PROCESSO DE PARTURIÇÃO: VIVÊNCIAS DE MULHERES RESIDENTES NA ZONA SUL DO RIO DE JANEIRO

Publicado em 08/05/2018 - ISSN: 2595-3834

Título do Trabalho
PROCESSO DE PARTURIÇÃO: VIVÊNCIAS DE MULHERES RESIDENTES NA ZONA SUL DO RIO DE JANEIRO
Autores
  • Selma Villas Boas Teixeira
  • CAROLLINE FONTES CAMPOS DE SOUZA SILVA
  • Leila Rangel da Silva
  • Cristiane Rodrigues da Rocha
  • Ana Cláudia Mateus Barreto
Modalidade
Comunicação Coordenada
Área temática
Contribuições da Enfermagem Obstétrica e Neonatal para a cobertura e acesso universal em saúde sexual e reprodutiva
Data de Publicação
08/05/2018
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/cobeon/63439-processo-de-parturicao--vivencias-de-mulheres-residentes-na-zona-sul-do-rio-de-janeiro
ISSN
2595-3834
Palavras-Chave
Parto humanizado, parto, Enfermagem obstétrica
Resumo
Introdução: o parto é considerado um processo fisiológico, individual, que integra o rol das experiências humanas mais significativas para as mulheres. Esse momento, por muitos anos, foi uma experiência vivenciada na esfera familiar e íntima para tornar-se uma prática institucional e regulada por políticas públicas. Com o passar do tempo esse ato natural, passou a ser visto como patológico, favorecendo a técnica medicalizada e impessoal.1 Esta mudança de paradigma pode ser constatada quando se verifica o alto número de cesarianas realizadas no Brasil. Esta situação faz com que o nosso país tenha dificuldades para alcançar as metas estipuladas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), no que concerne a realização de cesarianas.1 Portanto, há necessidade de os profissionais de saúde oferecerem às parturientes um cuidado humanizado e menos intervencionista, considerando suas necessidades individuais, respeitando os seus direitos, promovendo a sua participação ativa e o poder de escolha sobre o seu próprio cuidado.6 Objetivo: analisar a vivência do processo de parturição em mulheres residentes na zona sul do Rio de Janeiro. Método: estudo descritivo, qualitativo, realizado em um Centro Municipal de Saúde localizado na zona sul do município do Rio de Janeiro, pertencente à Área Programática (AP) 2.1. As participantes estavam em um período de até 42 dias de pós-parto e atenderam os seguintes critérios de inclusão: idade superior a 18 anos, ter dado à luz por via vaginal ou cirúrgica não eletiva, a um ou mais recém-nascidos, em instituição de saúde pública ou privada, estar em condições físicas e psicológicas para participar voluntariamente da pesquisa. A coleta de dados foi realizada na sala de vacinação às segundas e quartas-feiras, dias programados pela Unidade de Saúde para a vacinação das crianças e ocorreu no período de agosto a novembro de 2015. Foram abordadas trinta e três (33) puérperas. Destas, seis (6) não participaram justificando cansaço no pós-parto ou falta de tempo para participar da pesquisa e dez (10) não atendeu aos critérios de elegibilidade por terem sido submetidas à cesariana eletiva. Empregou-se a técnica de entrevista semiestruturada. O roteiro continha perguntas abertas e fechadas que versavam sobre questões relativas às características sociais, reprodutivas e a vivência das mulheres no processo de parturição. Para análise dos dados foi utilizada a técnica de análise de conteúdo na modalidade temática-categorial. Pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro (SMSDC-RJ) sob o parecer nº 1.180.473. Resultados: As participantes estavam na faixa etária entre 18 e 38 anos de idade. A maioria se autodeclarou da cor branca, viviam com o parceiro em união estável, concluíram o ensino superior. Quanto à ocupação, 12 estavam no mercado de trabalho. As profissões relatadas foram: advogada, professora universitária, jornalista, servidora pública de nível superior, técnica de enfermagem, recepcionista, doméstica, diarista, e babá. Em relação ao histórico reprodutivo a maioria era multípara, entrou em trabalho de parto entre 37 e 40 semanas, realizou parto vaginal em maternidades públicas. Destaca-se que cinco tiveram filhos em maternidades particulares e uma teve parto domiciliar planejado. Em relação as vivências das mulheres, verificou-se que a maioria não recebeu orientação no pré-natal sobre o processo de parturição, relataram medo frente a situação e destacaram que a dor resultante das contrações uterinas é desagradável. No entanto, a maioria demonstrou satisfação na vivência de seu parto. Somente, três participantes afirmaram não ter tido prazer com a experiência e não gostariam de vivenciá-la em outras gestações. A participante que vivenciou o processo de parturição no domicílio afirmou ter tido uma experiência tranquila e segura. Portanto, reforça-se que há necessidade dos profissionais de saúde propiciarem subsídios teóricos às mulheres, no sentido de instrumentalizá-las para este momento. A maioria das participantes foram informadas sobre o direito do acompanhante e optaram pelo parceiro. Entretanto, algumas perceberam essa presença como um benefício oferecido pelos profissionais de saúde e não como um direito assegurado por uma Lei.2 No que tange a presença do parceiro, ressalta-se que este necessita ser preparado emocionalmente e esclarecido para que possa contribuir de maneira ativa e segura neste período.2 Além disso, a sua presença influi na redução da duração do trabalho de parto, diminuição do uso de analgesia e construção do vínculo familiar entre pai e o filho.3 As mulheres referiram sentir-se acolhidas e satisfeitas com o cuidado oferecido pelos profissionais de saúde. Das mulheres que tiveram partos por via vaginal, 9 pariram na posição de litotomia, não dando a oportunidade de escolha à mulher que referiu esta prática como natural do parto.3 Somente, uma participante revelou que teve a opção de escolher posição de cócoras e 10 mulheres fizeram uso de alguma técnica não farmacológicas para alívio da dor. Logo, destaca-se a utilização dessas práticas fazem parte do apoio emocional e são práticas ditas como tecnologias leves de cuidado, sem custo a instituição e que promove um maior conforto para às mulheres, devendo ser apresentado às gestantes durante as atividades de educação em saúde.4 No que tange à ingestão de alimentos e água durante o trabalho de parto, 5 mulheres não tiveram essa opção durante o trabalho de parto, ficando restrita a ingestão hídrica ou a dieta zero, evidenciando o desconhecimento por parte dos profissionais em relação a essa possibilidade. Sabe-se que a oferta de líquidos e alimentos por via oral deveria ser estimulada entre as parturientes de risco habitual e faz parte do protocolo de assistência no processo de parturição.3 Das 12 mulheres que tiveram filhos por via vaginal, 5 foram submetidas à episiotomia. Dessas, quatro foram esclarecidas quanto à realização do procedimento no momento do parto, entretanto, uma participante desconhecia a realização desse procedimento. Esta situação revela que os profissionais assumiram uma postura de controle sobre o corpo da mulher, deixando-as submissas às rotinas hospitalares, tornando-se objeto de suas ações. Conclusão: o fato de as participantes residirem na zona sul do Rio de Janeiro e possuírem ensino médio e superior, não lhes garantiu autonomia para participar ativamente e optar sobre a melhor maneira de parir. No entanto, afirmaram ter vivenciado o processo de parturição de forma prazerosa e segura, considerando o acolhimento e cuidado recebido pelos profissionais de saúde, especialmente os enfermeiros obstétricos no ciclo gravídico. Além disso, a presença do acompanhante foi referido por elas como um ponto positivo na assistência, independente de terem sido assistidas na rede pública ou privada. Entretanto, o medo e a dor fizeram parte deste momento, sendo relacionado como sofrimento pelas mulheres. A falta de educação em saúde durante a assistência pré-natal, os modelos pessoais e familiares positivos para seguir e o não respeito pela sua individualidade, fizeram com que as parturientes ficassem submissas às ações dos profissionais, não reconhecendo essa atitude como uma violência obstétrica. Desta forma, fica claro que é preciso capacitar e sensibilizar os enfermeiros e outros profissionais de saúde que atuam na rede pública e privada, com vistas à mudança no paradigma do modelo biomédico. Isto porque, a arcaica postura de alguns profissionais é um obstáculo para que as mulheres não sejam protagonistas do seu parto. Faz-se necessário também, que os enfermeiros obstétricos compreendam que a maneira como eles prestam o cuidado às parturientes, irá refletir diretamente na forma como elas vivenciam esse momento, considerado único em suas vidas. Ademais, mulheres e homens devem ser empoderados ao longo de suas vidas, por meio de ações educativas que devem fazer parte do conteúdo de ensino fundamental e médio, assim como na assistência pré-natal, para que possam vivenciar o processo de parturição sem medo e sofrimento, associando-o como um momento de prazer e de autonomia, a fim de que a mulher possa protagonizar o seu parto. Contribuições: o estudo sinaliza a importância da presença do enfermeiro obstétrico na assistência pré-natal, oferecendo um cuidado individualizado, holístico, com o propósito de instrumentalizar os casais e seus familiares, acerca de uma atenção não intervencionista, com possibilidades do emprego de tecnologias leves durante o parto, na perspectiva da saúde sexual e reprodutiva. Isto a fim de empoderá-los, para a vivência de um processo parturitivo exitoso. Referências 1-Organização Mundial de Saúde (OMS). Assistência ao parto normal: um guia prático. Brasília: OPAS; 1996. 2- Brasil. Lei n.11.108, de 07 de abril de 2005. Altera a Lei 8.080, introduzindo o direito ao acompanhante de escolha durante o trabalho de parto, no parto e no pós-parto imediato. Diário Oficial da União. Brasília, DF, n.67, 8 abr. 2005b. Seção 1, p.1. 3- Rio de Janeiro. Secretaria Municipal de Saúde. Protocolo Assistencial da Enfermagem Obstétrica da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro; 2013. 4- Progianti JM, Costa RF. Práticas educativas desenvolvidas por enfermeiras: repercussões sobre vivências de mulheres na gestação e no parto. Rev Bras Enferm. 2012; 65(2): 257-63
Título do Evento
X COBEON - Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal
Cidade do Evento
Campo Grande
Título dos Anais do Evento
Anais do Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

TEIXEIRA, Selma Villas Boas et al.. PROCESSO DE PARTURIÇÃO: VIVÊNCIAS DE MULHERES RESIDENTES NA ZONA SUL DO RIO DE JANEIRO.. In: Anais do Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal. Anais...Campo Grande(MS) CCARGC, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/cobeon/63439-PROCESSO-DE-PARTURICAO--VIVENCIAS-DE-MULHERES-RESIDENTES-NA-ZONA-SUL-DO-RIO-DE-JANEIRO. Acesso em: 23/07/2025

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