O SENTIMENTO DE INADEQUAÇÃO COMO INTROJETO NA VIVÊNCIA DE HOMENS HOMOSSEXUAIS CISGÊNERO

Vinícius Mendonça Lima

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Trabalho

Título do Trabalho

O SENTIMENTO DE INADEQUAÇÃO COMO INTROJETO NA VIVÊNCIA DE HOMENS HOMOSSEXUAIS CISGÊNERO

Autores

Vinícius Mendonça Lima

Modalidade

Tema livre

Área temática

1. FORMAÇÃO E PRÁTICAS CLÍNICAS: 1.3 Cultura contemporânea e novos desafios para a clínica gestáltica.

Data de Publicação

23/12/2022

País da Publicação

Brasil

Idioma da Publicação

Português

Página do Trabalho

https://www.even3.com.br/anais/cgtrio22/522066-o-sentimento-de-inadequacao-como-introjeto-na-vivencia-de-homens-homossexuais-cisgenero

ISBN

978-85-5722-491-9

Palavras-Chave

Homossexualidade, introjeção, inadequação.

Resumo

As práticas sexuais e afetivas que divergem da hegemonia cisheteronormativa sofreram com diversos estigmas ao longo dos períodos históricos. As transformações desses estigmas guardam profunda proximidade com as mudanças nos sistemas de crenças que a humanidade construiu como forma de conhecer o mundo e a si mesma. A homossexualidade foi uma dessas práticas cujas representações tomaram diversas formas ao longo do processo histórico. Algumas dessas representações foram responsáveis por relegar este grupo – bem como outros grupos não cisheteronormativos – a lugares de exclusão e violência. Como resposta a essas violências e com o intuito de garantir os direitos negados pela norma hegemônica, grupos organizaram-se sob bandeiras de luta cujo principal marco histórico foi a Revolta de Stonewall. Apesar das lutas e dos direitos conquistados, ainda perduram nas relações sociais, de maneiras desveladas ou estruturais, inúmeras expressões da LGBTfobia. Estas expressões estão presentes em diversas instituições sociais, inclusive nas famílias. Nesta última, sua presença cria um risco especialmente sério para a construção do autossuporte da pessoa LGBT. Por isso mesmo, os temas relacionados à saúde das pessoas LGBT tem sido amplamente estudados, como no presente trabalho, que aborda a saúde mental de parte deste grupo tão vulnerabilizado. Para a gestalt-terapia, nas etapas iniciais do desenvolvimento, o indivíduo ainda não possui alguns recursos complexos – como a mastigação – que o permitam direcionar-se à satisfação das próprias necessidades. Por isso, é dependente da nutrição que lhe for fornecida, da maneira como for oferecida. As impressões sobre o mundo também são recebidas desta forma quando recursos de discriminação ainda não foram desenvolvidos. Assim acontece boa parte da educação e do desenvolvimento de princípios. A este mecanismo de interação do organismo com o ambiente, chamamos introjeção. Quando o ambiente, nesta fase, oferta material nutritivo e assimilável, contribui para a confiança e consequentemente para a criação de um autossuporte satisfatório. Por outro lado, quando o ambiente oferta material insuficiente, hostil ou ambíguo, o que resta como recurso à sobrevivência é a manipulação em torno da própria necessidade, ajustando-se a um senso apriorístico de funcionamento que preza pelos valores internalizados, recebidos prontos do ambiente, acima dos valores da própria experiência nascidos de suas necessidades mais genuínas. O resultado é o isolamento das necessidades, visando o cumprimento de deveres introjetados. Considerando que na cultura ocidental contemporânea a família ocupa lugar primordial de convivência e cuidado, é na troca com ela que se constroem os primeiros valores e modos de compreensão do mundo. Quando os valores presentes na família carregam a presunção da cisheterossexualidade ou até mesmo um discurso crítico às vivências não adequadas a essa maneira de estar no mundo, a descoberta da própria inadequação a estes padrões tem grande potencial para gerar sofrimento. Um dos possíveis desdobramentos desta descoberta é a vivência do sentimento de inadequação nas relações mesmo durante a vida adulta, diante da opressão de introjetos moralizantes que aviltam sua maneira de estar no mundo e vivenciar seus afetos. O presente trabalho tem por intento a discussão dos desdobramentos do sentimento de inadequação vivido por homens cisgênero homossexuais em suas vidas adultas, tanto nos relacionamentos românticos e sexuais quanto nos demais aspectos relacionais. Para isso, serão apresentados estudos de casos de clientes pertencentes a este grupo, que foram atendidos pelo autor e que apresentaram demandas acerca do sentimento de inadequação. Os casos acompanhados apontam a presença de introjetos que desenvolveram sentimentos de menos-valia e inibem a expressão autêntica nas relações, substituindo o movimento em direção à satisfação das necessidades por um movimento de atendimento às demandas ambientais.

Título do Evento: VIII Congresso de Gestalt-terapia do Estado de Rio de Janeiro
Cidade do Evento: Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento: Anais do Congresso de Gestalt-terapia do Estado do Rio de Janeiro: existências anônimas - a Gestalt-terapia ocupando espaços de resistência
Nome da Editora: Even3
Meio de Divulgação: Meio Digital

Como citar

LIMA, Vinícius Mendonça. O SENTIMENTO DE INADEQUAÇÃO COMO INTROJETO NA VIVÊNCIA DE HOMENS HOMOSSEXUAIS CISGÊNERO.. In: Anais do Congresso de Gestalt-terapia do Estado do Rio de Janeiro: existências anônimas - a Gestalt-terapia ocupando espaços de resistência. Anais...Rio de Janeiro(RJ) Hotel Windsor Guanabara, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/CGTRIO22/522066-O-SENTIMENTO-DE-INADEQUACAO-COMO-INTROJETO-NA-VIVENCIA-DE-HOMENS-HOMOSSEXUAIS-CISGENERO. Acesso em: 02/08/2025