INTERVENÇÕES PARA O PREPARO DE ALTA HOSPITALAR DE FAMÍLIAS DE CRIANÇAS COM DOENÇAS CRÔNICAS: ESTUDO DE MÉTODOS MISTOS

Publicado em 25/10/2024 - ISBN: 978-65-272-0797-9

Título do Trabalho
INTERVENÇÕES PARA O PREPARO DE ALTA HOSPITALAR DE FAMÍLIAS DE CRIANÇAS COM DOENÇAS CRÔNICAS: ESTUDO DE MÉTODOS MISTOS
Autores
  • Eliane Tatsch Neves
  • Vanessa Medeiros da Nóbrega
  • Neusa Collet
  • Claudia Silveira Viera
  • Elisiane Lorenzini
  • Altamira Reichert
Modalidade
Trabalho de investigação com Métodos Mistos
Área temática
Desenho Convergente
Data de Publicação
25/10/2024
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/2simm-saude/803082-intervencoes-para-o-preparo-de-alta-hospitalar-de-familias-de-criancas-com-doencas-cronicas--estudo-de-metodos-mi
ISBN
978-65-272-0797-9
Palavras-Chave
Alta hospitalar, Doença crônica, Família, Enfermagem pediátrica, Estudos de Intervenção
Resumo
Introdução: preparar a família para a alta hospitalar da criança com doença crônica é uma das ações primordias realizadas pelos profissionais da equipe multiprofissional, com a finalidade de prevenir novas internações por meio do desenvolvimento de cuidados adequados no domicílio. Como existem poucos estudos que investigam intervenções para alta hospitalar com esse público e a complexidade desse preparo e a falta de estudos intervencionistas, propusemos as seguintes questões de pesquisa: como as diferentes modalidades de preparação para a alta hospitalar impactam os níveis de incerteza e gestão da doença pelos familiares cuidadores dessas crianças? Ao comparar o preparo para a alta hospitalar desenvolvido de forma dialógica com as famílias, e preparo realizado por guia estruturado e cuidados habituais, há diferenças nos níveis de incerteza e gestão da doença pelos familaires dessas crianças em casa? Objetivo: analisar o potencial de três modalidades de preparo para alta hospitalar de famílias de crianças com doenças crônicas em termos de níveis de incerteza e gestão da doença em domicílio. Método: Foi utilizada abordagem de métodos mistos paralelo convergente, QUAL + QUAN, com integração dos resultados gerando um terceiro conjunto de dados para interpretação final. Optou-se por um estudo quase experimental, antes e depois, que permitiu comparar o desempenho estatístico obtidos antes e após o preparo para alta hospitalar. Descritivo-exploratório estudo qualitativo ilustrou e favoreceu a identificação de aspectos do preparo para o processo de alta que facilitou ou dificultou a aprendizagem familaires cuidadores de crianças com doença crônica. Após uma análise separada, quantitativa e qualitativa os resultados foram misturados para interpretação final. Os cuidadores dessas crianças foram divididos em três grupos: dois grupos experimentais e um grupo controle. Um dos grupos experimentais utilizou estratégia dialógica desenvolvida por profissional de referência que conduziu o preparo e diariamente dialogava para identificar as necessidades das famílias e suas crianças. O outro grupo experimental levantou essas necessidades por meio de um instrumento estruturado aplicado uma única vez durante a hospitalização, cujas demandas identificadas eram discutidas entre os profissionais para elaboração do plano de preparo. O grupo controle era constituído pelo preparo habitual dos profissionais do setor, no qual não havia integração das ações. Para avaliar o potencial dessas estratégias foram aplicadas, na hospitalização, e dois meses após a alta hospitalar duas escalas para medir o manejo familiar dos cuidados e avaliar as incertezas em relação à doença além de realizar entrevista em profundidade. A escala que media o manejo era constituída pelas dimensões vida cotidiana da criança (VC), habilidade no gerenciamento da condição crônica (GC), dificuldades da vida familiar (DF), tempo disponibilizado para o gerenciamento (TG), impacto da doença na vida da família (IVF) e compartilhamento dos cuidados entre os pais (CC). A dimensão CC somente era preenchida quando os cuidadores residiam com cônjugue/companheiro. Escores mais altos em VC, GC e CC indicavam maior facilidade para o manejo da doença e escores mais alto em TG, DF e IVF apontavam para maior dificuldade nesse manejo. A escala de nível de incertezas tinha quatro dimensões: ambiguidade (AM): incertezas relacionadas à tomada de decisão, planejamento e implementação da assistência prestada; falta de clareza (FC): fragilidade nas explicações recebidas ou dificuldade de compreensão; falta de informações (FI): fragilidade por não compartilhamento de informações sobre diagnóstico e doença com a família; e imprevisibilidade (IM): incapacidade familiar de fazer previsões diárias ou futuras para a sintomatologia ou evolução da doença. Quanto maior a pontuação, maior o nível de incerteza. Nos dados quantitativos utilizou-se o teste de Wilcoxon e o índice de resposta integrado (RI) para comparar o desempenho entre os grupos e nos dados qualitativos a análise temática indutiva. Os dados foram integrados, comparando os grupos antes e após o preparo para alta hospitalar. Resultados: completaram este estudo 25 cuidadores familiares, sendo sete incluídos no grupo dialógico, oito incluidos no grupo do instrumento estruturado e 10 no grupo controle. Embora não tenha sido encontrado diferença estatisticamente significativa, houve uma tendência a um menor escore global para os níveis de incertezas no grupo dialógico (p-valor = 0,074; X¯1 = 107.29, IC 95% 96.27–118.31 and X¯2 = 98.14, IC 95% 85.67–110.61). Identificou-se nos dados qualitativos maior satisfação com o atendimento das expectativas das famílias quanto ao preparo para alta hospitalar. Ao comparar quantitativamente o desempenho dos grupos experimentais com o grupo controle, referência para o índice de RI, os resultados da escala de nível de incertezas mostraram diferença estatisticamente significante em relação ao grupo dialógico, indicando redução das incertezas após a intervenção, observada por meio da redução de todas as dimensões da escala. No grupo do instrumento estruturado não houve diferença significativa nos níves de incertezas quando comparado ao grupo controle. Nos resultados da escala de manejo dos cuidados, também foram observadas tendências estatísticas antes e após a intervenção realizada pelo grupo dialógico com melhor percepção na VC X¯1 = 14,00 (IC 95% 10,80–17,20) e X¯2 = 17,57, (IC 95% 14,49–20,65). No grupo do guia estruturado observou-se melhor percepção no DF X¯1 = 45,00 (IC 95% 32,94; 57,06) e X¯2 = 37,63 (IC 95% 25,16–50,10). No grupo controle observou-se pior percepção no IVF X¯1 = 25,80 (IC 95% 20,54–31,06) e X¯2 = 33,60 (IC 95% 24,69–33,51). As narrativas do grupo dialógico antes e após a alta indicaram que a tendência deveu-se à percepção de melhorias no manejo da doença causadas pela redução da insegurança das famílias em relação à tomada de decisão, embora não tenha sido encontrada diferença estatisticamente significativa. Melhores percepções da dimensão VC minimizam as preocupações das famílias sobre a dimensão IVF para a sua própria vida e para a da criança. As narrativas do grupo guia estruturado mostraram que essa tendência do DF decorreu do apoio recebido dos serviços de RAS ou do apoio familiar, que minimizou a dificuldade e a insegurança das famílias na tomada de decisões. A tendência do grupo controle aproximou-se da significância estatística com o aumento dos escores de IVF, indicando maior preocupação da família com a gravidade e implicações da doença para as crianças e para o futuro das famílias. As narrativas mostraram insegurança familiar devido à fragilidade do conhecimento sobre a doença e o tratamento, resultando em incapacidade de tomar decisões. No tamanho do efeito dos resultados na escala do manejo dos cuidados evidenciou-se que o grupo guia estruturado foi próximo da linha de base e, portanto, semelhante ao grupo controle (RI1: 0,24 e RI2: 0,020), com indução de GC, TG e CC e inibição de VC e IVF. O grupo dialógico aumentou em relação à linha de base (RI1: 0,15 e RI2: 0,40) com a indução nas dimensões VC, GC, TG e CC quando comparadas ao grupo controle. Conclusão: Constatou que a participação da família no planejamento da alta hospitalar levou à redução dos níveis de incerteza em relação à doença e a melhor gestão do cuidado da criança no domicílio. A intervenção no preparo da alta com orientações estruturadas, que incluiu contato telefônico para continuidade do cuidado na atenção básica, mostrou tendência a minimizar as dificuldades relacionadas à doença. A integração de dados qualitativos e quantitativos proporcionou uma compreensão mais abrangente preparo para alta hospitalar realizado por meio de diferentes estratégias, identificando seu pontos fortes e fracos de cada um, o que pode apoiar a sua melhoria.
Título do Evento
II Seminário Internacional de Pesquisa de Métodos Mistos na Área da Saúde
Cidade do Evento
Florianópolis
Título dos Anais do Evento
Anais do Seminário Internacional de Pesquisa de Métodos Mistos na Área da Saúde
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

NEVES, Eliane Tatsch et al.. INTERVENÇÕES PARA O PREPARO DE ALTA HOSPITALAR DE FAMÍLIAS DE CRIANÇAS COM DOENÇAS CRÔNICAS: ESTUDO DE MÉTODOS MISTOS.. In: Anais do Seminário Internacional de Pesquisa de Métodos Mistos na Área da Saúde. Anais...Florianópolis(SC) Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, 2024. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/2SIMM-Saude/803082-INTERVENCOES-PARA-O-PREPARO-DE-ALTA-HOSPITALAR-DE-FAMILIAS-DE-CRIANCAS-COM-DOENCAS-CRONICAS--ESTUDO-DE-METODOS-MI. Acesso em: 06/07/2025

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