AS CASAS ZUNGUS: TERRITÓRIOS URBANOS DE RESISTÊNCIA E MEMÓRIA DAS MULHERES NEGRAS QUITANDEIRAS (1860/1902)

Publicado em 02/10/2024 - ISBN: 978-65-272-0753-5

Título do Trabalho
AS CASAS ZUNGUS: TERRITÓRIOS URBANOS DE RESISTÊNCIA E MEMÓRIA DAS MULHERES NEGRAS QUITANDEIRAS (1860/1902)
Autores
  • Cristina Antunes Divano Cunha
Modalidade
Comunicações Orais - apresentação presencial.
Área temática
Memórias Negras
Data de Publicação
02/10/2024
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/1cinalc-e-v-coloquio-raca-e-interseccionalidades-387936/787270-as-casas-zungus--territorios-urbanos-de-resistencia-e-memoria-das-mulheres-negras-quitandeiras-(18601902)
ISBN
978-65-272-0753-5
Palavras-Chave
Quitandeiras. Zungus. Territórios. escravização urbana, Memória
Resumo
Este resumo pretende analisar as casas zungus e seus espaços de solidariedade e refúgio para a população negra, em especial, as quitandeiras, na região do Paço Imperial, compreendido entre 1860 a 1902, debatendo a importância dos estudos étnico-raciais em proporcionar novas perspectivas histórico-social-cultural dos povos negros, em diáspora, por séculos subalternizadas e excluídas da memória brasileira. Com enfoque, nas casas zungus, moradias urbanas aquilombadas, pretendemos abordar os territórios constituídos por estas mulheres e suas performances na história e memória da cidade e como esses protagonistas não hegemônicos enfrentavam uma rede de suspeição ao ocuparem os espaços sociais e como seus movimentos e iniciativas eram rigorosamente avaliados e questionados. Acreditamos que a ocupação e dinamismo dos zungueiros eram aprimoradas persistências no devir negro onde a construção das suas territorialidades enfrentavam a marginalização na proporção do quanto seus agentes eram subalternizados. A partir de pesquisas nos arquivos da Hemeroteca Digital, podemos encontrar na imprensa periódica, entre 1860 e 1902, notas e notícias sobre as casas zungus e a relação que estas habitações exerciam nas dinâmicas da cidade. Ao utilizar a imprensa como objeto de estudo, se faz necessário determinados critérios de abordagem, uma vez que, os jornais estavam no controle hegemônico da branquitude escravagista, com o poder de usar os jornais para perseguir, difamar e controlar os fatos Nessas casas vemos formações comunitárias urbanas gestadas dentro de uma sociedade extremamente excludente e perigosa. Mesmo com toda a repressão a população negra elaborou estratégias de reunião e vínculo. Entendemos as casas zungus como constituidoras de territorialidades e memórias, e o estudo dessas instituições trazem ao protagonismo que lhes é devido agentes de resistência e mudanças na vida da cidade. Segundo as pesquisas de Gomes (2012), as casas zungus surgiram como locais para a partilha de alimentos e refeição entre os africanos e os negros formando micro comunidades de ajuda mútua e mesmo, em menor número na cidade, as mulheres negras capitaneavam a maioria das casas zungus, afirmando “que o zungu ocupava um espaço peculiar na cultura urbana feminina”. Nesse contexto, podemos refletir, conforme Gomes, a maneira como mulheres negras se utilizavam desses espaços e como eram locais de disputas Analisando a configuração das casas zungús percebemos como a territorialidade se deu nesse cenário de refúgio, produção material, cultural e religiosa e nas trocas criando o que Raffestin (1993, p. 161) chama de sistema territorial onde “segrega sua própria territorialidade, que os indivíduos e as sociedades vivem”. Completando podemos dialogar com a ideia de território colocada por Sodré (2002, p. 23) como uma “demarcação de um espaço na diferença com outros”, inclusive, localizá-lo territorialmente. Dentro dos limites das casas se instituíam lugares de poder das mulheres negras, não só quitandeiras, ali organizavam a vida social dos moradores, estabeleciam regras, praticavam seus cultos religiosos, abriam suas quitandas e, principalmente, refúgio para os escravizados fugidos ou aqueles procurados pela polícia. Essas casas, assim como os terreiros, se tornaram cidades negras dentro da urbe, capazes de constituir culturas, territórios e memórias na cidade do Rio de Janeiro.
Título do Evento
I CINALC e V Colóquio Raça e Interseccionalidades
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Discursos, Memórias Negras e Esperança na América Latina
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

CUNHA, Cristina Antunes Divano. AS CASAS ZUNGUS: TERRITÓRIOS URBANOS DE RESISTÊNCIA E MEMÓRIA DAS MULHERES NEGRAS QUITANDEIRAS (1860/1902).. In: Discursos, Memórias Negras e Esperança na América Latina. Anais...Rio de Janeiro(RJ) Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, 2024. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/1cinalc-e-v-coloquio-raca-e-interseccionalidades-387936/787270-AS-CASAS-ZUNGUS--TERRITORIOS-URBANOS-DE-RESISTENCIA-E-MEMORIA-DAS-MULHERES-NEGRAS-QUITANDEIRAS-(18601902). Acesso em: 13/06/2025

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