Título do Trabalho
NA FRONTEIRA DE CONTATO NOS ENCONTRAMOS
Autores
  • Denise Conceição Paranhos da Paixão
Modalidade
Minicurso
Área temática
5. SAÚDE MENTAL: UM OLHAR SOBRE AS DIVERSAS FORMAS DE EXISTIR: 5.5 Quadros clínicos disfuncionais, formas de sofrimento e propostas de intervenção.
Data de Publicação
23/12/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/cgtrio22/521719-na-fronteira-de-contato-nos-encontramos
ISBN
978-85-5722-491-9
Palavras-Chave
Autolesão não suicida; adolescência; funcionalidade familiar; fronteira de contato; autonomia.
Resumo
O comportamento de ferir o próprio corpo de forma intencional, sem objetivo de causar a própria morte, vem aumentando significativamente. Segundo a Organização Mundial da saúde a autolesão não suicida (ALNS) se configura como uma questão de saúde global, uma vez que o risco de suicídio aumenta significativamente. Os adolescentes são os mais vulneráveis à ALNS (GIUSTI, 2013). Segundo Borges (2021) de 17% a 18% dos adolescentes já apresentaram envolvimento em ALNS, número três vezes maior que em adultos, crescendo consideravelmente em adolescentes com algum transtorno clínico, aproximadamente 50%. Descrever a adolescência como período entre a infância e a idade adulta, dando ênfase às transformações corporais como características naturalizantes da fase e carregadas de conflitos, lutos, oposição, riscos e desequilíbrios é uma forma de patologização desse período. Bernardes (2015) afirma que naturalizar sentimentos e angústias dos adolescentes equivale a colocá-los em situação de invisibilidade. Fato que nos distancia da compreensão dos conflitos vividos, que sinalizam necessidades reais e legitimas. O contato com a singularidade da experiência de adolescente ser-no-mundo nos aproxima, possibilitando a compreensão do seu adoecimento. A psicopatologia fenomenológico-gestáltica visa a compreensão de como a existência pode decair e afastar-se da presença, integralidade e autonomia. O sofrimento se estabelece no campo relacional, pois a existência é um fenômeno cocriado (FRANCESETTI, 2021). Para Antony (2020) o adoecimento sinaliza uma autorregulação, com o adolescente buscando ajustar-se criativamente diante do sofrimento, com os recursos disponíveis. Na compreensão gestáltica do fenômeno da ALNS adolescente são considerados os fatores do contexto no qual está inserido, guardando características do seu ser total, numa relação de vinculação e reciprocidade. Emoções intensas e difíceis de serem suportadas e comunicadas são manifestadas no corpo. Frequentemente acreditam que sua dor e conflitos não podem ser compreendidos, e se isolam com medo da crítica. Dores que, conforme Jorge, Queirós e Saraiva (2015), sinalizam o que a comunicação não está conseguindo expressar, e que precisam ser “descodificadas” pelo cuidado. Cortar o próprio corpo; dar socos em objetos, e em si mesmo; bater com a cabeça; beliscar-se, dar tapas e coçar-se até ferir; queimar-se; roer unhas e retirar peles até sangrar; reabrir feridas; colocar grãos em orifícios do corpo; engolir objetos ou produtos tóxicos; e arrancar os cabelos, são ações presentes. Afiune (2019) relata três categorias de sentido para a ALNS na adolescência: retroflexão de sentimentos negativos; forma de ajustamento criativo não funcional; e falta de heterossuporte na família. Estudos que relacionam a funcionalidade familiar e autolesão na adolescência observam a importância das relações familiares, sua inclusão na compreensão e no tratamento é apontada como fator de proteção. Para Silveira e Peixoto (2012) as capacidades da pessoa são mobilizadas na fronteira de contato no campo organismo/ambiente. Validar o sofrimento, que pode seguir caminhos de invisibilidade, não significa desprezar o potencial de crescimento e transformação da adolescência. Os autores (IBIDEM, p. 104-113) apresentam a contatologia das fronteiras, com capacidades que podem ser atualizadas no contato, e que na ALNS podem funcionar de forma cristalizada e pouco expansiva na sua confiança. Aspecto que nos ajuda na compreensão diagnóstica e psicoterapia. Segundo Antony (2020) pode haver conflitos na relação do adolescente com os pais e também entre eles, com presença de agressividade, negligência e dificuldades na diferenciação. Zinker (2001) observa que os eventos são multideterminados, e quando as famílias ganham consciência de seus padrões de interação, o interesse pelo seu funcionamento aumenta. O trabalho com as potencialidades do contato familiar será fundamental. O minicurso teórico-vivencial, grau intermediário, apresenta o fenômeno da ALNS adolescente, articulando características do diagnóstico extrínseco, segundo Francesetti (2021), e visando acessar o diagnóstico intrínseco, que ocorre no contato com a pessoa, como a relação terapêutica faz emergir o sentido do sofrimento. Propõe o trabalho com as capacidades mobilizadas na fronteira de contato, a partir da perspectiva de Silveira e Peixoto (2012), com o adolescente e o sistema familiar.
Título do Evento
VIII Congresso de Gestalt-terapia do Estado de Rio de Janeiro
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais do Congresso de Gestalt-terapia do Estado do Rio de Janeiro: existências anônimas - a Gestalt-terapia ocupando espaços de resistência
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

PAIXÃO, Denise Conceição Paranhos da. NA FRONTEIRA DE CONTATO NOS ENCONTRAMOS.. In: Anais do Congresso de Gestalt-terapia do Estado do Rio de Janeiro: existências anônimas - a Gestalt-terapia ocupando espaços de resistência. Anais...Rio de Janeiro(RJ) Hotel Windsor Guanabara, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/CGTRIO22/521719-NA-FRONTEIRA-DE-CONTATO-NOS-ENCONTRAMOS. Acesso em: 03/09/2025

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