Título do Trabalho
O SOFRIMENTO BIPOLAR
Autores
  • Carla Machado Alegria
Modalidade
Minicurso
Área temática
5. SAÚDE MENTAL: UM OLHAR SOBRE AS DIVERSAS FORMAS DE EXISTIR: 5.5 Quadros clínicos disfuncionais, formas de sofrimento e propostas de intervenção.
Data de Publicação
23/12/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/cgtrio22/520928-o-sofrimento-bipolar
ISBN
978-85-5722-491-9
Palavras-Chave
neoliberalismo; sofrimento bipolar; manejo clínico
Resumo
O neoliberalismo, com seu ideário pautado na superação de si e na crença da igualdade inata de todos os seres humanos para realizar o que quiserem, instaurou o modelo da concorrência como princípio que rege as relações. O valor do sujeito passou a ser pautado no sucesso-fracasso de obter o melhor desempenho e disso decorre à busca da confirmação, que em última instância, é o que proporciona a felicidade (SAFATLE e DUNKER, 2021). Para Gecele (2015), felicidade não é a experiência em seguida ao alcance do objetivo, mas está ligada à esperança, caracterizada por uma postura de abertura para o outro e o movimento amoroso deste outro a essa abertura que, ao faltar, favorece a depressão. Assim os sentimentos de fracasso, vergonha e inveja passaram a predominar nossa existência incorrendo em depressão, como narrativa hegemônica do sofrimento, e em mania que se confunde com o perfil desejável para a liderança e o empreendedorismo. Nesse trabalho, proponho refletir o sofrimento bipolar como expressão da gestão neoliberal nos sofrimentos atuais; apresentar a visão gestáltica desta psicopatologia e discutir manejos clínicos. Para Gecelle (2015), existe um continuum de normalidade-hipomania-mania em que podemos considerar: 1) patologia; 2) condições não patológicas as quais podem ser: espontânea, autoinduzida e momentânea ou duradoura. Nessa visão, a depressão é entendida como uma forma de economia de energia em um campo no qual o contato ficou difícil. Nesses períodos, os introjetos cristalizados a partir da infância relativos à impossibilidade de alcançar o outro (quando não foi vivenciado um movimento sincrônico de abertura para o outro) saem do fundo e se tornam figura ocupando todo o campo. Quando esses introjetos são dissolvidos, há potencial para melhora ou risco. Na mania, eles se dissolvem juntos ou em um curto período e um fluxo de energia invade o campo de forma desorganizada, prejudicando as funções envolvidas no ajustamento criativo. Segundo Alegria (2021), na mania a experiência de contato e awareness estão comprometidas pelo intenso ímpeto de mobilização de energia que dirige a ação no mundo de uma forma intensamente diversificada e há pobre capacidade de discriminar se existem ou não recursos disponíveis e adequados no campo necessários à realização da necessidade que dirige a ação. Dessa forma, o manejo clínico exige a necessidade de discriminarmos se estamos diante de quadro de mania ou não. Para tanto é importante avaliar, após a saída da depressão, como foi o processo dessa melhora: se houve um sentido histórico para sua apresentação; como está a qualidade de presença da pessoa; se o nível de entusiasmo aumentou sem uma integração entre cognição, afeto e ação; como está a sua capacidade de considerar a opinião do outro e se há perda da crítica em estado de empolgação, uma vez que ânimo e empolgação não significam mania. Ao notarmos a emergência da mania faz-se importante observarmos como está o nível de suporte no campo para compartilharmos tal observação que gera uma frustração na pessoa. Para tanto, é relevante considerarmos como está sua condição de escuta e receptividade, como sentimos que ela pode reagir e como o suporte do campo está reverberando em nós para lidarmos com sua reação à frustração. É importante ajudar a pessoa a discriminar se está de novo entrando em um quadro depressivo ou não. O trauma de um processo depressivo longo pode fazer a pessoa ver depressão onde não há. Vivenciar uma frustração, ficar angustiada e triste não significa voltar a ficar deprimida. Ela precisa descobrir que pode se ajustar criativamente diante dessa situação e aprender a ficar triste. Quando estivermos diante de uma depressão em seguida à mania, será necessário trabalharmos com sentimentos de culpa e de vergonha que virão em consequência das atitudes impulsivas vivenciadas nos períodos de mania. No que diz respeito à relação terapêutica é importante ficarmos atentos à confluência com a mania: a alegria pode ser contagiante, sedutora e inebriante. O terapeuta pode ser capturado por ela. Serão abordadas neste minicurso direcionado para nível avançado: a concepção do neoliberalismo como estrutura de poder que retroalimenta psicopatologias atuais; os estudos gestálticos que fundamentam a visão do transtorno bipolar e os manejos clínicos importantes nesses casos clínicos oferecendo exemplos como pano de fundo para melhor compreensão.
Título do Evento
VIII Congresso de Gestalt-terapia do Estado de Rio de Janeiro
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais do Congresso de Gestalt-terapia do Estado do Rio de Janeiro: existências anônimas - a Gestalt-terapia ocupando espaços de resistência
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

ALEGRIA, Carla Machado. O SOFRIMENTO BIPOLAR.. In: Anais do Congresso de Gestalt-terapia do Estado do Rio de Janeiro: existências anônimas - a Gestalt-terapia ocupando espaços de resistência. Anais...Rio de Janeiro(RJ) Hotel Windsor Guanabara, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/CGTRIO22/520928-O-SOFRIMENTO-BIPOLAR. Acesso em: 03/09/2025

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