A CIRCULAÇÃO DE IDEIAS AMERICANAS NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: DESDOBRAMENTOS DA RELAÇÃO BRASIL-EUA NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

Publicado em 14/01/2025 - ISBN: 978-65-272-1084-9

Título do Trabalho
A CIRCULAÇÃO DE IDEIAS AMERICANAS NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: DESDOBRAMENTOS DA RELAÇÃO BRASIL-EUA NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
Autores
  • JOSÉ GERALDO PEDROSA
  • Roselia Cristina de Oliveira
  • Sandra Maria de Assis
  • Nilton Ferreira Bittencourt Junior
Modalidade
Comunicação Coordenada
Área temática
Eixo Temático 12 - História da educação em perspectivas (trans)nacionais
Data de Publicação
14/01/2025
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/cbhe2024/847447-a-circulacao-de-ideias-americanas-na-educacao-brasileira--desdobramentos-da-relacao-brasil-eua-na-educacao-brasil
ISBN
978-65-272-1084-9
Palavras-Chave
Americanismo, Circulação de ideias, Educação brasileira.
Resumo
1) A CIRCULAÇÃO DE IDEIAS AMERICANAS NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: DESDOBRAMENTOS DA RELAÇÃO BRASIL-EUA NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA José Geraldo Pedrosa O tema geral dessa comunicação coordenada é a circulação de ideias americanas na educação brasileira, de modo especial na educação profissional, técnica e tecnológica. Ao longo do século XX, em especial a partir da segunda grande guerra, uma série de acordos bilaterais foram firmados entre os dois países tendo a educação como objeto. O mais amplo desses acordos é conhecido como MEC/USAID e foi firmado durante a ditadura empresarial-militar entre o Ministério de Educação e Cultura e a Agência Norte-Americana de Desenvolvimento. No tocante à educação profissional o primeiro acordo constituiu a CBAI–Comissão Brasileiro-americana de Educação Industria, que vigorou de 1946 a 1963 e teve como objetivo principal a formação de professores de cultura técnica para os recém instituídos SENAI-Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial e Escolas Técnicas Federais. Entretanto, mesmo em períodos anteriores, em especial a partir do movimento republicano e da proclamação da república em 1889, já há no Brasil uma mudança no olhar das elites intelectuais que passam a adotar os EUA como horizonte de expectativas. Pioneiro nessa atitude de abrir contatos nos EUA para que brasileiros pudessem frequentar as universidades foi o historiador Oliveira Lima, que atuava na embaixada brasileira. Foi nos espaços abertos por Oliveira Lima que o sociólogo Gilberto Freyre para lá mudou, estabelecendo contatos com a antropologia cultural e escrevendo o clássico Casa-Grande & Senzala. Outra referência importante no campo educacional nesse redirecionamento do olhar são os educadores Anísio Teixeira e Lourenço Filho. Teixeira visitou os EUA pela primeira vez em 1927 e nos anos seguintes para lá retornou para cursar mestrado na Universidade da Columbia sob orientação de John Dewey. Foi Teixeira quem abriu espaços na mesma universidade para que engenheiros industrialistas que atuavam na educação profissional e técnica também cursassem mestrado. O que resulta desse movimento é uma circulação de ideias americanas na educação brasileira. O primeiro trabalho que compõe essa comunicação coordenada faz uma discussão teórica a partir de pesquisa bibliográfica em busca de referências para uma compreensão do acontecimento americano e suas repercussões no capitalismo contemporâneo e na cultura ocidental. Os demais trabalhos são de natureza empírica e focalizam experiências específicas de circulação de ideias americanas na educação brasileira. Um desses trabalhos focaliza uma experiência educacional desenvolvida no Piauí na década de 1970. Trata-se das escolas Premen, que surgiram como parte do acordo MEC/USAID. Outro trabalho analisa como as metas do plano decenal do Programa Aliança para o Progresso impactaram a educação no Rio Grande do Norte, sobretudo com a implantação das práticas do Programa Cooperativo de Educação na gestão Aluízio Alves (1961-1965). O último trabalho tece nexos entre as viagens pedagógicas dos educadores brasileiros, sobretudo os vinculados ao ensino técnico profissional, e a circulação das ideias pedagógicas do movimento pela Escola Nova. 2) NOTAS TEÓRICAS SOBRE O ACONTECIMENTO AMERICANO E O AMERICANISMO Nilton Ferreira Bittencourt Junior O trabalho é uma discussão de interpretações produzidas sobre o acontecimento americano e o americanismo. O acontecimento americano é referente à pujança dos EUA e sua capacidade de atração e difusão, em movimento centrípeto e centrífugo, ora exportando capital e cultura, ora atraindo observadores em busca de modelos diversos: prisões, escolas, fábricas e muitos outros. O termo americanismo designa menos a pujança dos EUA em si e mais as atitudes perante esta pujança. O objetivo é identificar e relacionar diferentes categorias, ora interpretativas, ora explicativas, sobre o acontecimento americano. O texto é o resultado de pesquisa de cunho teórico e em fontes bibliográficas com a finalidade de elaboração de um mosaico teórico capaz de inspirar pesquisas empíricas sobre a circulação de ideias americanas na educação brasileira. Entres as fontes utilizadas estão obras de autores que elaboraram interpretações específicas sobre o acontecimento americano e suas repercussões no capitalismo e na cultura ocidental. Nesse sentido o texto é como um ensaio teórico que busca pensar as singularidades sociais, econômicas, políticas e culturais dos EUA, tendo como referência metanarrativas publicadas por autores de diferentes épocas e lugares. Entre esses autores figuram europeus, estadunidenses e brasileiros. Entre os europeus o diálogo é com os franceses Alexis de Tocqueville, Max Weber, Antonio Gramsci, Fernand Braudel e Jean-Pierre Fichou. De Tocqueville a obra visitada é A democracia na América, escrita nos anos 1820. De Weber a referência é A ética protestante e o espírito do capitalismo, elaborada no final do XIX e início do século XX. De Gramsci a referência é Americanismo e fordismo, elaborado nos anos 1930. De Braudel a referência é Gramática das civilizações, livro publicado nos anos 1960. De Fichou a obra requisitada é A civilização americana, produzida nos anos 1980. Entre os estadunidenses estão Richard Morse e Frederic Jameson. De Morse a referência é a obra O espelho de próspero: cultura e ideias nas américas, elaborada nos anos 1980. De Jameson é o ensaio Notas sobre a globalização como questão filosófica, publicado nos anos 1990. Entre os brasileiros o trabalho dialoga com Monteiro Lobato e Viana Moog. De Lobato a referência é América: os Estados Unidos de 1929, obra que veio a público em 1932. De Moog a obra consultada é Bandeirantes e pioneiros: paralelo entre duas culturas, produzida nos anos 1940. Entre os resultados o trabalho esboça um léxico, isto é, uma reunião de vocábulos referentes ao acontecimento americano e suas singularidades. Toda abordagem de um acontecimento singular exige uma linguagem igualmente singular para que a “coisa mesma” possa ser pensada. A abordagem também sinaliza para a compreensão do acontecimento americano como uma conjugação de fatores e de sujeitos. A americanidade é a modernidade em seu modo de ser nos EUA: apropriada, adaptada, reconfigurada e acrescida de componentes novos. Acontecimento americano. Americanismo. Americanidade. 3) EDUCAÇÃO MADE IN RIO GRANDE DO NORTE: UMA ANÁLISE DAS METAS E PRÁTICAS EDUCACIONAIS IMPLEMENTADAS PELO PROGRAMA COOPERATIVO DE EDUCAÇÃO DE 1962-1965 Roselia Cristina de Oliveira O presente trabalho tem por objetivo demonstrar como e em que medida as metas do plano decenal do Programa Aliança para o Progresso impactaram a educação do Estado do Rio Grande do Norte, sobretudo com a implantação das práticas do Programa Cooperativo de Educação na gestão Aluízio Alves (1961-1965). Nossa hipótese é de que o convênio direto favoreceu a instauração de um processo hegemônico potiguar que utilizou a educação como estratégia de controle político e conformação social evidenciando a produção do conhecimento voltada para os interesses do sistema capitalista vigente através da formação tecnicista, pragmática e acrítica consubstanciada pelo combate aos movimentos sociais no período de transição da democracia para uma ditadura militar. Por isso evidencia-se a introjeção do americanismo na assessoria técnica, científica e financeira da Aliança para o Progresso, assim como do Conselho Estadual de Educação. Dessa feita analisamos o projeto piloto de alfabetização de Angicos, Quintas e o Regimento Interno das Escolas Primárias de 1964 como marcas constitutivas, evidenciando a fissura no processo de estagnação econômica ocasionada por um conjunto de ações que visavam superar o subdesenvolvimento com a adoção do modelo americano de desenvolvimento que em larga medida vislumbrava como alternativa viável o investimento educacional associado ao estímulo ao progresso, demonstrando com isso a dependência econômica, cultural e a acomodação as estruturas vigentes, fortalecendo um mercado consumidor, garantindo mão de obra barata e minimamente qualificada. Analisamos esse processo com as lentes de Arturo Escobar (2000) e Walter Mignolo (1995), por estes demonstrarem como a linguagem determina não só a economia, mas a realidade social em seu conjunto, culminando com a virada de chave da condição agrária para a industrialização, tendo a educação como estratégia política. Assim o americanismo é evidenciado na tentativa de subjetivação através da implementação dos projetos educacionais em colaboração com ações dos programas Alimentos para a Paz e Corpos da Paz conforme menciona Warde (2009). No que se refere aos resultados identifica-se o uso político do programa estadunidense visando conformar as massas; a forte presença do financiamento estadunidense com aporte de Cr$ 3,46 bilhões de cruzeiros para a educação; implementação da alfabetização de adultos vinculada ao desenvolvimento de comunidade; parceria do governo americano com a Igreja Católica em ações nas áreas rurais com formação na área sindical e cooperativismo; parceria da Universidade Federal do Rio Grande do Norte com a Universidade de Utah. Portanto, a educação made in Rio Grande do Norte esteve alinhada a confluência de interesses políticos visando o fortalecimento, a centralização e modernização administrativa como nos fala Romanelli (1980), sendo uma expressão da dominação econômica visando o combate ao comunismo, o controle e a conformação social. Americanismo; Programa Cooperativo de Educação; História da educação. 4) CIRCULAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DAS IDEIAS PEDAGÓGICAS ANGLO-AMERICANAS NO ENSINO TÉCNICO PROFISSIONAL BRASILEIRO NAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX Sandra Maria de Assis O tema do artigo é a circulação de ideias pedagógicas influentes na constituição do ensino técnico profissional brasileiro na primeira metade do século XX. Seu objetivo é a identificação das relações entre as viagens pedagógicas dos educadores brasileiros, sobretudo os vinculados ao ensino técnico profissional, com a circulação e consolidação das ideias pedagógicas da Escola Nova. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica amparada pela consulta às fontes documentais (relatórios ministeriais, correspondências, ofícios) do arquivo Gustavo Capanema do Centro de Pesquisa e Documentação da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC/FGV) e da Hemeroteca Digital (fotografias e notas publicadas em jornais da época), que nos permitiram discutir a forma como os educadores brasileiros, ligados ao ensino técnico profissional, importaram, se apropriaram, reelaboraram e, na medida do possível, aplicaram essas referências na organização do ensino técnico profissional no contexto da formação das redes de ensino técnico profissional. As viagens de Anísio Teixeira e Lourenço Filho aos EUA e, antes disso, os métodos americanos de educação apresentados por Omer Buyse motivaram estes educadores a conhecerem a pedagogia e o sistema público de educação norte americano. Influenciados por John Dewey, difundiram a concepção de educação pública, cuja formação geral voltava-se para a preparação para o trabalho sem que os estudantes tivessem que, rigorosamente, atrelar suas escolhas profissionais às necessidades do regime industrial. Também atribuímos essa circulação a outros educadores envolvidos com o ensino técnico profissional e ou com as empresas ferroviárias e industriais: Celso Suckow da Fonseca; Roberto Simonsen; Roberto Mange; João Luderitz, intelectuais divulgadores do americanismo industrialista. A pesquisa indicou que os referidos intelectuais, viam as referências americanas como apropriadas à cultura, à produção, ao trabalho e à educação, atuando para que tais ideias circulassem nos meios políticos e empresariais, notadamente, os princípios e as práticas de administração científica da produção e do trabalho. A presença anglo americana na política e na educação brasileira intensificou-se nas primeiras décadas do século XX, período em que identificamos alguns intelectuais educadores viajantes e integrantes da rede de educadores do ensino técnico profissional que puderam conhecer de perto a filosofia e a psicologia aplicada nas escolas norte-americanas. Ao retornar, buscaram aproximá-las daquilo que defendiam para o ensino técnico profissional brasileiro que àquele momento passava por um processo de organização técnica e jurídica. A pesquisa constatou uma aproximação, política e econômica, do Brasil com os EUA, e o encaminhamento dos gestores do Ministério da Educação e Saúde Pública à opção pelo modelo americano, cujas tratativas nesse sentido foram fortalecidas com a criação da Comissão Brasileira-Americana de Ensino Industrial (CBAI), em 1946. Circulação de ideias, Americanismo, Ensino técnico profissional.
Título do Evento
XII Congresso Brasileiro de História da Educação
Cidade do Evento
Natal
Título dos Anais do Evento
Anais do XII Congresso Brasileiro de História da Educação
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

PEDROSA, JOSÉ GERALDO et al.. A CIRCULAÇÃO DE IDEIAS AMERICANAS NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: DESDOBRAMENTOS DA RELAÇÃO BRASIL-EUA NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA.. In: Anais do XII Congresso Brasileiro de História da Educação. Anais...Natal(RN) Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2024. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/cbhe2024/847447-A-CIRCULACAO-DE-IDEIAS-AMERICANAS-NA-EDUCACAO-BRASILEIRA--DESDOBRAMENTOS-DA-RELACAO-BRASIL-EUA-NA-EDUCACAO-BRASIL. Acesso em: 20/10/2025

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