CONTAR HISTÓRIAS IMPOSSÍVEIS: A FABULAÇÃO CRÍTICA NA HISTÓRIA DA ARTE/EDUCAÇÃO

Publicado em 03/01/2025 - ISBN: 978-65-272-0950-8

Título do Trabalho
CONTAR HISTÓRIAS IMPOSSÍVEIS: A FABULAÇÃO CRÍTICA NA HISTÓRIA DA ARTE/EDUCAÇÃO
Autores
  • Levi Fernando
Modalidade
Resumo
Área temática
COMUNICAÇÕES E RELATOS DE EXPERIÊNCIAS
Data de Publicação
03/01/2025
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/7sae/969269-contar-historias-impossiveis--a-fabulacao-critica-na-historia-da-arteeducacao
ISBN
978-65-272-0950-8
Palavras-Chave
fabulação crítica; anarquismo; história da educação; história da arte/educação; arquivo.
Resumo
Do meu trabalho de conclusão de curso ao doutorado, o arquivo histórico foi decisivo para a construção das narrativas que me propus a escrever. Eu queria entender como a classe trabalhadora urbana, ao longo de sua história, se organizou e construiu espaços de educação e cultura, principalmente em momentos onde o Estado não só negava o acesso desses lugares para essa população, como também os perseguia violentamente. Meu objetivo era entender como esses grupos resistiram às condições opressivas e construíram territórios que, embora apagados, possam ser significativos para a história da arte/educação - visto que pouco se fala sobre as expressões artísticas e culturais de operárias e operários no Brasil nas narrativas da arte/educação. Neste caso, me refiro especificamente às trabalhadoras e trabalhadores operários da cidade de São Paulo das primeiras décadas do século XX. O anarquismo foi uma das primeiras grandes manifestações político-ideológicas na qual esse grupo social em formação nas grandes cidades brasileiras aderiram contra a política do Estado. A intensa perseguição a esses grupos resultou em prisões em massa, deportações - considerando que a maioria era constituída por imigrantes europeus - e, sobretudo, na destruição massiva de seus documentos. Contudo, o esforço de poucos militantes resultou na sobrevivência de alguns materiais que nos dão pistas da resistência anarquista, apesar de tudo. Nesse caso, o arquivo aparece para nós numa relação ambivalente, onde é possível celebrar a vida a partir do pouco que nos resta, ao mesmo tempo em que ele ameaça a condenar ao esquecimento uma massa de pessoas anônimas, rasuradas ou excluídas dos documentos, silenciadas por uma série de dispositivos que organizam e estruturam o arquivo. Diante dessas ausências, comecei a me perguntar: o que fazer para não condenarmos a uma segunda violência essas histórias silenciadas no arquivo? Como não acessar o arquivo de maneira a condenar os mortos que ali repousam ao esquecimento? Como falar com os sem nome? Este trabalho reflete parte de minha tese de doutorado, onde eu questiono por que precisamos falar sobre o arquivo, especialmente no que diz respeito à história da educação e a arte/educação. Para essa discussão, elaboro minhas reflexões a partir do conceito de fabulação crítica, método proposto pela escritora estadunidense Saidiya Hartman. Ao acessar os arquivos do escravismo, Hartman percebe que os enunciados prescritos nos documentos condenam as vítimas do sequestro colonial a serem lembradas pelas violências submetidas. Garotas sem nome, quando não chamadas de “Vênus” - todos esses fragmentos de vida sedimentados no arquivo impõe uma imagem quase absoluta de que a existência dessas pessoas só são possíveis de existir na própria violência vivida . Assim, a fabulação crítica é um caminho pela qual a autora se propõe para escrever essas histórias sem correr o risco de submeter essas vidas a uma nova violência. Meu objetivo é pensarmos a fabulação crítica como uma potente ferramenta de elaboração de uma contra história dentro da história da educação e arte/educação, oferecendo condições para que nós, os vivos, possamos cuidar dignamente de nossos mortos. Para tanto, a discussão será orientada numa breve compreensão de “fabulação” e “crítica” a partir de autoras e autores como Ulpiano Menezes, Georges Didi-Huberman, Jacques Lacan, Rosane Borges, Úrsula K. Le Guin, bell hooks e Michel Foucault - sendo algumas dessas referências fundamentais para a própria Saidiya. A apresentação da fabulação crítica aqui também estará orientada a partir da relação que estabeleci com a própria narrativa que me propus a contar em minha tese, onde a história de uma escola anarquista permaneceu, por vezes, silenciada e esquecida no próprio arquivo.
Título do Evento
7º Seminário Arte e Educação - Caminhos para o Norte: pesquisas artísticas e pedagógicas
Título dos Anais do Evento
Anais do Seminário Arte e Educação - Caminhos para o Norte: pesquisas artísticas e pedagógicas
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

FERNANDO, Levi. CONTAR HISTÓRIAS IMPOSSÍVEIS: A FABULAÇÃO CRÍTICA NA HISTÓRIA DA ARTE/EDUCAÇÃO.. In: Anais do Seminário Arte e Educação - Caminhos para o Norte: pesquisas artísticas e pedagógicas. Anais...Rio Branco(AC) UFAC, 2024. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/7sae/969269-CONTAR-HISTORIAS-IMPOSSIVEIS--A-FABULACAO-CRITICA-NA-HISTORIA-DA-ARTEEDUCACAO. Acesso em: 06/06/2025

Trabalho

Even3 Publicacoes