POSTURAS NÃO LITOTÔMICAS DURANTE O PARTO: INFLUÊNCIA NA INTEGRIDADE PERINEAL E COMORBIDADES MATERNAS

Publicado em 08/05/2018 - ISSN: 2595-3834

Título do Trabalho
POSTURAS NÃO LITOTÔMICAS DURANTE O PARTO: INFLUÊNCIA NA INTEGRIDADE PERINEAL E COMORBIDADES MATERNAS
Autores
  • Luciano Marques dos Santos
  • Manuella SIlva da Hora
  • maria alice leony de paiva
  • Larissa Beatriz Ferreira de Paiva
  • Carolina Mota Pádua
  • Thaís Ramos Fraga
Modalidade
Tema Livre
Área temática
Prêmio Madre Marie Domineuc (melhor trabalho área de Assistência de Enfermagem Obstétrica e Perinatal)
Data de Publicação
08/05/2018
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/cobeon/62843-posturas-nao-litotomicas-durante-o-parto--influencia-na-integridade-perineal-e-comorbidades-maternas
ISSN
2595-3834
Palavras-Chave
Enfermagem obstétrica, Parto vaginal, Períneo, Período pós-parto
Resumo
Introdução: No Brasil, a assistência à mulher em processo parturitivo tem sido marcada pela excessiva utilização de intervenções na fisiologia deste processo, sendo estas rotineiramente utilizadas pelos trabalhadores da saúde, as quais não possui sustentação em evidências científicas. A recente pesquisa Nascer no Brasil (1), realizada com 23.940 mulheres de risco habitual de todas as regiões do país, demonstrou que menos de um terço delas se alimentou durante o trabalho de parto e utilizou procedimentos não farmacológicos para alívio da dor. Aproximadamente 45% delas referiram ter se movimentado durante o trabalho de parto.Ainda, conforme dados da pesquisa Nascer no Brasil, 92% das mulheres adotaram a postura litotômica no período expulsivo do parto como forma de promover o nascimento (1). A postura litotômica é considerada como aquela em que a parturiente permanece na posição horizontal com seu dorso em contato direto com o leito obstétrico.Conforme modelo assistencial utilizado no cuidado à mulher em processo parturitivo, a região perineal pode ficar exposta à ocorrência de traumas locais, a exemplo das lacerações perineais espontâneas e da episiotomia. A pesquisa Nascer no Brasil revelou que no país a taxa de episiotomia oficial está em torno de 56% (1). As lacerações de terceiro e quarto graus e a episiotomia precisam ser suturadas, com isso, as mulheres no puerpério imediato poderão apresentar dor e edema perineal e ter algumas de suas atividades habituais e necessidades fisiológicas afetadas.Visando diminuir a ocorrência de traumas perineais e suas comorbidades maternas e neonatais, posturas alternativas para o parto poderiam ser utilizadas.Neste estudo, foram consideradas posturas alternativas toda e qualquer postura na qual a parturiente não permanece com seu dorso em contato direto com o leito obstétrico, a exemplo de posição sentada ou semisentada (45°) em bancos ou cadeiras de parto, cócoras, joelhos, quatro apoios sobre o leito, quatro apoios no leito e decúbito lateral esquerdo.A utilização de posturas alternativas poderá facilitar o parto e reduzir eventos adversos maternos e neonatais, a exemplo de episiotomia, lacerações de terceiro e quarto grau, hemorragias e asfixia perinatal.Contudo, os resultados empíricos fornecem subsídios para a equipe de saúde, no que se refere à reflexão sobre sua prática clínica diária com relação à implementação de cuidados humanizados ao processo parturitivo, e para a mulher (sujeito deste processo), de modo que a mesma possa conduzir seu próprio processo de parto ao adotar diferentes posturas durante a fase expulsiva do trabalho de parto vaginal, para o seu bem estar. Os resultados da pesquisa podem ainda estimular a realização de novas investigações empíricas, assim como servir de evidência científica, para a fundamentação da prática clínica da enfermagem obstétrica, e fortalecimento de práticas assistenciais mais humanizadas à mulher em processo parturitivo. Objetivo: Esse estudo teve como objetivo geral verificar a influência de posturas não litotômicas adotadas por mulheres no parto vaginal na integridade perineal e comorbidades maternas no puerpério imediato em uma maternidade pública de Feira de Santana - Bahia. Método: Trata-se de um estudo do tipo caso-controle, parte da pesquisa intitulada “Influência da postura e método hands-off no parto vaginal na integridade perineal e comorbidades maternas e neonatais no puerpério imediato” realizado no Serviço de Arquivamento Médico e Estatística de uma instituição pública da cidade de Feira de Santana, Bahia, no período de agosto de 2014 a janeiro de 2017, através do preenchimento dos formulários e análise dos prontuários das puérperas selecionadas para o estudo. A amostra foi composta por 332 prontuários. Para a seleção das participantes da amostra do estudo foram utilizados os seguintes critérios de inclusão: Mulheres com parto vaginal e em vértice ocorrido no período de agosto de 2014 a janeiro de 2017; Partos sem utilização de fórceps; Partos com desprendimento da apresentação fetal do tipo occipto-púbico; Gestações com feto único e vivo; Trabalho de parto sem intercorrência clínica ou obstétrica antes do período expulsivo. Não foram incluídas na amostra do estudo: Mulheres que receberam episiotomia e que apresentaram propagação desse trauma, levando a lacerações perineais; Mulheres que utilizaram postura litotômica ou não litotômica no período expulsivo e cujo feto apresentou distócia de ombro e foi extraído por parto operatório. A análise de dados foi feita por meio do StatisticalPackage for the Social Sciences, versão 22.0. A pesquisa matriz foi aprovada pelo Comitê de Ética da UEFS, sob o número do parecer 1.668.328. Resultados: Os resultados deste estudo revelam que mulheres que adotaram a postura não litotômica para o parto vaginal apresentaram risco 4,7 vezes maior para ter períneo não íntegro quando comparada com aquelas que utilizaram a postura litotômica. Mulheres que adotaram a postura não litotômica apresentaram menor risco de serem submetidas a episiotomia (OR=0,26) quando comparadas às que adotaram a postura litotômica. Entretanto, as mulheres que utilizaram a postura não litotômica, apresentaram risco 2,8 vezes maior para a ocorrência de laceração perineal espontânea, quando comparadas com as que adotaram postura litotômica. Os dois grupos estudados foram semelhantes com relação à frequência de lacerações perineais classificadas como de 1º grau (p=0.070). As mulheres que utilizaram a postura não litotômica apresentaram frequência maior para esse grau de laceração (76,9%) em comparação às que utilizaram a litotômica (65,3%). Na postura não litotômica as mulheres apresentaram menor risco de lacerações classificadas como de 2º grau (OR=0,29) e 3º grau (OR=0,03). Os dois grupos estudados foram distintos com relação ao local do trauma perineal. Mulheres que adotaram a postura não litotômica apresentaram maior risco para ocorrência de trauma na região anterior do períneo (OR=1,27) quando comparadas com as que adotaram a postura litotômica. Entretanto, a postura não litotômica apresentou menor risco de traumas concomitantes nas regiões anterior e posterior do períneo (OR=0,05) e na parede vaginal (OR= 0,02). Na postura não litotômica as mulheres apresentaram risco 4,6 vezes maior para a ocorrência de laceração única. Não houve associação estatisticamente significante entre a postura utilizada para o parto e o método utilizado para o desprendimento cefálico (p=0.459). Sobretudo, mulheres que adotaram a postura não litotômica foram submetidas em sua maioria ao método hands-off quando comparadas com aquelas que utilizaram a postura litotômica. Com relação à ocorrência de problemas puerperais no período do pós-parto, houve associação das posturas não litotômica e litotômica com a ocorrência de edema perineal (p<0,000), hemorragia no puerpério imediato (p<0,000) e dor perineal (p<0,000). Mulheres que adotaram a postura não litotômica apresentaram menor risco à ocorrência de comorbidades maternas, como o edema perineal (OR=0,18), hemorragia (OR=0,009) e dor perineal (OR=0,27) quando comparadas às mulheres que adotaram a postura litotômica. Conclusão: Mulheres que adotaram a postura não litotômica para o parto tiveram mais chances de apresentarem períneo não íntegro, entretanto, o maior risco foi para a ocorrência de laceração perineal espontânea, única, e classificada em sua maioria como de 1º grau. Esse tipo de lesão é considerado superficial, atinge apenas epitélio vaginal, geralmente não causam desconforto, e cicatrizam sem a necessidade de sutura. Embora tenham apresentado mais chances para ocorrência deste tipo de trauma, mulheres que adotaram a postura não litotômica para o parto apresentaram menor risco à ocorrência de comorbidades maternas, como o edema, hemorragia e dor perineal. Contribuições para a enfermagem obstétrica: Sugere-se que na prática clínica, a adoção de posturas não litotômicas por mulheres submetidas ao parto vaginal seja mais incentivada pelos profissionais responsáveis pelo parto, e que sejam realizados estudos e publicações sobre a temática, para promover uma crescente visibilidade dos benefícios da adoção de posturas não litotômicas para o parto vaginal, e maior aplicabilidade pelos profissionais responsáveis pelo parto. Referências: (1) LEAL, Maria do Carmo, PEREIRA, Ana Paula Esteves, DOMINGUES, Rosa Maria Soares Madeira, FILHA, Mariza Miranda Theme, DIAS, Marcos Augusto Bastos, NAKAMURA-PEREIRA, Marcos et al . Intervenções obstétricas durante o trabalho de parto e parto em mulheres brasileiras de risco habitual. Cad. Saúde Pública [Internet]. 2014 [cited 2017 Sep 13] ; 30( Suppl 1 ): S17-S32. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2014001300005&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/0102-311X00151513.
Título do Evento
X COBEON - Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal
Cidade do Evento
Campo Grande
Título dos Anais do Evento
Anais do Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SANTOS, Luciano Marques dos et al.. POSTURAS NÃO LITOTÔMICAS DURANTE O PARTO: INFLUÊNCIA NA INTEGRIDADE PERINEAL E COMORBIDADES MATERNAS.. In: Anais do Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal. Anais...Campo Grande(MS) CCARGC, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/cobeon/62843-POSTURAS-NAO-LITOTOMICAS-DURANTE-O-PARTO--INFLUENCIA-NA-INTEGRIDADE-PERINEAL-E-COMORBIDADES-MATERNAS. Acesso em: 24/05/2025

Trabalho

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