A LINGUAGEM COMO EXPRESSÃO NA GESTALT-TERAPIA E SEUS ENTRELAÇAMENTOS COM A FILOSOFIA DE MERLEAU-PONTY: VERBALIZAÇÃO, POESIA E SILÊNCIO

Publicado em 23/12/2022 - ISBN: 978-85-5722-491-9

Título do Trabalho
A LINGUAGEM COMO EXPRESSÃO NA GESTALT-TERAPIA E SEUS ENTRELAÇAMENTOS COM A FILOSOFIA DE MERLEAU-PONTY: VERBALIZAÇÃO, POESIA E SILÊNCIO
Autores
  • EDUARDO DE SEQUEIRA CREMER
  • monica botelho alvim
Modalidade
Minicurso
Área temática
4. ARTE, CORPO E EXPERIMENTAÇÕES: 4.3 Arte, estética e formas de expressão dialógica no trabalho clínico.
Data de Publicação
23/12/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/cgtrio22/522332-a-linguagem-como-expressao-na-gestalt-terapia-e-seus-entrelacamentos-com-a-filosofia-de-merleau-ponty--verbalizac
ISBN
978-85-5722-491-9
Palavras-Chave
diálogo clínico, expressão, arte, silêncio, linguagem
Resumo
Este trabalho objetiva discutir o fenômeno do silêncio e da fala no diálogo clínico a partir da Gestalt-terapia com apoio da filosofia de Merleau-Ponty. O trabalho parte da experiência do silêncio que surge na prática clínica, o que nos movimentou para investigar a relação do silêncio com a fala e com a linguagem. Com Merleau-Ponty, identificamos que a fala tem no silêncio um fundo, que se fará presente no processo de expressão. Apesar de ser um tema pouco discutido em Gestalt-terapia, encontramos referências importantes nos livros fundadores. No Gestalt-Terapia (1997) de PHG encontramos a descrição de três tipos de fala: a verbalização, a fala plena de contato e a poesia. Além de descrevê-las ainda é ressaltada a relação de cada uma com a fala subvocal, que já era discutida em Ego, Fome e Agressão (2002) e se constitui de material inassimilado e inassimilável que vai se formando ao longo da vida no campo organismo/ambiente. A fala subvocal constitui-se na cultura, compondo a retórica da função personalidade do self. Além da personalidade, constitui os hábitos de fala desde a infância e PHG (1997) afirmam que esse processo de imersão no mundo da fala e da linguagem vai se desenvolvendo, provocando a diferenciação do indivíduo no campo organismo/ambiente. À medida que a entrada no mundo da linguagem vai acontecendo, mais o organismo se diferencia e pode, através de atos criativos vinculados a função id, começar a desconstruir as falas que lhe foram imputadas para construir falas mais espontâneas e autênticas. PHG (1997) afirmam que no crescimento das relações interpessoais, em que há o encontro com a diferença, ocorre um conflito inevitável que, se for pacificado prematuramente, provoca o aparecimento da personalidade verbalizadora que produz uma fala monótona e inflexível na atitude retórica. Essa fala seria a verbalização, fala repetitiva em desalinho com o corpo, que preenche o silêncio com “grunhidos” e não produz uma expressão criadora, já que não se está aware da fala subvocal que se encontra no fundo. Essa fala tem vínculo frágil com a situação e baixa potência expressiva, que difere da fala plena de contato e da poesia, que instituem de novidades. Comparando o surgimento da palavra ao aparecimento de uma obra de arte, conseguimos compreender que tipo de fala estará presente na poesia, por exemplo. Merleau-Ponty (2004) coloca que a expressão artística surge no mundo vinculada a um fundo silencioso, invisível. O artista ouve o silêncio do mundo e, num ato corporal de imbricamento com este, produz uma obra de arte. Fazendo um paralelo com a expressão criativa verbal na clínica, seu aparecimento também é fruto desse fundo silencioso e de um trabalho do corpo que as profere, em um tipo de ação dada no modo intermediário entre passividade e atividade. O trabalho expressivo pode contorcer e retorcer as palavras para que se atinja um sentido, alcançado através do gesto falante. O diálogo terapêutico encontra essas três modalidades de fala, cada uma se relacionando de um modo com a fala subvocal e com o silêncio. Perls (2002) adverte que a fala pode se voltar contra o homem, como é o caso da verbalização, que em lugar de ser uma fala “junto com” é uma fala “em lugar de”, produzindo uma retórica que tem como base a fala subvocal inassimilada. Apostamos no método de experiment-ação proposto por Alvim (2014) para o trabalho com a troca verbal na clínica, para que, através dos movimentos de fala, possamos encontrar a expressividade da linguagem e experienciar o poder oculto no ‘logos’ de cada palavra (Perls,2002,p.301). Assim como a poesia não intenta atingir o outro, alcançando-o por consequência e não por objetivo, o terapeuta quando dialoga também sabe que sua tarefa não é conduzir o outro a um objetivo, mas propiciar um tipo de diálogo que revele a potência de expressão que a linguagem pode alcançar. A estrutura do curso consistirá de apresentação do conteúdo seguida de debate em torno de vinhetas clínicas relacionadas ao tema. O roteiro passa pela exposição dos tipos de fala discutidos pela Gestalt-terapia, além do que a abordagem discute sobre a linguagem. Passamos ao diálogo com a filosofia de Merleau-Ponty para a compreensão do silêncio e sua relação com a expressão. No último trecho lançamos mão da arte para comparar ao aparecimento da palavra como gesto, onde utilizamos fotos de quadros para ilustrar. Público avançado.
Título do Evento
VIII Congresso de Gestalt-terapia do Estado de Rio de Janeiro
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais do Congresso de Gestalt-terapia do Estado do Rio de Janeiro: existências anônimas - a Gestalt-terapia ocupando espaços de resistência
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

CREMER, EDUARDO DE SEQUEIRA; ALVIM, monica botelho. A LINGUAGEM COMO EXPRESSÃO NA GESTALT-TERAPIA E SEUS ENTRELAÇAMENTOS COM A FILOSOFIA DE MERLEAU-PONTY: VERBALIZAÇÃO, POESIA E SILÊNCIO.. In: Anais do Congresso de Gestalt-terapia do Estado do Rio de Janeiro: existências anônimas - a Gestalt-terapia ocupando espaços de resistência. Anais...Rio de Janeiro(RJ) Hotel Windsor Guanabara, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/CGTRIO22/522332-A-LINGUAGEM-COMO-EXPRESSAO-NA-GESTALT-TERAPIA-E-SEUS-ENTRELACAMENTOS-COM-A-FILOSOFIA-DE-MERLEAU-PONTY--VERBALIZAC. Acesso em: 06/05/2025

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