MEMÓRIAS DO "SONHO DESAGRADÁVEL": MUSEU E ESCRAVIDÃO NA PATRIMONIALIZAÇÃO DO SÍTIO CAIS DO VALONGO

Publicado em 25/04/2024 - ISBN: 978-65-272-0421-3

Título do Trabalho
MEMÓRIAS DO "SONHO DESAGRADÁVEL": MUSEU E ESCRAVIDÃO NA PATRIMONIALIZAÇÃO DO SÍTIO CAIS DO VALONGO
Autores
  • Desirree dos Reis Santos
Modalidade
Comunicações
Área temática
2.1 O Cais do Valongo: reconhecendo e protegendo um importante sítio de memória do tráfico atlântico de escravizados
Data de Publicação
25/04/2024
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/6-simposio-cientifico-do-icomos-brasil-patrimonio-e-direitos-humanos-396946/786037-memorias-do-sonho-desagradavel--museu-e-escravidao-na-patrimonializacao-do-sitio-cais-do-valongo
ISBN
978-65-272-0421-3
Palavras-Chave
Cais do Valongo; memórias da escravidão; musealização; patrimonialização.
Resumo
O Rio de Janeiro foi o maior porto escravagista das Américas. Já evidenciado na historiografia, a afirmativa ganhou maiores proporções a nível local e global, uma vez que o sítio histórico e arqueológico Cais do Valongo, um antigo complexo escravista, passou, em 2017, a integrar a Lista da Unesco de Patrimônio Mundial. Em torno do Valongo, diferentes atores sociais vêm exigindo a criação de um museu público, de modo a narrar a presença negra na história do Cais, do território, do Brasil e do mundo atlântico. Esta comunicação pretende refletir sobre tais demandas por musealização, entre 2017 e 2019, a partir dos debates sobre a concepção do então Museu da Escravidão e da Liberdade (MEL). Este, nome provisório, do que, mais tarde, passaria a se chamar Museu da História e da Cultura Afro-brasileira (MUHCAB). Além de contestações sobre a sigla “mel”, um dos aspectos que se destacou foi a recusa em grafar a palavra escravidão no nome do museu. Partindo da acepção política de museus como declarações públicas sobre o que o passado foi e como o presente precisa reconhecê-lo (HODGKIN, RADSTONE, 2003), propõe-se analisar como as memórias de dor e sofrimento vinham sendo enquadradas por diferentes atores sociais em suas propostas do que salvaguardar com a criação de um museu. Entende-se, pois, estes agentes como “empreendedores de memória”, expressão cunhada por Elizabeth Jelin (2002, 2003), para descrever atores sociais que, no campo das disputas de memórias, agem em determinado cenário político, estabelecendo relações entre o passado (a exemplo de homenagens a vítimas) e o futuro (transmissão de mensagens políticas às “novas gerações”) (JELIN 2003, p. 4), lutando pelo reconhecimento social e legitimidade política de suas versões do passado (JELIN, 2002, p. 79-80). Musealização e patrimonialização das memórias da escravidão inserem-se na esfera das disputas de narrativas, embates políticos, conflitos étnico-raciais e estruturas coloniais de poder. Permeados por disputas e desconfortos, trata-se de passados difíceis, sobretudo pelos seus impactos no tempo presente. E, confrontá-los, torna-se possível percorrer caminhos tortuosos, tais como o enfrentamento de projetos políticos que, historicamente, fundamentam a sociedade (QUADRAT, 2021). O que reforça seu aspecto de passado assombroso e medonho. O título desta comunicação inspira-se na obra "Amada", da escritora afro-americana Toni Morrison, quando entrelaça elementos góticos na elaboração de uma narrativa possível para dar forma ao trauma da escravidão. A obra permite-nos olhar para os desejos de uma escravizada fugitiva (e de seus familiares) por outro futuro, mas também para o “sonho desagradável durante um sono agitado”, como a autora escreveu, possivelmente relacionando às memórias intrusivas - estas, marcadas por experiências de violência que parecem acionar o lembrar e o esquecer do passado presente da escravidão.
Título do Evento
6º SIMPÓSIO CIENTÍFICO DO ICOMOS-BRASIL: Patrimônio e direitos humanos
Cidade do Evento
Juiz de Fora
Título dos Anais do Evento
6º SIMPÓSIO CIENTÍFICO DO ICOMOS-BRASIL: Patrimônio e direitos humanos
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SANTOS, Desirree dos Reis. MEMÓRIAS DO "SONHO DESAGRADÁVEL": MUSEU E ESCRAVIDÃO NA PATRIMONIALIZAÇÃO DO SÍTIO CAIS DO VALONGO.. In: 6º SIMPÓSIO CIENTÍFICO DO ICOMOS-BRASIL: Patrimônio e direitos humanos. Anais...Belo Horizonte(MG) Juiz de Fora, 2024. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/6-simposio-cientifico-do-icomos-brasil-patrimonio-e-direitos-humanos-396946/786037-MEMORIAS-DO-SONHO-DESAGRADAVEL--MUSEU-E-ESCRAVIDAO-NA-PATRIMONIALIZACAO-DO-SITIO-CAIS-DO-VALONGO. Acesso em: 02/08/2025

Trabalho

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