ALFABETIZAÇÃO: ANALISANDO ALGUNS MÉTODOS PARA APRENDIZAGEM NOS ANOS INICIAIS

Publicado em 04/02/2020 - ISBN: 978-85-5722-415-5

Título do Trabalho
ALFABETIZAÇÃO: ANALISANDO ALGUNS MÉTODOS PARA APRENDIZAGEM NOS ANOS INICIAIS
Autores
  • Luiziana Gomes Trindade
Modalidade
Artigo Científico
Área temática
Educação
Data de Publicação
04/02/2020
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/amplamentecursos/236166-alfabetizacao--analisando-alguns-metodos-para-aprendizagem-nos-anos-iniciais
ISBN
978-85-5722-415-5
Palavras-Chave
Alfabetização, aprendizagem, anos iniciais
Resumo
Introdução Dificilmente os cidadãos conseguem desfrutar de uma boa qualidade de vida na civilização de hoje, sem o perfeito domínio dos símbolos da comunicação escrita. Daí a grande atenção com que os professores têm procurado novas alternativas para o ensino da leitura e da escrita. Já não se pode aceitar que esse ensino se limite ao reconhecimento mecânico e linear de símbolos; mais do que isso o importante é saber combiná-los, construtivamente, com vistas ao traçado de uma trajetória individual que desenvolve o mundo da comunicação escrita. Para tanto, é necessário que se dê aos alunos amplo grau de liberdade, de forma que possam construir seu próprio processo de decodificação da língua escrita, não permitindo as diferenças construtivas do passado, de acordo com critérios, valores e finalidades das “propostas modernizantes”, mas proporcionando condições para que se possam compreender os problemas atuais em sua diversidade e historicidade, que permanecem pouco ou ainda inexploradas, demandando assim, um olhar todo especial ao ensino da leitura e escrita. É preciso pensar em outras possibilidades de investigação relativa ao ensino da leitura e escrita na fase inicial de escolarização de crianças, neste final do século, conforme sugere Chauí (1978, p. 48-52): Acolher novos temas, novos métodos, novas técnicas, novos campos de pesquisa, mas não... Por serem novos nem porque sejam garantia de uma ocupação, isto é, nem porque sejam partes da fashion culture, nem porque sejam garantia de emprego, mas porque fazem sentido, correspondem a necessidades e experiências reais que pedem interpretação e compreensão. Então, é a partir da superação da crença de que alfabetizar é meramente codificar e decodificar e da tomada de consciência a respeito do que significa realmente alfabetizar, que desejo avançar para uma concepção maior sobre os processos de alfabetizar, que consideram os professores como mediadores e os alunos como sujeitos dessa construção. A linguagem é parte integrante de nossas atividades diárias. Não é herdada, é uma parte que somente pode ser transmitida de uma geração a outra por meio da educação. Uma sociedade sem linguagem não poderia empreender a não ser as mais simples atividades cooperativas. Além disso, uma sociedade carente de linguagem não teria meios de assegurar à continuidade do comportamento da aprendizagem necessária a criação da cultura. Os homens, porém, em sucessivas gerações, não recomeçavam, em cada geração, modelar suas culturas, mas prosseguiam a partir das técnicas descobertas anteriormente e a elas transmitidas por seus antecessores. Os registros escritos das línguas humanas tiveram início há alguns milhares de anos apenas. Antes disso nenhum grupo humano denominava a técnica da escrita. A escrita é muito mais recente que a linguagem. O homem provavelmente adquiriu a linguagem na mesma época em que adquiriu os primeiros rudimentos de cultura. A escrita, contudo, não aparece em parte alguma antes da idade do Bronze, e mesmo então só é encontrada em poucas sociedades. A partir da evolução da comunicação, que tinha a função de descrever acontecimentos, passa-se então por uma etapa da evolução da escrita-amnemônica, onde individual do símbolo adquire características sociais. Este fato constitui o fator fundamental para o desenvolvimento da escrita. A escolha para a fundamentação teórica implicou na relação de obras ligadas ao assunto tomando como por base o pensamento de: Piaget (1976); Ferreiro (2001); Paín (1985); dentre outras. O tipo de metodologia utilizada foi à revisão bibliográfica. O artigo está dividido em duas partes: na primeira apresenta uma perspectiva histórica sobre a alfabetização, mostrando o surgimento do alfabeto, os seus períodos históricos e a perspectiva construtivista onde o sujeito do conhecimento é o sujeito epistêmico, surgindo assim uma nova concepção da Alfabetização dentro da psicopedagogia. Na segunda parte resume os pontos de vista de alguns autores . Dentro do que foi citado, o trabalho tem em sua divisão, no início o estudo dos conceitos relacionados a perspectiva histórica sobre a alfabetização, mostrando o surgimento do alfabeto, os seus períodos históricos e a perspectiva construtivista onde o sujeito do conhecimento é o sujeito epistêmico, surgindo assim uma nova concepção da psicopedagogia. Em seguida, serão apontadas e comentadas as dificuldades neste processo e finalizando com a exposição da função da Psicopedagogia na alfabetização. AQUISICÃO DA LEITURA E DA ESCRITA. 2 CONHECENDO O QUE É ALFABETIZAÇÃO A história da alfabetização resultou da necessidade de tornar mais eficiente e interessante a aprendizagem da leitura. Pode ser dividida em três principais períodos: o primeiro, incluindo a Antiguidade e a idade média, é delimitado pelo uso exclusivo do método da soletração; o segundo, que se inicia com as reações contra o método da soletração entre o século XVI e XVII, entende-se até a década de sessenta do nosso século e é marcado pela criação de outros métodos de orientação sintética e dos de orientação analítica, assim como pela disputa entre eles; o terceiro, o atual, é caracterizado pelo questionamento a passagem pela oralização, isto é, pela necessidade de associar os sinais da língua escrita aos sons da língua falada para aprender a ler. Os analistas da educação brasileira afirmam que somente no final do Império e começo da República delineia-se uma política educacional estatal, fruto do fortalecimento do Estado. Até então, a política educacional era feita quase que exclusivamente no âmbito da sociedade civil, pela Igreja Católica. Durante a colônia (1500 – 1822), a educação assegurava o domínio dos portugueses sobre os índios e os negros escravos. No final deste período e durante o império (1889 – 1930), ela passa a ser paulatinamente valorizada como instrumento de reprodução das relações de produção. Até os anos 20, a educação brasileira comportou-se com um instrumento de mobilidade social. Os estratos que detinham o poder econômico e publico utilizavam-na como distintivo de classe. As camadas médicas provocavam-na como a principal via de ascensão social, e prestigio na integração dos dominantes. Nesta sociedade, ainda não havia uma função “educadora” para os níveis médios e primários, razão pela qual eles não mereceram atenção do Estado, se não formalmente. A oferta da escola média, por exemplos, era incipiente, restringindo-se, praticamente, a algumas iniciativas do setor privado (Romanelli, 1983). Na transição de uma sociedade oligárquica para urbano-industrial, redefiniram-se as estruturas de poder, e o esforço para a industrialização resultou em mudanças substantivas na educação. Foi criado o Ministério da Educação e Saúde, em 1930; estruturou-se a universidade de fusão de varias instituições isoladas de ensino superior criou-se o sistema nacional de ensino, até então inexistente. A constituição de 1934 foi a primeira a estabelecer a necessidade de elaboração de um plano nacional de educação que coordenasse e supervisionasse as atividades de ensino em todos os níveis. Foram regulamentadas as formas de funcionamento do ensino oficial em cotas fixas, para a Federação, os Estados e os municípios, fixando-se ainda as competências dos respectivos níveis administrativos. Implantou-se a gratuidade e obrigatoriedade do ensino primário, e o ensino religioso tornou-se optativo. Parte dessa legislação foi absorvida pela constituição de 1937, na qual estiveram presentes dois novos parâmetros: o ensino profissionalizante e a obrigação das indústrias e dos sindicatos de criarem escolas de aprendizagem, na sua área de especialidade, para os filhos de seus funcionários ou sindicalizados. Foi ainda em 1937 que se declarou obrigatório a introdução da educação moral e política nos currículos. Portanto, paulatinamente, a sociedade brasileira passou a tomar consciência da importância estratégica da educação para assegurar e consolidar as mudanças econômicas e políticas que estavam sendo empreendidas. Assim em 1933, as escolas primárias contavam, com 21.276 estabelecimentos de ensino oficiais (estaduais e municipais) e 6.044 particulares (inclusive os confessionais), com uma matricula de 1.739.613 na rede oficial e 368.006 na rede particular. Em 1945, são 33.423 e 5.908, estabelecimentos de ensino respectivamente, alterando esta matrícula para 2.740.755 ou 498.085 (sinopse Retrospectiva do Ensino no Brasil. Do inicio até meados do século XX, uma grande parte dos brasileiros ainda era analfabetos. Em 1900, a população brasileira era da ordem de 17.438.434, sendo que 63,3% daqueles que tinham quinze anos ou mais não sabiam ler e escrever. Em 1950, a população havia crescido para 51.944.397 habitantes, e a metade dos que tinham, no mínimo, quinze anos, era analfabeta. O que se verifica é que a intensificação do processo de urbanização e o crescimento demográfico, combinados com o crescimento da renda per capita, foram acompanhados pela diminuição da taxa de analfabetismo. Assim, a urbanização e a industrialização foram fatores que influenciaram a escolarização da população, pois, entre os anos de 1920 e 1940, a taxa de urbanização dobrou e o analfabetismo sofreu uma sensível queda. Ademais, levando-se em conta a evolução da população ao longo do período, verifica-se que a sociedade brasileira empreendeu um significativo esforço para diminuir o numero de seus analfabetos uma tarefa que será intensificada nos anos posteriores. Outro aspecto importante do período refere-se à expansão do ensino depois de 1920. Neste momento, a taxa de escolarização da população entre 5 e 19 anos era de apenas 9%. Já em 1940, ele passou para 21,43% e atingiu 26,15% em 1950. Apesar de ser ainda insuficientes, verifica-se que o país despertou para o problema da extensão da escolarização, empenhando-se por incorporar cada vez mais um contingente maior de pessoas na escola. Tal processo se completará muito recentemente, quando o país passou a enfocar, prioritariamente, a permanência da criança na escola. Entre 1950 e 1960, o país conheceu as maiores taxas de expansão da alfabetização. Isto se deve ao fato de que, a partir de 1947, foram instaladas classes de ensino supletivo na maior parte dos municípios. De certa forma, tal ensino incentivou a matrícula em cursos profissionalizantes ou pré-profissional de nível primário. As classes de supletivo e as de ensino complementar (pré-profissional e profissional) em conjunto foram frequentadas por mais de 400 mil alunos cada ano, por treze anos consecutivos. Assim, o supletivo composto por duas séries escolares, entre 1947 e 1959, alfabetizou cerca de 5,2 milhões de alunos. A taxa de analfabetos que 1950, era de 50%, atingiu 33,1% em 1970. Assim, as mudanças foram sensíveis: a população total quase atingiu a casa dos 100 milhões, a população urbana cresceu o índice de alfabetização acompanhou a modificação do perfil populacional. A estrutura do Sistema Educacional após a Lei nº 9.394/96. O atendimento de 0 a 3 anos (creches) e de 4 a 6 anos (pré-escola) passou a ser denominada Educação Infantil. Os antigos 1º e 2º passaram à denominação Ensino Fundamental e Ensino Médio, respectivamente. A LDB reduz a dois os níveis de educação escolar: o primeiro é o da educação básica, formada por educação infantil, ensino fundamental e médio, e o segundo é o da educação superior. Apresenta a educação profissional como modalidade de ensino articulada com esses níveis, embora a admita, como habilitação profissional, nos próprios estabelecimentos de ensino médio ou em cooperação com instituições especializadas em educação profissional. Outras modalidades de ensino; como a educação especial e a educação indígena, ganharam especificidade dentro da nova forma de organização. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96) abrange todos os níveis de ensino, da educação infantil. Por isso é chamada de constituição da educação. A LDB propõe mudanças e avanços efetivos na educação infantil, em que essa passa a construir o primeiro nível da Educação Básica; sua finalidade é desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade em seus aspectos físicos, psicológicos, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade, conforme o Art. 30 dessa Lei, a educação infantil deve ser oferecida em dois níveis nas seguintes instituições: “Creches, para crianças até três anos de idade e pré-escolas, para crianças de quatro a seis anos de idade”. Esta Lei determina que a educação abranja os processos formativos que se desenvolve na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. Em resumo, a estrutura didática da Educação Básica instituída pela lei nº 9.394/96, envolve escolas de diferentes níveis, a saber: educação infantil, que assume características peculiares, dados as suas finalidades, uma forma diferenciada de comunicação psicopedagógica e de interação professor aluno, que usa novas tecnologias. 3. ALGUNS METODOS QUE CONTRIBUEM PARA A ALFBETIZAÇÃO. Os métodos de alfabetização evoluem fazendo o avanço do conhecimento de acordo com as necessidades sociais, pois com a evolução da sociedade, cada vez mais vai se exigindo um tipo de letrado diferente. E com todas as evoluções surgiram vários métodos de alfabetização como: o método tradicional que incorpora o método sintético e analítico e por fim o método construtivista. Alguns desses métodos colocam em risco o processo e capacidade de aprendizagem do aluno por passar insegurança tanto para o aluno quanto para os professores, por isso se percebe, que apesar de ser muito usado e de uma certa forma ter alfabetizado milhões de pessoas, esses métodos de alfabetização consistem na memorização do que é ensinado, colocando em dúvida a qualidade do aprendizado do aluno. 3.1 MÉTODO TRADICIONAL Esta metodologia tem a concepção de que a aula deve acontecer apenas dentro da sala de aula, em que o professor ensina a matéria, passa exercícios e depois corrige, seguindo com a matéria à frente, fazendo sempre a mesma coisa, tornando a aula mecanizada, dando a entender que o aluno só irá aprender através do conhecimento do professor. Este método faz com que o aluno aprenda através da repetição de exercícios de memorização, levando o aluno a decorar e não aprender. 3.2 MÉTODO SINTÉTICO Esse método leva o aluno a perceber partes isoladas, sem significação, impedindo sua compreensão e percepção da leitura. Com isso, o aluno tem dificuldades de compreender e criar textos, o prazer pela leitura dura pouco, porque logo o aluno consegue dominar a leitura e escrita deixando de ser algo novo em sua vida, oferece um vocábulo pobre e restrito. O método sintético é divido em três tipos: 3.2.1 Alfabético ou Soletrativo. Por este processo, a criança vai soletrando as sílabas até decodificar a palavra. Por exemplo, a palavra casa soletra-se assim: c + a= ca > s + a= sa { casa }. 3.2.2 Processo alfabético. Consiste em decorar todo o alfabeto, reconhecer cada letra isoladamente, reunir as sílabas, palavras, frases e textos. O aluno aprende: a) O nome das letras nas formas maiúsculas e minúsculas; b) A sequência do alfabeto; c) A combinar as letras entre si, formando sílabas e palavras. 3.2.3 Método Fônico. O método fônico consiste no aprendizado através da associação entre fonemas e grafemas, ou seja, sons e letras. Ele é baseado no ensino do código alfabético de forma dinâmica, ou seja, as relações entre sons e letras devem ser feitas através do planejamento de atividades lúdicas para levar as crianças a aprender a codificar a fala em escrita e a decodificar a escrita no fluxo da fala e do pensamento. 3.2.3.1 Processo Fônico Um exemplo deste método é o professor que escreve uma letra no quadro e apresenta imagens de objetos que comecem com esta letra. Em seguida, escreve várias palavras no quadro e pede para os alunos apontarem a letra inicialmente apresentada. A partir do conhecimento já adquirido, o aluno pode apresentar outras palavras com esta letra. 3.2.4 Método Silábico: A sílaba é a unidade fonética para o ponto de partida do ensino da leitura, o aluno aprende inicialmente as sílabas, a combinação entre elas e chega â palavra. Por este método, a aprendizagem é feita primeiro através de uma leitura mecânica do texto, com a decifração das palavras, vindo posteriormente a sua leitura com compreensão. Neste método, as cartilhas são utilizadas para orientar os alunos e são usados fonemas e seus grafemas correspondentes, evitando confusões auditivas e visuais. 3.2.4.1 Processo silábico: Apresenta-se as sílabas canônicas, utilizando palavras e ilustrações destacando a sílaba na palavra. MA > de macaco; NA > de navio; PA > de panela. 3.2.5 Método Analítico. O método analítico tem por objetivo, fazer com que as crianças compreendam o sentido de um texto, não ensina a leitura através da silabação, incentiva os alunos a produção de textos prestando atenção ao uso da pontuação, estimula a leitura e deixa o aluno à vontade para expor suas ideias. Este método ajuda a criança no desenvolvimento e organização dos pensamentos. 3.2.6 Método Construtivista. O método mais indicado, elogiado e usado na alfabetização, trabalha o conhecimento que a criança traz para a escola, fazendo a união da língua falada, da escrita em um único método, podendo ser aplicado a qualquer aluno. 3.2.6.1 Processo Construtivista. O processo de construção da leitura e escrita andam juntos, um depende do outro para terem sentido. Quando a criança inicia o aprendizado de leitura e escrita ela consegue identificar que números representam quantidades e as letras formam palavras e através delas podem expor suas ideias, aumentando de forma produtiva o seu aprendizado e todo o conhecimento adquirido. 4. A FUNÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO A função da Psicopedagogia na aquisição da leitura e da escrita é necessária analisarmos alguns aspectos que compõem esta área de estudo. Os tópicos apontados a seguir serão vistos de forma a entendermos a real importância deste estudo para a Educação. Serão comentados os itens: surgimento da Psicopedagogia; o conceito de Psicopedagogia; aprendizagem para a Psicopedagogia; sobre os problemas de aprendizagem e Psicopedagogia: diagnóstico dos transtornos da aprendizagem na leitura e na escrita. O início da Psicopedagogia Segundo Scoz (2007), a Psicopedagogia, só a partir da década de 80 é que se estruturou como corpo de conhecimentos, transformando-se em campo de estudos multidisciplinares, porém esta área de estudo percorreu caminhos importantes para que a mesma fosse conhecida nos dias atuais, ela trilhou estes caminhos sempre influenciados pelo pensamento educacional vigente. Ainda citando Scoz (2007), os profissionais começam a buscar as causas do fracasso escolar, na década de 60, sondando os aspectos: físicos e psicológicos do sujeito em desenvolvimento. Antes da contribuição da Psicopedagogia os professores viam as causas das dificuldades apenas de forma patológica, isto é, os indivíduos eram encarados como portadores de alguma doença que os impediam seu desenvolvimento escolar. Com isto muitas crianças eram encaminhadas para consultórios médicos e passavam a ter um tratamento medicamentoso. Barbosa (2006) também aponta um dado histórico importante para o desenvolvimento da Psicopedagogia no Brasil que se assemelha com o comentado acima que é isenção da escola da responsabilidade perante as dificuldades, fato este que ocorreu na década de 70 para a de 80. A escola ficava sem saber o que fazer para solucionar os problemas de aprendizagem de seus alunos, encaminhando-os para especialistas, assim a mesma começou a perder seu espaço pedagógico. Foi com o movimento de resgate da função da escola no Brasil que surgiu a Psicopedagogia, este movimento pedia o fortalecimento através do conhecimento e então se abriram novos cursos de espacialização, cujo objetivo principal era o estudo da aprendizagem. O conceito de Psicopedagogia Na visão de Scargo (1994), a função da Psicopedagogia é atuar junto aos alunos de forma diferenciada, isto é, através de atendimentos individuais ou grupais e investigar, diagnosticar e intervir nas dificuldades de aprendizagem, de forma a permitir a transformação em todo âmbito educacional. Já Barbosa (2006), a Psicopedagogia é a área que está em parceria com a família e a escola para enfrentar desafios relacionados com o processo de aprendizagem, procurando compreender as dificuldades; o que se aprende; o processo ensino/ aprendizagem e agir sobre estes aspectos de forma a proporcionar o avanço da prática educativa. A Psicopedagogia trabalha junto à família e à escola, buscando solucionar os problemas decorrentes do processo de aprendizagem, considerando o aprender como conseqüência de uma boa integração dos fatores: cognitivos; afetivos; familiares; orgânicos e sociais. Aspectos estes que muitas vezes são esquecidos pela educação A aprendizagem e a Psicopedagogia Sendo a aprendizagem a primeira preocupação da Psicopedagogia, é necessário no momento termos alguns conceitos sobre a mesma para que assim possamos nos dedicar ao estudo das dificuldades de leitura e de escrita, certos atores argumentam: ? PIAGET (1976) encara a aprendizagem como um processo de constante equilíbrio entre os esquemas já existentes e os novos esquemas, na busca de formas para interpretar e compreender o real pelo indivíduo em desenvolvimento. ? PAIN (1985), a aprendizagem é um efeito das articulações elaboradas entre as estruturas teóricas já existentes do sujeito com outras novas dentro do processo que leva em conta os aspectos: biológico; cognitivo; social e emocional. ? BARBOSA (2006), a aprendizagem é o resultado da ação do aprendiz sobre o mundo e dos elementos deste mundo que agem sobre ele, isto é, há uma troca e interação com objetos de aprendizagem e sujeito de forma dialética. A aprendizagem pode ser vista por muitos atores como algo que deve ser alcançado por todos os sujeitos em desenvolvimento normal, porém no caminho que o sujeito percorre para isto surgem também obstáculos a serem vencidos, estes obstáculos são chamados de problemas de aprendizagem que quando trabalhados dentro de uma forma correta pela educação, são superados por quem aprende sem sofrimento ou qualquer outra espécie de exclusão do processo ensino/ aprendizagem. Sobre os problemas de aprendizagem Na visão de Paín (1985), pode-se considerar o problema de aprendizagem como um sintoma do não-aprender, sendo um quadro não permanente, porém provoca um descompasso no processo ensino/aprendizagem. 1. FATORES ORGÂNICOS: "Nestes são considerados os esquemas de ação desdobrados mediante o corpo, que a origem da aprendizagem está nestes esquemas e que dependem do bom funcionamento dos órgãos e dos dispositivos que garantem a coordenação do sistema nervoso central." (Paín 1985, p. 29) Os fatores orgânicos estão relacionados diretamente ao funcionamento dos órgãos que garantem o exercício da aprendizagem, é necessário garantir a saúde do indivíduo que aprende. 2. FATORES ESPECÍFICOS: "Existem certos tipos de transtornos na área da adequação perceptivo--motora que, embora possa suspeitar-se de sua origem orgânica, não oferecem qualquer possibilidade de verificação neste aspecto. Tais transtornos aparecem especialmente no nível da aprendizagem da linguagem, sua articulação e sua lecto-escrita, e se manifestam numa série de perturbações, tais como a alteração da seqüência percebida, a impossibilidade de construir imagens claras de fonemas, sílabas e palavras, a inaptidão gráfica, etc. Encontramos dificuldades especiais de outra ordem, no nível da análise e síntese dos símbolos, na aptidão sintática, na atribuição significativa. Desta forma, certos processos da ordem das afasias podem apresentar-se sem que possam ser relacionadas com qualquer dano cerebral localizado que justifique esta perturbação." (Paín 1985, p. 30) Os transtornos de aprendizagem que não podem ser comprovados que sua origem seja orgânica, estão ligados aos fatores específicos. A linguagem neste caso é a mais afetada, dentre as dificuldades específicas temos a dislexia. 3. FATORES PSICÓGENOS: "O fator psicógeno do problema de aprendizagem se confunde então com sua significação, entretanto é importante destacar que não é possível assumí-lo sem levar em consideração as disposições orgânicas e ambientais do sujeito. Desta forma, o não-aprender se constitui como inibição ou como sintoma sempre que se dêem outras condições que facilitem este caminho." (Paín 1985, p. 32) Quando há todas as condições para aprender e isto não acontece é porque a razão do não-aprender está relacionado a não satisfação com aprendizagem, devido as situações que levem a traumas, sendo estes caracterizados por atitudes de inibição e de medo de errar por parte de quem aprende. 4. FATORES AMBIENTAIS: "O fator ambiental é especialmente determinante no diagnóstico do problema de aprendizagem, na medida em que nos permite compreender sua coincidência com a ideologia e os valores vigentes no grupo."(Paín 1985, p.33) O ambiente pode ou não contribuir com os problemas de aprendizagem, levando em conta as possibilidades materiais que o meio oferece sujeito. Assim o autor citado acima define o problema de aprendizagem numa perspectiva multifatorial e alerta para a importância de obter os dados necessários para compreender o significado, a causa e a modalidade dos transtornos mediante um diagnóstico psicopedagógico. Scoz (2007), também considera os problemas de aprendizagem como um processo, caracterizando-se num estado particular de um sistema que para equilibrar-se procurou adotar um determinado tipo de comportamento, considerando o não-aprender como algo positivo. Barbosa (2006) concorda que a dificuldade de aprender é estar diante de um obstáculo que tem características culturais, cognitivas, afetivas ou funcionais, porém a mesma afirma que estas dificuldades fazem parte do processo de aprendizagem de forma processual. Como foram vistos, os autores concordam em parte que os transtornos de aprendizagem podem ser conseqüência de vários fatores, englobando desde o aspecto físico até o emocional, já que o indivíduo deve ser analisado como um todo e que os mesmos fazem parte da própria aprendizagem. Psicopedagogia: diagnóstico dos transtornos da aprendizagem na leitura e na escrita No tocante aos transtornos de aprendizagem na leitura e na escrita a Psicopedagogia não irá atuar de forma diferenciada em relação às outras dificuldades. O importante é estabelecer as diferenciações entre os erros de escrita e leitura decorrentes do processo de aprender e as dificuldades específicas como: a disgrafia; a discaligrafia; a disortografia; a dissintaxe; a discalculia e a dislexia. O objetivo da Psicopedagogia é chegar a um diagnóstico adequado em relação aos problemas de linguagem. A intervenção psicopedagógica deve se caracterizar por uma ação sistemática, partindo de um plano geral que incidirá sobre: o aluno; a escola e a família. O atendimento psicopedagógico deve atender: crianças; adolescentes e adultos, tentando detectar no processo de aprendizagem dos mesmos a presença de dificuldades de leitura e de escrita. Já que a Psicopedagogia é uma área de estudo e de atuação mediante o processo de aprendizagem, deve-se apropriar de conhecimentos que estejam ligados a este processo e aos transtornos que podem aparecer neste processo. Quem investiga as dificuldades de leitura e de escrita deve estudar vários tipos de textos e a função social da linguagem, considerando os aspectos sintáticos e semânticos, os mecanismos utilizados na leitura, a coesão e a coerência do texto. Utilizar-se das pesquisas de Ferreiro (1982) e de provas através do método clínico, tornam-se indispensáveis para uma boa investigação do desenvolvimento da linguagem, porém estas provas não devem ser colocadas como instrumento que rotule ou discrimine o sujeito, elas devem estar o mais próximo da realidade do mesmo. Dentre as provas, que são frutos das teorias construtivas, temos as que Ferreiro (1982) elaborou a partir da teoria piagetiana do conhecimento. Através do teste das quatro palavras e da frase escritas pela a criança são analisados os níveis de evolução da escrita, níveis que já foram citados neste trabalho. Segundo Paín (1985) para o diagnóstico do problema de aprendizagem é necessária também a aplicação de provas, porém posterior a uma entrevista com os pais do cliente, buscando dados da vida do mesmo que possam está contribuindo para as dificuldades, isso mediante o método clínico. Paín (1985) cita: provas psicométricas; provas projetivas e provas específicas. Dentre as provas específicas é relevante ressaltar a de lecto-escrita, que pode a vir identificar o tipo de dificuldade determinante para o fracasso na aquisição da leitura e da escrita. É o exame do caderno que permitirá saber se o problema é de nível ortográfico, se há ausência de letras, junção de palavras, inversões, substituições de fonemas e outros problemas. Exemplos de exercícios que ajudam a discriminar a índole da perturbação na leitura e na escrita apontados por Paín (1985, p. 66) são: "(A) Reconhecimento de letras e fonemas: usam-se duas lâminas, uma escrita com letras de imprensa e outra com cursiva". Em ambas diz: ao passar pela casa eu disse pra ele até amanhã. O sujeito deve indicar onde diz ma, pa, sa, as, la, ao." Neste caso é testada a possibilidade do aluno em distinguir a escrita dos sons produzidos por cada letra e também as diferentes formas da escrita das letras. "(B) Geração de palavras (função analítico-sistemática). Com cartões para montar constrói-se mamãe e papai, e solicita-se ao sujeito compor mapa. Constrói-se casa e mamãe; solicita-se maca, cama, e saca, etc.". A partir da identificação dos fonemas e da construção das sílabas, quem aprende pode sistematizar seus conhecimentos e compor novas palavras que fazem parte da mesma família silábica. "(C) Compara-se o rendimento, na cópia, no ditado, na escrita espontânea e na leitura. Começa-se com a escrita espontânea e repete-se esta frase em outras circunstâncias." A cópia, o ditado, a escrita espontânea e a leitura são exercícios que podem levar a identificação de algum problema na alfabetização, porém estes exercícios não devem ser colocados de forma isolada, desvalorizando conhecimentos prévios do aluno. É importante se valorizar as produções espontâneas. É importante dizer que estes testes devem ser adaptados as dificuldades do sujeito em análise, geralmente são pedidas à opinião de especialistas para melhor detectar o problema de aprendizagem. O que foi citado acima pode ser utilizado como recursos investigatórios, podendo ser usados de forma completa ou parcial. Isso porque o processo investigatório depende muito da queixa inicial, da idade e da escolaridade do sujeito investigado. O que também é considerado neste caso são as hipóteses formuladas pelo psicopedagogo mediante a entrevista feita com os pais e à Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem (EOCA). CONCLUSÃO Para uma melhor clareza sobre a verdadeira função da Psicopedagogia em relação ao processo de leitura e de escrita é importante uma discussão de todas as informações obtidas em conjunto com uma possível intervenção na prática. A análise de um caso é algo que dará mais fundamentação ao tema pesquisado, não podendo esquecer que todas as informações adquiridas têm como fonte outras pesquisas executadas mediante os estudos de casos e de aplicação de testes, assegurando assim a sua veracidade. Colocar em prática dos os dados desta pesquisa por quem é de interesse no assunto, é sem dúvida a complementação de um trabalho que deve unir teoria e prática na tentativa de solucionar os problemas de aprendizagem na alfabetização. Tendo em mãos a teoria que leva ao conhecimento sobre como de dar: a alfabetização; o processo de aprendizagem e suas dificuldades; a contribuição da Psicopedagogia para a superação dos problemas de aprendizagem, à luz de autores importantes, sem dúvida dar ao profissional na área da Educação ou de áreas afins, mais segurança na sua prática educativa. Estas informações são ainda mais necessárias para o Psicopedagogo, que vêm como novo agente envolvido no processo de aprendizagem, que para contribuir com a solução de problemas deve ter uma bagagem de informações bem consideráveis. O psicopedagogo deve estar ciente que para diagnosticar um problema de aprendizagem na leitura e na escrita, não é fácil de ser feito. Para minimizar as dificuldades na alfabetização é necessário tirar da análise feita da aprendizagem do sujeito suas capacidades que serão utilizadas para ter um relacionamento com a mesma e a partir daí o psicopedagogo possa intervir, auxiliando para a superação dos problemas encontrados neste processo. Espera-se da Psicopedagogia a contribuição parta melhor compreendermos o surgimento da linguagem nos indivíduos, intervindo de forma produtiva, preventiva e corretiva no processo de alfabetização. Espera-se da Psicopedagogia a contribuição parta melhor compreendermos o surgimento da linguagem nos indivíduos, intervindo de forma produtiva, preventiva e corretiva no processo de alfabetização. 6. Considerações finais A verdadeira função da Psicopedagogia no processo de leitura e de escrita é a discussão de todas as informações obtidas em conjunto com uma possível intervenção na prática. A análise de um caso é algo que dará mais fundamentação ao tema pesquisado, não podendo esquecer que todas as informações adquiridas têm como fonte outras esquisas executadas mediante os estudos de casos e de aplicação de testes, assegurando assim a sua veracidade. Colocar em prática dos os dados desta pesquisa por quem é de interesse no assunto, é sem dúvida a complementação de um trabalho que deve unir teoria e prática na tentativa de solucionar os problemas de aprendizagem na alfabetização. Tendo em mãos a teoria que leva ao conhecimento sobre como se dar: a alfabetização; o processo de aprendizagem e suas dificuldades; a contribuição da Psicopedagogia para a superação dos problemas de aprendizagem, à luz de autores importantes, sem dúvida dar ao profissional na área da Educação ou de áreas afins, mais segurança na sua prática educativa. Estas informações são ainda mais necessárias para o Psicopedagogo, que vêm como novo agente envolvido no processo de aprendizagem, que para contribuir com a solução de problemas deve ter uma bagagem de informações bem consideráveis. O psicopedagogo deve estar ciente que para diagnosticar um problema de aprendizagem na leitura e na escrita, não é fácil de ser feito. Para minimizar as dificuldades na alfabetização é necessário tirar da análise feita da aprendizagem do sujeito suas capacidades que serão utilizadas para ter um relacionamento com a mesma e a partir daí o psicopedagogo possa intervir, auxiliando para a superação dos problemas encontrados neste processo. Espera-se da Psicopedagogia a contribuição parta melhor compreendermos o surgimento da linguagem nos indivíduos, intervindo de forma produtiva, preventiva e corretiva no processo de alfabetização. REFERÊNCIAS ARAÚJO, Maria Carmen de C. Silva. Perspectiva histórica da alfabetização. Viçosa, MG: Editora UFV, 1995. CHAUÍ, Marilena. Rousseau: vida e obra. In: ROUSSEAU, Jean-Jacques. Rousseau: os pensadores. 2.ed. São Paulo: Abril Cultural, 1978. ROMANELLI, O. O. História da Educação no Brasil (1930/1973). Petrópolis, RJ: Vozes, 1983. BARBOSA, L. M. Serrat. Psicopedagogia: um diálogo entre a psicopedagogia e a educação. Curitiba. Bolsa Nacional do Livro, 2006. PAÍN, Sara. Diagnóstico e tratamento dos problemas da aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985. PIAGET, Jean. A Linguagem e o Pensamento da Criança. 6ª ed., São Paulo: Martins Fontes, 1993. SCARGO, Claudette et alli. ; A Práxis Psicopedagógica Brasileira, editor Herval Gonçalves Flores. São Paulo: ABPP. , 1994. Vários Autores. SCOZ, Beatriz. Psicopedagogia e a realidade escolar: o problema escolar e a aprendizagem. Petrópolis, RJ: Vozes, 14ª ed., 2007. FERREIRO, Emília. Alfabetização em Processo: Tradução de Marisa do Nascimento Paro e Sara Cunha Lima. 13. ed. São Paulo: Cortez, 2001. http://www.webartigos.com/artigos/o-processo-de-leitura-e-escrita-numa-visao-psicopedagogica/43209/ http://www.unicaldas.edu.br/uploads/files/METODO_ALFABETIZACAO.pdf
Título do Evento
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO CONTINUADA NA CONTEMPORANEIDADE
Título dos Anais do Evento
Anais Educação e Formação Continuada na Contemporaneidade
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

TRINDADE, Luiziana Gomes. ALFABETIZAÇÃO: ANALISANDO ALGUNS MÉTODOS PARA APRENDIZAGEM NOS ANOS INICIAIS.. In: Anais Educação e Formação Continuada na Contemporaneidade. Anais...Natal(RN) Evento on-line - Amplamente Cursos, 2019. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/Amplamentecursos/236166-ALFABETIZACAO--ANALISANDO-ALGUNS-METODOS-PARA-APRENDIZAGEM-NOS-ANOS-INICIAIS. Acesso em: 12/05/2025

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