EMERGÊNCIA CLIMÁTICA E INTERVENÇÃO DOS BANCOS CENTRAIS: VISÕES ALTERNATIVAS

Publicado em 02/12/2024 - ISBN: 978-65-272-0872-3

Título do Trabalho
EMERGÊNCIA CLIMÁTICA E INTERVENÇÃO DOS BANCOS CENTRAIS: VISÕES ALTERNATIVAS
Autores
  • Lorena Bastos de Holanda
Modalidade
Resumo Expandido (não associado AKB)
Área temática
Área 8. Economia Ecológica e Sustentabilidade
Data de Publicação
02/12/2024
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/akb2024/897792-emergencia-climatica-e-intervencao-dos-bancos-centrais--visoes-alternativas
ISBN
978-65-272-0872-3
Palavras-Chave
bancos centrais; regulação financeira; finanças sustentáveis; riscos financeiros relacionados ao clima.
Resumo
INTRODUÇÃO Há um consenso global em torno da estratégia de precificação de carbono, que supostamente é um instrumento eficaz para descarbonizar a economia. Em tese, a correta precificação corrigiria a falha de mercado relacionada à exclusão dos recursos naturais do sistema de preços de mercado. Assim, a alteração do sistema de preços relativos através da precificação dos efeitos negativos da emissão de carbono incentivaria a realocação de investimentos, direcionando recursos para ativos ‘verdes’ e projetos sustentáveis. Instrumentos como impostos sobre a quantidade de carbono emitido em atividades produtivas, regulações sobre padrões de eficiência de consumo de combustíveis fósseis e um sistema de trocas de permissão de emissões, por exemplo, podem alterar as preferências de agentes econômicos e induzir a realocação de recursos financeiros (Carney, 2018; Campiglio, 2016). No entanto, argumentamos nesse texto, este sistema de preços não é suficiente para alocar recursos na direção da descarbonização porque a alta exposição ao risco de investimentos verdes também é um empecilho à realocação voluntária de recursos no mercado (Christophers, 2019). Outra questão no debate econômico a respeito da crise climática é a gestão dos riscos financeiros relacionados à natureza, que demanda interferência dos bancos centrais para aumentar sua resiliência a crises sistêmicas (Kedward, Ryan-Collins e Chenet, 2020; Oman, Salin e Svartzman, 2024). Isto é importante porque o sistema financeiro está exposto a riscos específicos no processo de transição (endógenos, sistêmicos e radicalmente imprevisíveis) que podem ampliar a propagação de crises. Assim, o objetivo deste trabalho é discutir como os bancos centrais podem intervir na economia no contexto da emergência climática, isto é: i) demonstrar como podem aumentar a resiliência do sistema financeiro aos efeitos dos eventos extremos (ou às crises sistêmicas que podem surgir com eles); e demonstrar como podem direcionar financiamento e estimular o investimento em ativos verdes. METODOLOGIA Do ponto de vista teórico, a perspectiva analítica seguirá a abordagem pós-keynesiana, ressaltando a instabilidade financeira inerente às economias monetárias, onde decisões de longo prazo são tomadas sob a incerteza inerente ao processo – que é acentuada pelos eventos climáticos extremos (Minsky, 1992). Como consequência, a preferência de instituições financeiras pela liquidez se intensifica e, devido à busca pela rentabilidade, os investimentos são feitos em ativos considerados mais seguros. Ativos verdes e projetos sustentáveis, por serem menos lucrativos no curto prazo e atrelados a riscos financeiros relacionados à natureza (radicalmente imprevisíveis), não são atrativos para o sistema financeiro (Feil, 2021). Do ponto de vista empírico, a pesquisa utilizará estudos anteriores e documentos oficiais dos principais tratados internacionais relativos às mudanças climáticas, além de documentos de instituições financeiras, entidades governamentais e organizações mundiais – como, por exemplo, os relatórios do Intergovernmental Panel On Climate Change (IPCC), da Task Force on Climate-related Financial Disclousures (TCFD) e a Network for Greening the Financial (NGFS). RESULTADOS ESPERADOS A hipótese é que os bancos centrais persistem nas estratégias de precificação eficiente, apostando em metodologias de análise e supervisão baseadas em cenários futuros e testes de estresse climáticos – como alternativa às metodologias convencionais –, reconhecendo as especificidades e complexidade dos riscos financeiros relacionados ao clima. Com isto, assumem o papel de líderes de informações confiáveis para investidores institucionais e organizações financeiras, delegando a liderança do processo de transição para economias de baixo carbono ao setor privado. (Oman, Salin e Svartzman, 2024) A hipótese alternativa é que essas medidas são pouco eficientes para a transição verde sustentável. Ao persistirem na estratégia de precificação eficiente – e fracassarem devido à impossibilidade de se calcular probabilisticamente riscos dotados de incerteza radical – os bancos centrais assumem, de certa forma, que não há conhecimento científico suficiente para intervir ativamente a favor do processo de transição. Ademais, Entretanto, considerando que a crise climática tem efeitos socioeconômicos e financeiros devastadores, advoga-se por políticas precaucionais aliadas a políticas macroprudenciais e políticas monetárias alternativas como, por exemplo, o green quantitative easing (Chenet, Ryan-Collins e Van Lerven, 2019). CONCLUSÕES PRELIMINARES Verifica-se que ainda há elevado investimento global em combustíveis fósseis, devido à lucratividade destes ativos e da falta de competitividade de energias renováveis, cujas perspectivas de lucro ainda são menores (Christophers, 2019). Com isso, há pouco avanço no cumprimento das metas do Acordo de Paris (UNFCCC, 2015), um dos marcos mais importantes para o enfrentamento internacional da crise climática. Também observa-se que relatórios da NGFS (2024) ainda recomendam propostas superficiais para bancos centrais e supervisores financeiros, concentrando esforços apenas na elaboração de novas estruturas de análise de riscos financeiros. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOLTON, Patrick; DESPRES, Morgan; PEREIRA DA SILVA, Luiz Awazu; SAMAMA, Frédéric; SVARTZMAN, Romain. The green swan: Central banking in the age of climate change. [S.l: s.n.], 2020. Disponível em: <https://www.bis.org/publ/othp31.pdf>. CAMPIGLIO, Emanuele. Beyond carbon pricing: The role of banking and monetary policy in financing the transition to a low-carbon economy. Ecological Economics, volume 121, 2016, p. 220-230. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.ecolecon.2015.03.020 CARNEY, Mark. A Transition in Thinking and Action. 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Título do Evento
XVII Encontro da Associação Keynesiana Brasileira
Cidade do Evento
Maceió
Título dos Anais do Evento
Anais do XVII Encontro da Associação Keynesiana Brasileira
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

HOLANDA, Lorena Bastos de. EMERGÊNCIA CLIMÁTICA E INTERVENÇÃO DOS BANCOS CENTRAIS: VISÕES ALTERNATIVAS.. In: Anais do XVII Encontro da Associação Keynesiana Brasileira. Anais...Maceió(AL) FEAC-UFAL, 2024. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/akb2024/897792-EMERGENCIA-CLIMATICA-E-INTERVENCAO-DOS-BANCOS-CENTRAIS--VISOES-ALTERNATIVAS. Acesso em: 02/06/2025

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