de 2014, e ela está entre as cinco principais doenças infecciosas com alta taxa de mortalidade na população feminina na faixa de 20 a 59 anos.1 Lidar com a doença não é fácil. O tratamento é longo e as medicações não são isentas de efeitos adversos, além de todo estigma e discriminação que envolvem seu diagnóstico. Alguns sujeitos ainda precisam lidar com todos esses desafios durante o processo de gestação de um novo ser, adicionando aqui todas as alterações fisiológicas e psicossociais que estão atreladas a gestação. Independente da questão imunológica, quando uma mulher infectada engravida ou uma gestante é infectada há o risco adicional da TB causar danos ao processo de gestação e ao próprio filho, uma vez que está relacionada ao aumento de mortes perinatais, ao risco de parto prematuro e feto com baixo peso ao nascimento. O foco passa então de um para dois seres em risco dos agravos que o adoecimento pode provocar.1 Assim, essa pesquisa apresentou como pergunta norteadora: Quais as principais particularidades com relação a infecção e assistência de TB em gestantes? As gestantes devem ser vislumbradas nas práticas rotineiras de triagem de TB dada à relevância de se realizar o diagnóstico de forma precoce. OBJETIVO Avaliar as principais características com relação à doença e assistência de TB pulmonar em gestantes. MÉTODO Trata-se um estudo descritivo, do tipo Revisão Integrativa da Literatura, a partir do levantamento bibliográfico de fontes secundárias disponíveis em bases de dados com legitimação científica. Para tal fim foram utilizados os descritores disponíveis no Medical Subject Headings (MeSH): ‘gestante’ e ‘tuberculose’ nos idiomas inglês, espanhol e português, além do operador booleano AND, e a busca ocorreu nas bases de dados Public/Publisher MEDLINE (PubMED), The Scientific Electronic Library Online - SciELO e na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) durante o mês de setembro de 2016. Os artigos foram filtrados visando apresentar apenas trabalhos publicados a partir de 2012, relacionados a seres humanos, e que disponibilizasse de forma gratuita o texto completo. Os artigos referenciados foram então analisados para avaliar sua relevância com o estudo em questão. Foram incluídos artigos originais que discorreram sobre a temática da tuberculose em gestantes, principalmente pulmonar, e assistência prestada a gestante com TB. Foram utilizados como critérios de exclusão: artigos de revisão; aqueles que não envolviam gestantes; artigos que mencionavam a tuberculose, mas não era seu foco principal; artigos com foco em co-infecção com HIV; aqueles que discorriam primordialmente de TB não pulmonar, que mencionavam exclusivamente métodos diagnósticos ou mediante repetição de artigo. Os artigos foram analisados e suas informações organizadas em duas categorizações temáticas: A TB na gestação e a assistência à gestante com TB. Por se tratar de um artigo de revisão de produções de domínio público não houve necessidade de tramitação no Comitê de Ética. A pesquisa foi iniciada pela base de dados PubMED com os descritores em inglês, obtendo um número de 564 artigos. Ao se adicionar o filtro ‘ano’ obteve-se 167 artigos; após, foi inserido o filtro ‘humanos’, resultando em 116 artigos, finalizando com 71 artigos após inserção do último filtro ‘texto completo’. Após título e resumo serem avaliados quanto ao critério de inclusão, restaram 17 artigos. Ao se utilizar dos descritores em português ou espanhol na base de dados PubMED não se obteve nenhum artigo disponível. Em pesquisa na base de dados SciELO com os descritores em inglês se obteve 5 artigos, com a adição do filtro ‘ano’ o resultado foi de 1 artigo, não modificando a quantidade após inserção dos outros dois filtros. Contudo o mesmo foi descartado por não se enquadrar no proposto no critério de inclusão. Nessa mesma base de dados a pesquisa com descritores em espanhol resultou em 2 artigos, mas ambos foram eliminados após inserção do filtro ‘ano’. A pesquisa com descritor em português não resultou em nenhum artigo. Por último, foi realizada a busca de material na base de dados BVS. Através do descritor em inglês se alcançou o número de 77 artigos. Com filtro para ‘texto completo’ ficaram 26 artigos. Adicionado o filtro ‘ano’ culminou em 17 artigos, que não se modificou com a inserção do filtro ‘humanos’. Ao se avaliar segundo os critérios de inclusão restaram 5 artigos. Na BVS, o descritor em espanhol não obteve resultados e em português apresentou 17 artigos. Com filtro para ‘ano’ resultou em 2 artigos, não modificado com o filtro ‘humanos’, mas zerando após o filtro ‘completo’. A pesquisa nas 3 bases de dados após inserção de todos os filtros resultou em um total de 22 artigos. Destes foram excluídos: 3 por repetição, 6 por serem artigos de revisão, 2 por se tratarem de co-infecção, 2 por ter foco primordial em TB extra-pulmonar, 1 por não ter foco na TB; restaram 8 artigos que passaram por mais uma revisão através de leitura completa, visando identificar uma melhor compreensão do estudo, de modo que mais 4 foram excluídos segundos os critérios pré-estabelecidos e restaram 4 que contemplaram os requisitos determinados, sendo utilizados para construção desse trabalho. RESULTADOS A TUBERCULOSE NA GESTAÇÃO: As gestantes têm risco adicional para TB na gravidez associados as mudanças imunológicas da gestação que favorecem uma oportunidade para infecção pelo agente causador da TB ou ativação de infecção latente 2. Estudos estimaram que cerca 216.500 gestantes estavam contaminadas pelo bacilo da Tuberculose mundialmente em 2011, estando a África e sudeste asiático (segundo regiões da OMS) com a maior proporção de casos. No Brasil isso representaria 3,5 casos por 1.000 gestantes, significando 0,4% dos casos totais no mundo 3. No norte de Israel foi observada incidência de TB durante gestação e pós-parto de 3,9 casos por 100.000 gestantes 4. Ao se considerar a proporção da infecção de TB e o acesso a serviços maternos, a triagem e diagnóstico poderiam alcançar 167.220 casos de TB durante pré-natal e 123.500 casos durante assistência na maternidade3. Contudo, ainda é muito complicado referir números reais do acometimento da TB em gestantes visto o reduzido número de programas nacionais que coletam e reportam dados sobre essa população especifica para a Organização Mundial de Saúde (OMS) 5. Além de que, sem uma triagem específica e um forte programa de busca ativa de casos entre as mulheres grávidas, nunca se alcançará número suficiente de casos diagnósticados e tratados 2. Esse conhecimento é relevante visto que tanto a gravidez quanto a infecção pela TB têm efeitos adversos um no outro e juntos estão relacionados a resultados negativos 2 como aumento nos índices de parto prematuro e crescimento intrauterino restrito, podendo ainda levar a casos de TB congênita, evento raro mas com alto incide de mortalidade para o RN acometido e não tratado 4. É extremamente difícil prever a doença nos estágios iniciais da gestação visto a sintomatologia imprevisível da TB na gravidez 5; tosse sem febre é um sinal muito significativo 4, HIV pode mascarar sintomas e causar sintomas atípicos 5 e gestantes HIV positivo com TB latente são mais suscetíveis a progredir para TB ativa 2. Por isso, gestantes de países com alta carga do bacilo e alta prevalência da doença ou repetidamente expostas a indivíduos com TB ativa devem ser foco da atenção dos profissionais da saúde 4. ASSISTÊNCIA A GESTANTE COM TUBERCULOSE Os pré-natalistas normalmente não suspeitam de TB nas gestantes devido sua sintomatologia inespecífica, o que torna observável o considerável atraso no diagnóstico desse mal em gestantes 4. Estudos trazem recomendações de realizar raio-X de tórax com proteção para gestantes sintomáticas para TB e mediante achados anormais deste exame, submeter a baciloscopia e cultura 4,5. Vale ressaltar que alguns sistemas de saúde priorizam outros métodos como primeira opção por considerarem um menor custo, maior acessibilidade e a própria relutância de algumas gestantes em realizar a radiografia 4. Mas quando parte para triagem de TB latente esse consenso torna-se ainda mais distante. Alguns autores acreditam que essa avaliação contribuiria para identificação de gestantes com alto-risco para TB ativa e que essas se beneficiariam da terapia profilática; em países de baixa incidência essa triagem seria recomendada apenas para mulheres de alto risco, não sendo a gestação considerada um risco; e em países de alta incidência essa triagem não é rotineiramente recomendada 5. Vários estudos trazem comparativos de sensibilidades entre as mais diversas opções de testagem para TB latente, mas é observado que ainda falta um padrão ouro para tal fim 3. Com relação a TB congênita foi verificado que ainda há falhas em realizar medidas de controle da infecção no parto e uma investigação completa do recém-nascido (RN) devido a presença de sintomas inespecíficos e similares a outras infecções; essa investigação contemplaria estudos laboratoriais realizados com amostra da placenta, cultura do líquido amniótico, avaliação do RN para estresse respiratório, aumento de temperatura, linfadenopatia, hepatoesplenomegalia, raio-X e exames de sangue 4. A sintomatologia em RN costuma aparecer cerca de 3 semanas pós-parto e apresenta significativa distinção entre a mortalidade daqueles submetidos a tratamento (21,7% de mortalidade) e aqueles sem tratamento (100% de mortalidade); o que aconselha a realização de terapia profilática mesmo na ausência de evidências clínicas de TB ativa 4. Não há registros de contaminação por TB através do leito materno, mas alguns autores só recomendam amamentar mediante baciloscopia negativa 5. É preciso avaliar rigorosamente essa questão em decorrência dos benefícios advindos pela amamentação, substituindo a contraindicação por medidas simples como uso de máscara pela mãe enquanto não alcança a negatividade dos exames. Quanto ao tratamento, este não se distancia do realizado em não gestantes. Não há consenso do uso da pirazinamida e seu efeito no feto 4, rifampicina e isoniazida são amplamente usados pois não foi encontrado risco de toxicidade para o binômio mãe-filho, mas opções para tratamento por droga-resistência ainda são limitados 2. Com resultados tão variáveis e as particularidades de se trabalhar com gestantes fazem com que as decisões de condutas sejam feitas caso a caso. CONCLUSÃO O estudo demonstra a importância de se direcionar um olhar atento para as mulheres durante pré-natal, parto e pós-parto, tanto na intenção de um maior controle da tuberculose quanto na busca de reduzir seus efeitos negativos ao binômio mãe-filho. É preciso repensar formas para o fortalecimento da identificação e notificação da TB em gestantes a fim de apresentar o real panorama da doença nesse grupo. Maiores estudos são necessários para se reconhecer a sensibilidade dos diversos testes diagnósticos mediantes as distinções fisiológicas observadas ao longo do período gestacional e pós-gestacional, inclusive na busca de uma preconização quanto a investigação de TB latente em gestantes e seu tratamento profilático. Além da atenção clínica da doença, não se pode esquecer de considerar a integralidade do indivíduo e as particularidades do seu meio, para que se possa direcionar intervenções pertinentes. IMPLICAÇÕES PARA ENFERMAGEM OBSTÉTRICA O crescente protagonismo do enfermeiro obstetra na atuação materno-infantil faz dele um profissional chave na prevenção e controle dessa doença. Sua atuação em pré-natal, acompanhamento ao parto e puerpério facilita o acesso a esse público em questão, além do vínculo efetivado durante essa assistência contribuir para a investigação e tratamento efetivos. Atuar no combate à tuberculose é uma forma de reduzir a morbimortalidade desta doença em mãe e filhos, contribuindo também para a quebra da cadeia de transmissão na população em geral e promoção da saúde materno-infantil.
Título do Evento
X COBEON - Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal
Cidade do Evento
Campo Grande
Título dos Anais do Evento
Anais do Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

MORAES, MONA LAURA DE SOUSA et al.. TUBERCULOSE NA GESTAÇÃO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA.. In: Anais do Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal. Anais...Campo Grande(MS) CCARGC, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/cobeon/63608-TUBERCULOSE-NA-GESTACAO--UMA-REVISAO-INTEGRATIVA. Acesso em: 07/06/2025

Trabalho

Even3 Publicacoes