A CRIAÇÃO DE UM GRUPO TERAPÊUTICO DE MULHERES: A EXPERIÊNCIA DE ICAPUÍ

Publicado em 28/06/2021 - ISBN: 978-65-5941-237-2

Título do Trabalho
A CRIAÇÃO DE UM GRUPO TERAPÊUTICO DE MULHERES: A EXPERIÊNCIA DE ICAPUÍ
Autores
  • Victor Mateus Macário Portto
  • Natália Silva Almeida do Nascimento
  • Seris Braga Marques
  • ADALGISA DA SILVA NASCIMENTO
Modalidade
Trabalhos Científicos através da apresentação de Pôster/Banner
Área temática
b) Participação, movimentos e controle social na saúde:
Data de Publicação
28/06/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/7ecrs/201077-a-criacao-de-um-grupo-terapeutico-de-mulheres--a-experiencia-de-icapui
ISBN
978-65-5941-237-2
Palavras-Chave
Grupos, mulheres, saúde da família
Resumo
O programa de Residência da Escola de Saúde Pública do Ceará tem em seu projeto político pedagógico a estratégia da territorialização como norte do processo de reconhecimento do território. A 5ª turma teve aproximadamente um mês e meio para conhecer Icapuí, suas demandas e suas potencialidades. A territorialização se constitui neste processo de observação e caracterização produzida em determinadas realidades, sendo pensada como um eixo estruturante para a organização do trabalho e das práticas em saúde. Tal estratégia reverbera-se numa importante etapa da ESF, pois permite o planejamento das ações de prevenção voltadas para as necessidades encontradas na comunidade (OLIVEIRA et al. 2007). Em meio às necessidades observadas, percebeu-se a oportunidade de iniciar um grupo - de viés psicoterapêutico - de mulheres na Unidade Básica de Saúde de Peixe Gordo. Havia muitos relatos de mulheres desempregadas, sofrendo algum tipo de violência e em quadros de adoecimento psicológico devido as suas condições de vida – ressaltando a necessidade da condução psicoterapêutica do grupo. Tal ideia foi puxada inicialmente por algumas residentes do CAPS e levada como proposta de intervenção para a UBS, facilitando a adesão ao serviço de pacientes que eram atendidas anteriormente somente no dispositivo de saúde mental do município. A justificativa para a realização da intervenção também se dava pela ausência de grupos terapêuticos no espaço da UBS, havendo apenas ações grupais pontuais voltadas ao acompanhamento de pacientes com hipertensão e diabetes ou gestantes. De Lima Gois e Pagani (2002), ressaltam que, para a proposta de trabalho do PSF acontecer os atendimentos devem ter o enfoque no coletivo e não nas práticas individuais abarcadas da realidade comunitária dos sujeitos. O grupo iniciou suas atividades em agosto de 2018 e mantém-se ativo semanalmente, estando no estágio de início de transição dos facilitadores responsáveis para profissionais da equipe da UBS. O grupo costuma ter até 25 participantes, tendo uma variedade de práticas e ações desenvolvidas de acordo com as temáticas que emergem nos encontros - e através da solicitação das próprias pacientes por um tema em específico. Só foi possível manter o grupo com o caráter psicoterapêutico com o ajuste para que os dois Psicólogos da equipe de residentes (uma do CAPS e um do NASF) estivessem, pelo menos um deles, presentes nos encontros semanais. Tal fato gerou o primeiro impasse para o andamento das atividades grupais, a resistência das pacientes em ter uma figura masculina no grupo. A entrada do Psicólogo do NASF foi negociada com as participantes, mas muito bem estruturada para ter um papel de facilitador naquele espaço. Entendendo tal função como Moreira (1999) define: o profissional que está ali para proporcionar as condições de desenvolvimento do grupo, não dirigi-lo e nem determiná-lo, mas permitir o seu desenvolvimento. Saindo da figura masculina que rememora as agressões passadas por algumas em seus cotidianos e tornando-se uma fonte de apoio e suporte no serviço – tornando-o acessível independente de gênero. Há diversas metodologias utilizadas na condução do grupo, desde o círculo de cultura ao mapa dos afetos, sendo sempre levado em consideração para o planejamento das atividades o que há de mais emergente a ser trabalhado. Pichon-Rivière (2005) ressalta que o sujeito imerso no processo grupal deve desenvolver sua capacidade crítica e reflexiva através da troca de experiências, pautado na capacidade autonômica de cada paciente. Tivemos como principais resultados, destacado na fala das pacientes: o retorno da auto-estima, a valorização da vida, a reinserção no mercado de trabalho, busca por mais qualificação profissional e a possível independência financeira. Entretanto, cabe ressaltar também a criação de uma rede de suporte das pacientes no seu convívio diário, o abandono do estigma por um adoecimento mental de algumas pacientes e a maior inserção na UBS de pacientes em saúde mental que não acessavam o serviço. A criação do grupo foi importante para várias usuárias do serviço, permitiu a UBS desistigmatizar as pacientes que não acolhia anteriormente por serem ligadas ao CAPS e assim entenderem o cuidado em saúde mental como ligado a aquele cotidiano de práticas da atenção primária. Foi importante perceber a construção do papel de facilitadores de grupo dos profissionais não-Psicólogos, dando autonomia e arcabouço prático para o fortalecimento de outras práticas grupais no território de Icapuí. A prevenção em saúde é uma tarefa interdisciplinar (De Lima Gois e Pagani, 2002), seja ele feito nas práticas individuais ou grupais. A experiência de Icapuí possibilitou uma maior percepção da necessidade do fortalecimento das práticas comunitárias e grupais na UBS em questão, mas também a descentralização da figura do profissional de Psicologia para a formação e condução de um grupo. Houve depois a abertura de grupos de tabagismo, a implementação do grupo de hipertensos e diabéticos, gestantes e educação física.
Título do Evento
7º Encontro Cearense de Residências Em Saúde
Cidade do Evento
Fortaleza
Título dos Anais do Evento
Anais do Encontro Cearense de Residências em Saúde
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

PORTTO, Victor Mateus Macário et al.. A CRIAÇÃO DE UM GRUPO TERAPÊUTICO DE MULHERES: A EXPERIÊNCIA DE ICAPUÍ.. In: Anais do Encontro Cearense de Residências em Saúde. Anais...Fortaleza(CE) Campus do Pici- UFC, 2019. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/7ecrs/201077-A-CRIACAO-DE-UM-GRUPO-TERAPEUTICO-DE-MULHERES--A-EXPERIENCIA-DE-ICAPUI. Acesso em: 03/08/2025

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