O PAPEL DOS SETORES FORMAL E INFORMAL NA EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE BRASILEIRA

Publicado em 02/12/2024 - ISBN: 978-65-272-0872-3

Título do Trabalho
O PAPEL DOS SETORES FORMAL E INFORMAL NA EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE BRASILEIRA
Autores
  • Tomás Amaral Torezani
Modalidade
Artigo (associados AKB)
Área temática
Área 2. Crescimento econômico, desenvolvimento e distribuição de renda
Data de Publicação
02/12/2024
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/akb2024/897126-o-papel-dos-setores-formal-e-informal-na-evolucao-da-produtividade-brasileira
ISBN
978-65-272-0872-3
Palavras-Chave
Produtividade, Economia Brasileira, Setores formal e informal, Sistema de Contas Nacionais, Contabilidade do crescimento
Resumo
A definição e avaliação da heterogeneidade enquanto característica estrutural das economias subdesenvolvidas, sobretudo da América Latina, vem sendo desenvolvida e trabalhada desde as origens da tradição cepalina. A concepção dualista da coexistência de um setor moderno, dinâmico, integrado internacionalmente e com elevada produtividade com um outro de características antagônicas, pode centralizar a investigação em distintas dualidades, tais como do tipo moderno/tradicional, industrial/rural, capitalista/de subsistência, formal/informal, etc. Para Cimoli et al. (2006), no caso dos setores formal e informal, a existência simultânea de ambos, com diferentes dinâmicas de acumulação, produção e crescimento, pode ser vista “[...] as a peculiar manifestation of structural heterogeneity”, com importantes diferenciais de produtividade, da organização da produção e de operação, bem como com capacidades desiguais de expansão de suas atividades. Independentemente do método e da métrica utilizada, a informalidade é uma característica estrutural das economias emergentes e também está presente nas economias avançadas. Segundo ILO (2018), mais de 60% da população mundial empregada com 15 anos ou mais (2 bilhões de trabalhadores) atua na informalidade. Apesar de sua representatividade, o papel da informalidade no desenvolvimento permanece controverso, sendo considerada tanto uma causa quanto uma consequência da falta de desenvolvimento econômico e institucional de uma economia. Entretanto, mesmo com sua existência e importância, ainda existem dificuldades de identificação, caracterização e mensuração do fenômeno tanto pela imprecisão do conceito quanto pela dificuldade de sua operacionalização a partir dos dados disponíveis. De acordo com o mais recente manual internacional de contas nacionais (SNA 2008), a economia informal pode ser avaliada tanto pela perspectiva da posição na ocupação (“emprego informal”) quanto na perspectiva da organização das unidades produtivas (“setor informal”). Ao contrário do enfoque sobre o emprego informal, raríssimos são os trabalhos desenvolvidos na literatura brasileira que tratam da informalidade pela ótica da estrutura produtiva. Com o objetivo de contribuir para a redução desta lacuna, o primeiro objetivo deste trabalho consiste em fornecer evidências sobre o tamanho e a dinâmica recente dos setores de produção (formal e informal) do Brasil, por atividades econômicas, estimando e analisando o valor adicionado, as ocupações e a produtividade do trabalho de acordo com a metodologia proposta por Hallak Neto et al. (2008, 2012) e de acordo com as recomendações internacionais e dentro da fronteira de produção do Sistema de Contas Nacionais do IBGE. O período examinado é o de 2010-2021 pela disponibilidade de dados. A divisão da economia entre os segmentos formal e informal é relevante por diversas razões e abre caminhos para realizar diferentes estudos para se compreender com maior propriedade a dinâmica da economia. No caso da produtividade, é disseminado na literatura brasileira trabalhos que decompõem o crescimento da produtividade agregada em dois componentes relativos à produtividade setorial (que capta as melhorias tecnológicas e institucionais que ocorrem nas atividades econômicas) e à realocação de trabalhadores entre as atividades da economia, a qual pode contribuir positivamente ou negativamente para o resultado agregado dependendo do sentido do deslocamento do fator trabalho entre atividades mais ou menos produtivas. Entretanto, conforme indicam de Vries et al. (2012), quando os segmentos formal e informal de uma economia não são separados na análise, as estimações dos efeitos da decomposição se tornam distorcidas e viesadas, podendo se distanciar de forma determinante da realidade. Nesse sentido, o segundo objetivo do presente artigo consiste em decompor o crescimento da produtividade agregada da economia brasileira levando em consideração o papel dos setores formal e informal em cada um dos componentes da decomposição. Isso é feito a partir de uma adaptação da metodologia proposta por Djidonou e Foster-McGregor (2022) que possibilita mensurar se o setor informal tem sido prejudicial para o crescimento da produtividade agregada, bem como examinar qual o papel do setor formal nesse resultado, considerando movimentos de trabalhadores dentro e entre os segmentos formal e informal das atividades econômicas. De forma complementar, também são realizados exercícios contrafactuais para determinar qual poderia ser o nível de produtividade da economia caso o setor informal reduzisse ou não mais existisse. Os resultados encontrados indicam que cerca de 42% das ocupações se encontram fora do setor formal e que o setor informal aumentou a sua participação na economia em termos de ocupações. Já o peso do setor informal no valor adicionado reduziu, passando de 8,9% em 2010 para 6,4% em 2021. Verificou-se grande heterogeneidade produtiva tanto entre os setores de produção quanto dentro de cada um deles. Alterações nas ocupações dos segmentos formal e informal da economia se apresentaram como uma fonte importante na explicação da evolução da produtividade agregada. Os resultados das decomposições atestam para a relevância de se capturar os movimentos do fator trabalho entre os setores de produção de uma mesma atividade e entre diferentes atividades, isto é, mudanças na composição das ocupações entre e dentro dos segmentos formal e informal impactam de maneira relevante o desempenho econômico agregado. Ademais, os resultados indicam que, embora o setor informal, em geral, contribuiu de forma negativa para o crescimento da produtividade, em alguns subperíodos ele registrou contribuições positivas, inclusive superiores que as do setor formal. Em determinados subperíodos, o próprio setor formal registrou contribuições negativas para a produtividade agregada. Verificou-se que a evolução da produtividade é impulsionada, em grande parte, por mudanças nas ocupações entre os segmentos formal e informal. Logo, o entendimento da informalidade enquanto fenômeno estrutural contribui na elucidação do baixo crescimento da economia brasileira nos últimos anos.
Título do Evento
XVII Encontro da Associação Keynesiana Brasileira
Cidade do Evento
Maceió
Título dos Anais do Evento
Anais do XVII Encontro da Associação Keynesiana Brasileira
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

TOREZANI, Tomás Amaral. O PAPEL DOS SETORES FORMAL E INFORMAL NA EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE BRASILEIRA.. In: Anais do XVII Encontro da Associação Keynesiana Brasileira. Anais...Maceió(AL) FEAC-UFAL, 2024. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/akb2024/897126-O-PAPEL-DOS-SETORES-FORMAL-E-INFORMAL-NA-EVOLUCAO-DA-PRODUTIVIDADE-BRASILEIRA. Acesso em: 10/05/2025

Trabalho

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