IMPULSO DE CRÉDITO, ESTRATÉGIAS BANCÁRIAS E CRESCIMENTO ECONÔMICO - UMA ABORDAGEM PÓS-KEYNESIANA

Publicado em 02/12/2024 - ISBN: 978-65-272-0872-3

Título do Trabalho
IMPULSO DE CRÉDITO, ESTRATÉGIAS BANCÁRIAS E CRESCIMENTO ECONÔMICO - UMA ABORDAGEM PÓS-KEYNESIANA
Autores
  • Débora Pimentel
  • Antonio José Alves Junior
  • Hevellyn Camille Da Silva
  • ALEXANDRE CHANTRE DOS SANTOS
Modalidade
Resumo Expandido (associados AKB)
Área temática
Área 6. Economia Monetária e Financeira
Data de Publicação
02/12/2024
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/akb2024/897606-impulso-de-credito-estrategias-bancarias-e-crescimento-economico---uma-abordagem-pos-keynesiana
ISBN
978-65-272-0872-3
Palavras-Chave
crédito, bancos, crescimento economico
Resumo
O Brasil vive um momento de expectativas favoráveis sobre a retomada do crescimento econômico. Para manter esse clima e impulsionar o emprego e a renda, o presidente Lula tem insistido na ampliação do crédito. Seu governo vem lançando inovações institucionais para aliviar o peso da inadimplência e ofertar garantias públicas para estimular o crédito, enquanto aguarda a redução lenta da taxa Selic. O objetivo desse trabalho é analisar o papel dos bancos e o impacto do crédito em estimular a demanda agregada e o crescimento econômico através da exploração de um arcabouço teórico Pós-Keynesiano e uma análise empírica para o período recente no Brasil. O artigo se utiliza de um referencial teórico a partir das hipóteses de Preferência Pela Liquidez (PPL) de Keynes e da Hipótese de Fragilidade Financeira (HFF) de Minsky e metodologicamente utilizará do cálculo do Impulso de Crédito para mensurar os efeitos do crédito sobre a economia e o Multiplicador Bancário Desagregado (MBD) (Alves, Dimsky e de Paula, 2008) para analisar as estratégias bancárias. O período da análise vai de março de 2011 a abril de 2024 devido a disponibilidade de dados de crédito a partir das Estatísticas Monetárias e de Crédito do Banco Central do Brasil (BCB) para o cálculo do Impulso de Crédito. Entretanto, destaca-se que é possível expandir esse período a partir de 2000 através da utilização do banco de dados IF.Data do BCB que disponibiliza dados dos balanços dos bancos comerciais. A primeira seção do trabalho apresenta o referencial teórico. Segundo a PPL de Keynes bancos em geral apresentam comportamentos estratégicos em relação ao ritmo de expansão de crédito e quando confrontados com uma crise e um cenário de grande incerteza sua preferência pela liquidez se eleva e estes assumem um comportamento pró-cíclico, contraindo a criação de crédito. Já em momentos de expectativas favoráveis em relação ao crescimento econômico espera-se que os bancos assumam um comportamento mais expansivo em relação a criação e crédito. Keynes argumenta ainda que a transição de um nível de atividade econômica para um nível superior aumenta a demanda por liquidez que, portanto, só pode ser atendida, a uma dada taxa de juros, caso os bancos estejam dispostos a emprestar mais, destacando que “in general, the banks hold the key position in the transition from a lower to a higher scale of activity” (Keynes, 1937, p.668). Nesse cenário destaca-se a defesa de que em momentos de crise os bancos públicos assumam um comportamento anticíclico distinto do esperado dos bancos privados destacando o aspecto positivo da manutenção da oferta de crédito necessária para sustentar o nível de atividade econômica e o emprego beneficiando também, indiretamente, os bancos privados ao possibilitar o refinanciamento de devedores mitigando aumentos de inadimplência. Entretanto, um outro aspecto do papel anticíclico dos bancos públicos é o papel da migração de reservas dos bancos que expandem seus empréstimos para os bancos que assumem uma posição conservadora. Essa migração de reservas está descrita em Keynes (1930) ao destacar o risco que correm os bancos que expandem o crédito em ritmo superior aos demais, que é o de perda de reservas para os bancos mais conservadores. O esquema anterior prepara o terreno para a apresentação da também conhecida HFF de Minsky, que advoga que durante períodos de redução da incerteza e da preferência pela liquidez, a aquisição de ativos produtivos se apoia cada vez mais em estruturas financeiras mais ousadas, isto é, com margens de segurança menores, pois são aquelas que favorecem a aquisição de volumes maiores de ativos que dão mais lucros (ou outros benefícios), pelas seguintes razões: Primeiro, os agentes econômicos mais alavancados, ou que utilizam mais capital de terceiros, serão aquelas que, com o mesmo volume de capital próprio, controlam mais ativos. Segundo, com a redução da preferência pela liquidez, os agentes tenderão a alocar seus ativos em alternativas mais rentáveis (ou que trazem mais benefícios) que, geralmente, são menos líquidas. Terceiro, como as taxas de juros de mercado tendem a diminuir com a redução da preferência pela liquidez, as rendas líquidas de juros dos mais endividados tenderão a aumentar. No caso do esquema de Minsky, os percebidos riscos são minorados na medida em que a economia entra no que se poderia chamar aqui de fase de expansão no ciclo econômico, que resultaria na maior ousadia da constituição de estruturas financeiras. A alavancagem aumentaria, a alocação dos ativos a favor daqueles menos líquidos e mais lucrativos, e aumentaria o descasamento entre ativos e passivos. A maior disposição para correr riscos de natureza financeira com a redução das margens de segurança durante a expansão seria, de acordo com Minsky, uma tendência inerente ao capitalismo e explicaria a recorrência de crises financeiras por meio de um mecanismo endógeno. A partir daí, recorremos à tese de Barba e Pivetti (2009) sobre os efeitos do crescimento do endividamento dos trabalhadores como complemento para sustentação de um padrão de consumo mais elevado em face da estagnação salarial. A segunda seção do artigo traz uma revisão de literatura empírica para o Impulso de Crédito e os resultados anteriores do MBD. Destaca-se que há duas formas na literatura de calcular o Impulso de Crédito. Uma, apresentada em Biggs, Mayer e Pick (2010), BNDES (2023) e Santos, Costa e Braga (2023) utiliza a primeira diferença do saldo de crédito como Fluxo Financeiro e a segunda diferença como o Impulso de Crédito. A outra forma apresentada por BCB (2021) é utilizada nesse trabalho e apresenta os seguintes conceitos: Variação do Saldo de Crédito é a soma das concessões de crédito, dos juros no período e da variação cambial sobre os empréstimos em moeda estrangeira menos os pagamentos realizados no período. A partir dessa construção podemos obter o Fluxo Financeiro, sendo esse a diferença entre as concessões de crédito e os pagamentos. Por fim, o Impulso de crédito é a primeira diferença do fluxo financeiro. Resultados preliminares mostram que utilizando a abordagem do MBD é possível interpretar que após uma inicial paralisação na expansão empréstimos em 2009, os bancos privados se beneficiaram da estratégia anticíclica dos bancos públicos e puderam retomar essa expansão nos anos de 2010 a 2012. A continuidade da expansão do crédito dos bancos públicos contribuiu, junto com as demais políticas econômicas, para sustentação do nível de atividade e mitigação da inadimplência, sendo esse efeito amplificado pelo ganho de market share dos bancos públicos. E em menor grau, possibilitou uma migração de reservas para os bancos privados, provendo um aumento de liquidez. Já através dos resultados do Impulso de crédito podemos ver que, assim como destacado pelo BCB (2021), os programas e medidas emergenciais de crédito tiveram função primordial para manter o funcionamento do canal de crédito frente os efeitos econômicos da pandemia da Covid-19. A crise pandêmica acentuou o quadro de deterioração da conjuntura econômica brasileira. As famílias sofreram dos males do desemprego elevado, da precarização do trabalho e da queda da renda. Nesse contexto observou-se a elevação do endividamento das famílias e do comprometimento da sua renda com o pagamento de dívidas. Na falta de vetores de crescimento econômico, mesmo com a recuperação do emprego e aumento das ocupações, a renda real média do trabalhador brasileiro continuou em declínio, resultado da precarização do trabalho observada nos últimos anos e da corrosão pela inflação que se acelerou no período. Se na raiz do problema do endividamento das famílias está a queda da renda, contribuiu para acentuar o cenário a expansão do crédito à pessoa física pelos bancos comerciais. Essa expansão foi puxada fundamentalmente pelo crédito oferecido pelos bancos privados em especial nas modalidades de crédito sem consignação e em cartão de crédito. REFERÊNCIAS ALVES JR, J.; DYMSKI, G. e PAULA, L. F. R. Banking Strategy and Credit Expansion: a Post Keynesian Approach. Cambridge Journal of Economics, 32, 2008. BARBA, A. e PIVETTI, M. Rising household debt: its cause and macroeconomic implications – a long-period analysis. Cambridge Journal of Economics, vol 33, 2009. BCB – BANCO CENTRAL DO BRASIL. Fluxo Financeiro e Impulso do Crédito. Relatório de inflação. Brasília, set. 2021 KEYNES, J. M. A Treatise on Money. London: Macmillan, v. I, 1930. KEYNES, J. M. "The “ex-ante” theory of the rate of interest." The Economic Journal 47.188. 1937 MAYER, T; PICK, A e BIGGS, M. Credit and Economic Recovery: Demystifying Phoenix Miracles, [s.l.], 15 mar. 2010. DOS SANTOS, R.; DA COSTA, K. e BRAGA, J. “O caráter induzido e autônomo dos investimentos em construção civil: uma avaliação para o período de 2012 a 2020 da economia brasileira.” Brazilian Keynesian Review, v. 9, n. 2, p. 208-239, 2023.
Título do Evento
XVII Encontro da Associação Keynesiana Brasileira
Cidade do Evento
Maceió
Título dos Anais do Evento
Anais do XVII Encontro da Associação Keynesiana Brasileira
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

PIMENTEL, Débora et al.. IMPULSO DE CRÉDITO, ESTRATÉGIAS BANCÁRIAS E CRESCIMENTO ECONÔMICO - UMA ABORDAGEM PÓS-KEYNESIANA.. In: Anais do XVII Encontro da Associação Keynesiana Brasileira. Anais...Maceió(AL) FEAC-UFAL, 2024. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/akb2024/897606-IMPULSO-DE-CREDITO-ESTRATEGIAS-BANCARIAS-E-CRESCIMENTO-ECONOMICO---UMA-ABORDAGEM-POS-KEYNESIANA. Acesso em: 13/06/2025

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