Título do Trabalho
A INTROJEÇÃO EM EXISTÊNCIAS LGBT ENLUTADAS
Autores
  • Vivian Machado
  • Juliana Rangel Sabatini
Modalidade
Tema livre
Área temática
5. SAÚDE MENTAL: UM OLHAR SOBRE AS DIVERSAS FORMAS DE EXISTIR: 5.3 Clínica do Luto: dores sem nome e seres não enlutáveis
Data de Publicação
23/12/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/cgtrio22/491467-a-introjecao-em-existencias-lgbt-enlutadas
ISBN
978-85-5722-491-9
Palavras-Chave
Luto, Cisheteronormatividade, Gestalt-terapia
Resumo
As reflexões deste texto são reverberações advindas da experiência de uma das autoras em seu trabalho com pessoas LGBT em vivência de luto, o qual consiste em um grupo de apoio criado com a finalidade de ser espaço para acolher dores invisibilizadas oriundas de perdas. A proposta é trazer um entendimento sobre aquilo que neste estudo é compreendido como a primeira vivência de luto de pessoas LGBT - também referidas aqui como existências LGBT -, a qual se dá a partir da perda da cis/heterossexualidade. Isto é, toda e qualquer existência LGBT, a partir da apropriação autêntica de seu modo de estar-no-mundo, rompe com a ideia de uma existência presumidamente cis/heterossexual ante uma sociedade cis/heterocentrada e enraizada em uma estrutura cis/heteronormativista com normas previamente designadas sobre orientação sexual e identidade de gênero. A contribuição deste texto está na compreensão do que se entende por luto de cis/heteronormatividade, a fim de ampliar a awareness a respeito do pensar e do fazer gestáltico na clínica com lutos invisibilizados. A hegemonia cis/heterocentrada operante em nossa sociedade empurra o ser-aí-LGBT para um sentido de não existência e de incompreensão, podendo revelar a si próprio certa repulsa por ousar desafiar tal hegemonia, gerando, assim, uma internalização da homofobia, ou ainda, da trans/homofobia. “Essa internalização é um processo por meio do qual um indivíduo incorpora a seu pensamento valores e crenças de outros indivíduos ou grupos, deixando-se influenciar por eles” (Antunes, 2016). Segundo Perls (2002, apud ANTUNES, 2016), “a introjeção é o mecanismo pelo qual indivíduos incorporam padrões, hábitos, costumes, valores, regras, atitudes, modos de agir e de pensar que não são deles próprios”. Desse modo, é possível constatar que a cis/heterossexualidade e a trans/homofobia também são introjetadas por existências LGBT, que incorporam condutas majoritárias oriundas de uma cis/heteronormatividade operante. Independentemente de sua autoaceitação, é possível afirmar que toda e qualquer existência LGBT introjeta a trans/homofobia em algum nível, uma vez que há um longo e dominante processo histórico de construção da trans/homofobia a partir da cis/heterossexualidade compulsória - termo cunhado por Adrienne Rich na década de oitenta e atualizado neste resumo contemplando identidade de gênero - como forma de sustentar e organizar as estruturas de poder e funcionamento da sociedade. Na vivência de luto de existências LGBT faz-se fundamental compreender a influência de estressores minoritários, como cis/heterossexismo, preconceito e estigma sexual (McNutt e O. Yakushko, 2013). Trata-se de questões sensíveis que permeiam a apropriação de uma nova identidade. Aceitar a si mesmo é perder um eu idealizado pelos outros e isso pode ser um processo bastante doloroso, em especial ao considerar a perda de vínculos significativos a partir do rompimento com o padrão cis/heteronormativo. É importante realçar as dinâmicas de (in)visibilidade, assim como deve-se questionar se há uma ausência normalizada de luto de cis/heteronormatividade nos consultórios. É possível conceber que esse luto configura, invariavelmente, o campo existencial de pessoas LGBT. Isto não significa dizer que esse luto será figural na clínica, mas o fundo de existências LGBT é composto por uma vivência de luto pela perda da cis/heterossexualidade em uma sociedade que opera a partir da cis/heterossexualidade compulsória. O ato de assumir-se um ser-aí-LGBT na relação terapêutica pode ser um lugar de autoafirmação e validação, mas também pode ser um novo lugar de perda do self cis/heteroidealizado. Sob esse prisma, o papel do(a) Gestalt-terapeuta é oferecer espaço para o cliente experimentar a si mesmo em um ambiente suficientemente protegido, onde a terapia se distancia da ideia de confessionário, apresentando-se como um espaço de abertura ao novo, onde o ser-aí-LGBT pode exaltar a possibilidade de ser quem se é.
Título do Evento
VIII Congresso de Gestalt-terapia do Estado de Rio de Janeiro
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais do Congresso de Gestalt-terapia do Estado do Rio de Janeiro: existências anônimas - a Gestalt-terapia ocupando espaços de resistência
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

MACHADO, Vivian; SABATINI, Juliana Rangel. A INTROJEÇÃO EM EXISTÊNCIAS LGBT ENLUTADAS.. In: Anais do Congresso de Gestalt-terapia do Estado do Rio de Janeiro: existências anônimas - a Gestalt-terapia ocupando espaços de resistência. Anais...Rio de Janeiro(RJ) Hotel Windsor Guanabara, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/CGTRIO22/491467-A-INTROJECAO-EM-EXISTENCIAS-LGBT-ENLUTADAS. Acesso em: 05/07/2025

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