O PAPEL DO CHINA DEVELOPMENT BANK NA POLÍTICA EXTERNA DA CHINA: UM INSTRUMENTO PARA A ASCENSÃO PACÍFICA

Publicado em 02/12/2024 - ISBN: 978-65-272-0872-3

Título do Trabalho
O PAPEL DO CHINA DEVELOPMENT BANK NA POLÍTICA EXTERNA DA CHINA: UM INSTRUMENTO PARA A ASCENSÃO PACÍFICA
Autores
  • Manoela Dias Clemente
  • Marcelo Pereira Fernandes
Modalidade
Resumo Expandido (não associado AKB)
Área temática
Área 5. Economia internacional
Data de Publicação
02/12/2024
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/akb2024/894602-o-papel-do-china-development-bank-na-politica-externa-da-china--um-instrumento-para-a-ascensao-pacifica
ISBN
978-65-272-0872-3
Palavras-Chave
China Development Bank, Banco de Desenvolvimento, Política Externa, Política Externa Chinesa, Ascensão Pacífica, Desenvolvimento Pacífico, Cooperação Win-Win .
Resumo
1 - Introdução O ano de 2003 foi marcado por uma profunda transformação na política externa chinesa com a introdução oficial do conceito de “Desenvolvimento Pacífico”(???? hépíng fazhan) e da política da “Ascensão Pacífica”(???? hépíng juéqi) por Zheng Bijian, presidente do Fórum de Reforma da China, durante o Fórum Bo'ao para a Ásia. Este marco representou um “novo pensamento” (??? xinsiwéi) formulado na Escola Central do Partido, seguindo a continuidade do conceito político de Deng Xiaoping de “manter-se discreto e nunca assumir a liderança” (???? taoguang yanghuì). Essa política tinha como um de seus objetivos explícitos responder à “Ameaça Chinesa” (China Threat) apontada pelos EUA e à pressão do Ocidente (Guo, 2006). Naquela época, a Administração Bush foi aconselhada a adotar um novo plano de contenção para contrabalançar a suposta ameaça da China. Essa estratégia global se fundamenta na não interferência política, o que a torna ousada e com certo grau de risco. Porém, longe de significar redução da densidade geopolítica, a China deverá manter balanceadas as condições político-econômicas domésticas e externas para não acarretar em instabilidade e conflito. Além disso, deve estar preparada para extrair vantagens econômicas significativas, tanto no melhor cenário como no pior cenário. A política de não interferência tem sua estratégia pautada no “desenvolvimento econômico em primeiro lugar”, rompendo com doutrinas ideológicas consideradas desfavoráveis pelo Ocidente, frequentemente associadas à sua política externa. Embora tenha emergido e se adaptado durante o governo de Hu Jintao, a política externa da Ascensão Pacífica foi refinada sob a liderança de Xi Jinping, resultando em um plano tático mais elaborado com instrumentos mais definidos. Nesse contexto, dois marcos foram de grande importância. O primeiro, em 2013, foi a criação da Belt and Road Initiative (BRI), que introduziu uma gama inovadora de acordos voltados para o desenvolvimento mundial conjunto. O segundo marco foi a internacionalização do China Development Bank (CDB) em 2015, tornando-se um dos principais instrumentos da BRI e dos princípios do Desenvolvimento Pacífico. O CDB opera como uma instituição financeira estatal, com sede em Pequim e escritórios regionais em diversas partes do mundo. Sua estrutura organizacional permite a tomada de decisões ágeis e cooperação eficiente com outros órgãos governamentais. Uma característica central na atuação do CDB é o apoio financeiro oferecido a países em desenvolvimento. Por meio de empréstimos e financiamentos em condições favoráveis, o CDB viabiliza projetos de infraestrutura, industrialização e desenvolvimento em nações estratégicas que buscam acelerar seu crescimento econômico. Com a expansão e aprimoramento das operações do CDB, a instituição tem se consolidado como um importante vetor de projeção da influência chinesa e na conquista de novos mercados em diferentes regiões do globo aos parâmetros da Ascensão Pacífica (Burlamaqui, 2015). 2 - Problema de Pesquisa A política da Ascensão Pacífica, introduzida pela China, configura uma abordagem inovadora na Economia Internacional, dado que, historicamente, nenhuma grande potência emergiu de forma pacífica. Os sucessos dessa condução geopolítica chinesa oferecem novas perspectivas para as concepções das relações político-econômicas e agentes globais. Nesse sentido, o problema central desta pesquisa reside na compreensão do papel das operações financeiras do CDB na política externa chinesa, bem como sua relevância e impacto na implementação e sustentação da política da Ascensão Pacífica da China. 3 - Objetivos O objetivo geral deste artigo é analisar o papel do CDB na política externa da China, especificamente no contexto da Ascensão Pacífica. Para alcançar esse objetivo, propõem-se os seguintes objetivos específicos: I - Investigar a estrutura operacional e organizacional do CDB. II - Examinar os principais projetos financiados pelo CDB em diversas regiões do mundo, identificando os países mais relevantes envolvidos nas iniciativas. III - Compreender as formas de operação do CDB dentro do marco da Ascensão Pacífica. 4 - Metodologia O estudo abrange análises qualitativas e quantitativas que permitirão examinar a integração CDB à política externa chinesa. Para tanto, o histórico e os dados do banco serão coletados a partir dos relatórios anuais do CDB, do CEIC Data, de artigos, livros e fontes informativas pertinentes. As informações coletadas serão comparadas com dados e documentos relevantes à política externa da China, como as cartas de Zheng Bijian, relatórios do Ministério das Relações Exteriores do governo chinês, e relatórios e documentos de acordos da BRI. Dados complementares do China Statistical Yearbook e bibliografias adicionais também serão utilizados. 5 - Principais Resultados Desde as fontes de seus recursos, majoritariamente governamentais, até a estratégia de suas operações, o CDB revela uma estreita ligação com os objetivos do Estado chinês em sua política externa, manifestada de duas formas principais: i) como instrumento central da BRI e ii) atendendo aos demais interesses do governo da China nas relações externas. Ademais, a importância do CDB é destacada frente aos pilares fundamentais da política da Ascensão Pacífica, como: i) o “desenvolvimento em primeiro lugar”, ii) a política de não interferência, iii) o equilíbrio entre condições domésticas e externas, e iv) a resiliência em cenários pessimistas na economia internacional. No âmbito internacional, o CDB desponta como um instrumento crucial para o desenvolvimento conjunto, atuando predominantemente no estabelecimento de cooperações win-win promovidas pela China. Para implementar a política de não interferência e aprofundar a cooperação win-win, o CDB atua em dois tipos principais de cooperação: cooperação abrangente e cooperação mútua. O CDB contribui para o equilíbrio das condições domésticas através de suas funções como banco político e de desenvolvimento, assegurando a dinâmica e organização dos principais circuitos econômicos da China e promovendo a estrutura produtiva. Ademais, o CDB desempenha um papel essencial na capitalização de recursos externos no território nacional, ao fomentar grandes setores de infraestrutura, os quais constituem pontos de conexão da China com os circuitos produtivos globais. Focado no equilíbrio das condições externas, o CDB investe na diversificação de sua carteira, no aprimoramento de seus acordos financeiros e na utilização de taxas de juros altamente competitivas. Em consonância com isso, adapta-se aos principais parceiros estratégicos da China no eixo Sul, principalmente através de suas filiais consolidadas em territórios-chave. Ao garantir o apoio à China em cenários político-econômicos adversos, o CDB desenvolve a chamada “vantagem tripla”: através de seus empréstimos de caráter desenvolvimentista, o banco fomenta a demanda agregada dos países em questão, fortalece seus setores produtivos e garante lucro via pagamento de juros. Dessa forma, o CDB contribui para que o governo chinês assegure mercados consumidores, insumos para seu crescimento econômico e escala produtiva, além de ampliar sua presença no setor financeiro. 6 - Conclusão A China tem ganhado crescente destaque no panorama mundial através de uma política externa inovadora e ambiciosa, demandando que as pesquisas sobre o tema atualizem seus paradigmas e parâmetros de análise. O debate sobre a participação do CDB na promoção da Ascensão Pacífica da China destaca a importância de se considerar os novos agentes provenientes da política externa chinesa no sistema econômico global, bem como seus papeis e efeitos para a Economia Internacional. Parece evidente que a chave para a compreensão desse fenômeno reside para além de uma análise focada unicamente no embate hegemônico, repousando de maneira igualmente complexa na profundidade e vantagens das cooperações multilaterais de qualidade. Trata-se de uma política externa que busca concretizar o panorama futuro desejado por Mao Zedong, ao dizer que “a China se tornará um país grande, forte e também amigável”. 7 - Referências BURLAMAQUI, Leonardo. As finanças globais e o desenvolvimento financeiro chinês: um modelo de governança financeira global conduzido pelo Estado. China em transformação: dimensões econômicas e geopolíticas do desenvolvimento. Rio de Janeiro: IPEA, p. 277-334, 2015. GUO, Sujian (Ed.). China's" peaceful rise" in the 21st century: Domestic and international conditions. Ashgate Publishing, Ltd., 2006.
Título do Evento
XVII Encontro da Associação Keynesiana Brasileira
Cidade do Evento
Maceió
Título dos Anais do Evento
Anais do XVII Encontro da Associação Keynesiana Brasileira
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

CLEMENTE, Manoela Dias; FERNANDES, Marcelo Pereira. O PAPEL DO CHINA DEVELOPMENT BANK NA POLÍTICA EXTERNA DA CHINA: UM INSTRUMENTO PARA A ASCENSÃO PACÍFICA.. In: Anais do XVII Encontro da Associação Keynesiana Brasileira. Anais...Maceió(AL) FEAC-UFAL, 2024. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/akb2024/894602-O-PAPEL-DO-CHINA-DEVELOPMENT-BANK-NA-POLITICA-EXTERNA-DA-CHINA--UM-INSTRUMENTO-PARA-A-ASCENSAO-PACIFICA. Acesso em: 22/07/2025

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