TERREIRO É ESCOLA: RELATO DE UM EBÓ EPISTEMOLÓGICO PEDAGÓGICO CONSTRUÍDO COM-POR CRIANÇAS DO ILÊ AXÉ MÃE NICE D’XANGÔ

Publicado em 02/10/2024 - ISBN: 978-65-272-0753-5

Título do Trabalho
TERREIRO É ESCOLA: RELATO DE UM EBÓ EPISTEMOLÓGICO PEDAGÓGICO CONSTRUÍDO COM-POR CRIANÇAS DO ILÊ AXÉ MÃE NICE D’XANGÔ
Autores
  • Karina Constantino Brisolla
  • Walker Douglas Pincerati
  • Denise Marcos Bussoletti
Modalidade
GT 28: Epistemologias de Terreiro: Memórias de axé para uma outra educação possível - Mirella Farias Rocha e Waldemir Rosa
Área temática
Memórias Negras
Data de Publicação
02/10/2024
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/1cinalc-e-v-coloquio-raca-e-interseccionalidades-387936/800458-terreiro-e-escola--relato-de-um-ebo-epistemologico-pedagogico-construido-com-por-criancas-do-ile-axe-mae-nice-dx
ISBN
978-65-272-0753-5
Palavras-Chave
Educação das Relações Étnico-Raciais; Arte/Educação; Pedagogias de Terreiro; Candomblé.
Resumo
Com este escrito tenho por objetivo refletir a respeito de experiências vividas na construção de práticas artístico-educativas com crianças de terreiro onde sou ìyàwó – filha de santo –. Práticas estas que, apesar de terem seu início espontaneamente em 2016, em 2019 começaram a receber um olhar mais atento quando iniciada a feitura de meu Trabalho de Conclusão de Curso em Produção e Política Cultural (UNIPAMPA). Contudo, foi em 2020 o ano do mergulho profundo em tais práticas, já no Mestrado em Artes Visuais (UFPEL), onde foi parida a dissertação “Despertando orixalidades: ética, poética e política na criação artística de crianças do Ilê Axé Mãe Nice D’Xangô, Jaguarão/RS”, defendida em 2023. Aqui serão abordados desdobramentos desse percurso de pesquisa que hoje desembocam na construção de uma tese junto ao Doutorado em Educação (UFPEL). Concomitante ao estudo da pedagogia exusíaca, realizou-se um conjunto de ações/experiências de aprendizagem/práticas com crianças do Ilê tomando aquele espaço que lhes é cotidiano enquanto referência para a criação artística. O problema foi que logo de saída as crianças reclamaram que não queriam mais desenhar e criar a partir da cosmopercepção do terreiro, que fazer aquilo era chato. Ficou notável que a falta de engajamento delas com a proposta era efeito do carrego colonial, quando declararam a preferência por desenharem figuras brancas e loiras. A não identificação, o não querer mais saber e o não gostar de si tinha uma razão. Isso se ligava diretamente à vivência compulsória da colonialidade principalmente experienciada nos processos educativos e da socialização nos ambientes educacionais. Foi só depois de sofrer o desvelo desse fracasso propositado, numa decisão de um instante, de um só golpe de cabeça, que se pôde compreender que apenas o saber (do) ancestral poderia guiar os trabalhos e que devia constantemente ser evocado e ritualizado no fazer pedagógico cotidiano. Só depois dessa evocação que algo nas crianças falou e se desenhou com criatividade efervescente. Mais que isso, essas experiências artístico- educativas vividas no Ilê provocaram ações desdobradas às escolas das crianças. Nos giros entre lá e o Terreiro, algo foi sussurrado ao pé d'ouvido com estripulia, num tom de traquinagem: são elas próprias, as mesmas crianças do Terreiro que podem nos ensinar a desatar e desfazer os efeitos dos racismos e da colonização cognitiva/estrutural/educacional os quais vivemos emaranhados. Uma vez que, da experiência de todas essas práticas no Ilê e ações fora dele, pode-se notar nas crianças tanto a adoção da cosmopercepção e simbologia do Terreiro na estética de suas criações, como também posturas políticas conosco e com outros entre o Ilê e a Escola pautadas na ética de Exu. O desafio agora é articular e aprofundar essa tese ainda em seu singelo momento iniciático, o trabalho é árduo e longo, mas com a leveza que lhes é própria, as crianças do Terreiro vão abrindo caminhos, nos ensinando e guiando passo a passo nesse processo de reencantamento do mundo.
Título do Evento
I CINALC e V Colóquio Raça e Interseccionalidades
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Discursos, Memórias Negras e Esperança na América Latina
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

BRISOLLA, Karina Constantino; PINCERATI, Walker Douglas; BUSSOLETTI, Denise Marcos. TERREIRO É ESCOLA: RELATO DE UM EBÓ EPISTEMOLÓGICO PEDAGÓGICO CONSTRUÍDO COM-POR CRIANÇAS DO ILÊ AXÉ MÃE NICE D’XANGÔ.. In: Discursos, Memórias Negras e Esperança na América Latina. Anais...Rio de Janeiro(RJ) Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, 2024. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/1cinalc-e-v-coloquio-raca-e-interseccionalidades-387936/800458-TERREIRO-E-ESCOLA--RELATO-DE-UM-EBO-EPISTEMOLOGICO-PEDAGOGICO-CONSTRUIDO-COM-POR-CRIANCAS-DO-ILE-AXE-MAE-NICE-DX. Acesso em: 20/06/2025

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