A CONSTRUÇÃO DO PROJETO SISTEMA DE INFORMAÇÃO TECNOLÓGICA E TECNOLOGIA SOCIAL: CONSTRUINDO SOLUÇÕES INFORMACIONAIS PARA CIRCUITOS CURTOS DE COMERCIALIZAÇÃO DE CESTAS DE PRODUTOS DA REFORMA AGRÁRIA

Publicado em 17/03/2025 - ISBN: 978-65-272-1256-0

Título do Trabalho
A CONSTRUÇÃO DO PROJETO SISTEMA DE INFORMAÇÃO TECNOLÓGICA E TECNOLOGIA SOCIAL: CONSTRUINDO SOLUÇÕES INFORMACIONAIS PARA CIRCUITOS CURTOS DE COMERCIALIZAÇÃO DE CESTAS DE PRODUTOS DA REFORMA AGRÁRIA
Autores
  • Andreia Ingrid Michele do Nascimento
  • Nádia Coelho Pontes
  • Vicente Buscacio Carvalho
Modalidade
Relato de Experiências - Resumo Expandido
Área temática
Tecnologia Social
Data de Publicação
17/03/2025
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/2o-sepets/995277-a-construcao-do-projeto-sistema-de-informacao-tecnologica-e-tecnologia-social--construindo-solucoes-informacionai
ISBN
978-65-272-1256-0
Palavras-Chave
Tecnologia Social, Sistema Informacional para Movimentos Sociais, Tecnologia Social e Sistemas de Informação, Tecnologia Social e Movimentos Sociais
Resumo
Introdução As Unidades de Pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação em suas agendas de pesquisa praticamente não respondem as demandas dos movimentos sociais do país. Concentram-se em pesquisas de interesse dos seus pesquisadores e com alguma frequência nas metas colocadas no Plano Diretor da Unidade, planejamento plurianual da unidade de pesquisa, elaborado com base em sua missão institucional e nas estratégias nacionais de ciência e tecnologia. As demandas dos movimentos sociais no campo da ciência, tecnologia e inovação são imensas. No caso específico do Movimento dos Trabalhadores sem Terra – MST, os assentados da reforma agrária, assim como os agricultores familiares de forma geral, sofrem com diversas desvantagens competitivas. Uma dessas desvantagens é a falta de ferramentas informacionais que os auxiliem no processo de comercialização. Raras são as Unidades de Pesquisa que abrem as portas para essas demandas dos movimentos do campo e de luta pela reforma agrária, como o Movimento dos Trabalhadores sem Terra – MST. Nesse aspecto, o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – Ibict, Unidade de Pesquisa do MCTI, por meio do seu grupo de pesquisa INSUMO - Laboratório de Informação e Sociedade e por meio de um edital interno acolheu a demanda e está financiando o projeto que terá sua construção descrita nesse trabalho de forma concisa. A Tecnologia Social no projeto em tela se caracteriza pelo processo desde a análise dos problemas, identificadas como demandas do movimento social, até a construção da solução informacional tecnológica realizada por todos os participantes. A Demanda e construção do projeto A demanda para o projeto surgiu de contatos com o Núcleo de Tecnologia para o Desenvolvimento Social do Centro de Tecnologia da UFRJ que nos convidou para participar de atividades do Projeto “Campo Cidade: fortalecendo coletivos de trabalho da reforma agrária – CaCi”, junto ao MST e mais especificamente, ao Armazém do Campo – AdC do Rio de Janeiro. Nas diversas reuniões foram apontadas, pelos integrantes do AdC, a necessidade do desenvolvimento de um sistema de informação para Circuitos Curtos de Comercialização (CCC) que aproximasse os produtores e consumidores, com foco no controle de estoque e na assinatura de cestas de produtos agroecológicos da reforma agrária vendidas no espaço de comercialização Armazém do Campo, empresa de pequeno porte ligada ao MST. A proposta seria ampliar o acesso aos produtos da reforma agrária, diminuindo os atravessadores entre o território de produção e o consumidor final. Tendo como uma das estratégias utilizadas a cesta on line, conjunto de produtos comprados pelos clientes no site e entregues em seu domicílio. O pedido é efetuado pelos consumidores por meio do site do Armazém do Campo - AdC. No sistema de gestão empresarial utilizado pelo AdC, os produtos vendidos nas cestas não têm sua baixa dada no sistema de estoque da loja. Não há interoperabilidade entre o site o sistema de gestão empresarial. E a assinatura das cestas, quando o consumidor solicita uma entrega de produtos com periodicidade determinada, é feita de forma manual por meio de E-mail e de planilha de Excel, demandando também essa inclusão na construção de uma solução informacional para esse tipo de comercialização. O objetivo do projeto é o desenvolvimento do sistema de controle de estoque e de assinaturas de cestas interoperável. Os resultados esperados com o projeto são: 1. Construção de um sistema de informações de controle de estoque e de possiblidade de assinatura de cestas de produtos agroecológicos da reforma agrária com a compra recorrente por assinatura (semanalmente, quinzenalmente ou mensalmente). Com o sistema informacional, a demanda periódica impactará positivamente no planejamento do fluxo de produção que poderá aumentar nos assentamentos e essa tendência de aumento deverá ser programada; e 2. Fortalecimento da comercialização de produtos da reforma agrária por parte de dezenas de agricultores familiares em diferentes municípios do estado do Rio de Janeiro. No âmbito das políticas públicas de Ciência, Tecnologia e Inovação, o projeto foi construído com base na demanda dos trabalhadores do AdC e dentro da meta “Aprimorar todos os sistemas de promoção da informação tecnológica para o setor produtivo, dentro da infraestrutura do Ibict”, circunscrita no Plano Diretor da Unidade – PDU 2018 - 2024 do Ibict. A meta consta no Programa de Promoção da Informação Tecnológica para o Setor Produtivo, na Linha de Ação – Promoção da Inovação no Setor Produtivo, dentro do Pilar Fundamental “Modernização e Ampliação da Infraestrutura em C&T” do Eixo Estruturante “Expansão e Consolidação do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação” da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação 2016-2024. O início da implementação e os primeiros resultados O projeto para a construção de um sistema de gestão e logística de circuitos curtos de comercialização de produtos da reforma agrária está sendo coordenado e financiado pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia - Ibict, com a condução do Ibict e do coletivo de Software Livre Tekoporã, além da própria equipe do Armazém do Campo do Rio de Janeiro. Conta ainda, com o apoio de dois grupos da UFRJ: alunos das disciplinas de graduação “Software Livre e Design Participativo” e “Software Livre e Metodologias Participativas” e integrantes do projeto CaCi do Núcleo Interdisciplinar para o Desenvolvimento Social - Nides. Metodologicamente o projeto tem por base os princípios da Educação Popular de Paulo Freire (1970), da Tecnologia Social (DAGNINO, 2008; ADDOR, 2020), da Pesquisa-Ação (THIOLLENT, 1986), da Teoria Crítica da Tecnologia (FEENBERG, 1991) e do Software Livre e Metodologias Participativas (CARVALHO, 2015). As contribuições dadas por essas perspectivas estimulam o desenvolvimento de práticas de pesquisa e extensão que utilizam métodos participativos, onde todos os atores envolvidos assumem a posição de coparticipação de “sujeitos-interlocutores” na práxis, em que os saberes, seja o popular ou o acadêmico, se encontram na construção de soluções capazes de transformar a realidade social. Propõe-se, assim, a democratização dos processos de desenvolvimento de todas as ações do projeto, de modo que todos estejam envolvidos e dando contribuições para o seu andamento, nas etapas de concepção, execução, monitoramento e avaliação, contribuindo para a construção de uma visão crítica da tecnologia, e das soluções informacionais empregadas, enquanto conhecimentos condicionados histórico-socialmente. O início da implementação do projeto tem focado em coordenar o trabalho dos diferentes atores. Com o objetivo de entender as necessidades específicas do Armazém, a primeira etapa do projeto consiste na coleta de dados e especificação técnica do sistema de gestão empresarial utilizado pelo AdC. Essa atividade está sendo conduzida por alunos da disciplina de Software Livre do curso de Ciência da Computação da UFRJ, acompanhados pela equipe do Ibict - Tekoporã. Nessa etapa, está sendo elaborado o documento de Especificação dos Requisitos de Software (ERS), a partir de uma metodologia de escuta e observação dos processos em campo. Os alunos têm um cronograma de visitas à loja, e um roteiro de guia dos processos a serem observados. Como resultados iniciais junto à coleta de dados feita com os trabalhadores que utilizam o sistema de gestão atual, obtivemos várias demandas de funcionalidades para o sistema. No controle de estoque: melhorar a visualização no sistema dos produtos disponíveis no estoque; criar uma funcionalidade para contabilizar os produtos que forem consumidos, quebrados ou que tenham vencido; separar os produtos pelas cooperativas das quais são oriundos; controle do estoque e vendas em relação a atividade do Coletivo Alaíde Reis (todos os produtos usados na cozinha e os que sobram e depois são incorporados para venda no Armazém). Na contabilidade também foram identificadas algumas lacunas a serem respondidas pelo sistema, são elas: importar os produtos das planilhas Excel que forem comprados e vendidos automaticamente para o sistema; possibilitar a organização e o pagamento de boletos bancários pelo sistema e imprimir fichas para a venda de bebidas nos eventos culturais que são realizados no AdC. Em paralelo a coleta de dados, a equipe conduz duas reuniões semanais de discussão e socialização das observações. Nesse espaço, se estimula o desenvolvimento de um pensamento crítico sobre os desafios encontrados nos processos da loja e as soluções utilizadas. Tipicamente, essas soluções estão construídas sobre ferramentas hegemônicas, e se propõe uma reflexão crítica sobre a falta de autonomia promovida por elas. Perspectivas para a continuidade da execução do projeto A segunda etapa do projeto consistirá em construir um protótipo funcional. A partir do documento de ERS, essa construção será baseada em metodologias que garantam a qualidade do produto e foquem no processo construtivo em si. A utilização de práticas como programação por pares, e desenvolvimento dirigido por testes, deverá permitir que essa construção estimule a autonomia do usuário (nesse caso, o movimento social) e a soberania do conhecimento e de seus dados. As próximas atividades se concentrarão em análises comparativas (benchmarking) de sistemas ERP, de sistemas de cestas (CCC) e na avaliação do programa de gestão empresarial em uso pela loja do Armazém do Campo. As análises comparativas, nos meios de aplicação e desenvolvimento de software, são úteis para entender o contexto da tecnologia que se pretende explorar através de estudos. Esses estudos são uma comparação, com base em critérios pré-definidos, entre produtos, tecnologias, ou métodos que guardam alguma similaridade entre si. O primeiro passo para uma análise desse tipo é a definição dos critérios de comparação. Depois, são eleitos quais produtos/projetos similares serão comparados, e em seguida se faz uma pesquisa para coletar as informações acerca desses produtos/projetos. Estudos de benchmarking são muito comuns no contexto de mercado, porque podem representar uma "leitura dos concorrentes". Por outro lado, numa perspectiva colaborativa, como a proposta pelas comunidades de Software Livre, esses tipos de estudos são úteis porque permitem a quem está desenvolvendo conhecer as ferramentas que já estão em uso por outras pessoas, entender quais dessas ferramentas estão abertas para serem usadas e aprimoradas, e a partir de um entendimento aprofundado de suas características, desenvolver a aplicação para o caso específico em questão. Segundo Addor (2020), o que caracteriza centralmente a proposta da Tecnologia Social não está no produto tecnológico que se constrói, mas no processo como se dá a análise dos problemas e a construção das soluções tecnológicas. Nesse sentido, o projeto “Sistema de Informação Tecnológica e Tecnologia Social: Construindo Soluções Informacionais Para Circuitos Curtos de Comercialização de Cestas de Produtos da Reforma Agrária” busca a autonomia do usuário-desenvolvedor integrando suas demandas no processo de desenvolvimento e promovendo a informação tecnológica para o setor produtivo vinculado a movimentos sociais. Referências Bibliográficas ADDOR, F. Extensão tecnológica e tecnologia social: reflexões em tempos de pandemia. NAU Social, 11(21), 395–412, 2020. DAGNINO, R. Neutralidade da ciência e determinismo tecnológico: um debate sobre a tecnociência. Campinas: Editora Unicamp, 2008. FEENBERG, A. Critical theory of technology. New York and Oxford, Oxford University Press, 1991. FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 1ª edição 1968. Nova York, Herder & Herder, 1970. THIOLLENT, M. Metodologia da Pesquisa-Ação. São Paulo: Cortez, 1986
Título do Evento
2º Simpósio Brasileiro de Ensino, Pesquisa e Extensão em Tecnologia Social
Cidade do Evento
Brasília
Título dos Anais do Evento
Anais do 2º Simpósio Brasileiro de Ensino, Pesquisa e Extensão em Tecnologia Social
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

NASCIMENTO, Andreia Ingrid Michele do; PONTES, Nádia Coelho; CARVALHO, Vicente Buscacio. A CONSTRUÇÃO DO PROJETO SISTEMA DE INFORMAÇÃO TECNOLÓGICA E TECNOLOGIA SOCIAL: CONSTRUINDO SOLUÇÕES INFORMACIONAIS PARA CIRCUITOS CURTOS DE COMERCIALIZAÇÃO DE CESTAS DE PRODUTOS DA REFORMA AGRÁRIA.. In: Anais do 2º Simpósio Brasileiro de Ensino, Pesquisa e Extensão em Tecnologia Social. Anais...Brasília(DF) Embrapa - Sede Brasília, 2024. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/2o-Sepets/995277-A-CONSTRUCAO-DO-PROJETO-SISTEMA-DE-INFORMACAO-TECNOLOGICA-E-TECNOLOGIA-SOCIAL--CONSTRUINDO-SOLUCOES-INFORMACIONAI. Acesso em: 25/06/2025

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